sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Tenho fome de que?

A propósito de um desafio passado no blog da Roberta resolvi colocar aqui, tudo "arrumadinho"...

Tenho fome!

De paz, de amor.
De paz aos homens de boa-vontade.
De amor ao meu semelhante.

Tenho fome!
De comida na barriga dos famintos do mundo.
De comida brotando da terra: sem invencionices modernosas.
De sabores frescos.
De cores lindas.
De cheiros puros.

Tenho fome de cheiro de manga madura na árvore.
Deflores no jardim.
De cheiro de terra seca molhada de chuva de verão.
De terra, quando revolvida pra plantar: comida ou cheiros.

Tenho fome de vento fresco no meio da tarde.
De maresia às cinco e meia das tardes de primavera.

Tenho fome e cheiro do amor recém-acabado, no ar.
De cheiro de banho frio com uma lavanda bem suave.
De roupa limpa guardada.
De lençol e fronha novos na cama. De primeira vez.
De última vez.
De nunca ter tido.

Tenho fome de feijão com arroz em panela de ferro no fogão de lenha.
Do pão adormecido, tornado esperto em manteiga batida e aquecido na chapa quente do fogão à lenha.
De olhos com remela, ainda, na roça, pegando ovo fresquinho. Ou quente, ainda.
De comer ovo frito na manteiga-da-roça.

Tenho fome de boca. Carnuda. Magrela. Mas boca de menina. Menina-moça. Menina-mulher.

Tenho fome incontida de saber.
De precisar procurar.
De buscar.
De sentir o prazer de achar.

Tenho fome desesperada de viver.
De sentir emoções por descobrir.
De olhar fundo nos olhos de quem me olha.
De ficar em silêncio.
E de falar muito.
De escrever.
De conhecer. De explorar atê o âmago aquilo que me atrai. Me dá desejo.

Tenho fome de conhecer desconhecidos.
Não vistos. Sentidos. Intuídos. Recebidos. Trocados.
Tenho tudo.
Tenho nada.
Nada me pertence.
Tudo é emprestado. Até quando?

...........................................................................................

Tenho fome de feijão-com-arroz.
Ambos feitos na panela de barro.
Feijão com carne-seca. Arroz com banha.

Tenho fome de galinha com quiabo.
Tenho fome de galinha catada no quintal.
Galinha bem refogadinha no caldo dela mesma e de água pingada.
Com bastante cebola picadinha na mão.
Com quiabo-sem-baba.

Tenho fome de doce-de-banana, de rodelinhas.
De PG (pastel de goiabada) feita no tacho de casa.
De comer “rapid” no meio da tarde.

Tenho fome de comer angu meio-mole-meio-duro com feijão mulatinho.
De costelinha de porco com arroz.
De peito assado por 18 horas, na beirada do fogão à lenha.
De batatas-fritas, fininhas, cortadas à mão.
De doce de mamão-verde.

Tenho fome de caldo de cana espremido entre os dentes.
De manga escorrida pelo canto da boca.
De goiaba pega sobre o lombo de um cavalo. Ou égua...

Tenho fome de sombra e água fresca.

Tenho fome de camarão chiiiiiii.
Tenho fome de tainha em postas, empanadas com fubá.
Tenho fome de comer tamarindo no pé.
Tenho fome de carambola. Chupada, comida.
Tenho fome de uva, comida em pé, pendurada na parreira.

Tenho fome de leite de cabra: direto na boca. Ah, vó, que saudade...
Tenho fome de leite de vaca no copo: Ah, luizinho... Tudo acabou!
Tenho fome de feijão em terra de formiga. De arroz com casca. Polido.

Tenho fome da mandioca arrancada-agora. Lavada e cozida. Com manteiga sapucaia escorregando por ela. Não sabia o que era “fleur de sel”...
Mas também me lambuzava com melado...

Tenho fome de broa de milho. De tabuleiro. Com café-preto. Na caneca de ágata...
Do café ralinho, passado com açúcar no coador de pano. Velho, cansado. Que não deixava mais seu gosto. Só café-com-açúcar.

Tenho fome de caminhar na chuva, pés descalços.
Tenho fome de ver raios caírem no mato.
Tenho fome de ver água escorrer pelas árvores.
De ver o gado, molhado, voltando pra casa. Em fila. Remoendo a chuva.

