quinta-feira, 23 de julho de 2009

Robalo Caiçara


Já se passara um ano desde a última vez que a gente tinha ido até lá. A vontade, porém, permaneceu durante todos esses dias do intervalo. Mas era preciso esperar que o “chefe” marcasse meu período de férias.

Novamente tudo apinhado no velho Fiat. Mais um pouco seria necessário trocá-lo por um maior pois desta vez foi difícil conciliar os espaços e as coisas que seriam necessárias serem levadas.

Ainda a mesma estrada, o mesmo período da manhã, mais adequado a se viajar com crianças pequenas. Sempre procuramos seguir este protocolo.

Seguimos pela avenida Brasil até pegarmos a Rio-Santos lá em Santa Cruz. Este familiar percurso que percorri durante os seis anos em que trabalhava na Cosigua. Durante os quatro primeiros anos, com despesa subsidiada pela Cia, íamos de carro: eu e os demais chefes, gerentes e assessores. Uma bela empresa para se trabalhar naquele tempo apesar da lonjura: para mim eram 75km de ida e mais 75 de volta para casa. Alie-se a isto ao fato de estar cursando uma Universidade no bairro do Flamengo. Isso dava aproximadamente 200km percorridos diariamente. Muitos motoristas de táxi de nossa cidade nem sonham em rodar diariamente esta distância. Mas lá íamos nós.

Quando chegamos na entrada para Itaguai recebemos o sinal do patrulheiro de parar no acostamento. Verificados os documentos nos deu sinal de boa viagem. Seguimos por aquela estrada que ainda guardava lembranças do tempo em que íamos comer em Coroa Grande, um peixinho ou um camarão fresco! Íamos em dois, três carros, sem avisar: sempre tinha algum pescado recém chegado do mar.

Bem, seguia pela estrada em direção ao que foi meu paraíso na terra durante tantos anos. Mais adiante, uma obra no túnel de Mangaratiba nos obrigava a alternância do fluxo entre a única pista de mão dupla do trecho. Nada mais que dois ou três longos minutos. Eles desciam enquanto nós subíamos.

Transposto isso seguimos adiante, tranquilos, até nossa parada no Condomínio do Frade para nossa escala técnica. Todos os procedimentos executados e checados, seguimos em frente até a chegada ao trevo tão esperado. Chegamos à cidade de Paraty.

Entramos pela avenida que dá acesso à cidade histórica. Contornamos pelo lado direito que apesar de mais longo nos dava o retrato atual de como estavam as coisas e o movimento na cidade pois passava pelo cais e pelas principais igrejas. Atravessamos a ponte sobre o rio Perequê-Açú e logo após passar o Hospital da Santa Casa da Misericórdia o muro verde do CCB. Como sempre, portões fechados e a parada obrigatória.

Lá encontramos o velho amigo guarda camping Domingos que nos saudou com aquele seu sorriso enorme e, logo perguntando pela Carolzinha. Abriu o portão e fomos procurar nosso terrenos entre os poucos já disponíveis pois o pessoal buscava sempre aquele recanto para passar as férias e o carnaval que se aproximava. Enfim, encontramos um local que nos agradou. Uma respirada profunda, um alongamento e antes de tudo levar os documentos para nosso registro.

Carolzinha já solta, contei com a ajuda da Ilma para retirar as coisas do carro: primeiro a nossa casa. Montada, era hora de começar a colocar as mobílias e acessórios. Tudo com os olhos na pequenina que já encontrara “amiguinhas” para se distrair.

Depois de tudo montado, o descanso do guerreiro: a cadeira de praia aberta e o corpo estendido ali debaixo daquela frondosa árvore. Naquela tarde nem pensamos em fazer comida. Resolvemos comer uma pizza mesmo num dos restaurantes da cidade. À tarde, ainda fui ao depósito de bebidas e gelo colocar em dia nosso estoque de água mineral e gelo. Essa rotina era repetida a cada três dias.

De noitinha, um rebuliço próximo da portaria e lá fui eu. Descobri que estavam preparando uma excursão ao pontilhão do porto para pegar siris. Ou o que viesse. Me alistei no time e lá fomos nós: anzóis, puçás, e vasilhas para colocar o que o mar nos permitisse.

