quinta-feira, 20 de julho de 2017

Viajando por um hospital


As viagens estavam interrompidas. As atividades consumiam o tempo que dedicava para passear por aqui e por ali. Mas, ai uma pessoinha me achou e me mandou uma mensagem. "Hoje caiu nas minhas mãos um belíssimo texto onde você descreve lindamente teu nascimento"... Reli, chorei e prometi a ela que voltaria a escrever. Se você se interessar, leia-o, viaje na viagem: Melhor comida de minha mãe.

Isso tudo aconteceu no dia que estava saindo da UTI onde fui completar as caravelas que carrego no meu coração: Santa Maria, Pinta e Nina são os nomes de batismo dos meus três stents.

Muito meio sem propósito, não? Mas é assim que acredito que as grandes viagens começam e podem nos proporcionar grandes descobertas. Mesmo que hajam objetivos inconfessáveis.

E, esta passagem por um hospital me fez refletir sobre alimentação saudável. E, mais uma vez, acho que devemos fazer um esforço muito grande para voltarmos no tempo. Não precisamos voltar muito. Para uns, talvez até o tempo dos avós. Talvez dos bisavós.

Eu acho que apenas preciso voltar a colher uma como meus avós colhiam, na horta do quintal onde os adubos eram apenas os cocôs das vacas, cabras, cabritos, galinhas, porcos que criava. A água vinha de um poço artesiano. Naquela época ainda não haviam preocupações com "lençol freático" e coisas desse tipo. As pessoas que moravam em casa e tinham um "pedacinho de terra" sempre encontravam espaço para um jardim na frente e um pomar, uma hortinha na parte dos fundos. Alguns, ainda tinham um galinheiro como tinha uma das casas que morei na minha infância. Eu brinquei de montar uma estufa para criar pintinhos. Você que lê certamente nunca passou por isso e/ou nem sabe o que é... mas é simples, uma caixa de papelão, uma flanela, um ovo galado (ah, perdão, não sabes, não é? então tá... quando tem galo no galinheiro pra "fazer amor" com as galinhas... ficou mais fácil?
 Entendeu?) e uma lâmpada. A lâmpada fazia o papel da galinha, quando acesa. Após 21 dias o pintinho começava a picar a casca, de dentro pra fora e logo estava, como saindo de um banho...

Logo aquecido por mais um tempo de banho de lâmpada já começava a piar e caminhar, quando ia para o galinheiro...Mas, isso era no "tempo dos bobos". Hoje enormes máquinas cuidam disso. Mas a graça da descoberta dos meninos e meninas desapareceu. É o tal do progresso, não é?

Bom, mas voltando à UTI e ao Hospital... Muita gente reclama de comida de hospital. Sem graça insossa, até pode ser. Mas saudável. Afinal você não nasce com o sabor do sal nem o do açúcar (hoje tão condenado por serem os vilões de nossas barrigas e doenças incluindo coração, diabetes, fígado e tantas outras. Aqui em casa, volta e meia, uma pessoinha que está fazendo 2 anos nesta vida, ainda não sabe o sabor do sal e do açúcar. E será que vai precisar saber? Hoje tenho a certeza que se não for apresentado, poderá continuar com os sabores dos próprios alimentos. Afinal, açúcares das frutas são benéficos (claro não pode chupar uma dúzia de mangas, não é? ainda mais essas oriundas de plantações comerciais). Aliás, você já provou uma fruta plantada em quintal??? E colhida madura??? Vais se surpreender.

Quando me chega  a primeira janta, fiquei olhando para ela. Pensando e tentando guardar aquela imagem: carne moída, arroz, feijão e legumes como aprendi com minha professora Roberta Sudbrack. O nome pomposo, mas quadradinhos picados à faca (não em acessórios para este fim) - brunoise - estavam ali. Simples alimento. Básico. E o necessário para nos alimentarmos. Claro, não radicalizemos, por favor. Como me ensinou outra mulher fantástica (sempre as mulheres nos ensinando), relativize a vida e viva feliz. Isso para mim soou como um texto bíblico: "tudo me é permitido, mas nem tudo me convém". Ah, pensas que sem sal? Claro que não... afinal, junto as talheres, um envelope de sal. E, confessando aqui não usei o sal e nenhuma das refeições que fiz em 4 dias... Para o paladar não me fez falta. Para a saúde, também acho que não. Mas, feita em casa, posso usar ervinhas que cultivo em vasinhos na minha varanda. Sem venenos, é claro... o uso de tomilho e de alecrim dispensam o uso de sal... Descubra isso, também.



F A C I L I D A D E S
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3 comentários:

Medina disse...

Ótima leitura....vivi em parte estas experiências. Os muito jovens não terão a oportunidade de sentir o aroma e a aura mágica destes quintais e temperos

Véra Lima disse...

Bom senso com sabor. Às vezes as experiências adversas nos lembram dessa receita simples.

Unknown disse...

Ah! Carlitos, como e bom viajar no tempo . Adorei a história do pintinho. Sério ! Já reparou quero tudo que é simples é mais gostoso ? Vamos agora a saúde . Concordo 100% com você em relação ao sal e açúcar . Mas, não consigo viver sem esse casal . claro que já provei a fruta do quintal . Uma delicia . Lembrei do pé de caju no fundo da minha casinha . Ah! Carlos, viajei junto com você na infância agora . Adorei o texto . Beijos .