Tenho fome do carro-de-boi gemendo com o peso. Ou com o vazio.
Tenho fome de cozinhar com lenha. Plantada. Ou não. Responsável, apenas.
Tenho fome de ver sapos pulando. Gatos brincando. Ou dormindo.

Tenho fome de doces. Já não os posso mais...
Tenho fome de correr. Já não posso mais...
Tenho fome de comer. Preciso moderar...

Não tenho fome.
Tenho saudades.
Eu acho.

Tenho fome de que?

A propósito de um desafio passado no blog da Roberta resolvi colocar aqui, tudo "arrumadinho"...

Tenho fome!

De paz, de amor.
De paz aos homens de boa-vontade.
De amor ao meu semelhante.

Tenho fome!
De comida na barriga dos famintos do mundo.
De comida brotando da terra: sem invencionices modernosas.
De sabores frescos.
De cores lindas.
De cheiros puros.

Tenho fome de cheiro de manga madura na árvore.
Deflores no jardim.
De cheiro de terra seca molhada de chuva de verão.
De terra, quando revolvida pra plantar: comida ou cheiros.

Tenho fome de vento fresco no meio da tarde.
De maresia às cinco e meia das tardes de primavera.

Tenho fome e cheiro do amor recém-acabado, no ar.
De cheiro de banho frio com uma lavanda bem suave.
De roupa limpa guardada.
De lençol e fronha novos na cama. De primeira vez.
De última vez.
De nunca ter tido.

Tenho fome de feijão com arroz em panela de ferro no fogão de lenha.
Do pão adormecido, tornado esperto em manteiga batida e aquecido na chapa quente do fogão à lenha.
De olhos com remela, ainda, na roça, pegando ovo fresquinho. Ou quente, ainda.
De comer ovo frito na manteiga-da-roça.

Tenho fome de boca. Carnuda. Magrela. Mas boca de menina. Menina-moça. Menina-mulher.

Tenho fome incontida de saber.
De precisar procurar.
De buscar.
De sentir o prazer de achar.

Tenho fome desesperada de viver.
De sentir emoções por descobrir.
De olhar fundo nos olhos de quem me olha.
De ficar em silêncio.
E de falar muito.
De escrever.
De conhecer. De explorar atê o âmago aquilo que me atrai. Me dá desejo.

Tenho fome de conhecer desconhecidos.
Não vistos. Sentidos. Intuídos. Recebidos. Trocados.
Tenho tudo.
Tenho nada.
Nada me pertence.
Tudo é emprestado. Até quando?

...........................................................................................

Tenho fome de feijão-com-arroz.
Ambos feitos na panela de barro.
Feijão com carne-seca. Arroz com banha.

Tenho fome de galinha com quiabo.
Tenho fome de galinha catada no quintal.
Galinha bem refogadinha no caldo dela mesma e de água pingada.
Com bastante cebola picadinha na mão.
Com quiabo-sem-baba.

Tenho fome de doce-de-banana, de rodelinhas.
De PG (pastel de goiabada) feita no tacho de casa.
De comer “rapid” no meio da tarde.

Tenho fome de comer angu meio-mole-meio-duro com feijão mulatinho.
De costelinha de porco com arroz.
De peito assado por 18 horas, na beirada do fogão à lenha.
De batatas-fritas, fininhas, cortadas à mão.
De doce de mamão-verde.

Tenho fome de caldo de cana espremido entre os dentes.
De manga escorrida pelo canto da boca.
De goiaba pega sobre o lombo de um cavalo. Ou égua...

Tenho fome de sombra e água fresca.

Tenho fome de camarão chiiiiiii.
Tenho fome de tainha em postas, empanadas com fubá.
Tenho fome de comer tamarindo no pé.
Tenho fome de carambola. Chupada, comida.
Tenho fome de uva, comida em pé, pendurada na parreira.

Tenho fome de leite de cabra: direto na boca. Ah, vó, que saudade...
Tenho fome de leite de vaca no copo: Ah, luizinho... Tudo acabou!
Tenho fome de feijão em terra de formiga. De arroz com casca. Polido.

Tenho fome da mandioca arrancada-agora. Lavada e cozida. Com manteiga sapucaia escorregando por ela. Não sabia o que era “fleur de sel”...
Mas também me lambuzava com melado...

