sábado, 26 de junho de 2010

Comida de índio: um pouco mais


Que tal se o almoço hoje for quinhoeiro de tucunaré e a sobremesa, doce de cubiu? Não sabe que pratos são esses? Pois eis aí dois tipos de comida preparados por povos indígenas da região do Alto Rio Negro, que fica no Amazonas, na fronteira entre Brasil, Colômbia e Venezuela. Nesse local, vivem 21 grupos indígenas, cada um com língua, costumes e ritos próprios. Mais do que fonte de energia, os alimentos são parte da sua cultura. Então, vamos conhecer melhor a culinária dos índios que preservam as características de seus povos e ainda não assimilaram a maioria dos brancos?!

Características da alimentação indígena
Existem mais de 200 grupos indígenas diferentes no Brasil. Cada um deles cultiva seus hábitos alimentares. Cada grupo tem suas preferências na gastronomia: comidas prediletas e coisas que julgam intragáveis.

Alguns grupos têm na mandioca a base de sua alimentação, outros preferem o milho. Os índios Timbira (de Tocantins e Maranhão) e Nambikwara (de Rondônia) ocupam bastante tempo na coleta de alimentos já disponíves na mata, e menos tempo em suas plantações. Já os índios Caiapó (de Mato Grosso e Pará) possuem roças complexas, com direito a especialistas dentro da aldeia que analisam o solo e o melhor local para a plantação.

Os Caiapó gostam de comer a carne de caças gordas, como antas e jabotis. Já os índios do Alto Xingu desprezam a carne de “animais de chão” e preferem comer peixes e macacos.

Outros grupos usam diversos insetos e larvas em sua alimentação cotidiana.

O mesmo alimento que é considerado uma iguaria para alguns, torna-se repulsivo para outros. Mas isso ocorre com frequência entre os não-índios também. Poucas pessoas apreciam comer escargot, que é considerado um prato da alta culinária francesa. Milhares de turistas invadem as praias brasileiras e consomem todo o tipo de ostras e mariscos com avidez enquanto alguns não podem sequer olhar para esse tipo de prato. A maniçoba, feita com folhas de mandioca brava, é dos melhores pratos que se pode comer no norte do Brasil, mas poucas bocas do sul a aguentam. E a deliciosa feijoada, unânime delícia brasileira, provoca arrepios no estômago de alguns estrangeiros que visitam o Brasil.

Podemos dizer que a alimentação indígena é natural, pois eles consomem alimentos retirados diretamente da natureza. Desta forma, conseguem obter alimentos isentos de agrotóxicos ou de outros produtos químicos. A alimentação indígena é saudável e rica em vitaminas, sais minerais e outros nutrientes.

Somada a uma intensa atividade física, a alimentação indígena proporciona aos integrantes da tribo uma vida saudável. Logo, podemos observar nas aldeias isoladas (sem contatos com o homem branco), indivíduos fortes, saudáveis e felizes. Obesidade, estresse, depressão e outros males encontrados facilmente nas grandes cidades passam longe das tribos.

Numa aldeia indígena, o preparo dos alimentos é de responsabilidade das mulheres. Aos homens, cabe a função de caçar e pescar.

Os principais alimentos consumidos pelos índios brasileiros são: as frutas, as verduras, os legumes, as raízes, a carne de animais caçados na floresta (capivara, porco-do-mato, macaco etc), os peixes, alguns cereais e as castanhas.

Entre os pratos típicos da culinária indígena podemos destacar: Tapioca (espécie de pão fino feito com fécula de mandioca), pirão (caldo grosso feito de farinha de mandioca e caldo de peixe), pipoca e o beiju (espécie de bolo de formato enrolado feito com massa de farinha de mandioca fina).

Cada povo indígena tem sua tradição com relação à alimentação. Eles produzem sua própria comida, seja praticando agricultura para subsistência, em algumas tribos até vendem o excedente da sua plantação, seja por caça e pesca.
O peixe, a banana, a mandioca e o milho são fontes de alimentação n maioria das tribos indígenas.

Na pesca, é comum o uso de substâncias vegetais (tingui e timbó, entre outras) que intoxicam e atordoam os peixes, tornando-os presas mais fáceis e não fazem mal ao homem.

Alimentação: mandioca, peixe e mariscos

Como nosso país é tropical, grande parte dos alimentos que nascem aqui são extremamente saudáveis, o que faz da alimentação dos índios, uma das formas mais saudáveis de nutrição, pois sem consumir nada industrializado, eles utilizam da natureza para tirar seu sustento, no caso, aves, peixes, frutas, leguminosas, verduras e pequenas caças, ou também grandes caças como no caso os animais da floresta, cotias, capivaras, entre outros mais.

A alimentação dos índios do Brasil se compunha basicamente de farinha de mandioca, peixe, mariscos e carne. Conheciam-se os temperos e a fermentação de bebidas alcoólicas. Com as fibras nativas dos campos e florestas, fabricavam-se cordas, cestos, peneiras, esteiras, redes, abanos de fogo; moldavam-se em barro diversos tipos de potes, vasos e urnas funerárias, pois enterravam seus mortos.

