sábado, 26 de junho de 2010

Comida de índio: um pouco mais


Que tal se o almoço hoje for quinhoeiro de tucunaré e a sobremesa, doce de cubiu? Não sabe que pratos são esses? Pois eis aí dois tipos de comida preparados por povos indígenas da região do Alto Rio Negro, que fica no Amazonas, na fronteira entre Brasil, Colômbia e Venezuela. Nesse local, vivem 21 grupos indígenas, cada um com língua, costumes e ritos próprios. Mais do que fonte de energia, os alimentos são parte da sua cultura. Então, vamos conhecer melhor a culinária dos índios que preservam as características de seus povos e ainda não assimilaram a maioria dos brancos?!

Características da alimentação indígena
Existem mais de 200 grupos indígenas diferentes no Brasil. Cada um deles cultiva seus hábitos alimentares. Cada grupo tem suas preferências na gastronomia: comidas prediletas e coisas que julgam intragáveis.

Alguns grupos têm na mandioca a base de sua alimentação, outros preferem o milho. Os índios Timbira (de Tocantins e Maranhão) e Nambikwara (de Rondônia) ocupam bastante tempo na coleta de alimentos já disponíves na mata, e menos tempo em suas plantações. Já os índios Caiapó (de Mato Grosso e Pará) possuem roças complexas, com direito a especialistas dentro da aldeia que analisam o solo e o melhor local para a plantação.

Os Caiapó gostam de comer a carne de caças gordas, como antas e jabotis. Já os índios do Alto Xingu desprezam a carne de “animais de chão” e preferem comer peixes e macacos.

Outros grupos usam diversos insetos e larvas em sua alimentação cotidiana.

O mesmo alimento que é considerado uma iguaria para alguns, torna-se repulsivo para outros. Mas isso ocorre com frequência entre os não-índios também. Poucas pessoas apreciam comer escargot, que é considerado um prato da alta culinária francesa. Milhares de turistas invadem as praias brasileiras e consomem todo o tipo de ostras e mariscos com avidez enquanto alguns não podem sequer olhar para esse tipo de prato. A maniçoba, feita com folhas de mandioca brava, é dos melhores pratos que se pode comer no norte do Brasil, mas poucas bocas do sul a aguentam. E a deliciosa feijoada, unânime delícia brasileira, provoca arrepios no estômago de alguns estrangeiros que visitam o Brasil.

Podemos dizer que a alimentação indígena é natural, pois eles consomem alimentos retirados diretamente da natureza. Desta forma, conseguem obter alimentos isentos de agrotóxicos ou de outros produtos químicos. A alimentação indígena é saudável e rica em vitaminas, sais minerais e outros nutrientes.

Somada a uma intensa atividade física, a alimentação indígena proporciona aos integrantes da tribo uma vida saudável. Logo, podemos observar nas aldeias isoladas (sem contatos com o homem branco), indivíduos fortes, saudáveis e felizes. Obesidade, estresse, depressão e outros males encontrados facilmente nas grandes cidades passam longe das tribos.

Numa aldeia indígena, o preparo dos alimentos é de responsabilidade das mulheres. Aos homens, cabe a função de caçar e pescar.

Os principais alimentos consumidos pelos índios brasileiros são: as frutas, as verduras, os legumes, as raízes, a carne de animais caçados na floresta (capivara, porco-do-mato, macaco etc), os peixes, alguns cereais e as castanhas.

Entre os pratos típicos da culinária indígena podemos destacar: Tapioca (espécie de pão fino feito com fécula de mandioca), pirão (caldo grosso feito de farinha de mandioca e caldo de peixe), pipoca e o beiju (espécie de bolo de formato enrolado feito com massa de farinha de mandioca fina).

Cada povo indígena tem sua tradição com relação à alimentação. Eles produzem sua própria comida, seja praticando agricultura para subsistência, em algumas tribos até vendem o excedente da sua plantação, seja por caça e pesca.
O peixe, a banana, a mandioca e o milho são fontes de alimentação n maioria das tribos indígenas.

Na pesca, é comum o uso de substâncias vegetais (tingui e timbó, entre outras) que intoxicam e atordoam os peixes, tornando-os presas mais fáceis e não fazem mal ao homem.

Alimentação: mandioca, peixe e mariscos

Como nosso país é tropical, grande parte dos alimentos que nascem aqui são extremamente saudáveis, o que faz da alimentação dos índios, uma das formas mais saudáveis de nutrição, pois sem consumir nada industrializado, eles utilizam da natureza para tirar seu sustento, no caso, aves, peixes, frutas, leguminosas, verduras e pequenas caças, ou também grandes caças como no caso os animais da floresta, cotias, capivaras, entre outros mais.

A alimentação dos índios do Brasil se compunha basicamente de farinha de mandioca, peixe, mariscos e carne. Conheciam-se os temperos e a fermentação de bebidas alcoólicas. Com as fibras nativas dos campos e florestas, fabricavam-se cordas, cestos, peneiras, esteiras, redes, abanos de fogo; moldavam-se em barro diversos tipos de potes, vasos e urnas funerárias, pois enterravam seus mortos.

A alimentação dos índios caracteriza-se muito pela utilização de farinha em diversas receitas, como no caso a tapioca, e também o próprio preparo da farinha que deriva da mandioca, feita pelas índias que usam todo o material retirado da roça e da floresta pelos índios, e muito raramente são utilizados ingredientes como o leite e o óleo nas bases da alimentação indígena brasileira.

Além de um conhecimento profundo da vida e dos hábitos dos animais, os índios possuem técnicas que variam de povo para povo. Na pesca, é comum o uso de substâncias vegetais (tingui e timbó, entre outras) que intoxicam e atordoam os peixes, tornando-os presas mais fáceis. Há também armadilhas para pesca, como o pari dos teneteharas - um cesto fundo com uma abertura pela qual o peixe entra atrás da isca, mas não consegue sair.

Atividades da roça
Preparar o terreno para a roça é tarefa dos homens. Primeiro, eles derrubam um trecho de mato. Depois de um tempo, quando o mato derrubado seca, colocam fogo para limpar a área e as cinzas são usadas como adubo. Em seguida, fazem uma limpeza na roça, tirando os galhos e restos de árvores.

As outras atividades da roça são realizadas pelas mulheres. Quando caem as primeiras chuvas, elas plantam espécies como milho, feijão, mandioca, batata, amendoim, cará etc. Depois mantém a roça limpa, retirando as ervas daninhas, que prejudicam o desenvolvimento da plantação.

Quando os alimentos cultivados estão maduros, as mulheres fazem a colheita e os carregam em cestos de palha até as aldeias.

A mandioca é plantada todo ano em grandes roças. A mandioca brava, como é conhecida na região norte, é diferente da macaxeira ou aipim. Ela contém um veneno que precisa ser eliminado antes do consumo. Por isso é colhida e processada (ralada e espremida) para separar a parte sólida (massa) da líquida (chamada de manicuera ou tucupi, em outros locais da Amazônia). O líquido é fervido até evaporar todo o veneno, que então pode ser consumido. A massa é torrada em fornos, na forma de grandes pães circulares conhecidos como beijus.

Cada família possui entre 3 e 5 roças em diferentes fases de crescimento. Enquanto uma está sendo plantada, outra está amadurecendo e outra pronta para o consumo. Visitam as roças quase todos os dias, para fazer a colheita da mandioca e outros produtos, como banana, abacaxi, cucura, cubiu e outras frutas; batata-doce, cará e outros tubérculos; pimenta etc. As pimentas são utilizadas para temperar peixes e carnes.

Utensílios domésticos
Os produtos colhidos nas roças são transportados para casa em aturás, cestos de cipó que as pessoas levam às costas suspensos por uma alça passada à volta da cabeça.

Os Tuyuka não fazem os cestos cargueiros que usam. Eles são fabricados pelo povo Hupda, que os entregam aos Tuyuka em troca de outros produtos de sua necessidade, como sal, panelas de alumínio, roupas, farinha e mandioca.

No alto rio Negro vivem pelo menos 20 povos indígenas diferentes. Os Tuyuka são um deles. Alguns povos são seus vizinhos: o povo Tukano ou Yebamasã, o povo Bará, o Barasana, o Hupda, o Desana... Outros vivem em rios mais distantes, como os Baniwa.

Os Hupda são especialistas na fabricação de cestos. Os Tuyuka, especialistas em canoas. Já os Desana são fabricantes de balaios de arumã usados para servir beiju. Os Baniwa são os únicos fabricantes de raladores de mandioca.

Existe na região um grande sistema de trocas, o que garante que os raladores baniwa cheguem a todas as outras etnias; assim como os aturás hupda, as canoas tuyuka e assim por diante.

Atividades de caça
A caça é uma atividade masculina realizada individual ou coletivamente e pode ser feita nas proximidades da aldeia ou em lugares mais distantes. Nestas ocasiões, os homens passam dias acampados no mato.

As armadilhas, arcos, flechas e tudo o que é importante para garantir uma boa caçada é construído pelos homens no dia-a-dia.

Para ter sucesso e voltar para casa com muita comida, é importante conhecer os hábitos dos animais: se são noturnos ou diurnos; o que gostam de comer; se andam sozinhos ou em bando; como são os rastros que deixam no chão; onde costumam se esconder; que cheiros têm... Dessa forma, fica mais fácil encontrá-los, preparar a caçada e fazer armadilhas. Os cães também podem ajudar a localizar os animais no mato.

Antigamente os Tuyuka caçavam mais com arco e flecha e zarabatana. A zarabatana é um tubo longo feito com uma palmeira de mesmo nome, que tem seu miolo oco. Através do tubo são soprados pequenos dardos envenenados, que paralisam a presa atingida. É mais usada para atingir macacos e aves, no alto.

Costumam caçar animais como antas, porcos-do-mato (caititus e queixadas), macacos, tatus e outros. Dos répteis, caçam e comem lagartos, teiús e jacarés.

Jabutis e aves, como jacamins são pegos na mata e criados como animais de estimação, e por isso nunca são consumidos como alimentos.