Tenho fome de broa de milho. De tabuleiro. Com café-preto. Na caneca de ágata...
Do café ralinho, passado com açúcar no coador de pano. Velho, cansado. Que não deixava mais seu gosto. Só café-com-açúcar.

Tenho fome de caminhar na chuva, pés descalços.
Tenho fome de ver raios caírem no mato.
Tenho fome de ver água escorrer pelas árvores.
De ver o gado, molhado, voltando pra casa. Em fila. Remoendo a chuva.

Tenho fome do carro-de-boi gemendo com o peso. Ou com o vazio.
Tenho fome de cozinhar com lenha. Plantada. Ou não. Responsável, apenas.
Tenho fome de ver sapos pulando. Gatos brincando. Ou dormindo.

Tenho fome de doces. Já não os posso mais...
Tenho fome de correr. Já não posso mais...
Tenho fome de comer. Preciso moderar...

Não tenho fome.
Tenho saudades.
Eu acho.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Passando de ano.

Todos os anos as mesmas dúvidas e o mesmo "frisson": o que fazer? Comidas, roupas, pedidos... Onde passar, com quem passar, que simpatias, enfim, quase tudo são dúvidas.

Uma proposta: vamos fazer diferente?

Comidas:
Para muitas pessoas mesa farta significa prosperidade. Para outras poder. Para ooutras, satisfação... E por ai vai.

Mas, em TANTAS mesas deste mundo de Deus, nem água filtrada para beber. Muito menos o que comer. Ou mesa com cadeiras.

Mas, e eu com isso? Eu quero é saber de mim. Da minha casa, da minha família. Eu posso eu vou fazer...

Vaidades. Vaidades de vaidades. Porque isso? Porque deixar de pensar em tantos que não têm o que comer, beber... Tá certo, não vamos mudar o mundo... Cada um com seu "caminho", sua "história"... Mas não será que estamos caminhando para um mundo egoísta?

Queria apenas propor uma reflexão...

A humanidade apenas vem destruindo... TUDO em nome do progresso, em nome do PODER. Mas será que PROGREDIR é fazer o que estamos fazendo? Será que PODER é isso que vemos todos os dias de nossas vidas sendo praticado?

Será que TUDO isso que julgamos ruim que está acontecendo não é resultado de nosso EGOÍSMO? Não é CAUSA de nossos próprios atos?

A proposta:
Comer apenas o necessário para alimentar o corpo: na quantidade certa, na qualidade necessária. SIMPLES. Apenas isto.

A receita do simples:
Cada um que chegar até aqui, poste a sua. Vamos escolher a que for mais simples e "adotá-la" como a sugestão.

Vamos lá?

Passando de ano.

Todos os anos as mesmas dúvidas e o mesmo "frisson": o que fazer? Comidas, roupas, pedidos... Onde passar, com quem passar, que simpatias, enfim, quase tudo são dúvidas.

Uma proposta: vamos fazer diferente?

Comidas:
Para muitas pessoas mesa farta significa prosperidade. Para outras poder. Para ooutras, satisfação... E por ai vai.

Mas, em TANTAS mesas deste mundo de Deus, nem água filtrada para beber. Muito menos o que comer. Ou mesa com cadeiras.

Mas, e eu com isso? Eu quero é saber de mim. Da minha casa, da minha família. Eu posso eu vou fazer...

Vaidades. Vaidades de vaidades. Porque isso? Porque deixar de pensar em tantos que não têm o que comer, beber... Tá certo, não vamos mudar o mundo... Cada um com seu "caminho", sua "história"... Mas não será que estamos caminhando para um mundo egoísta?

Queria apenas propor uma reflexão...

A humanidade apenas vem destruindo... TUDO em nome do progresso, em nome do PODER. Mas será que PROGREDIR é fazer o que estamos fazendo? Será que PODER é isso que vemos todos os dias de nossas vidas sendo praticado?

Será que TUDO isso que julgamos ruim que está acontecendo não é resultado de nosso EGOÍSMO? Não é CAUSA de nossos próprios atos?

A proposta:
Comer apenas o necessário para alimentar o corpo: na quantidade certa, na qualidade necessária. SIMPLES. Apenas isto.