Muita bagunça, pouco peixe. Mas conseguimos trazer o que seria a desculpa para tomar uma cervejinha e jogar conversa fora. Tudo bem. Afinal eram tempos de férias.

No outro dia, caminhada cedo para comprar o pão-nosso-de-cada-dia naquela conhecida padaria que existia num dos casarões da cidade histórica. Presunto e queijo além de uma barrinha de manteiga vieram juntos. Preparei o café que com seu perfume fez Ilma acordar. Carolzinha dormia um sono solto por conta de seu agitado dia anterior. Tomamos nosso café enquanto Ilma procurou ajeitar as coisas que lhe cabiam.

Depois de roupa lavada e estendida em nosso pequeno varal portátil, ela acordou Carol para seu leitinho e biscoitos. Depois foram caminhar na praia, tomar um banho de mar. E eu, direto para o Mercado de Peixes? Não, naquele dia resolvi ir até o pontilhão ver se conseguia comprar camarões direto dos pescadores. Não conseguia pois os atravessadores não permitiam isso. Ali era região deles. Voltei para o Mercado. Lá encontrei belos robalos que eu tanto amo no tamanho adequado. Comprei um maiorzinho e com o saco nas mãos passei no mercadinho ao lado: frutas, legumes e verduras que chegavam diariamente ora do Rio, ora de São Paulo. Compras feitas, rumei de volta pra casa.

Deixei as compras nos seus lugares: o que era de gelo, na nossa geladeirinha; o que era de ficar fora, em cestinhas que minha mulher havia montado com a ajuda de cordões de nylon. O peixe e os apretrechos direto para a bancadinha de limpeza.

Ali, toda sorte de assunto era bem vindo. Mas quase sempre só homens cuidando da limpeza dos peixes e camarões. Minha tarefa pronta, levei o peixe para nossa geladeirinha e caminhei para a duchinha para tirar alguma escama que ainda desejasse se esconder agarradinha em meu corpo. Caminhei até a praia (em frente) onde um mergulho me refez do calor que fazia do lado de fora das águas. Uma brincadeirinha com Carol e a volta para preparar o almoço.

De tarde era hora de passear pelo comércio. Invariavelmente as compras: uma camiseta, um brinquedinho para Carol, coisinhas para a mulher e volta para o camping.

Naquela tarde havia comprado uma panelinha de barro, que são produzidas em Guarapari e agora vendidas em muitos lugares. Depois de ter feito a "cura" de acordo com as instruções das fabricantes, coloquei ali as postas do robalo. Um dente de alho devidamente imprensado com a lâmina da faca contra a tábua de peixe, uma pequena cebola em rodelas, um tomate em cubos, salsinha, cebolinha picadas grosseiramente, um gordo fio de azeite. Fogo brando. Sal verificado quando começou a fervura. Controlando para o peixe não agarrar no fundo fazia como barco em mar arisco: balança a panela de um lado para o outro de vez em quando.

Noutra panelinha, ocupando assim as duas bocas de meu fogão, um arroz branquinho só com sal e alho.

Descanso, janta e novo passeio ao centro histórico para o “footing” noturno: mais lojas, galerias de arte e muita gente na rua. Assim era Paraty naqueles tempos.

E a vida se repetia na estação... Estação das Férias!





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Estação Paraty

É uma leitura singela como a paisagem do balneário. Dividido em capítulos quase sempre com o nome do Estado ou cidade do visitante, o livro poderia ter o título de O Amável Anfitrião, graças à maneira como Sérgio Saraceni tratava os amigos em sua casa.

Editora: Geração Editorial, 1ª Edição - 2006
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F A C I L I D A D E S

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2 comentários:

*-._.-* Anita *-._.-* disse...

é sempre bom um bom passeio...

bjssssssss

*-._.-* Anita *-._.-* disse...

Carlinhos, te linkei em meu blog, caso queira fazer o mesmo com o meu aí no seu, ficarei bem felizinha... hehehehehe... :DD

bjs e bom findi!