Atividades de pesca
O peixe é um alimento importante para muitas populações indígenas, que conhecem e usam diferentes técnicas de pesca. As técnicas mais utilizadas pelos diferentes povos são: uso do timbó (um tipo de cipó) e outras plantas venenosas; a pescaria com anzol e linha; uso de armadilhas, flechas...

Em algumas comunidades apenas os homens saem para pescar e muitas vezes ficam dias acampados perto de rios e lagoas. A pescaria também pode ser feita pelas mulheres, ou ser realizada em família, e assim esse trabalho vira uma grande diversão!

Os Enawenê-Nawê, que vivem no Mato Grosso, não comem carne de caça e raramente comem aves. Alimentam-se de produtos da roça, como mandioca e milho, e de peixe. Para eles, os peixes são muito importantes, pois são fundamentais para a realização de suas festas e são usados como objetos de troca.

Conhecem bem os processos de reprodução dos peixes e sua migração pelos rios. É a partir destes conhecimentos que os homens organizam grandes pescarias coletivas, especialmente nos meses de fevereiro e março quando o ritual Yãkwá é realizado.

Para pescar todos os peixes necessários para a realização do ritual, constroem barragens no rio que impedem a passagem dos peixes e, além disso, fabricam armadilhas. É dessa forma que conseguem pegar muitos peixes, que são levados para a aldeia e que logo servirão de alimento para toda comunidade durante alguns meses. Os Enawenê-Nawê defumam os peixes para que não estraguem ao longo do tempo e assim garantem muitas refeições.

Além da pesca para o ritual Yãkwa, os Enawenê-Nawê realizam pescarias familiares, utilizando outras técnicas, como a pesca com timbó, uso de anzóis e pequenas armadilhas colocadas nos riachos.

Às vezes os Tuyuka saem para pescarias e expedições de caça em lugares mais distantes, em rios com mais peixes. Lá constroem uma tenda de cobertura de palha chamada tapiri, fazem fogo para se aquecer à noite, para cozinhar ou defumar (moquear) os peixes.

Passam dias e noites na pescaria, aproveitando também as oportunidades de caça.

Os homens tuyuka pescam muito, sendo o peixe sua principal fonte de proteína. Comem mais peixe do que caça.

Os Tuyuka usam seus instrumentos tradicionais de pesca como o puçá de tucum, matapi, cacuri, jequi, timbó e caiá. (tipos de armadilhas fixas ou móveis feitas de madeira ou talas de palmeiras), mas também usam instrumentos industrializados, como anzóis de metal e linhas de nylon.

De pimenta a frutas
Na alimentação indígena também não faltam pimentas e frutas. Além de servir de tempero para diversos pratos, a pimenta é uma importante fonte de vitaminas e fibras para os índios. Como ela, as frutas também têm destaque na alimentação. No Alto Rio Negro, as mais consumidas são o açaí, o patuá, a pupunha, a bacaba, a banana, o abacaxi e outras frutas típicas da Amazônia, como o cubiu. Outro vegetal bastante utilizado é o caruru, erva daninha comestível que cresce nas roças de mandioca.

Alimentação diferente
Alguns alimentos que os povos indígenas consome parecem estranhos para os moradores das cidades mas, além de saborosos, são muito nutritivos e têm fartura na floresta. Podemos citar as larvas de borboletas (lagartas e mochivas), as formigas tanajuras, manivaras ou içás cheias de ovos. Na época em que estão com ovos, fazem a revoada para formar novos formigueiros. São capturadas quando saem do olho do formigueiro e consumidas ao natural ou torradas e piladas, resultando numa farinha muito saborosa.

Um jeito especial de fazer refeições
Os índios têm um jeito próprio de preparar os alimentos, que podem ser cozidos, assados ou defumados (ou moqueados). As frituras não têm muito espaço no cardápio. Para cozinhar, é usado um fogão feito com pedaços de madeira da roça.

Pelo menos duas vezes ao dia, as mulheres indígenas se reúnem para compartilhar seus alimentos com os outros habitantes da aldeia. Funciona assim: cada uma leva a comida feita na sua casa. As pessoas sentam-se em um grande salão e esperam com o prato na mão, enquanto os jovens da comunidade passam distribuindo a comida. É uma demonstração de união e solidariedade, além de ser uma forma de garantir que todos possam comer daquela comida.

A lenda da menina que virou raiz
Existe uma lenda indígena que explica a origem do nome mandioca. Conta-se que a filha do chefe de uma tribo tupi engravidou virgem e deu à luz uma menina branca, que recebeu o nome de Mani.

Por ela ser branca, provocou o espanto de toda a tribo e das nações vizinhas, que vinham visitar a criança para conhecer aquela nova raça.

Depois de um ano a menina morreu e foi enterrada dentro da própria casa, e era regada diariamente, como de costume do povo.

De seu túmulo, brotou uma planta que era desconhecida dos índios, por isso eles não a arrancaram. As raízes dessa planta serviam de alimento. Daí surgiu seu nome: Mani-oca, que significa "casa de Mani".

No próximo, algumas das receitas dos povos indígenas brasileiros. Não percam!

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Comida de índio: um pouco mais


Que tal se o almoço hoje for quinhoeiro de tucunaré e a sobremesa, doce de cubiu? Não sabe que pratos são esses? Pois eis aí dois tipos de comida preparados por povos indígenas da região do Alto Rio Negro, que fica no Amazonas, na fronteira entre Brasil, Colômbia e Venezuela. Nesse local, vivem 21 grupos indígenas, cada um com língua, costumes e ritos próprios. Mais do que fonte de energia, os alimentos são parte da sua cultura. Então, vamos conhecer melhor a culinária dos índios que preservam as características de seus povos e ainda não assimilaram a maioria dos brancos?!

Características da alimentação indígena
Existem mais de 200 grupos indígenas diferentes no Brasil. Cada um deles cultiva seus hábitos alimentares. Cada grupo tem suas preferências na gastronomia: comidas prediletas e coisas que julgam intragáveis.

Alguns grupos têm na mandioca a base de sua alimentação, outros preferem o milho. Os índios Timbira (de Tocantins e Maranhão) e Nambikwara (de Rondônia) ocupam bastante tempo na coleta de alimentos já disponíves na mata, e menos tempo em suas plantações. Já os índios Caiapó (de Mato Grosso e Pará) possuem roças complexas, com direito a especialistas dentro da aldeia que analisam o solo e o melhor local para a plantação.

Os Caiapó gostam de comer a carne de caças gordas, como antas e jabotis. Já os índios do Alto Xingu desprezam a carne de “animais de chão” e preferem comer peixes e macacos.

Outros grupos usam diversos insetos e larvas em sua alimentação cotidiana.

O mesmo alimento que é considerado uma iguaria para alguns, torna-se repulsivo para outros. Mas isso ocorre com frequência entre os não-índios também. Poucas pessoas apreciam comer escargot, que é considerado um prato da alta culinária francesa. Milhares de turistas invadem as praias brasileiras e consomem todo o tipo de ostras e mariscos com avidez enquanto alguns não podem sequer olhar para esse tipo de prato. A maniçoba, feita com folhas de mandioca brava, é dos melhores pratos que se pode comer no norte do Brasil, mas poucas bocas do sul a aguentam. E a deliciosa feijoada, unânime delícia brasileira, provoca arrepios no estômago de alguns estrangeiros que visitam o Brasil.

Podemos dizer que a alimentação indígena é natural, pois eles consomem alimentos retirados diretamente da natureza. Desta forma, conseguem obter alimentos isentos de agrotóxicos ou de outros produtos químicos. A alimentação indígena é saudável e rica em vitaminas, sais minerais e outros nutrientes.

Somada a uma intensa atividade física, a alimentação indígena proporciona aos integrantes da tribo uma vida saudável. Logo, podemos observar nas aldeias isoladas (sem contatos com o homem branco), indivíduos fortes, saudáveis e felizes. Obesidade, estresse, depressão e outros males encontrados facilmente nas grandes cidades passam longe das tribos.

Numa aldeia indígena, o preparo dos alimentos é de responsabilidade das mulheres. Aos homens, cabe a função de caçar e pescar.

Os principais alimentos consumidos pelos índios brasileiros são: as frutas, as verduras, os legumes, as raízes, a carne de animais caçados na floresta (capivara, porco-do-mato, macaco etc), os peixes, alguns cereais e as castanhas.

Entre os pratos típicos da culinária indígena podemos destacar: Tapioca (espécie de pão fino feito com fécula de mandioca), pirão (caldo grosso feito de farinha de mandioca e caldo de peixe), pipoca e o beiju (espécie de bolo de formato enrolado feito com massa de farinha de mandioca fina).

Cada povo indígena tem sua tradição com relação à alimentação. Eles produzem sua própria comida, seja praticando agricultura para subsistência, em algumas tribos até vendem o excedente da sua plantação, seja por caça e pesca.
O peixe, a banana, a mandioca e o milho são fontes de alimentação n maioria das tribos indígenas.

Na pesca, é comum o uso de substâncias vegetais (tingui e timbó, entre outras) que intoxicam e atordoam os peixes, tornando-os presas mais fáceis e não fazem mal ao homem.

Alimentação: mandioca, peixe e mariscos

Como nosso país é tropical, grande parte dos alimentos que nascem aqui são extremamente saudáveis, o que faz da alimentação dos índios, uma das formas mais saudáveis de nutrição, pois sem consumir nada industrializado, eles utilizam da natureza para tirar seu sustento, no caso, aves, peixes, frutas, leguminosas, verduras e pequenas caças, ou também grandes caças como no caso os animais da floresta, cotias, capivaras, entre outros mais.

A alimentação dos índios do Brasil se compunha basicamente de farinha de mandioca, peixe, mariscos e carne. Conheciam-se os temperos e a fermentação de bebidas alcoólicas. Com as fibras nativas dos campos e florestas, fabricavam-se cordas, cestos, peneiras, esteiras, redes, abanos de fogo; moldavam-se em barro diversos tipos de potes, vasos e urnas funerárias, pois enterravam seus mortos.