A alimentação dos índios caracteriza-se muito pela utilização de farinha em diversas receitas, como no caso a tapioca, e também o próprio preparo da farinha que deriva da mandioca, feita pelas índias que usam todo o material retirado da roça e da floresta pelos índios, e muito raramente são utilizados ingredientes como o leite e o óleo nas bases da alimentação indígena brasileira.

Além de um conhecimento profundo da vida e dos hábitos dos animais, os índios possuem técnicas que variam de povo para povo. Na pesca, é comum o uso de substâncias vegetais (tingui e timbó, entre outras) que intoxicam e atordoam os peixes, tornando-os presas mais fáceis. Há também armadilhas para pesca, como o pari dos teneteharas - um cesto fundo com uma abertura pela qual o peixe entra atrás da isca, mas não consegue sair.

Atividades da roça
Preparar o terreno para a roça é tarefa dos homens. Primeiro, eles derrubam um trecho de mato. Depois de um tempo, quando o mato derrubado seca, colocam fogo para limpar a área e as cinzas são usadas como adubo. Em seguida, fazem uma limpeza na roça, tirando os galhos e restos de árvores.

As outras atividades da roça são realizadas pelas mulheres. Quando caem as primeiras chuvas, elas plantam espécies como milho, feijão, mandioca, batata, amendoim, cará etc. Depois mantém a roça limpa, retirando as ervas daninhas, que prejudicam o desenvolvimento da plantação.

Quando os alimentos cultivados estão maduros, as mulheres fazem a colheita e os carregam em cestos de palha até as aldeias.

A mandioca é plantada todo ano em grandes roças. A mandioca brava, como é conhecida na região norte, é diferente da macaxeira ou aipim. Ela contém um veneno que precisa ser eliminado antes do consumo. Por isso é colhida e processada (ralada e espremida) para separar a parte sólida (massa) da líquida (chamada de manicuera ou tucupi, em outros locais da Amazônia). O líquido é fervido até evaporar todo o veneno, que então pode ser consumido. A massa é torrada em fornos, na forma de grandes pães circulares conhecidos como beijus.

Cada família possui entre 3 e 5 roças em diferentes fases de crescimento. Enquanto uma está sendo plantada, outra está amadurecendo e outra pronta para o consumo. Visitam as roças quase todos os dias, para fazer a colheita da mandioca e outros produtos, como banana, abacaxi, cucura, cubiu e outras frutas; batata-doce, cará e outros tubérculos; pimenta etc. As pimentas são utilizadas para temperar peixes e carnes.

Utensílios domésticos
Os produtos colhidos nas roças são transportados para casa em aturás, cestos de cipó que as pessoas levam às costas suspensos por uma alça passada à volta da cabeça.

Os Tuyuka não fazem os cestos cargueiros que usam. Eles são fabricados pelo povo Hupda, que os entregam aos Tuyuka em troca de outros produtos de sua necessidade, como sal, panelas de alumínio, roupas, farinha e mandioca.

No alto rio Negro vivem pelo menos 20 povos indígenas diferentes. Os Tuyuka são um deles. Alguns povos são seus vizinhos: o povo Tukano ou Yebamasã, o povo Bará, o Barasana, o Hupda, o Desana... Outros vivem em rios mais distantes, como os Baniwa.

Os Hupda são especialistas na fabricação de cestos. Os Tuyuka, especialistas em canoas. Já os Desana são fabricantes de balaios de arumã usados para servir beiju. Os Baniwa são os únicos fabricantes de raladores de mandioca.

Existe na região um grande sistema de trocas, o que garante que os raladores baniwa cheguem a todas as outras etnias; assim como os aturás hupda, as canoas tuyuka e assim por diante.

Atividades de caça
A caça é uma atividade masculina realizada individual ou coletivamente e pode ser feita nas proximidades da aldeia ou em lugares mais distantes. Nestas ocasiões, os homens passam dias acampados no mato.

As armadilhas, arcos, flechas e tudo o que é importante para garantir uma boa caçada é construído pelos homens no dia-a-dia.

Para ter sucesso e voltar para casa com muita comida, é importante conhecer os hábitos dos animais: se são noturnos ou diurnos; o que gostam de comer; se andam sozinhos ou em bando; como são os rastros que deixam no chão; onde costumam se esconder; que cheiros têm... Dessa forma, fica mais fácil encontrá-los, preparar a caçada e fazer armadilhas. Os cães também podem ajudar a localizar os animais no mato.

Antigamente os Tuyuka caçavam mais com arco e flecha e zarabatana. A zarabatana é um tubo longo feito com uma palmeira de mesmo nome, que tem seu miolo oco. Através do tubo são soprados pequenos dardos envenenados, que paralisam a presa atingida. É mais usada para atingir macacos e aves, no alto.

Costumam caçar animais como antas, porcos-do-mato (caititus e queixadas), macacos, tatus e outros. Dos répteis, caçam e comem lagartos, teiús e jacarés.

Jabutis e aves, como jacamins são pegos na mata e criados como animais de estimação, e por isso nunca são consumidos como alimentos.

