domingo, 27 de fevereiro de 2011

Um kibe

Mas como? Um kibe? Sim. Apenas um kibe vegetariano entre tantos e tantas fórmulas.

Depois de voltar do consultório com o resultado dos exames a difícil decisão de mudar alguns hábitos alimentares. Tal como tantas outras pessoas que precisam manter a saúde e com isto alguns alimentos que fazem parte da nossa dieta desde muito cedo, desde o comecinho de nossas vidas depois do peito da mãe, precisam ser excluídos.

A carne de gado está indo embora dos meus pratos de consumo. Ainda continuo fazendo o melhor que aprendi sobre elas para os outros. Já nem tanto comia dela mas agora preciso me afastar de vez. E isto vai acabar sendo falado por aqui. Certamente vai ser útil para aqueles que querem ou precisam desta guinada na alimentação e se sentem pouco encorajados.

Não pretendo fazer apologias vegetarianos, levantar bandeiras e essas coisas. Vou apenas, e tão somente, vez por outra contar alguma solução que encontrei pra seguir em frente.

Talvez esta mudança me permita uns peixinhos. Mas as ditas carnes que contém sangue serão abolidas. Ou, sei lá por quanto tempo vou conseguir ficar afastado delas. Melhor nem pensar nestas coisas. Seguir em frente. Mudar hábitos e enfim, perseguir a saúde que é o mais importante. Sem tótulos. Sem estigmas.

Assim, hoje quando voltava com o envelopão embaixo do braço passei na mercearia e comprei a proteína texturizada de soja. Preferi a escura. Pouca quantidade pois já não mais lembrava do sabor.

Em casa, separei uma tigela e coloquei ali meia xícara de PTS. Separei meia xícara de água de filtro e fui hidratando aos poucos como aprendi esta técnica de hidratação de grãos numa Escola do Jardim Botânico que vez por outra frequento para me manter atualizado.

Peguei o mesmo volume de trigo pra kibe. Também conhecido nas rodas gastronômicas como triguilho. Tanto faz o nome: é aquele trigo partido. Uma lavada e a água escorrida. Coloquei uma colher de sopa de água nova e mexi para que ela fosse absorvida. Não queria que ele ficasse muito hidratado. Gosto de sentir sua textura na hora de comer. O croc...

Misturei ao PTS depois de meia hora, 40 minutos ali separados, mas lado a lado. A umidade do PTS hidratou ainda mais o trigo e os deixei ali por mais meia hora. Juntos e misturados.

Peguei meio pão francês e o embebi de água do filtro. Esfarelei. Quase uma papinha. Coloquei sobre a mistura de trigo e PTS.

Piquei a metade de uma cebola média em minúsculos quadradinhos. Coloquei sobre o pão umedecido.

Fui até a hortinha da varanda e colhi algumas folhas de hortelã que ainda sobrevive a este calor desértico que faz aqui no Rio de Janeiro. Piquei grosseiramente e coloquei sobre a mistura.

Umedeci as mãos e comecei a misturar e apertar, formando uma liga adequada apenas para mantê-los juntos. Apertadinhos. Sal e pimenta do moinho deram o ar de sua graça dançando sobre a tigela. Um longo fio de azeite também foi lentamente derramado sobre massa.

Peguei um aro quadrado, de 5cm de lado e formatei os kibes. Coloquei em um tabuleiro sobre papel vegetal embebido em azeite e levei ao forno pré aquecido, 200ºC, por 40 minutos. Ao retirar do forno, novo fio de azeite sobre os cubos de kibe.

Na montagem, shoyo no fundo do prato e o cubo de kibe ao centro. Sobre ele o inseparável raminho de hortelã. Só eles. Centro do prato e do Universo que começava a me mostrar os novos caminhos que preciso seguir. O sabor? Sou suspeito pra falar. Mas espero que você faça e venha aqui contar o que achou... Ah, a porção rendeu 4 cubos.

Se você for pesquisar, vai encontrar deles até com abóbora japonesa. Com farinha de trigo branca e integral, com gergelim branco e preto. Com abobrinha e tantas outras coisas. Preferi ficar mais perto do original. Apenas substituir a carne vermelha da ovelha dos árabes ou do gado dos ocidentais pela proteína de soja. Senti apenas a falta da pimenta Síria. Mas não tinha mais em casa. Da próxima vez não esquecerei de colocar uma colher de chá nesta quantidade que fiz.