A alimentação dos índios caracteriza-se muito pela utilização de farinha em diversas receitas, como no caso a tapioca, e também o próprio preparo da farinha que deriva da mandioca, feita pelas índias que usam todo o material retirado da roça e da floresta pelos índios, e muito raramente são utilizados ingredientes como o leite e o óleo nas bases da alimentação indígena brasileira.

Além de um conhecimento profundo da vida e dos hábitos dos animais, os índios possuem técnicas que variam de povo para povo. Na pesca, é comum o uso de substâncias vegetais (tingui e timbó, entre outras) que intoxicam e atordoam os peixes, tornando-os presas mais fáceis. Há também armadilhas para pesca, como o pari dos teneteharas - um cesto fundo com uma abertura pela qual o peixe entra atrás da isca, mas não consegue sair.

Atividades da roça
Preparar o terreno para a roça é tarefa dos homens. Primeiro, eles derrubam um trecho de mato. Depois de um tempo, quando o mato derrubado seca, colocam fogo para limpar a área e as cinzas são usadas como adubo. Em seguida, fazem uma limpeza na roça, tirando os galhos e restos de árvores.

As outras atividades da roça são realizadas pelas mulheres. Quando caem as primeiras chuvas, elas plantam espécies como milho, feijão, mandioca, batata, amendoim, cará etc. Depois mantém a roça limpa, retirando as ervas daninhas, que prejudicam o desenvolvimento da plantação.

Quando os alimentos cultivados estão maduros, as mulheres fazem a colheita e os carregam em cestos de palha até as aldeias.

A mandioca é plantada todo ano em grandes roças. A mandioca brava, como é conhecida na região norte, é diferente da macaxeira ou aipim. Ela contém um veneno que precisa ser eliminado antes do consumo. Por isso é colhida e processada (ralada e espremida) para separar a parte sólida (massa) da líquida (chamada de manicuera ou tucupi, em outros locais da Amazônia). O líquido é fervido até evaporar todo o veneno, que então pode ser consumido. A massa é torrada em fornos, na forma de grandes pães circulares conhecidos como beijus.

Cada família possui entre 3 e 5 roças em diferentes fases de crescimento. Enquanto uma está sendo plantada, outra está amadurecendo e outra pronta para o consumo. Visitam as roças quase todos os dias, para fazer a colheita da mandioca e outros produtos, como banana, abacaxi, cucura, cubiu e outras frutas; batata-doce, cará e outros tubérculos; pimenta etc. As pimentas são utilizadas para temperar peixes e carnes.

Utensílios domésticos
Os produtos colhidos nas roças são transportados para casa em aturás, cestos de cipó que as pessoas levam às costas suspensos por uma alça passada à volta da cabeça.

Os Tuyuka não fazem os cestos cargueiros que usam. Eles são fabricados pelo povo Hupda, que os entregam aos Tuyuka em troca de outros produtos de sua necessidade, como sal, panelas de alumínio, roupas, farinha e mandioca.

No alto rio Negro vivem pelo menos 20 povos indígenas diferentes. Os Tuyuka são um deles. Alguns povos são seus vizinhos: o povo Tukano ou Yebamasã, o povo Bará, o Barasana, o Hupda, o Desana... Outros vivem em rios mais distantes, como os Baniwa.

Os Hupda são especialistas na fabricação de cestos. Os Tuyuka, especialistas em canoas. Já os Desana são fabricantes de balaios de arumã usados para servir beiju. Os Baniwa são os únicos fabricantes de raladores de mandioca.

Existe na região um grande sistema de trocas, o que garante que os raladores baniwa cheguem a todas as outras etnias; assim como os aturás hupda, as canoas tuyuka e assim por diante.

Atividades de caça
A caça é uma atividade masculina realizada individual ou coletivamente e pode ser feita nas proximidades da aldeia ou em lugares mais distantes. Nestas ocasiões, os homens passam dias acampados no mato.

As armadilhas, arcos, flechas e tudo o que é importante para garantir uma boa caçada é construído pelos homens no dia-a-dia.

Para ter sucesso e voltar para casa com muita comida, é importante conhecer os hábitos dos animais: se são noturnos ou diurnos; o que gostam de comer; se andam sozinhos ou em bando; como são os rastros que deixam no chão; onde costumam se esconder; que cheiros têm... Dessa forma, fica mais fácil encontrá-los, preparar a caçada e fazer armadilhas. Os cães também podem ajudar a localizar os animais no mato.

Antigamente os Tuyuka caçavam mais com arco e flecha e zarabatana. A zarabatana é um tubo longo feito com uma palmeira de mesmo nome, que tem seu miolo oco. Através do tubo são soprados pequenos dardos envenenados, que paralisam a presa atingida. É mais usada para atingir macacos e aves, no alto.

Costumam caçar animais como antas, porcos-do-mato (caititus e queixadas), macacos, tatus e outros. Dos répteis, caçam e comem lagartos, teiús e jacarés.

Jabutis e aves, como jacamins são pegos na mata e criados como animais de estimação, e por isso nunca são consumidos como alimentos.

Atividades de pesca
O peixe é um alimento importante para muitas populações indígenas, que conhecem e usam diferentes técnicas de pesca. As técnicas mais utilizadas pelos diferentes povos são: uso do timbó (um tipo de cipó) e outras plantas venenosas; a pescaria com anzol e linha; uso de armadilhas, flechas...

Em algumas comunidades apenas os homens saem para pescar e muitas vezes ficam dias acampados perto de rios e lagoas. A pescaria também pode ser feita pelas mulheres, ou ser realizada em família, e assim esse trabalho vira uma grande diversão!

Os Enawenê-Nawê, que vivem no Mato Grosso, não comem carne de caça e raramente comem aves. Alimentam-se de produtos da roça, como mandioca e milho, e de peixe. Para eles, os peixes são muito importantes, pois são fundamentais para a realização de suas festas e são usados como objetos de troca.

Conhecem bem os processos de reprodução dos peixes e sua migração pelos rios. É a partir destes conhecimentos que os homens organizam grandes pescarias coletivas, especialmente nos meses de fevereiro e março quando o ritual Yãkwá é realizado.

Para pescar todos os peixes necessários para a realização do ritual, constroem barragens no rio que impedem a passagem dos peixes e, além disso, fabricam armadilhas. É dessa forma que conseguem pegar muitos peixes, que são levados para a aldeia e que logo servirão de alimento para toda comunidade durante alguns meses. Os Enawenê-Nawê defumam os peixes para que não estraguem ao longo do tempo e assim garantem muitas refeições.

Além da pesca para o ritual Yãkwa, os Enawenê-Nawê realizam pescarias familiares, utilizando outras técnicas, como a pesca com timbó, uso de anzóis e pequenas armadilhas colocadas nos riachos.

Às vezes os Tuyuka saem para pescarias e expedições de caça em lugares mais distantes, em rios com mais peixes. Lá constroem uma tenda de cobertura de palha chamada tapiri, fazem fogo para se aquecer à noite, para cozinhar ou defumar (moquear) os peixes.

Passam dias e noites na pescaria, aproveitando também as oportunidades de caça.

Os homens tuyuka pescam muito, sendo o peixe sua principal fonte de proteína. Comem mais peixe do que caça.

Os Tuyuka usam seus instrumentos tradicionais de pesca como o puçá de tucum, matapi, cacuri, jequi, timbó e caiá. (tipos de armadilhas fixas ou móveis feitas de madeira ou talas de palmeiras), mas também usam instrumentos industrializados, como anzóis de metal e linhas de nylon.

De pimenta a frutas
Na alimentação indígena também não faltam pimentas e frutas. Além de servir de tempero para diversos pratos, a pimenta é uma importante fonte de vitaminas e fibras para os índios. Como ela, as frutas também têm destaque na alimentação. No Alto Rio Negro, as mais consumidas são o açaí, o patuá, a pupunha, a bacaba, a banana, o abacaxi e outras frutas típicas da Amazônia, como o cubiu. Outro vegetal bastante utilizado é o caruru, erva daninha comestível que cresce nas roças de mandioca.

Alimentação diferente
Alguns alimentos que os povos indígenas consome parecem estranhos para os moradores das cidades mas, além de saborosos, são muito nutritivos e têm fartura na floresta. Podemos citar as larvas de borboletas (lagartas e mochivas), as formigas tanajuras, manivaras ou içás cheias de ovos. Na época em que estão com ovos, fazem a revoada para formar novos formigueiros. São capturadas quando saem do olho do formigueiro e consumidas ao natural ou torradas e piladas, resultando numa farinha muito saborosa.

Um jeito especial de fazer refeições
Os índios têm um jeito próprio de preparar os alimentos, que podem ser cozidos, assados ou defumados (ou moqueados). As frituras não têm muito espaço no cardápio. Para cozinhar, é usado um fogão feito com pedaços de madeira da roça.

Pelo menos duas vezes ao dia, as mulheres indígenas se reúnem para compartilhar seus alimentos com os outros habitantes da aldeia. Funciona assim: cada uma leva a comida feita na sua casa. As pessoas sentam-se em um grande salão e esperam com o prato na mão, enquanto os jovens da comunidade passam distribuindo a comida. É uma demonstração de união e solidariedade, além de ser uma forma de garantir que todos possam comer daquela comida.

A lenda da menina que virou raiz
Existe uma lenda indígena que explica a origem do nome mandioca. Conta-se que a filha do chefe de uma tribo tupi engravidou virgem e deu à luz uma menina branca, que recebeu o nome de Mani.

Por ela ser branca, provocou o espanto de toda a tribo e das nações vizinhas, que vinham visitar a criança para conhecer aquela nova raça.

Depois de um ano a menina morreu e foi enterrada dentro da própria casa, e era regada diariamente, como de costume do povo.

De seu túmulo, brotou uma planta que era desconhecida dos índios, por isso eles não a arrancaram. As raízes dessa planta serviam de alimento. Daí surgiu seu nome: Mani-oca, que significa "casa de Mani".

