sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Contos de Natal 1

A hora do aniversário está chegando e eu ainda não havia me preparado da forma como gostaria de ter feito. Mas onte, quase ao apagar das luzes fui ao quintal e peguei um franguinho, imagino que 1,0/1,2kg depois de limpo.

Já havia pego ali na pequena horta embaixo da janela um pouco de tomilho que, picado foi misturado na manteiga sem sal. Primeiro pomada, depois colocada no refrigerador (lembram porque não falo geladeira?) para endurecer o suficiente para virarem pastilhas.

O franguinho foi devidamente abatido e despido como antigamente eu fazia: todo o sangue era deixado escorrer numa vasilha que misturado a uma pequena colher de vinagre não coagulava. Depois a gente pensava no que fazer... Ali, peladinho, ainda passava por uma sessão de depilação a quente: com o fogo acesso passa-se todo o corpo de frango para queimar eventuais resíduos de penas.

Lavado e bem secado, passei por todo o seu interior uma mistura de sal e pimenta do moinho. Algumas folhas de louro (também de minha hortinha pessoal foram finamente picadas para darem um sabor mais pessoal ao frango. Amarrado de acordo com os padrões franceses, ficou coberto em um pequeno alguidar (uma vasilha de barro) e levado, coberto, ao refrigerador para apurar os sabores.

Na hora de levá-lo ao forno, coloquei pequenos botões de manteiga perfumada com o tomilho (eu havia enrolado ela em filme de pvc no formato de bastão) ente as peles de seu peito de forma a dar umidade e sabor à carne.

O forno, na temperatura mais baixa possível, pré aquecido por meia hora, recebeu o tabuleiro com o franguinho deitado de lado: a parte do peito, primeiro para o fundo do forno. O tabuleiro foi forrado primeiramente com papel alumínio e, depois, colocado um “lençol” de papel manteiga. A forma de não agarrar a pele no papel alumínio. A cada 15 minutos, o frango foi girado 1/4 de volta de forma que numa hora ele rodou sobre seu eixo uma vez. Por fim, de barriga para baixo, depois dos 15 minutos, forno apagado e ele coberto com um cobertor de papel alumínio para mantê-lo aquecido e deixar os líquidos internos se distribuírem pelo corpo inteiro do franguinho.

Mas e a farofa, recheio ou coisa que o valha? Para mim, a farofa não deve ir ali na barriga do frango. Me parece estranho... Eu a faço separadamente e deixo ali do ladinho do frango. Assim, cada um pode servir-se dela mais sequinha. Afinal ela é preparada com porções iguais de manteiga sem sal e do melhor azeite de oliva que o meu dinheiro pode comprar. Antes, um dente de alho finamente picado à faca é levado para distribuir seus cheiros pela gordura já aquecida. Depois a farinha, não tão fina (uso sempre a mais grossa que encontro). Com uma colher de pau ela vai sendo misturada até ficar igualmente crocante. Misturo, então, uns figos secos picados grosseiramente. É porque o aniversariante ama comer figos... Então, é preciso fazer um agrado a mais. E não custa tanto mais assim...

Bem, o frango e a farofa já estão prontos. O que mais? Quem sabe um arroz branquinho e soltinho? Olha aqui como ele é feito.

O que mais? Penso, penso, vou até a despensa e encontro uma lata de leite condensado. Pego 4 ovos das galinhas do quintal e preparo uma forma de pudim. Desses mesmo que vêm escrita na embalagem a receita. Pra que fazer diferente? Eles já testaram por muitos anos. Pode, é comprar de uma marca que seja menos doce. Como você também pode fazê-lo sem leite condensado... Me escreva que eu te mando a receitinha, tá bem?

Simples assim: franguinho de ervas frescas do quintal, arroz branquinho e farinha de figos secos. De sobremesa, um ramequim do mais natural e antigo pudim de leite condensado.

Bem, o jantar preparado, é hora de colocar o vinho pra esfriar. Comprei um espumante! Isso mesmo. A idéia é surpreender o aniversariante. Instigá-lo com os sabores e texturas.

Bem, tudo arrumado. Na mesa, pratos de porcelana baratinha mesmo. Talheres de cabo de plástico. Copos de requeijão. Guardanapos de papel.

Todos estão sentados. Não tem bolo nem parabéns. O aniversariante não gosta muito de pompas e circunstâncias. O jantar foi servido assim, simples como a maioria das pessoas que o recebessem para jantar no dia do seu aniversário poderiam ofertar. Isto porque o melhor de si não está na mesa, mas dentro do coração de cada um dos que estão à mesa. O aniversariante chega. Não se vê-Lo entrar. Apenas sua energia toca cada um dos corpos o suficiente para que lágrimas de alegria possam cair das janelas de nossos corpos.

Calmamente começamos, juntos, como se tivéssemos ensaiados: Pai Nosso que estais nos céus...

F A C I L I D A D E S
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3 comentários:

Cezar disse...

Caraca!!
Tá cada dia mais viajante!!
Acho muito legal esse seu jeito de escrever: Pula dentro da Helmans e vai embora!!
Acabei de aterrissar dessa viajem, etou sentindo até o aroma do "franguinho' e a presença do Aniversariante.
Parabéns!!

Anônimo disse...

Carlinhos,
Voce sabe que não sou expert em cozinha, mas amo seu jeito de falar e parece que estou vendo voce cozinhando. Dá vontade de sentar na mesa e esperar o Aniversariante. Pena que os nossos Natais não sejam mais os mesmos.. Bjocas, ira

véra disse...

Isso não é um frango! É uma galinha vaidosa que foi à clínica de estética dar uma ajeitadinha no visual, sem esquecer do bronzeamento, pra chegar linda e gostosa na festa!!!