A receita do simples:
Cada um que chegar até aqui, poste a sua. Vamos escolher a que for mais simples e "adotá-la" como a sugestão.

Vamos lá?

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Em busca do pão quase perfeito.

Ou como diz aquele programa dos chefs do RAIN (Canadá), "atendendo a pedidos", vou tentar descrever um processo para que você possa fazer em casa um belo pão - quase perfeito - para saciar seus desejos.

Vamos lá?

Primeiro você vai precisar de paciência. Depois uma boa dose de amor.

Os seguintes utensílios:

- Uma tigela (para os mais íntimos, um bowl) inox (se não tiver, pode usar uma de vidro ou louça. Não use de plástico;
- Uma batedeira que tenha o acessório “gancho” (batedor de massas pesadas);
- Uma pequena vasilha de louça (ramequim);
- Um rolo de “macarrão”;
- Um bisturi com lâmina 23 (pode ser substituído por uma faca extremamente afiada!)
- Um borrifador de água (daqueles que as meninas normalmente usam pra regar as ervas que cultivam na varanda...)

E os seguintes ingredientes:
- 500g da melhor farinha de trigo que o seu dinheiro puder comprar (RENATA ou DONA BENTA RESERVA ESPECIAL);
- 1 xícara-medida desta mesma farinha.
- 10g de fermento biológico instantâneo (vende em pacotinho nos supermercados. Usar um.);
- 10g de sal (sel de Guérande seria divino). Pode usar duas colheres de café rasas!;
- 1 ¾ xícara de água para a preparação final. Medir numa xícara-medida. Se não, pode usar uma garrafinha de água de 330ml como referência. Não vai usar toda. O que sobrar, beba!

E aqui começa o seu trabalho...

Coloque 1 xícara de farinha no bowl (tigelinha...). Faz um buraquinho no meio (como um vulcãozinho). Ali coloca ¼ de xícara de café do fermento. Coloca um pouco de água e vá mexendo com dois dedos (o maior de todos e o fura-bolo) fazendo círculos para incorporar o fermento e a água. Coloque mais água até incorporar toda a farinha e a mesma ficar com a consistência de um mousse. Cubra com filme de pvc e coloque num canto onde não tenha corrente de ar. Eu ainda cubro com um pano de prato... Deixe lá, quietinho por 3 horas. Este é o processo de formação da massa-madre (como chamam os portugueses) ou biga (como é chamada em outros tantos lugares.

Coloque a farinha (500g) na batedeira, coloque o restante do fermento (que ficou no pacotinho), uma xícara de água (uso em temperatura ambiente) e a “biga” ou “massa -madre”. Ligue a batedeira na PRIMEIRA VELOCIDADE. Vá adicionando o restante da água (¾ de xícara-medida) de acordo com o que ela “pedir” - lentamente – para formar uma massa de aparência “lisa” ao final do processo.

Nesta velocidade, a batedeira deverá levar 5 minutos quando você verá que a massa começa a “agarrar” no ganho. Ai você passa para a SEGUNDA VELOCIDADE.

Nesta velocidade, ficar por 5 a 7 minutos. Pare a batedeira e olhe para a massa. Pegue nela com a ponta dos dedos e percebe se está igual a “bundinha de neném”. Se estiver, OK. Vamos adiante.

Limpe bem uma superfície para trabalhar a massa. Passe um pouco de óleo de cozinha (girassol, canola...). Não é para “melar” e sim apenas manter uma fina camada de óleo para facilitar o trabalho.

Retire a massa da batedeira e coloque sobre esta superfície. Agora é preciso fazer uma “bola” com ela. Vamos ver se entendes o que vou ensinar.

De frente para a massa, coloque uma mão em cada lado dela (como se fosse pegar uma criança no colo.
Faça movimentos no sentido de “empurrar” a massa para baixo. Sabe como se bdá banho em criança, lavando as pernas? Assim mesmo. Vá fazendo isto e girando a “bola” no sentido horário até que te pareça o mais próximo de uma BOLA.

Cubra com um pano de prato e deixe ali por 15/20 minutos. Lembre que não pode ser lugar com “corrente de vento”. Nesse tempo, esta bola deverá dobrar de tamanho.