No próximo, algumas das receitas dos povos indígenas brasileiros. Não percam!

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domingo, 20 de junho de 2010

Festas juninas: as receitas


Aqui vão as receitas que fizeram nossas alegrias naquelas épocas. Algumas delas, já adaptadas à modernidade dos tempos.

Canjica de Milho
Ingredientes:
½ de milho de canjica, 1 ½ de leite desnatado, 1 xícara (chá) de mel, 2 xícara (chá) de açúcar mascavo, 2 paus de canela, pedacinhos de gengibre, 50 gramas de amendoim.

Preparo:
Deixar a canjica de molho na água com uma pitada de sal por 24 horas. Escorrer. Colocar a canjica para cozinhar com um pouco de sal por aproximadamente 20 minutos. Escorrer. Acrescentar os outros ingredientes e cozinhar por aproximadamente 20 minutos. Decore com canela e amendoim a gosto.

Bolo cremoso de milho
Ingredientes:
3 ovos, 2 xícaras chá de açúcar, 1 pitada de sal, 4 xícaras chá de leite, 1 ½ xícara chá de fubá, 1 ½ colher de sopa de farinha de trigo, 1 xícara chá de queijo canastra ralado, 1 xícara chá de coco ralado, ½ xícara chá de óleo, 1 colher de sobremesa de fermento em pó.

Preparo:
Bater a manteiga com o açúcar até ficar um creme esbranquiçado. Misturar as gemas e claras previamente misturadas. Adicionar o fubá peneirado junto com a farinha de trigo e o fermento, juntos, alternando com o leite e o óleo. Adicionar o queijo ralado e o coco ralado. Adicionar a pitada de sal. Colocar numa forma untada e enfarinhada com fubá. Levar ao forno médio durante aproximadamente 45 minutos ou até dourar a parte de cima. Deixar esfriar antes de tirar da forma.

Bolo de fubá
Ingredientes:
½ xícara de manteiga, 1 ½ xícara de açúcar, 3 ovos (separados), 1 ½ xícara de fubá de milho, ½ xícara de trigo, ¼ xícara de leite, 2 colheres de sopa (rasa) de fermento em pó, 1 colher de chá de semente de erva-doce, 1 colher de sopa de raspas de casca de limão, 1 colher de chá de canela em pó.

Preparo:
Bata a manteiga juntamente com o açúcar e as gemas até formar um creme homogêneo e esbranquiçado. Aos poucos, vá acrescentando o fubá de milho, o trigo e o leite, batendo constantemente para formar uma massa bem “lisa”. Adicione o fermento e por último as raspas da casca de um limão, as sementes de erva-doce e a canela em pó. Bata as claras em neve (ponto firme) e misture-a à massa em movimentos suaves do fundo para a superfície. Unte uma forma (ou tabuleiro) com óleo e polvilhe-a com fubá. Coloque a massa na forma e asse-a em forno médio por aproximadamente 20/30 minutos. Faça o teste do palito antes de retirar do forno.

Broa de fubá de canjica
Ingredientes:
2 xícaras grandes e bem cheias de fubá de canjica (250 gramas), 4 colheres de sopa de açúcar, 1 pitada de sal, 5 ovos, 1 copo americano (pequeno) de leite, 1 copo americano (pequeno) de óleo.

Preparo:
Bater no liquidificador os ovos (claras e gemas), o açúcar, o sal, o óleo o leite. Virar na vasilha e acrescentar o fubá de canjica. Misturar até virar uma massa consistente.(Se necessário, acrescentar mais um pouquinho de fubá). Polvilhar um pouco do fubá de canjica numa xícara. Colocar uma colher da massa dentro da xícara e bater a xícara entre as mãos até a massa virar uma "bolinha". Untar um tabuleiro com óleo e levar ao forno quente durante cerca de 30 minutos.

Curau de milho verde
Ingredientes:
7 a 8 espigas de milho, 600 ml de leite, 2 xícaras de chá de açúcar, 1 colher de sopa rasa de manteiga, Canela em pó para polvilhar.

Preparo:
Rale as espigas ou debulhe-as com uma faca. Passe os grãos pelo liquidificador com um pouco de leite. Coe em uma peneira espremendo bem. Leve em um refratário fundo com o restante do leite, o açúcar e a manteiga. Leve ao microondas por 12 a 15 minutos na potência alta até que se forme um creme. Mexa a cada 3 minutos. Coloque em outro refratário e polvilhe canela. Depois de frio, leve a geladeira.

Bolo de Mandioca, mineiro
Ingredientes:
1 kg de mandioca ralada, sem espremer, 1 coco pequeno ralado, sem espremer, 1 xícara (chá) de leite, 3 ovos batidos, 1 xícara de manteiga derretida, 2 xícaras de queijo curado, ralado, 1 colher (sopa) de fermento em pó, 1 colher (chá) de erva-doce, 2 xícaras (chá) de açúcar cristal.

Módifazê
Primeiro, dê uma ida no quintal, pra modi pegá os ovos. Bota eles num cantinho e depois vai lá na roça pra modi arrancá as mandiocas fresquinhas, também. Com a ajuda de uma faquinha, retira a casca. Lava ela pra tirá todas as terrinhas. Ai pega o ralador e uma bacia (pode ser de plástico mesmo). Rala ali as mandiocas. NÃO PODE ser ralada de outro jeito!
Pegue um coco maduro e quebre ele. Retire a polpa com a ajuda da faquinha que usou pra descascar a mandioca. Depois, retira a casca. Quando só tiver o branquinho, rale (do mesmo jeito que a mandioca).
Ah, se não encontrar leite de vaca, pode usar mesmo o de caixinha (mas cuidado!). Também, se não tiver manteiga de garrafa, pode usar a Aviação mesmo. A qualidade do queijo é fundamental. Por isso procure no seu queijeiro favorito um mineiro bem curadinho (queijo hein!).
Bem, agora que você já preparou tudo, pega a colher de pau que ganhou como certificado do T&D e uma grande bacia e misture todos eles. Se você ainda não tem dessa colher, tá bom de se inscrever...
Pega um tabuleiro, passe manteiga e polvilhe com farinha de trigo.
Coloque o creme feito e asse até ficar douradinho.
Bom, pra quem não pode ter nem um forninho a lenha, faz no que tiver mesmo.
No mais, faz o cafezinho como já foi ensinado.

Arroz doce
Ingredientes:
2 litros de leite, casca de 2 laranjas, cortadas em tirinhas, 1 colher de sopa de baunilha, 1 xícara de chá de açúcar, 2 xícaras de chá de arroz.

Preparo:
Aqueça o leite, as tirinhas de laranja e a baunilha. Quando abrir fervura, acrescente o arroz e, com o fogo baixo, misture continuamente com uma colher de pau, até que ele cozinhe e adquira consistência cremosa. Apague o fogo e junte o açúcar misturando bem. Coloque o arroz em uma tijela.

Cocadas
Ingredientes:
1 coco ralado, açúcar (uma vez e meia o peso do coco ralado), água (a metade do peso do açúcar)

Preparo:
Com o açúcar e a água faça uma calda em ponto de bala. Com a calda ainda no fogo, adiciona-se o coco ralado e mexe-se por aproximadamente 2 minutos até que ela comece a soltar do fundo. Com a ajuda de uma colher de sopa, forme as cocadas em cima de uma pedra mármore untada. Deixe esfriar.

Para cocada preta, deixe a calda ficar caramelo para acrescentar o coco.

Pé de moleque
Ingredientes:
1kg de amendoim, 1 rapadura, 1 colher de sopa de manteiga

Preparo:
Cortar a rapadura em pedaços e colocá-los em uma panela. Cobrir com água suficiente para derretê-los. Deixar ferver até desmanchar bem e formar um melado. Mexer o melado em fogo brando até o ponto de bala mole. Colocar o amendoim e a manteiga. Desligar o fogo. Mexer com uma colher de pau até engrossar bem. Quando ficar bastante consistente - e antes que açucare -, despejar em mármore ou pedra untada na manteiga.

Para saber qual é o ponto de bala mole, colocar água fria em um prato fundo e derramar uma pequena porção de melado. Se houver consistência, está na hora de tirar o doce do fogo.

Doce de abóbora com coco
Ingredientes:
I abóbora madura (sergipana, baiana ou maranhense) descascada, em cubos. ½ do peso, de açúcar cristal, cravo e canela em pau à gosto. 1 coco seco ralado.

Preparo:
Descasque e corte a abóbora em cubos. Pese (para saber o quanto de açúcar usar). Coloque para cozinhar. Quando cozida, retire a casca e passe a polpa por uma peneira. Volte a polpa peneirada à panela, adicione o açúcar e as especiarias. Quando quase seca, adicione o coco ralado. Mexa constantemente. Quando começar aparecer o fundo da panela, retire e deixe esfriar.

Para quem perdeu o começo da história... Parte 1 e Parte 2

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Festas juninas: as receitas


Aqui vão as receitas que fizeram nossas alegrias naquelas épocas. Algumas delas, já adaptadas à modernidade dos tempos.

Canjica de Milho
Ingredientes:
½ de milho de canjica, 1 ½ de leite desnatado, 1 xícara (chá) de mel, 2 xícara (chá) de açúcar mascavo, 2 paus de canela, pedacinhos de gengibre, 50 gramas de amendoim.

Preparo:
Deixar a canjica de molho na água com uma pitada de sal por 24 horas. Escorrer. Colocar a canjica para cozinhar com um pouco de sal por aproximadamente 20 minutos. Escorrer. Acrescentar os outros ingredientes e cozinhar por aproximadamente 20 minutos. Decore com canela e amendoim a gosto.

Bolo cremoso de milho
Ingredientes:
3 ovos, 2 xícaras chá de açúcar, 1 pitada de sal, 4 xícaras chá de leite, 1 ½ xícara chá de fubá, 1 ½ colher de sopa de farinha de trigo, 1 xícara chá de queijo canastra ralado, 1 xícara chá de coco ralado, ½ xícara chá de óleo, 1 colher de sobremesa de fermento em pó.