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Um kibe

Mas como? Um kibe? Sim. Apenas um kibe vegetariano entre tantos e tantas fórmulas.

Depois de voltar do consultório com o resultado dos exames a difícil decisão de mudar alguns hábitos alimentares. Tal como tantas outras pessoas que precisam manter a saúde e com isto alguns alimentos que fazem parte da nossa dieta desde muito cedo, desde o comecinho de nossas vidas depois do peito da mãe, precisam ser excluídos.

A carne de gado está indo embora dos meus pratos de consumo. Ainda continuo fazendo o melhor que aprendi sobre elas para os outros. Já nem tanto comia dela mas agora preciso me afastar de vez. E isto vai acabar sendo falado por aqui. Certamente vai ser útil para aqueles que querem ou precisam desta guinada na alimentação e se sentem pouco encorajados.

Não pretendo fazer apologias vegetarianos, levantar bandeiras e essas coisas. Vou apenas, e tão somente, vez por outra contar alguma solução que encontrei pra seguir em frente.

Talvez esta mudança me permita uns peixinhos. Mas as ditas carnes que contém sangue serão abolidas. Ou, sei lá por quanto tempo vou conseguir ficar afastado delas. Melhor nem pensar nestas coisas. Seguir em frente. Mudar hábitos e enfim, perseguir a saúde que é o mais importante. Sem tótulos. Sem estigmas.

Assim, hoje quando voltava com o envelopão embaixo do braço passei na mercearia e comprei a proteína texturizada de soja. Preferi a escura. Pouca quantidade pois já não mais lembrava do sabor.

Em casa, separei uma tigela e coloquei ali meia xícara de PTS. Separei meia xícara de água de filtro e fui hidratando aos poucos como aprendi esta técnica de hidratação de grãos numa Escola do Jardim Botânico que vez por outra frequento para me manter atualizado.

Peguei o mesmo volume de trigo pra kibe. Também conhecido nas rodas gastronômicas como triguilho. Tanto faz o nome: é aquele trigo partido. Uma lavada e a água escorrida. Coloquei uma colher de sopa de água nova e mexi para que ela fosse absorvida. Não queria que ele ficasse muito hidratado. Gosto de sentir sua textura na hora de comer. O croc...

Misturei ao PTS depois de meia hora, 40 minutos ali separados, mas lado a lado. A umidade do PTS hidratou ainda mais o trigo e os deixei ali por mais meia hora. Juntos e misturados.

Peguei meio pão francês e o embebi de água do filtro. Esfarelei. Quase uma papinha. Coloquei sobre a mistura de trigo e PTS.

Piquei a metade de uma cebola média em minúsculos quadradinhos. Coloquei sobre o pão umedecido.

Fui até a hortinha da varanda e colhi algumas folhas de hortelã que ainda sobrevive a este calor desértico que faz aqui no Rio de Janeiro. Piquei grosseiramente e coloquei sobre a mistura.

Umedeci as mãos e comecei a misturar e apertar, formando uma liga adequada apenas para mantê-los juntos. Apertadinhos. Sal e pimenta do moinho deram o ar de sua graça dançando sobre a tigela. Um longo fio de azeite também foi lentamente derramado sobre massa.

Peguei um aro quadrado, de 5cm de lado e formatei os kibes. Coloquei em um tabuleiro sobre papel vegetal embebido em azeite e levei ao forno pré aquecido, 200ºC, por 40 minutos. Ao retirar do forno, novo fio de azeite sobre os cubos de kibe.

Na montagem, shoyo no fundo do prato e o cubo de kibe ao centro. Sobre ele o inseparável raminho de hortelã. Só eles. Centro do prato e do Universo que começava a me mostrar os novos caminhos que preciso seguir. O sabor? Sou suspeito pra falar. Mas espero que você faça e venha aqui contar o que achou... Ah, a porção rendeu 4 cubos.

Se você for pesquisar, vai encontrar deles até com abóbora japonesa. Com farinha de trigo branca e integral, com gergelim branco e preto. Com abobrinha e tantas outras coisas. Preferi ficar mais perto do original. Apenas substituir a carne vermelha da ovelha dos árabes ou do gado dos ocidentais pela proteína de soja. Senti apenas a falta da pimenta Síria. Mas não tinha mais em casa. Da próxima vez não esquecerei de colocar uma colher de chá nesta quantidade que fiz.

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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Um doce de leite simples e gostoso

Como quase perfeito aquele que apenas tenhamos a sensação de ser doce. Apenas isto: simples assim.