Quando tiver dobrado, dê um SOCO na massa, no sentido de cima para baixo para “abaixá-la”. Puxe a parte de fora para o centro. Vire a parte de cima para baixo e divida-a em 3 pedaços iguais.

Abra a massa com a ajuda de um “rolo de pastel” sem pressionar muito, no sentido frente-trás. Ela deve ficar com aproximadamente a altura de um lápis.

Enrole a massa, apertando bem como se faz rocambole. Depois com as duas mãos espalmadas sobre a extremidade do “rolo” que se formou, faça movimento no sentido “para frente”. Com isto verás que as extremidades ficaram mais finas...

Coloque sobre um tabuleiro que deverá estar untado com banha ou polvilhado com farinha ou fubá.

Repita esta operação com as outras duas partes da massa.

Cubra o tabuleiro com o pano de prato e coloque para crescer... Isso vai levar no mínimo 40 minutos (dependendo da temperatura do local). Na metade desse tempo, pegue o bisturi ou a faquinha e faça dois ou três cortes (ao seu jeito. Mas pode ser a 45º). Volte a cobrir com o pano de prato.

Pegue o ramequim e encha-o com água. Coloque-o na chapa do fundo do forno (mais ou menos no meio) e acenda o forno em temperatura média (algo entre 180ºC e 200ºC). Deixe aceso enquanto a massa termina o crescimento.

Quando chegar no tempo, peque o pulverizador e dê um belo banho nos três pães e leve-os ao forno. Após 5 minutos abra rapidamente a porta do forno e pulverize não sobre os pães mas sobre as laterias do forno. Feche rapidamente e acompanhe ele dourar (uns 25/30 minutos). Controla pra não queimar... pois cada forno é uma história diferente.

Retire e coloque pra esfriar. Aqui vou contraria a Roberta: pão não se come quente. É preciso esperar os sabores se harmonizarem e as texturas se adequarem... Quase igual a uma carne que é preciso deixar os líquidos se expandirem internamente...

Vá ao refrigerador e pegue a sua porção de PRÉSIDENT (ou uma boa manteiga do interior de Minas. Eu conheço a SAPUCAIENSE que é divina!) sem sal. Pegue seu potinho de fleur de sel (a venda na casinha laranja na beira do canal da Lineu de Paula Machado 916 ou pelo telefone (21) 3874 0139

Daí pra frente é só rezar!

Bom appétit!

Em busca do pão quase perfeito.

Ou como diz aquele programa dos chefs do RAIN (Canadá), "atendendo a pedidos", vou tentar descrever um processo para que você possa fazer em casa um belo pão - quase perfeito - para saciar seus desejos.

Vamos lá?

Primeiro você vai precisar de paciência. Depois uma boa dose de amor.

Os seguintes utensílios:

- Uma tigela (para os mais íntimos, um bowl) inox (se não tiver, pode usar uma de vidro ou louça. Não use de plástico;
- Uma batedeira que tenha o acessório “gancho” (batedor de massas pesadas);
- Uma pequena vasilha de louça (ramequim);
- Um rolo de “macarrão”;
- Um bisturi com lâmina 23 (pode ser substituído por uma faca extremamente afiada!)
- Um borrifador de água (daqueles que as meninas normalmente usam pra regar as ervas que cultivam na varanda...)

E os seguintes ingredientes:
- 500g da melhor farinha de trigo que o seu dinheiro puder comprar (RENATA ou DONA BENTA RESERVA ESPECIAL);
- 1 xícara-medida desta mesma farinha.
- 10g de fermento biológico instantâneo (vende em pacotinho nos supermercados. Usar um.);
- 10g de sal (sel de Guérande seria divino). Pode usar duas colheres de café rasas!;
- 1 ¾ xícara de água para a preparação final. Medir numa xícara-medida. Se não, pode usar uma garrafinha de água de 330ml como referência. Não vai usar toda. O que sobrar, beba!

E aqui começa o seu trabalho...

Coloque 1 xícara de farinha no bowl (tigelinha...). Faz um buraquinho no meio (como um vulcãozinho). Ali coloca ¼ de xícara de café do fermento. Coloca um pouco de água e vá mexendo com dois dedos (o maior de todos e o fura-bolo) fazendo círculos para incorporar o fermento e a água. Coloque mais água até incorporar toda a farinha e a mesma ficar com a consistência de um mousse. Cubra com filme de pvc e coloque num canto onde não tenha corrente de ar. Eu ainda cubro com um pano de prato... Deixe lá, quietinho por 3 horas. Este é o processo de formação da massa-madre (como chamam os portugueses) ou biga (como é chamada em outros tantos lugares.