Preparo:
Bater a manteiga com o açúcar até ficar um creme esbranquiçado. Misturar as gemas e claras previamente misturadas. Adicionar o fubá peneirado junto com a farinha de trigo e o fermento, juntos, alternando com o leite e o óleo. Adicionar o queijo ralado e o coco ralado. Adicionar a pitada de sal. Colocar numa forma untada e enfarinhada com fubá. Levar ao forno médio durante aproximadamente 45 minutos ou até dourar a parte de cima. Deixar esfriar antes de tirar da forma.

Bolo de fubá
Ingredientes:
½ xícara de manteiga, 1 ½ xícara de açúcar, 3 ovos (separados), 1 ½ xícara de fubá de milho, ½ xícara de trigo, ¼ xícara de leite, 2 colheres de sopa (rasa) de fermento em pó, 1 colher de chá de semente de erva-doce, 1 colher de sopa de raspas de casca de limão, 1 colher de chá de canela em pó.

Preparo:
Bata a manteiga juntamente com o açúcar e as gemas até formar um creme homogêneo e esbranquiçado. Aos poucos, vá acrescentando o fubá de milho, o trigo e o leite, batendo constantemente para formar uma massa bem “lisa”. Adicione o fermento e por último as raspas da casca de um limão, as sementes de erva-doce e a canela em pó. Bata as claras em neve (ponto firme) e misture-a à massa em movimentos suaves do fundo para a superfície. Unte uma forma (ou tabuleiro) com óleo e polvilhe-a com fubá. Coloque a massa na forma e asse-a em forno médio por aproximadamente 20/30 minutos. Faça o teste do palito antes de retirar do forno.

Broa de fubá de canjica
Ingredientes:
2 xícaras grandes e bem cheias de fubá de canjica (250 gramas), 4 colheres de sopa de açúcar, 1 pitada de sal, 5 ovos, 1 copo americano (pequeno) de leite, 1 copo americano (pequeno) de óleo.

Preparo:
Bater no liquidificador os ovos (claras e gemas), o açúcar, o sal, o óleo o leite. Virar na vasilha e acrescentar o fubá de canjica. Misturar até virar uma massa consistente.(Se necessário, acrescentar mais um pouquinho de fubá). Polvilhar um pouco do fubá de canjica numa xícara. Colocar uma colher da massa dentro da xícara e bater a xícara entre as mãos até a massa virar uma "bolinha". Untar um tabuleiro com óleo e levar ao forno quente durante cerca de 30 minutos.

Curau de milho verde
Ingredientes:
7 a 8 espigas de milho, 600 ml de leite, 2 xícaras de chá de açúcar, 1 colher de sopa rasa de manteiga, Canela em pó para polvilhar.

Preparo:
Rale as espigas ou debulhe-as com uma faca. Passe os grãos pelo liquidificador com um pouco de leite. Coe em uma peneira espremendo bem. Leve em um refratário fundo com o restante do leite, o açúcar e a manteiga. Leve ao microondas por 12 a 15 minutos na potência alta até que se forme um creme. Mexa a cada 3 minutos. Coloque em outro refratário e polvilhe canela. Depois de frio, leve a geladeira.

Bolo de Mandioca, mineiro
Ingredientes:
1 kg de mandioca ralada, sem espremer, 1 coco pequeno ralado, sem espremer, 1 xícara (chá) de leite, 3 ovos batidos, 1 xícara de manteiga derretida, 2 xícaras de queijo curado, ralado, 1 colher (sopa) de fermento em pó, 1 colher (chá) de erva-doce, 2 xícaras (chá) de açúcar cristal.

Módifazê
Primeiro, dê uma ida no quintal, pra modi pegá os ovos. Bota eles num cantinho e depois vai lá na roça pra modi arrancá as mandiocas fresquinhas, também. Com a ajuda de uma faquinha, retira a casca. Lava ela pra tirá todas as terrinhas. Ai pega o ralador e uma bacia (pode ser de plástico mesmo). Rala ali as mandiocas. NÃO PODE ser ralada de outro jeito!
Pegue um coco maduro e quebre ele. Retire a polpa com a ajuda da faquinha que usou pra descascar a mandioca. Depois, retira a casca. Quando só tiver o branquinho, rale (do mesmo jeito que a mandioca).
Ah, se não encontrar leite de vaca, pode usar mesmo o de caixinha (mas cuidado!). Também, se não tiver manteiga de garrafa, pode usar a Aviação mesmo. A qualidade do queijo é fundamental. Por isso procure no seu queijeiro favorito um mineiro bem curadinho (queijo hein!).
Bem, agora que você já preparou tudo, pega a colher de pau que ganhou como certificado do T&D e uma grande bacia e misture todos eles. Se você ainda não tem dessa colher, tá bom de se inscrever...
Pega um tabuleiro, passe manteiga e polvilhe com farinha de trigo.
Coloque o creme feito e asse até ficar douradinho.
Bom, pra quem não pode ter nem um forninho a lenha, faz no que tiver mesmo.
No mais, faz o cafezinho como já foi ensinado.

Arroz doce
Ingredientes:
2 litros de leite, casca de 2 laranjas, cortadas em tirinhas, 1 colher de sopa de baunilha, 1 xícara de chá de açúcar, 2 xícaras de chá de arroz.

Preparo:
Aqueça o leite, as tirinhas de laranja e a baunilha. Quando abrir fervura, acrescente o arroz e, com o fogo baixo, misture continuamente com uma colher de pau, até que ele cozinhe e adquira consistência cremosa. Apague o fogo e junte o açúcar misturando bem. Coloque o arroz em uma tijela.

Cocadas
Ingredientes:
1 coco ralado, açúcar (uma vez e meia o peso do coco ralado), água (a metade do peso do açúcar)

Preparo:
Com o açúcar e a água faça uma calda em ponto de bala. Com a calda ainda no fogo, adiciona-se o coco ralado e mexe-se por aproximadamente 2 minutos até que ela comece a soltar do fundo. Com a ajuda de uma colher de sopa, forme as cocadas em cima de uma pedra mármore untada. Deixe esfriar.

Para cocada preta, deixe a calda ficar caramelo para acrescentar o coco.

Pé de moleque
Ingredientes:
1kg de amendoim, 1 rapadura, 1 colher de sopa de manteiga

Preparo:
Cortar a rapadura em pedaços e colocá-los em uma panela. Cobrir com água suficiente para derretê-los. Deixar ferver até desmanchar bem e formar um melado. Mexer o melado em fogo brando até o ponto de bala mole. Colocar o amendoim e a manteiga. Desligar o fogo. Mexer com uma colher de pau até engrossar bem. Quando ficar bastante consistente - e antes que açucare -, despejar em mármore ou pedra untada na manteiga.

Para saber qual é o ponto de bala mole, colocar água fria em um prato fundo e derramar uma pequena porção de melado. Se houver consistência, está na hora de tirar o doce do fogo.

Doce de abóbora com coco
Ingredientes:
I abóbora madura (sergipana, baiana ou maranhense) descascada, em cubos. ½ do peso, de açúcar cristal, cravo e canela em pau à gosto. 1 coco seco ralado.

Preparo:
Descasque e corte a abóbora em cubos. Pese (para saber o quanto de açúcar usar). Coloque para cozinhar. Quando cozida, retire a casca e passe a polpa por uma peneira. Volte a polpa peneirada à panela, adicione o açúcar e as especiarias. Quando quase seca, adicione o coco ralado. Mexa constantemente. Quando começar aparecer o fundo da panela, retire e deixe esfriar.

Para quem perdeu o começo da história... Parte 1 e Parte 2

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domingo, 13 de junho de 2010

Festas juninas: a festa


O milho seco era passado numa máquina que debulhava e moía: já saia fubá colhido num saco em sua boca. Vinha nos ombros do Luizinho que fazia sua tarefa ao lado do curral. Junto com a farinha de trigo, a manteiga e os ovos colhidos ali mesmo daquelas meninas que viviam cantando e cacarejando a cada minhoca que achavam no terreno ou quando o milho debulhado era jogado para elas nas manhãs de todos os dias. Batidos virariam o querido e inigualável bolo de fubá de milho que mina boca sentiu.

A mandioca ralada até que muitas vezes os “nós” de nossos dedos também o fossem eram o componente imprescindível do bolo de mandioca que também era parceira dos ovos de gema tão amarelinhas e de claras tão consistente como meus olhos jamais viram. A farinha de trigo e a manteiga davam a textura ideal para que no tabuleiro untado e enfarinhado se transformassem, depois de frios em quadradinhos maravilhosos.

Uma rapadura era derretida até ficar um caldo grosso. Ali o amendoim já previamente assado era misturado e a calda reduzida. Depois derramados em porções que formavam os pés-de-moleque mais sapecas que eu comi. Era uma delícia colocar pedaços na boca e deixar a rapadura derreter enquanto mastigávamos o amendoim.

O coco ralado, no mesmo ralador usado para ralar a mandioca, servia para as cocadas e para o bolo de milho, para o cuscus, para a canjica, para o doce de abóbora. Muitos cocos... muita força nos braços. Muita farra!

Naquela tarde, ainda, Luizinho matou um pequeno porco. Depois e limpo e cortado em pequenos pedaços, uma fogueira foi montada entre tijolos para apoiar o tacho de cobre onde ele seria cozido em sua própria gordura: era assim que ele fazia sempre que matava um porco pois era preciso conservá-lo por mais tempo.

Na manhã seguinte era hora de colher lenha para arrumar a fogueira que aqueceria nossa noite e nossa bagunça. Além disso ainda precisaria ter como assar as batatas doces (nada melhor que batata doce assada na brasa de uma fogueira de festa junina. Tudo empilhado num lugar seguro, perto do campo de futebol era só esperar a noite chegar com suas estrelinhas pintando o azul noturno. Perto, as batatas doces e o milho em espigas.