Atividades de pesca
O peixe é um alimento importante para muitas populações indígenas, que conhecem e usam diferentes técnicas de pesca. As técnicas mais utilizadas pelos diferentes povos são: uso do timbó (um tipo de cipó) e outras plantas venenosas; a pescaria com anzol e linha; uso de armadilhas, flechas...

Em algumas comunidades apenas os homens saem para pescar e muitas vezes ficam dias acampados perto de rios e lagoas. A pescaria também pode ser feita pelas mulheres, ou ser realizada em família, e assim esse trabalho vira uma grande diversão!

Os Enawenê-Nawê, que vivem no Mato Grosso, não comem carne de caça e raramente comem aves. Alimentam-se de produtos da roça, como mandioca e milho, e de peixe. Para eles, os peixes são muito importantes, pois são fundamentais para a realização de suas festas e são usados como objetos de troca.

Conhecem bem os processos de reprodução dos peixes e sua migração pelos rios. É a partir destes conhecimentos que os homens organizam grandes pescarias coletivas, especialmente nos meses de fevereiro e março quando o ritual Yãkwá é realizado.

Para pescar todos os peixes necessários para a realização do ritual, constroem barragens no rio que impedem a passagem dos peixes e, além disso, fabricam armadilhas. É dessa forma que conseguem pegar muitos peixes, que são levados para a aldeia e que logo servirão de alimento para toda comunidade durante alguns meses. Os Enawenê-Nawê defumam os peixes para que não estraguem ao longo do tempo e assim garantem muitas refeições.

Além da pesca para o ritual Yãkwa, os Enawenê-Nawê realizam pescarias familiares, utilizando outras técnicas, como a pesca com timbó, uso de anzóis e pequenas armadilhas colocadas nos riachos.

Às vezes os Tuyuka saem para pescarias e expedições de caça em lugares mais distantes, em rios com mais peixes. Lá constroem uma tenda de cobertura de palha chamada tapiri, fazem fogo para se aquecer à noite, para cozinhar ou defumar (moquear) os peixes.

Passam dias e noites na pescaria, aproveitando também as oportunidades de caça.

Os homens tuyuka pescam muito, sendo o peixe sua principal fonte de proteína. Comem mais peixe do que caça.

Os Tuyuka usam seus instrumentos tradicionais de pesca como o puçá de tucum, matapi, cacuri, jequi, timbó e caiá. (tipos de armadilhas fixas ou móveis feitas de madeira ou talas de palmeiras), mas também usam instrumentos industrializados, como anzóis de metal e linhas de nylon.

De pimenta a frutas
Na alimentação indígena também não faltam pimentas e frutas. Além de servir de tempero para diversos pratos, a pimenta é uma importante fonte de vitaminas e fibras para os índios. Como ela, as frutas também têm destaque na alimentação. No Alto Rio Negro, as mais consumidas são o açaí, o patuá, a pupunha, a bacaba, a banana, o abacaxi e outras frutas típicas da Amazônia, como o cubiu. Outro vegetal bastante utilizado é o caruru, erva daninha comestível que cresce nas roças de mandioca.

Alimentação diferente
Alguns alimentos que os povos indígenas consome parecem estranhos para os moradores das cidades mas, além de saborosos, são muito nutritivos e têm fartura na floresta. Podemos citar as larvas de borboletas (lagartas e mochivas), as formigas tanajuras, manivaras ou içás cheias de ovos. Na época em que estão com ovos, fazem a revoada para formar novos formigueiros. São capturadas quando saem do olho do formigueiro e consumidas ao natural ou torradas e piladas, resultando numa farinha muito saborosa.

Um jeito especial de fazer refeições
Os índios têm um jeito próprio de preparar os alimentos, que podem ser cozidos, assados ou defumados (ou moqueados). As frituras não têm muito espaço no cardápio. Para cozinhar, é usado um fogão feito com pedaços de madeira da roça.

Pelo menos duas vezes ao dia, as mulheres indígenas se reúnem para compartilhar seus alimentos com os outros habitantes da aldeia. Funciona assim: cada uma leva a comida feita na sua casa. As pessoas sentam-se em um grande salão e esperam com o prato na mão, enquanto os jovens da comunidade passam distribuindo a comida. É uma demonstração de união e solidariedade, além de ser uma forma de garantir que todos possam comer daquela comida.

A lenda da menina que virou raiz
Existe uma lenda indígena que explica a origem do nome mandioca. Conta-se que a filha do chefe de uma tribo tupi engravidou virgem e deu à luz uma menina branca, que recebeu o nome de Mani.

Por ela ser branca, provocou o espanto de toda a tribo e das nações vizinhas, que vinham visitar a criança para conhecer aquela nova raça.

Depois de um ano a menina morreu e foi enterrada dentro da própria casa, e era regada diariamente, como de costume do povo.

De seu túmulo, brotou uma planta que era desconhecida dos índios, por isso eles não a arrancaram. As raízes dessa planta serviam de alimento. Daí surgiu seu nome: Mani-oca, que significa "casa de Mani".

No próximo, algumas das receitas dos povos indígenas brasileiros. Não percam!

F A C I L I D A D E S
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2 comentários:

Wservir disse...

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