Coloque a farinha (500g) na batedeira, coloque o restante do fermento (que ficou no pacotinho), uma xícara de água (uso em temperatura ambiente) e a “biga” ou “massa -madre”. Ligue a batedeira na PRIMEIRA VELOCIDADE. Vá adicionando o restante da água (¾ de xícara-medida) de acordo com o que ela “pedir” - lentamente – para formar uma massa de aparência “lisa” ao final do processo.

Nesta velocidade, a batedeira deverá levar 5 minutos quando você verá que a massa começa a “agarrar” no ganho. Ai você passa para a SEGUNDA VELOCIDADE.

Nesta velocidade, ficar por 5 a 7 minutos. Pare a batedeira e olhe para a massa. Pegue nela com a ponta dos dedos e percebe se está igual a “bundinha de neném”. Se estiver, OK. Vamos adiante.

Limpe bem uma superfície para trabalhar a massa. Passe um pouco de óleo de cozinha (girassol, canola...). Não é para “melar” e sim apenas manter uma fina camada de óleo para facilitar o trabalho.

Retire a massa da batedeira e coloque sobre esta superfície. Agora é preciso fazer uma “bola” com ela. Vamos ver se entendes o que vou ensinar.

De frente para a massa, coloque uma mão em cada lado dela (como se fosse pegar uma criança no colo.
Faça movimentos no sentido de “empurrar” a massa para baixo. Sabe como se bdá banho em criança, lavando as pernas? Assim mesmo. Vá fazendo isto e girando a “bola” no sentido horário até que te pareça o mais próximo de uma BOLA.

Cubra com um pano de prato e deixe ali por 15/20 minutos. Lembre que não pode ser lugar com “corrente de vento”. Nesse tempo, esta bola deverá dobrar de tamanho.

Quando tiver dobrado, dê um SOCO na massa, no sentido de cima para baixo para “abaixá-la”. Puxe a parte de fora para o centro. Vire a parte de cima para baixo e divida-a em 3 pedaços iguais.

Abra a massa com a ajuda de um “rolo de pastel” sem pressionar muito, no sentido frente-trás. Ela deve ficar com aproximadamente a altura de um lápis.

Enrole a massa, apertando bem como se faz rocambole. Depois com as duas mãos espalmadas sobre a extremidade do “rolo” que se formou, faça movimento no sentido “para frente”. Com isto verás que as extremidades ficaram mais finas...

Coloque sobre um tabuleiro que deverá estar untado com banha ou polvilhado com farinha ou fubá.

Repita esta operação com as outras duas partes da massa.

Cubra o tabuleiro com o pano de prato e coloque para crescer... Isso vai levar no mínimo 40 minutos (dependendo da temperatura do local). Na metade desse tempo, pegue o bisturi ou a faquinha e faça dois ou três cortes (ao seu jeito. Mas pode ser a 45º). Volte a cobrir com o pano de prato.

Pegue o ramequim e encha-o com água. Coloque-o na chapa do fundo do forno (mais ou menos no meio) e acenda o forno em temperatura média (algo entre 180ºC e 200ºC). Deixe aceso enquanto a massa termina o crescimento.

Quando chegar no tempo, peque o pulverizador e dê um belo banho nos três pães e leve-os ao forno. Após 5 minutos abra rapidamente a porta do forno e pulverize não sobre os pães mas sobre as laterias do forno. Feche rapidamente e acompanhe ele dourar (uns 25/30 minutos). Controla pra não queimar... pois cada forno é uma história diferente.

Retire e coloque pra esfriar. Aqui vou contraria a Roberta: pão não se come quente. É preciso esperar os sabores se harmonizarem e as texturas se adequarem... Quase igual a uma carne que é preciso deixar os líquidos se expandirem internamente...

Vá ao refrigerador e pegue a sua porção de PRÉSIDENT (ou uma boa manteiga do interior de Minas. Eu conheço a SAPUCAIENSE que é divina!) sem sal. Pegue seu potinho de fleur de sel (a venda na casinha laranja na beira do canal da Lineu de Paula Machado 916 ou pelo telefone (21) 3874 0139

Daí pra frente é só rezar!