As bandeirinhas já estavam no lugar: os “meninos” nativos nos ajudavam nessa arrumação. Além, é claro, de cada casa deles também colaborar nos quitutes. Apenas nenhum de nós sabia o que cada um levaria para a festa. Achamos, sempre, que assim era mais fácil: ninguém estava “obrigado” a fazer tal coisa... Todos ficavam à vontade para colaborar do jeito que podiam e sabiam.

Na cozinha a agitação estava mais forte, intensa. De longe se ouviam as gargalhadas provocadas quase sempre pelas histórias que eram contadas.

À noitinha, tudo arrumado e todos de banho tomado e com a sua “melhor roupa”, aquela das “missas dominicais”, estávamos lá. As crianças, claro, primeiro. Afinal o compromisso delas era apenas um: a diversão. Fogueira acesa já tinha gente cuidando para que a criançada não chegasse perto. Ninguém poderia se machucar.

O sanfoneiro já estava esquentando os dedos ao som da Capelinha de melão, de João de Barros e Adalberto Ribeiro, Pula a fogueira, de João B. Filho ou, ainda, Pedro, Antônio e João, de Benedito Lacerda e Oswaldo Santiago, entre outras que só ele conhecia. Mas estavam ali o som para nos alegrar a noite. Afinal, cantar mesmo só as mais famosas.

Da sede vinham os pratos arrumados: cocadas pretas e cocadas branca, bolo de fubá de milho, bolo cremoso de milho, canjica, arroz doce, doce de abóbora com coco, os pés de moleque e o bolo de mandioca. De salgado o porquinho assado, casquinha crocante feita no fogão à lenha, depois do seu cozimento na própria gordura. Também dois frangos foram assados para aqueles que não comiam carne de porco (afinal tem sempre aqueles que não podem ou não querem ou não gostam).

Todos ali. Alguém organiza uma dança da quadrilha. Imaginem se ensaiada tem sempre alguma coisa pra dar errado, assim, sem ensaiar, valia mesmo era pela farra. O sanfoneiro puxava, ele mesmo a quadrilha, e o povo rapidamente aumentava a fila e a roda. Pura diversão. Assim, cujo único compromisso era divertir.

Não haviam balões: a consciência ecológica era muito forte mesmo que ainda não se falasse abertamente sobre o assunto. Eles sabiam que era necessário manter a mata que dava a eles a proteção necessária e a terra em condições de dar a eles os alimentos que plantavam. Até a lenha só era usada das árvores que morreram de morte morrida. Quase nunca era necessário derrubar uma árvore com vida. E, muitas, vezes, precisavam recorrer a outras propriedades para não fazer uso disto.

A comilança corria solta. Se pudéssemos olhar as barriguinhas estavam todas estufadas pois não havia como controlar. Tudo muito gostoso e feito com o carinho e a simplicidade que hoje estão ausente de nossas mesas. O sabor dos alimentos realçavam em nossas bocas.

Lá pelas tantas alguém resolve fazer um leilão: não me lembro mais com qual finalidade. Só lembro que era uma galinha assada. A esta altura já cheia de frio e com as peles enrugadinhas sobre uma caminha de farofa num prato de papelão. Sucederam-se os lances até que na batida final do martelo um dos moradores do local arrematou. Claro que os mais chegados a ele logo se aproximaram e cuidaram da galinha ao seu jeito: comeram ela em pouco tempo.

Nesse ponto foi hora de começarem as danças dos casais. Primeiro, timidamente os morados começaram. Depois, nós começamos a nossa participação. Em dado momento já estávamos, nós dançando com eles. Era a integração total.

Nos cantos as crianças já estavam dando sinais de pilha descarregada. As mães começaram a se retirar para levar elas para as camas. E ai, não voltavam. Era de ser ver, lá de longe, as cabecinhas na janela, espiando a farra que continuava.

Aos poucos voltamos para a casa. Ainda tínhamos um dia para curtir.

As receitas estarão no próximo... Não percam!
E, para os que não leram o começo da história, basta clicar aqui.


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Festas juninas: a festa


O milho seco era passado numa máquina que debulhava e moía: já saia fubá colhido num saco em sua boca. Vinha nos ombros do Luizinho que fazia sua tarefa ao lado do curral. Junto com a farinha de trigo, a manteiga e os ovos colhidos ali mesmo daquelas meninas que viviam cantando e cacarejando a cada minhoca que achavam no terreno ou quando o milho debulhado era jogado para elas nas manhãs de todos os dias. Batidos virariam o querido e inigualável bolo de fubá de milho que mina boca sentiu.

A mandioca ralada até que muitas vezes os “nós” de nossos dedos também o fossem eram o componente imprescindível do bolo de mandioca que também era parceira dos ovos de gema tão amarelinhas e de claras tão consistente como meus olhos jamais viram. A farinha de trigo e a manteiga davam a textura ideal para que no tabuleiro untado e enfarinhado se transformassem, depois de frios em quadradinhos maravilhosos.

Uma rapadura era derretida até ficar um caldo grosso. Ali o amendoim já previamente assado era misturado e a calda reduzida. Depois derramados em porções que formavam os pés-de-moleque mais sapecas que eu comi. Era uma delícia colocar pedaços na boca e deixar a rapadura derreter enquanto mastigávamos o amendoim.

O coco ralado, no mesmo ralador usado para ralar a mandioca, servia para as cocadas e para o bolo de milho, para o cuscus, para a canjica, para o doce de abóbora. Muitos cocos... muita força nos braços. Muita farra!

Naquela tarde, ainda, Luizinho matou um pequeno porco. Depois e limpo e cortado em pequenos pedaços, uma fogueira foi montada entre tijolos para apoiar o tacho de cobre onde ele seria cozido em sua própria gordura: era assim que ele fazia sempre que matava um porco pois era preciso conservá-lo por mais tempo.

Na manhã seguinte era hora de colher lenha para arrumar a fogueira que aqueceria nossa noite e nossa bagunça. Além disso ainda precisaria ter como assar as batatas doces (nada melhor que batata doce assada na brasa de uma fogueira de festa junina. Tudo empilhado num lugar seguro, perto do campo de futebol era só esperar a noite chegar com suas estrelinhas pintando o azul noturno. Perto, as batatas doces e o milho em espigas.

As bandeirinhas já estavam no lugar: os “meninos” nativos nos ajudavam nessa arrumação. Além, é claro, de cada casa deles também colaborar nos quitutes. Apenas nenhum de nós sabia o que cada um levaria para a festa. Achamos, sempre, que assim era mais fácil: ninguém estava “obrigado” a fazer tal coisa... Todos ficavam à vontade para colaborar do jeito que podiam e sabiam.

Na cozinha a agitação estava mais forte, intensa. De longe se ouviam as gargalhadas provocadas quase sempre pelas histórias que eram contadas.

À noitinha, tudo arrumado e todos de banho tomado e com a sua “melhor roupa”, aquela das “missas dominicais”, estávamos lá. As crianças, claro, primeiro. Afinal o compromisso delas era apenas um: a diversão. Fogueira acesa já tinha gente cuidando para que a criançada não chegasse perto. Ninguém poderia se machucar.

O sanfoneiro já estava esquentando os dedos ao som da Capelinha de melão, de João de Barros e Adalberto Ribeiro, Pula a fogueira, de João B. Filho ou, ainda, Pedro, Antônio e João, de Benedito Lacerda e Oswaldo Santiago, entre outras que só ele conhecia. Mas estavam ali o som para nos alegrar a noite. Afinal, cantar mesmo só as mais famosas.

Da sede vinham os pratos arrumados: cocadas pretas e cocadas branca, bolo de fubá de milho, bolo cremoso de milho, canjica, arroz doce, doce de abóbora com coco, os pés de moleque e o bolo de mandioca. De salgado o porquinho assado, casquinha crocante feita no fogão à lenha, depois do seu cozimento na própria gordura. Também dois frangos foram assados para aqueles que não comiam carne de porco (afinal tem sempre aqueles que não podem ou não querem ou não gostam).

Todos ali. Alguém organiza uma dança da quadrilha. Imaginem se ensaiada tem sempre alguma coisa pra dar errado, assim, sem ensaiar, valia mesmo era pela farra. O sanfoneiro puxava, ele mesmo a quadrilha, e o povo rapidamente aumentava a fila e a roda. Pura diversão. Assim, cujo único compromisso era divertir.

Não haviam balões: a consciência ecológica era muito forte mesmo que ainda não se falasse abertamente sobre o assunto. Eles sabiam que era necessário manter a mata que dava a eles a proteção necessária e a terra em condições de dar a eles os alimentos que plantavam. Até a lenha só era usada das árvores que morreram de morte morrida. Quase nunca era necessário derrubar uma árvore com vida. E, muitas, vezes, precisavam recorrer a outras propriedades para não fazer uso disto.

A comilança corria solta. Se pudéssemos olhar as barriguinhas estavam todas estufadas pois não havia como controlar. Tudo muito gostoso e feito com o carinho e a simplicidade que hoje estão ausente de nossas mesas. O sabor dos alimentos realçavam em nossas bocas.

Lá pelas tantas alguém resolve fazer um leilão: não me lembro mais com qual finalidade. Só lembro que era uma galinha assada. A esta altura já cheia de frio e com as peles enrugadinhas sobre uma caminha de farofa num prato de papelão. Sucederam-se os lances até que na batida final do martelo um dos moradores do local arrematou. Claro que os mais chegados a ele logo se aproximaram e cuidaram da galinha ao seu jeito: comeram ela em pouco tempo.

Nesse ponto foi hora de começarem as danças dos casais. Primeiro, timidamente os morados começaram. Depois, nós começamos a nossa participação. Em dado momento já estávamos, nós dançando com eles. Era a integração total.

Nos cantos as crianças já estavam dando sinais de pilha descarregada. As mães começaram a se retirar para levar elas para as camas. E ai, não voltavam. Era de ser ver, lá de longe, as cabecinhas na janela, espiando a farra que continuava.

Aos poucos voltamos para a casa. Ainda tínhamos um dia para curtir.

