terça-feira, 1 de junho de 2010

Carambolas


Ainda pequeno, saímos de um sobrado e fomos morar numa casa. Uma casa que até já falei algumas vezes nela pois existia um pé de manga carlotinha que nunca mais vi nesta vida.

Nesta casa tinha, na parte dos fundos um pé de carambolas. Uma fruta que muita gente boa de hoje nem conhece. Mas que tem lá suas virtudes pois é uma fruta originária da Índia, de cor verde ou amarela e sabor agridoce. A caramboleira é uma árvore de pequeno porte, é bastante usada na ornamentação de quintais e jardins. A fruta é bastante consumida na China, principalmente na fabricação de sobremesas. Foi introduzida no Brasil em 1817, no Estado de Pernambuco.

A fruta possui um formato semelhante ao de uma estrela, por isso também é conhecida como star fruit. A carambola possui cinco gomos e uma polpa de consistência rígida. É uma fonte rica em sais minerais e vitaminas A, B1, B2, C, além de fósforo e potássio. A fruta é consumida in natura ou usada na fabricação de geléias, caldas, sucos e compotas.

Uma de minhas farras prediletas era subir nas árvores que estavam “na época”, cheias de frutos para saboreá-los maduros ainda no pé, como a mãe natureza havia me ensinado. Nesta era mais complicado de subir pois seu caule era bastante liso e as frutas ficavam lá no alto. Mas, nada que fosse empecilho para qualquer menino na minha idade – não naqueles tempos – bastava encostar a escada usada por meu pai para fazer trabalhos ou reparos em lugares altos. Sempre que me via ali, subindo, lá vinha minha mãe gritar comigo para tomar cuidado ou para descer pois poderia cair e me machucar. Nada que eu pudesse ouvir quando via aquelas frutinhas amarelinhas quase ao alcance de minhas pequenas mãos.

Lá embaixo ficava a Véra, com seus cabelos meio arrepiados, doidinha pra fazer bagunça também. Para ela cabia a tarefa e apanhar as frutas que eu jogava para ela. Não podia deixar cair no chão. Ia colocando numa vasilha (quando conseguíamos uma) ou apenas juntando-as. Depois nos incumbíamos de mostrar a surpresa pra nossa mãe. Ou para a baiana Maria que a tudo nos era solícita mesmo que nossa mãe não gostasse.

Era uma senhora de idade, com seus cabelos brancos anelados e pele morena, sempre um sorriso nos lábios para nossas bagunças. Ainda me lembro de suas saias compridas até quase os pés. Um dia ainda converso mais sobre ela com minha mãe.

As frutas que a gente não conseguia comer de azedinhas que eram ela cuidava de fazer um doce de estrelinhas. Cortava as frutas, depois de lavadas, transversalmente, de forma que ficava estrelas de cinco pontas. Nem lembro como ela fazia os doces mas hoje acho que fazia uma calda grossinha e depois colocava as estrelinhas naquele mar doce para nadarem até saturar de açúcar. Depois era deixar esfriar e rapidamente acabar.

Hoje já não se acham mais carambolas de árvore. Apenas carambolas de caixas... São retiradas ainda verdes do pé para poderem aguentar o tempo até que o consumidor final as compre. Já não tem mais o gosto de antigamente. Além disso as árvores não recebem mais apenas a água e o sol para crescerem e dar frutos deliciosos. Um monte de invencionices são feitas para “aumentar a produtividade”. Com isto vamos esquecendo os sabores naturais...

Mas, aqui fica uma foto:


bacalhaucombatata | Carambola: um sabor da infância.


Uma fruta com sabor de infância.
foto da Ludovina Maria Braga



F A C I L I D A D E S
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5 comentários:

véra disse...

o cabelo da dona maria baiana era anelado e o meu arrepiado, né????

carlinhos de lima disse...

correto.

irani pereira disse...

Carlinhos, quem disse que o cabelo de Vera era arrepiado? e queria lembrar que aqui em casa eu tinha uma caramboleira, mas deu cupim e não consegui salvar, fiz muita geleia de estrelinha. Obrigada por matar a minha saudade da carambola.

*-._.-* Anita *-._.-* disse...

Aqui não é comum esta fruta, então raras as vezes encontramos em supermercados...

Uma vez comprei (era minha primeira vez) mas fiquei mto decepcionada, azeeeeeeeeeeeeeeeda que não tinha mais fim! ai um amigo do rio de janeiro me falou que eram azedas pq ainda estavam verdes... mas e eu tinha como saber????

bjs amigo, tenho sentido sua falta no blog, apareça!

Fátima Menezes disse...

Minha mãe ganhou uma muda e esse ano foi a primeira vez que colheu as frutas... cheguei na sua casa e ela me ofereceu uma bacia cheia... há tanto tempo não comia que nem me lembrava do sabor. É realmente uma fruta linda e estava docinha!!Beijos e saudades