terça-feira, 13 de maio de 2008

Salmão deitado em cama chinesa


Noutro dia saí em busca do desconhecido. Ou desconhecida. Não importava muito. Mas precisaria ser tipo "amor relâmpago", daqueles que viram paixão. Tudo treme...

E fui em busca desta experiência numa feira-livre. Lugar propício, achava eu.

E mesmo já tendo ido várias vezes, desta vez resolvi olhar por cenas ainda não percebidas pelos meus olhos. Ou eles não tivessem dado a importância suficiente para meus sentidos.

Numa das barracas achei uma verdura que já vira de outras vezes mas que não dera bola pra ela. Apenas um olhar de relance. Apenas havia registrado sua existência naquele momento passado. Mas agora foi diferente. Olhei e deixei minha cabeça viajar... viajar até uma cozinha que bem conheço. Imaginar o que fazer com ela. Como era de origem oriental, depois até descobri que em cantonês chama-na de bai cai, mas eu imaginei que seria adequado que ela fosse tratado com um calor muito forte o suficiente para dar "uma quebrada" nas suas firmes estruturas e deixá-la com as cores vivas. Não imaginei fazê-la no vapor - pelo menos desta vez - bem, um bom azeite (tá, eu sei que aquecido ele perde suas propriedades, essas coisas todas, mas queria deixar lá no fundo o sabor diferente), um dente de alho (sem o broto) finamente picado e uma cebola não tão picada. Certamente um dos muitos cortes que conheço. Assim, rapidamente o tempo apenas de deixar a cebola transparente e o alho dizer "presente!", suas folhas foram (depois de higienizadas) rapidamente "salteadas" na minha Tramontina.

Bem, realmente vou fazer isso. Comprei um amarradinho com duas belas unidades. Assim me pareceram. Era a nossa "primeira vez". A primeira vez que eu iria despí-la toda, dar-lhe um banho, depois secá-la e com ela fazer uma caminha para o sabor. A espectativa era grande. Paguei, não sem antes perguntar ao seu antigo dono (é, agora ela era minha) como ele a chamava. Assim, meio displicentemente disse "couve chinesa". Ok. Fui embora com ela nos braços.

Foi assim que eu a conheci:

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Mais na frente encontrei com um dos peixeiros que têm me servido por muitos anos. Honestos já até fizeram sinal para eu não levar determinados peixes. Enfim, vale as horas em que passo por lá só pra jogar conversa fora.

Comprei um lado de um salmão. Não estava tão "alto" como gostaria, nem tão bem alimentado naturalmente (é, os salmões que estão vindo do Chile são criados em cativeiro e alimentados com ração). Mas, como não tenho acesso aos salmões dos rios lá de perto do polo norte...

Lá, na minha "praça" dei um trato nele. Tirei aparas (é claro que qualquer dia desses vão aparecer aqui). Cortei as porções que imaginei adequadas e pronto: apenas sal e pimenta do moinho. E na hora dele sentir o calor na sua pele. Afinal minha vontade de fogo forte ressurgiu!

Na Tramontina um fio de azeite e uma pequena colher de manteiga sem sal. Uma balançadinha para harmonização e antes da chegada da cor bronzeada da manteiga, o salmão foi colocado de costas para a chapa quente. Ficou ali até que mais da metade de sua altura já estivesse opaca. Foi assim que aprendi... Virado, com cuidado, de bruço, foi a vez de queimar as gordurinhas da barriga e deixar as costinhas douradas ao sabor da imaginação.

Bem, a montagem do prato foi simples. Muito simples, diria, até. Uma caminha com as baby bok choy (assim que ela é conhecida internacionalmente, apesar de que no meio científico ser tratada por brassica chinensis), alguns dados de cebola e alho e o salmão. Sobre eles, como uma lembrança de seu antepassado, um broto da brassica chinensis marcava a conquista.

E, como não poderia deixar de ser feito, a "graça" ficou por conta da vinagrete de aguinha de tomates...

[clique sobre a imagem para ampliar]


Bem, agora está ai, diante de ti. Bom apetite!

Ah, antes de ir à mesa, foram corrigidos o sal e a pimenta-do-Reino...


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8 comentários:

Anônimo disse...

Carlinhosssssssssss!!!!!
Tuas receitas andam tão sensuais......
Beijas!!!!!
Li

Unknown disse...

Comi muito dessas verdurinhas quando estava em Hong Kong. Aqui também encontro delas mas ainda não comprei, mas agora fiquei inspirada.
Vc já pode escrever um livro de poesias culinárias, hi hi hi

Agdah disse...

Vige!!! E eu que chamava de acelga japonesa, imagine só a atrapalhada.

Pena que a pesca do salmão selvagem aqui está proibida esse ano. Os confinados e clonados daqui nem pensar.

Laranjinha disse...

Adorei o seu encontro com essa "couve chinesa". Gostei do que fez com ela. Está super apetitoso.

Luciana Macêdo disse...

Muito prazer couve chinesa ou bai cai, depois da apresentação o lindo visual completou a poesia do prato. Sem dúvidas ficou simples e muito chic.

Anônimo disse...

Carlinhos!! Olha só,ganhei esta verdura da minha vizinha japonesa esta semana(ela tem um sítio e sempre me traz comidinhas de lá) e achei diferente da chamada couve chinesa,aquela grandona e mais clara,encrespada,que o povo coloca nos yakisobas,vou prepará-la assim como descreves,ficou lindo o seu prato,beijo! Não fiz mais pão,não ando conseguindo..

Axly disse...

Adorei essa tua descoberta!
E deu um casamento e tanto hein^^
Kisss pra ti e ótimo fim de semana!

TANIA ATHAYDE SANTOS SILVA disse...

Gozado,aqui no hortfruti, embaixo do meu prédio, no Rio, tem essa verdura. Mss eles chamam de ting say. Já pesquisei estas palavrinhas na internet inteira e nada! Vou tentar bai cai. Em tempo, comi como salada. Gostosinha...