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sábado, 5 de junho de 2010

Festas juninas: o preparo


O tempo? Na realidade não importa tanto assim: pode ser qualquer mês dos junhos entre 1980 a 1990, talvez 1995. Minhas crianças ainda eram pequeninas... Serve apenas como referência.

A semana tinha sido complicada no trabalho mas em casa tudo já havia sido aprontado. Já havíamos combinado com o pessoal da Ilha (Antônio, Maria Teresa, Juliana, a baixinha querida (Dona Haydée)) e a tia Elisa.

O encontro era sempre na avenida Brasil, no estacionamento onde funcionava um Supermercado que não mais existe: Casas da Banha. Muito cedo mas nunca cumprido: sempre esperávamos o pessoal da Ilha. Era duro acordar o Antônio naquela época. Hoje já nem sei mais pois não temos mais feitos estas viagens pelo Brasil, juntos.

Enfim, chegados, partimos em direção à nossa Minas querida: Benjamim Constant: uma estação da antiga estrada de ferro dentro de uma antiga fazenda outrora chamada de Barra do Ouro Fino.

A Rio-Petrópolis nos obrigava sempre a uma parada no Alemão da serra: o xixi-amigo na manhã fria era obrigatório. O sanduíche de lingüiça e os biscoitos de polvilho eram compra obrigatória. Esta era apenas a primeira parada.

Mais adiante, no Bar Brasília, em Areal era a vez dos pastéis e de novos xixis. Mas agora era direto até Sapucaia, cidade limítrofe do Rio com Minas, já na Rio-Bahia de muitas lembranças.

A parada, nos primeiros anos acontecia na Cooperativa dos Produtores de Leite: lá encontrávamos a D-20 do tio Jorge, já cheia de comilanças para reforçar a despensa. Neste ponto trocávamos nossos carros pela caçamba da D-20 de saudosa memória. Os carros ficavam num cantinho da Cooperativa até nossa volta. Mas, a reserva da manteiga Sapucaiense era inevitável.

Todos arrumados era partir. A farra no meio das malas, travesseiros e crianças juntos com os sacos de compras era inevitável e o vento frio soprando insistentemente em nossos rostos. A corrida pela estradinha de terra tantas vezes ainda deixa uma ponta enorme de saudades no meu coração. O zigue-zague, as subidas e descidas, ora de pedregoso terreno, ora de saibro vermelho, liso que nem asfalto sempre me lembram das aventuras por ali. A chegada na sede era triunfal: buzinas e algazarra de todos: A Juça sempre sorridente e com o coração aos saltos no seu peito era só alegria. O tímido Luizinho, seu marido, mantinha um sorriso mais comedido em seus lábios enquanto os “meninos” meio assustados com a algazarra vinham ao nosso encontro. Abraços e elogios de ambas as partes se misturavam a expressões como “saudade”, “quanto tempo?”, “nossa!”, “como cresceu!”...

Era hora de levar as tralhas para dentro de casa. As comidas para a despensa não sem antes passar pela copa: espalhadas em cima da mesa e pelos cantos até que fossem arrumadas; as malas e outras tralhas já iam mais ou menos para os quartos que cada um já sabiam quais eram. Para as miúdas sempre um berço estava no quarto dos pais. As maiores ficavam num quarto só das meninas. Nessa família quase só meninas...

A algazarra e o falatório sem parar confundia quem de longe pudesse observar. Mas era assim, todas as vezes. E agora, largadas as tralhas o centro das confusões se mudava para a copa e para a cozinha onde reinava absoluto um enorme fogão à lenha! Sobre sua trempe caçarolas, frigideira, caldeirões abrigavam certamente as comidas mais confortáveis que minha alma já comeram: muitas delas colhidas da própria terra da fazenda. Assim foram arroz, feijão, milho, mandioca, banana, laranja, tangerina, goiaba, porcos, galinhas, ovos... E agora, pensando nessas coisas todas, as lágrimas da saudade descem de meus olhos e caminham pelo meu rosto até caírem no precipício que termina na mesa... Nuca mais terei esta possibilidade: as crianças cresceram, a fazenda acabou e até o fogão à lenha morreu... A vida continuou sua marcha célere...

Famintos (?!) procurávamos saber do almoço. Reconfortante comidinha quentinha para aquecer nosso corpo enquanto comíamos numa enorme mesa na varanda dos fundos da casa-sede. Em algumas vezes era preciso colocar uma outra mesa onde colocávamos a criançada... Ali, sobre a mesa, sempre o feijão plantado e colhido pelo Luisinho sempre novinho, era guardado misturado com “terra de formiga”: segundo ele o melhor conservante para os grãos do feijão. O arroz de sequeiro que ele colhia era uma delícia e sempre trazíamos um pouquinho para a cidade em nossa volta. Angú, um grande pedaço de peito havia sido feito como hoje aprendi em “baixa temperatura caseira”. Lá, a panela colocada na parte menos quente da trempe ficava desde a tarde do dia anterior ali apenas mudando de lado enquanto era pingada água fervendo mantida na chaleira que sempre teima em viver na trempe de um fogão à lenha. Batatas em profundidade eram consumidas: quando não cozidas, coloridas pelo molho ferrugem da carne assada, fritas de uma forma inigualável pelas hábeis mãos da Juça. As tiras em meia-lua, finas, primeiro cozidas “al-dente” e depois cortadas em palitos eram fritas até formarem uma casquinha crocante e um interior cremoso deixavam as crianças gastarem muitos quilos em suas passadas por lá.

Com as barrigas estufadas nossa atenção voltava a preparar a festa do dia seguinte. O arraial sempre era montado no adro da pequena capela chamada carinhosamente por nos de “igrejinha”. Ali era o ponto de reunião sempre que havia alguma festa daquela gente que viveu ali e em nossas mentes por muitos anos. Ao lado da igrejinha e da escolinha haviam casas onde antigos empregados da fazenda moravam e seguiam sua vida.

Na sede, uns cuidavam de fazer as bandeirinhas que iriam enfeitar o adro. Cola de farinha preparada e fria enquanto outros já cortavam papel fino para fazer as bandeirinhas (agora o povo compra já em pacotinhos..., meio sem-graça isto). Barbantes esticados na sala, na varanda e até no quintal eram coloridos com as bandeirinhas numa alegoria que mais parecia um quadro de Volpi.

Na cozinha, cada qual com a sua tarefa: ralar milho fresco, ralar mandioca, ralar coco seco (e beber a sua água), colocar de molho o milho branco da canjica, e torrar o amendoim com casca.

Continua na próxima semana... E ainda teremos as receitas!

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Festas juninas: o preparo


O tempo? Na realidade não importa tanto assim: pode ser qualquer mês dos junhos entre 1980 a 1990, talvez 1995. Minhas crianças ainda eram pequeninas... Serve apenas como referência.

A semana tinha sido complicada no trabalho mas em casa tudo já havia sido aprontado. Já havíamos combinado com o pessoal da Ilha (Antônio, Maria Teresa, Juliana, a baixinha querida (Dona Haydée)) e a tia Elisa.

O encontro era sempre na avenida Brasil, no estacionamento onde funcionava um Supermercado que não mais existe: Casas da Banha. Muito cedo mas nunca cumprido: sempre esperávamos o pessoal da Ilha. Era duro acordar o Antônio naquela época. Hoje já nem sei mais pois não temos mais feitos estas viagens pelo Brasil, juntos.

Enfim, chegados, partimos em direção à nossa Minas querida: Benjamim Constant: uma estação da antiga estrada de ferro dentro de uma antiga fazenda outrora chamada de Barra do Ouro Fino.

A Rio-Petrópolis nos obrigava sempre a uma parada no Alemão da serra: o xixi-amigo na manhã fria era obrigatório. O sanduíche de lingüiça e os biscoitos de polvilho eram compra obrigatória. Esta era apenas a primeira parada.

Mais adiante, no Bar Brasília, em Areal era a vez dos pastéis e de novos xixis. Mas agora era direto até Sapucaia, cidade limítrofe do Rio com Minas, já na Rio-Bahia de muitas lembranças.

A parada, nos primeiros anos acontecia na Cooperativa dos Produtores de Leite: lá encontrávamos a D-20 do tio Jorge, já cheia de comilanças para reforçar a despensa. Neste ponto trocávamos nossos carros pela caçamba da D-20 de saudosa memória. Os carros ficavam num cantinho da Cooperativa até nossa volta. Mas, a reserva da manteiga Sapucaiense era inevitável.

Todos arrumados era partir. A farra no meio das malas, travesseiros e crianças juntos com os sacos de compras era inevitável e o vento frio soprando insistentemente em nossos rostos. A corrida pela estradinha de terra tantas vezes ainda deixa uma ponta enorme de saudades no meu coração. O zigue-zague, as subidas e descidas, ora de pedregoso terreno, ora de saibro vermelho, liso que nem asfalto sempre me lembram das aventuras por ali. A chegada na sede era triunfal: buzinas e algazarra de todos: A Juça sempre sorridente e com o coração aos saltos no seu peito era só alegria. O tímido Luizinho, seu marido, mantinha um sorriso mais comedido em seus lábios enquanto os “meninos” meio assustados com a algazarra vinham ao nosso encontro. Abraços e elogios de ambas as partes se misturavam a expressões como “saudade”, “quanto tempo?”, “nossa!”, “como cresceu!”...

Era hora de levar as tralhas para dentro de casa. As comidas para a despensa não sem antes passar pela copa: espalhadas em cima da mesa e pelos cantos até que fossem arrumadas; as malas e outras tralhas já iam mais ou menos para os quartos que cada um já sabiam quais eram. Para as miúdas sempre um berço estava no quarto dos pais. As maiores ficavam num quarto só das meninas. Nessa família quase só meninas...

