terça-feira, 22 de abril de 2008

Telhas de sardinha com abóbora sobre queneles de chanadal


No pacote recebido das arábias existia algo que me pareceu ervilhas amarelas. Só pareciam.

Consegui encontrar, em letras minúsculas, a indicação "chanadal". Contrariando o normal, não fiz as pesquisas para saber o que exatamente eram.

O cozinheiro preferiu olhar para aqueles grãos e imaginar uma preparação. Diante do desconhecido é preciso usar analogias. Buscar o "parecido". Assim resolvi seguir o procedimento para um "purê de ervilhas".

E assim fui.

Catei os grãos tirando as impurezas visíveis. Em seguida, lavei-as. E deixei de molho com o mesmo volume de água que o de grãos. Tempo? Até que a água pudesse ser quase totalmente absorvida.

Enquanto isso, fazia cubinhos de cebolas roxas e de um dente de alho. Apenas isto.

Os cubinhos de cebola foram amolecidos e tornados transparentes em fogo brando e azeite. Em seguida, os cubinhos de alho foram adicionados para soltarem o seu perfume. Ai coloquei os grãos e refoguei-os rapidamente. Adicionei duas porções de água e mantive o fogo a meia altura. Quando começaram as bolhas, reduzi o fogo. Com uma escumadeira, retirava a espuma que se fazia até seu completo cozimento.

Peguei um pedaço de abóbora e dele fiz cubinhos quase perfeitos. Reservei.

As sardinhas já haviam sido limpas e tiveram suas espinhas dorsais retiradas. Passei azeite sobre seu âmago. Também sal e pimenta do Reino diretamente do moinho. Coloquei os cubinhos de abóbora em sua vazia barriga e levei ao forno pré-aquecido.

Quando os grãos estavam cozidos, passeio-o pelo liquidificador com um pouco da água do cozimento.

Não satisfeito com a textura, passei duas vezes por uma peneira de trama fina. Adicionei creme de leite e sal e levei ao fogo. Batendo com uma colher de pau para que a mistura ficasse o mais homogênea que meus braços permitissem.

Para montar o prato, fiz uma quenele com o purê e coloquei sobre ele duas pequenas sardinhas.

Mas eu preciso melhorar: as sardinhas precisam ser um pouco maiores de forma que não se abram.


[clique sobre a imagem para ampliar]



Depois de tudo pronto, servido e devidamente aprovado é que fui fazer a pesquisa sobre o grão. E nesta pesquisa consultei a Agdá, minha consultora para assuntos indianos, já que encontrei menção que esse grão fosse de origem indiana. Ela me respondeu "Dal é o nome dado aos grãos secos sem pele. São feijões, ervilhas e lentilhas secas sem pele. O chana é geralmente o grão-de-bico, chana dal é o grão-de-bico sem a pele e a variedade indiana(pequena) se parece com lentilhas amarelas, só que um pouco mais gordinhas. Contudo, há uma grande variedade de dals e eu já notei que até os indianos não sabem distinguir aqueles de cor amarelada. Até nas lojas, o mesmo produto é classificado de forma diferente e eu sempre me confundo. As lentilhas amarelas (thoor dal) também são chamadas de chana dal por alguns. Se vc verificar na foto desse post, verá que o que ela chama de chana é completamente diferente desse aqui. Eu recomendo esse último site como referência." Deixei os links dela para que você também fosse até lá.

Diante disso a cabeça balançou e um sorriso se aforou!




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7 comentários:

Agdah disse...

...O cozinheiro preferiu olhar para aqueles grãos e imaginar uma preparação...

Cozinheiro bom é assim, como um alquimista, olha para o ingrediente e já imagina logo o prato pronto, aroma, cores e sabores. Para nós outros, pobres mortais, resta o prazer de seguir as receitas criadas por eles.

Axly disse...

Olá Carlinhos,
Vim retribuir a tua visita a minha Cozinha e com certeza espero que volte muitas e muitas vezes por lá.
Adorei o jeito que você "narra" a receita, incrível, gostei mesmo!
A gastronomia é uma arte e tudo que a envolve também, então és um artista e tanto.
Adorei a coragem de olhar pro desconhecido e criar! E ficou um prato muito bonito...
Kisss pra ti^^

Aline Neme disse...

Carlinhos, tu és um mago!!!
tudo perfeito e mega criativo!!!

Agora, que negócio confuso, e bacana também, o chana e chana dal. Para todos os gostos e opiniões!

Bjundas

Anônimo disse...

A apresentação do prato está uma coisa linda...beijos

Clarissa Magalhães disse...

Carlos,
Obrigada pelo apoio. O negócio é um dia após o outro
Um beijo no coração

Anônimo disse...

Carlinhos!!!!!!!!!!!
Viva!
Beijas!
Li

Elba Pessanha disse...

Coisa boa é ser gente fina.
Blog clean e lindo, prato de comer com os olhos e imagino a delícia que deve ser comer algo assim.
Tudo o que você faz é chique demais, mô Deus!
Beijos, sumido!