Pois é: acabou o PAN. Acabou o PARAPAN.
De tudo MUITAS lições; muito aprendizado para o que me resta de vida.
E olha que eu não sou muito de reclamar da vida e de suas oportunidades. Fui feliz e infeliz alguns poucos momentos. Mas apenas as felicidades me deram satisfação plena. Os momentos que julgava de infelicidade foram pródigos em ensinamentos.
E agora, então, depois de participar destes dois eventos como voluntário pude perceber coisas incríveis.
Algo como sair do topo do mundo e mergulhar no mais profundo abismo: um dia, jantando no Roberta Sudbrack, depois de uma tarde noite maraviolhosa em companhia dela e de seu exército, um jantar maravilhoso. Pelo menos para os que já se conheciam. Para os novos, atônitos, só vamos saber em outros dias.
No dia seguinte, sanduíche do PARAPAN com aquelas barrinhas que são usadas como "possibilidade de sobrevivência na selva" apesar de não serem exatamentes aquelas da aviação...
Nada como num espaço de menos de doze horas torcar vinhos harmonizados com os pratos por um suqinho de caju em tetrapak "harmonizado" com um sanduíche de pão com peito de peru e um queijo pasteurizado. Nem era de uma casta nobre do Velho Mundo.
Mas vá lá: isto, afinal de contas, não era o mais importante. O alimento ali era apenas fisiológico. O prazer maior era aprender com aqueles humanos ali, do outro lado (e por vezes, juntinho de nós) o que é superaração.
Essa é a palavra. Esse é o aprendizado a ser conseguido. A todo custo.
Superar vida, superar dificuldades. E não é apenas balela nem texto de propaganda televisiva em horário nobre.
É você olhar para um canto da pista de treinamento e ver um pedaço de gente e uma fralda de camiseta sobre o gramado sintético.
É claro que mentalmente rolou um p****, o que é isso meu Deus? Cheguei mais perto mas nem tanto para não constranger a nenhum de nós. Olhava sem entender. Na realidade nem sei se procurava respostas. Procurava assimilar toda a extensão possível para aquela cena.
Eu ali, com cara de babaca olhando aquele carinha rindo, sacaneando os colegas da equipe (não importa o seu nome ou a nacionalidade). O importante era o que ele, calado, atrás do seu sorriso queria me mostrar. Cara, eu vivo! Cara, eu sou feliz! Cara, eu não tenho medo de obstáculos! Cara, para de pensar em coisas tão pequenas e olha pra cá: cadê as pernas, o baixo ventre? Cadê ficar caído numa cama, lastimando o que eu pedi para superar? Por que não ir em frente? Por que ser um fracassado diante Daquele que tudo pode?
Um salto e senta-se na cadeira que é seu bólido e condução para qualquer lugar. Rampas ou calçadas desprovidas das facilidades sempre pedidas e nunca conseguidas não eram, não são e não serão até seu fim. Tenho CERTEZA disto!
Trocou a cadeira pelo triciclo. E lá foi ele treinar na pista... Vieram as competições e foi vencendo e se classificando cada uma delas até chegar em 4º lugar na finalíssima. É claro que torci para o brasileiro levar (e levou) sua medalha de ouro. Mas lá no fundinho, como eu gostaria que essa medalha de ouro fosse dele. Ele foi, é e será o meu herói do PARAPAN.
É claro que já pensei nele algumas vezes depois que as competições encerraram. E prometi a mim mesmo lembrar dele sempre que uma dificuldade balançar meu coração, minha cabeça ou tremer minhas pernas.
Tem outros exemplos, mas ele é o MEU HERÓI. Ele falou muita coisa apesar das barreiras de nossa língua. Mas tenho certeza que o beijo que lhe mandei naquele dia chegou em seu coração. E que as lágrimas do quarto lugar vão fazer brotar mais força dentro do meu corpo.
E agora, quem é perfeito: nós ou eles?
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Acabou. Acabou. Acabou!!!
| Postado por Carlos Alberto de Lima
| Marcadores: deficientes, normais, pan, parapan, vida
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