A algazarra e o falatório sem parar confundia quem de longe pudesse observar. Mas era assim, todas as vezes. E agora, largadas as tralhas o centro das confusões se mudava para a copa e para a cozinha onde reinava absoluto um enorme fogão à lenha! Sobre sua trempe caçarolas, frigideira, caldeirões abrigavam certamente as comidas mais confortáveis que minha alma já comeram: muitas delas colhidas da própria terra da fazenda. Assim foram arroz, feijão, milho, mandioca, banana, laranja, tangerina, goiaba, porcos, galinhas, ovos... E agora, pensando nessas coisas todas, as lágrimas da saudade descem de meus olhos e caminham pelo meu rosto até caírem no precipício que termina na mesa... Nuca mais terei esta possibilidade: as crianças cresceram, a fazenda acabou e até o fogão à lenha morreu... A vida continuou sua marcha célere...

Famintos (?!) procurávamos saber do almoço. Reconfortante comidinha quentinha para aquecer nosso corpo enquanto comíamos numa enorme mesa na varanda dos fundos da casa-sede. Em algumas vezes era preciso colocar uma outra mesa onde colocávamos a criançada... Ali, sobre a mesa, sempre o feijão plantado e colhido pelo Luisinho sempre novinho, era guardado misturado com “terra de formiga”: segundo ele o melhor conservante para os grãos do feijão. O arroz de sequeiro que ele colhia era uma delícia e sempre trazíamos um pouquinho para a cidade em nossa volta. Angú, um grande pedaço de peito havia sido feito como hoje aprendi em “baixa temperatura caseira”. Lá, a panela colocada na parte menos quente da trempe ficava desde a tarde do dia anterior ali apenas mudando de lado enquanto era pingada água fervendo mantida na chaleira que sempre teima em viver na trempe de um fogão à lenha. Batatas em profundidade eram consumidas: quando não cozidas, coloridas pelo molho ferrugem da carne assada, fritas de uma forma inigualável pelas hábeis mãos da Juça. As tiras em meia-lua, finas, primeiro cozidas “al-dente” e depois cortadas em palitos eram fritas até formarem uma casquinha crocante e um interior cremoso deixavam as crianças gastarem muitos quilos em suas passadas por lá.

Com as barrigas estufadas nossa atenção voltava a preparar a festa do dia seguinte. O arraial sempre era montado no adro da pequena capela chamada carinhosamente por nos de “igrejinha”. Ali era o ponto de reunião sempre que havia alguma festa daquela gente que viveu ali e em nossas mentes por muitos anos. Ao lado da igrejinha e da escolinha haviam casas onde antigos empregados da fazenda moravam e seguiam sua vida.

Na sede, uns cuidavam de fazer as bandeirinhas que iriam enfeitar o adro. Cola de farinha preparada e fria enquanto outros já cortavam papel fino para fazer as bandeirinhas (agora o povo compra já em pacotinhos..., meio sem-graça isto). Barbantes esticados na sala, na varanda e até no quintal eram coloridos com as bandeirinhas numa alegoria que mais parecia um quadro de Volpi.

Na cozinha, cada qual com a sua tarefa: ralar milho fresco, ralar mandioca, ralar coco seco (e beber a sua água), colocar de molho o milho branco da canjica, e torrar o amendoim com casca.

Continua na próxima semana... E ainda teremos as receitas!

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terça-feira, 1 de junho de 2010

Carambolas


Ainda pequeno, saímos de um sobrado e fomos morar numa casa. Uma casa que até já falei algumas vezes nela pois existia um pé de manga carlotinha que nunca mais vi nesta vida.

Nesta casa tinha, na parte dos fundos um pé de carambolas. Uma fruta que muita gente boa de hoje nem conhece. Mas que tem lá suas virtudes pois é uma fruta originária da Índia, de cor verde ou amarela e sabor agridoce. A caramboleira é uma árvore de pequeno porte, é bastante usada na ornamentação de quintais e jardins. A fruta é bastante consumida na China, principalmente na fabricação de sobremesas. Foi introduzida no Brasil em 1817, no Estado de Pernambuco.

A fruta possui um formato semelhante ao de uma estrela, por isso também é conhecida como star fruit. A carambola possui cinco gomos e uma polpa de consistência rígida. É uma fonte rica em sais minerais e vitaminas A, B1, B2, C, além de fósforo e potássio. A fruta é consumida in natura ou usada na fabricação de geléias, caldas, sucos e compotas.

Uma de minhas farras prediletas era subir nas árvores que estavam “na época”, cheias de frutos para saboreá-los maduros ainda no pé, como a mãe natureza havia me ensinado. Nesta era mais complicado de subir pois seu caule era bastante liso e as frutas ficavam lá no alto. Mas, nada que fosse empecilho para qualquer menino na minha idade – não naqueles tempos – bastava encostar a escada usada por meu pai para fazer trabalhos ou reparos em lugares altos. Sempre que me via ali, subindo, lá vinha minha mãe gritar comigo para tomar cuidado ou para descer pois poderia cair e me machucar. Nada que eu pudesse ouvir quando via aquelas frutinhas amarelinhas quase ao alcance de minhas pequenas mãos.

Lá embaixo ficava a Véra, com seus cabelos meio arrepiados, doidinha pra fazer bagunça também. Para ela cabia a tarefa e apanhar as frutas que eu jogava para ela. Não podia deixar cair no chão. Ia colocando numa vasilha (quando conseguíamos uma) ou apenas juntando-as. Depois nos incumbíamos de mostrar a surpresa pra nossa mãe. Ou para a baiana Maria que a tudo nos era solícita mesmo que nossa mãe não gostasse.

Era uma senhora de idade, com seus cabelos brancos anelados e pele morena, sempre um sorriso nos lábios para nossas bagunças. Ainda me lembro de suas saias compridas até quase os pés. Um dia ainda converso mais sobre ela com minha mãe.

As frutas que a gente não conseguia comer de azedinhas que eram ela cuidava de fazer um doce de estrelinhas. Cortava as frutas, depois de lavadas, transversalmente, de forma que ficava estrelas de cinco pontas. Nem lembro como ela fazia os doces mas hoje acho que fazia uma calda grossinha e depois colocava as estrelinhas naquele mar doce para nadarem até saturar de açúcar. Depois era deixar esfriar e rapidamente acabar.

Hoje já não se acham mais carambolas de árvore. Apenas carambolas de caixas... São retiradas ainda verdes do pé para poderem aguentar o tempo até que o consumidor final as compre. Já não tem mais o gosto de antigamente. Além disso as árvores não recebem mais apenas a água e o sol para crescerem e dar frutos deliciosos. Um monte de invencionices são feitas para “aumentar a produtividade”. Com isto vamos esquecendo os sabores naturais...

Mas, aqui fica uma foto:


bacalhaucombatata | Carambola: um sabor da infância.


Uma fruta com sabor de infância.
foto da Ludovina Maria Braga



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Carambolas


Ainda pequeno, saímos de um sobrado e fomos morar numa casa. Uma casa que até já falei algumas vezes nela pois existia um pé de manga carlotinha que nunca mais vi nesta vida.

Nesta casa tinha, na parte dos fundos um pé de carambolas. Uma fruta que muita gente boa de hoje nem conhece. Mas que tem lá suas virtudes pois é uma fruta originária da Índia, de cor verde ou amarela e sabor agridoce. A caramboleira é uma árvore de pequeno porte, é bastante usada na ornamentação de quintais e jardins. A fruta é bastante consumida na China, principalmente na fabricação de sobremesas. Foi introduzida no Brasil em 1817, no Estado de Pernambuco.

A fruta possui um formato semelhante ao de uma estrela, por isso também é conhecida como star fruit. A carambola possui cinco gomos e uma polpa de consistência rígida. É uma fonte rica em sais minerais e vitaminas A, B1, B2, C, além de fósforo e potássio. A fruta é consumida in natura ou usada na fabricação de geléias, caldas, sucos e compotas.

Uma de minhas farras prediletas era subir nas árvores que estavam “na época”, cheias de frutos para saboreá-los maduros ainda no pé, como a mãe natureza havia me ensinado. Nesta era mais complicado de subir pois seu caule era bastante liso e as frutas ficavam lá no alto. Mas, nada que fosse empecilho para qualquer menino na minha idade – não naqueles tempos – bastava encostar a escada usada por meu pai para fazer trabalhos ou reparos em lugares altos. Sempre que me via ali, subindo, lá vinha minha mãe gritar comigo para tomar cuidado ou para descer pois poderia cair e me machucar. Nada que eu pudesse ouvir quando via aquelas frutinhas amarelinhas quase ao alcance de minhas pequenas mãos.

Lá embaixo ficava a Véra, com seus cabelos meio arrepiados, doidinha pra fazer bagunça também. Para ela cabia a tarefa e apanhar as frutas que eu jogava para ela. Não podia deixar cair no chão. Ia colocando numa vasilha (quando conseguíamos uma) ou apenas juntando-as. Depois nos incumbíamos de mostrar a surpresa pra nossa mãe. Ou para a baiana Maria que a tudo nos era solícita mesmo que nossa mãe não gostasse.

Era uma senhora de idade, com seus cabelos brancos anelados e pele morena, sempre um sorriso nos lábios para nossas bagunças. Ainda me lembro de suas saias compridas até quase os pés. Um dia ainda converso mais sobre ela com minha mãe.

As frutas que a gente não conseguia comer de azedinhas que eram ela cuidava de fazer um doce de estrelinhas. Cortava as frutas, depois de lavadas, transversalmente, de forma que ficava estrelas de cinco pontas. Nem lembro como ela fazia os doces mas hoje acho que fazia uma calda grossinha e depois colocava as estrelinhas naquele mar doce para nadarem até saturar de açúcar. Depois era deixar esfriar e rapidamente acabar.

Hoje já não se acham mais carambolas de árvore. Apenas carambolas de caixas... São retiradas ainda verdes do pé para poderem aguentar o tempo até que o consumidor final as compre. Já não tem mais o gosto de antigamente. Além disso as árvores não recebem mais apenas a água e o sol para crescerem e dar frutos deliciosos. Um monte de invencionices são feitas para “aumentar a produtividade”. Com isto vamos esquecendo os sabores naturais...

Mas, aqui fica uma foto:


bacalhaucombatata | Carambola: um sabor da infância.


Uma fruta com sabor de infância.
foto da Ludovina Maria Braga



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