Bom appétit!

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

O brioche quase perfeito... II

Falta pouco.

Mais uns pequenos detalhes e eles aparecerão por aqui, inteiros!
Enquanto isso, imaginem!

Até a hora da degustação.

O brioche quase perfeito... II

Falta pouco.

Mais uns pequenos detalhes e eles aparecerão por aqui, inteiros!
Enquanto isso, imaginem!

Até a hora da degustação.

Cheiro de pão...

Toda quinta tem sido assim. Ainda bem...

Como agora, o cheiro inebriante do pão invade a casa, o corredor... Tudo cheira a pão. Não um pão comprado na padaria ali da esquina. Mas pão! Pão feito com carinho, da melhor maneira. Quase parecido com que nossos antepassados faziam. São diferentes entre si. São artesanais.

A estética é sempre uma preocupação secundária: o promordial fica por conta do sabor, da tesxtura, da lembrança...

Ai, descansam brioches, pain de noël, panetone, pão de centeio, de aveia, de farinha integral... Ao lado, guadiã de todos, as ciabattas!

Toda quinta tem "fornada"! Toda quinta tem sido assim: umas mais outras menos. Mas sempre!

Um dia serão todos os dias... Até lá.

Cheiro de pão...

Toda quinta tem sido assim. Ainda bem...

Como agora, o cheiro inebriante do pão invade a casa, o corredor... Tudo cheira a pão. Não um pão comprado na padaria ali da esquina. Mas pão! Pão feito com carinho, da melhor maneira. Quase parecido com que nossos antepassados faziam. São diferentes entre si. São artesanais.

A estética é sempre uma preocupação secundária: o promordial fica por conta do sabor, da tesxtura, da lembrança...

Ai, descansam brioches, pain de noël, panetone, pão de centeio, de aveia, de farinha integral... Ao lado, guadiã de todos, as ciabattas!

Toda quinta tem "fornada"! Toda quinta tem sido assim: umas mais outras menos. Mas sempre!

Um dia serão todos os dias... Até lá.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Em busca do brioche quase perfeito

Então, como diz minha guru Roberta Sudbrack: é preciso caminhar sempre em direção ao simples, ao quase perfeito!

E lá vou eu...

Agora em busca de duas "quase": primeiro um pão que não tenha farinha branca mas que não seja tão "massudo", "pesado" quanto os que só usam farinha integral. Os testes já começaram. É preciso chegar a um pão que seja saboroso, leve, com uma textura "incrível". Isso! É para quem comer dizer simplesmente "incrível".

A outra é um desenvolvimento natural de um brioche. Um novo desafio. E lá se vão mais de 14 horas e ele ainda não foi ao forno. Como uma "comida de rainha", precisa ser tratado com pompa e levado de "biga"... Lentamente segue seu processo de incorporar ovos, manteiga e trigo... Lentamente seus sabores vão se fixando... Tem semolina para ajudar na textura, tem ovos de Label Rouge criadas a capim e minhocas mas não descuidadas, tem manteiga de roça. Acompanhadas em sua saúde.

Aguardar... Aguardar...

Em busca do brioche quase perfeito

Então, como diz minha guru Roberta Sudbrack: é preciso caminhar sempre em direção ao simples, ao quase perfeito!

E lá vou eu...

Agora em busca de duas "quase": primeiro um pão que não tenha farinha branca mas que não seja tão "massudo", "pesado" quanto os que só usam farinha integral. Os testes já começaram. É preciso chegar a um pão que seja saboroso, leve, com uma textura "incrível". Isso! É para quem comer dizer simplesmente "incrível".

A outra é um desenvolvimento natural de um brioche. Um novo desafio. E lá se vão mais de 14 horas e ele ainda não foi ao forno. Como uma "comida de rainha", precisa ser tratado com pompa e levado de "biga"... Lentamente segue seu processo de incorporar ovos, manteiga e trigo... Lentamente seus sabores vão se fixando... Tem semolina para ajudar na textura, tem ovos de Label Rouge criadas a capim e minhocas mas não descuidadas, tem manteiga de roça. Acompanhadas em sua saúde.

Aguardar... Aguardar...