terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Recomeçando...

No Natal os tradicionais peru e tender fizeram as honras da casa. E puxaram a Comissão de frente. Dai até a bateria, desfilaram as tradicionais frutas secas num mix aprendidos lá por volta de 2000 numa Sala VIP em São Paulo quando trabalhei na maior loja de eletrodomésticos até então montada no Brasil. Fica delicioso comer de colherinha todas elas picadas grosseiramente e misturadas.

Apesar disto, pudemos lembrar do aniversariante do dia. Não esquecemos de agradecer a possibilidade de estarmos comemorando Seu nascimento.

Depois, encerrando o desfile, as tradicionais rabanadas de família que já entram na quarta geração desde Chico Pinto, meu eterno vô querido. Embebidas em leite com mel de engenho por mais de seis horas antes de tomarem banho de ovo batido com garfo em prato fundo, como faz parte da nossa tradição. Quentes (comidas logo a seguir da fritura), com ou sem açúcar com canela ou, frias, no início da manhã do seguinte, junto do café preto coado em coador de pano! Finalmente, depois de seis meses de pedidos, promessas e faltas, ganhei o meu primeiro coador de pano individual!!! Olha só ele aqui...


Dai para frente foi só os beliscos: ora tirando diretamente do refrigerador ora esquentando ou comendo em “temperatura ambiente”. Não pode faltar nosso vinho tinto. Esse ano ficou por conta de um JP Chenet, amado e herança cultural daquela loja que falei ainda a pouco. Uma harmoniosa combinação de cabernet e syrah amada pelas nossas papilas gustativas.

Dia 26 era dia de anoversário: a irmã caçula. Almoço em casa da mãe e dela. Partimos cedo para lá.

Novamente os “ossos” do Natal fizeram a sua apresentação, numa releitura pelas mãos de dona Diva e dona Véra. Por conta da aniversariante do dia, um belo e saboroso bolo de frutas secas.

Já nos preparávamos para o almoço quando o telefone toca dando a notícia que não queríamos receber: a partida de nosso querido tio, o japonês Sakae (o nosso Shiroke). Homem que me ensinou muitas coisas na vida, inclusive a dirigir meus destinos nas ruas e estradas. E que fazia um sukiaki dos deuses, com toda a pompa e circunstância... Mas a vida é assim mesmo. Cada um tem seu prazo de validade. O dele acabou! Ou, ganhou a bandeira quadriculada da vitória. Só restou um “até qualquer hora, tio!”

Cadê jeito pra comemorar o aniversário dela? Cadê vontade de comer alguma coisa? Enfim, sera seguir em frente.

O fim do ano estava logo ali e precisaríamos conviver com esta falta. E a rotina da “virada”. Encontramos força por conta de nosso conhecimento de vida. Entendemos que isso faz parte da vida: o choro e o riso. A tristeza e a alegria. A chegada e a partida...

Trocamos a Comissão de Frente no Desfile da Vitória: saiu o perú para entrar um lombinho de porco. Afinal dizem as tradições que na virada do ano não se deve comer aves pois elas “ciscam para trás”... Mas, como destaque no prato principal, as lentilhas nos proporcionaram uma deliciosa “Mjadra” com direito a cebolas roxas defumadas e crocantes.
Mas tudo estava meio sem graça... O brilho da noite não foi como o de outros anos. Mas eu, particularmente, estava ancioso e curioso pela divulgação da marca de nossas Olimpíadas. Isso me ocupou um pouco, tirando-me do foco da comilança que estava ali na mesa.

Fogos, poucos pela redondeza, mas vistos na TV por todo o mundo me deram a sensação de repetições. Nenhum lugar modificou, ousou algo diferente. Até a cascata de fogos que era um dos marcos da virada do Rio deixou de existir. Um pouco de saudosismo nessas horas conta um pouco... Novo mesmo só a Igreja da Penha entrando na lista das coisas boas do ano de 2010.

Ali na mesa, o lobinho que fora amarrado cuidadosamente de acordo com as instruções do mestre Lucas, foi devidamente marinado em vinho tinto e temperado com ervas da minha varanda. Selado na chapa antes de ir para o forno terminar o trabalho...Úmido por dentro e crocante por fora estava ao lado de uma fariofa de mandioca de gãos grossos e úmidas com manteiga, azeite de oliva e a gordura de porco resultante do emagrecimento do toucinho defumado que fora cortado em cubos pequeníssimos. Nozes picadas grosseiramente compuseram o cenário.

Enfim, nada diferente. Tudo igual aos outros anos, como os fogos de artifício das cidades do mundo inteiro. Afinal, os dias que virão nos guardam as surpresas de sempre, as alegrias e as tristezas inerente de nossas vidas. A luta diária pelo pão-nosso-de-cada-dia. Os aprendizados necessários para passarmos nas “provas” do ano que está começando. Mas, o que não faltou foram as esperanças das coisas certas nos lugares certos e nas horas certas. Que os homens possam se respeitar mais. Que as bocas possam sorrir mais. Que possamos chegar na “dispersão” com o sorriso do desfile feito com o suor e a alegria do dever cumprido!

Que venha 2011 do jeito que vier que nós damos um jeito de vencê-lo.

F A C I L I D A D E S
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2 comentários:

Anonymous disse...

É isso ai Carlinhos, que posaamos chegar a dispersão com a certeza do dever cumprido e com muita alegria que sempre fez parte dos nossos eventos.
Ira Pereira

Shirley disse...

Adorável post, carlos, como sempre. Que bom que vc foi um bom menino e ganhou seu coador de pano individual do papai noel. gostei. :-) Agora 6h pra fazer uma rabanada? aff... por isso que gosto de vc, tem a paciência que me falta, o cuidado com os detalhes que tornam tudo especial. Feliz ano novo, amigo, cheio de bons sabores pra ti. bjs