Não quero doce de leite que o primeiro sabor a ser sentido seja o do açúcar. Quero perceber os sabores do leite e depois o do açúcar. Difícil nos dias de hoje numa cidade “grande”. Faltam matérias primas honestas e adequadas.

Parti em busca do desejo: fui a um lugar onde já não ia faziam seis anos. Isto mesmo: depois de viver intensamente aquele lugar, afastei-me por diversos motivos que não importa neste contexto.

Um lugar de muitos aprendizados e de muitas saudades. Lá conheci fogão à lenha, lá aprendi a catar lenha morta para fazer nossa comida, lá aprendi a tirar leite de vaca, de manhã cedinho, ainda escuro e muitas vezes, muito frio, com o campim ainda molhado do sereno...

Lá aprendi que sino em certos lugarem tocam por coisas sérias. Lá aprendi a comer goiaba no pé, montado numa égua. Lá aprendi a escolher a galinha do almoço, a tomar café da manhã com ovo recém-nascido. Lá aprendi a encher uma saca de arroz e de feijão na mala do carro para trazer pra casa da cidade. Lá aprendi a encher meus dias de felicidade.

No fogão à lenha, esquentava o pão francês dormido com manteiga de lá da cooperativa (nenhuma é igual a ela). Lá tomava o peimeiro leite num copo lavado na água da nascente e jateado na horinha. Lembrava as vezes em que menino ainda, na casa do vô Chico, vó Georgina fazia isto com a teta da cabra que lhe dava o leite de cada dia. Lá comia coalhada como nenhuma outra mais comi. Lá nós comíamos todos juntos, numa mesona de 26 lugares... Saudades. Mas, o tempo passa. Valem as lembranças e a alegria de ter vivido isto.

O leite já havia chegado. Como souberam de minha intenção de fazer doce de leite, estavam todos igual abelha... Leite peneirado mais uma vez, foi colocado no caldeirão 3 litros. Gordo. Inteiramente integral. Deixamos levantar a primeira fervura. Retiramos a nata que se formou com uma escumadeira. Fogo na bunda do caldeirão e um quilo de açúcar. Do refinado mesmo. Receita pós moderna diriam os jovens chefs de cozinha recém-saído de suas teóricas escolas.

Colher de pau (afinal na roça só se usa colher de pau pra fazer doces. Nunca se soube de alguém que tivesse morrido por comer doce mexido com colher de pau. Naquela época morria-se de outras coisas que não mais existem.

Passava de uma hora de musculação. O leite precisava ser mexido sem parar para não “agarrar” no fundo da panela.

E a conversa fiada corria solta naquela cozinha que ainda guardava um pouco de passado. Nem que fossem as telhas e caibros enfumaçados que cobriam nossas cabeças. Os azulejos já comidos e amarelados pelo tempo que estavam agarrados naquelas paredes. Não chão, piso de ladrilhos como não mais se fazem em nome da modernidade. Sem brilhos e ásperos para que nenhum de nós levasse um escorregão quando molhados. Muita farra e muito olho gordo no caldeirão.

Começa a engrossar e a branca coloração do leite começa a se misturar com o tom caramelado do açúcar. Mais braço forte pra mexer. Mais escurinho é como eu gosto. Mais grossinho. Pronto! Ficou na cor e na consistência esperada.

É hora de pegarmos (dois de nós) o caldeirão e virar num pote de louça que deveria ter algo como uns 180 anos de vida. Meio quebradinho e todo estalado na porcelana que cobria o barro de sua alma. Mas vivo e prestimoso para acolher nossos doces.

Esperar esfriar. Sim. Mas e a fila para lamber a colher? Briga. Gritos de sou eu!, é minha!, eu também quero! E a panela? Mesmo depois de tirado o máximo com a colher ainda sobravam veios de doce agarrados na parede do caldeirão. Muitos dedinhos (até as crianças disputavam uma lambida) passaram por ali. Uma farra e tanto.

Ainda bem que nessa hora ninhum deles lembrou do queijo que estava ali no armário “apurando” a textura. Tinha sido feito no dia anterior e estaria pronto para a festa na hora do jantar. A sobremesa esperada e desejada por quase todos: doce de leite com queijo Minas fresco.

De comer ajoelhado. Lindo, cor suave, mais ainda assim doce. De Leite de teta de vaca! E o queijo? Úmido e denso. Desmanchando a cada mordida ou cortada de garfo.

Vontade de ir ali comprar leite (de saco que seja) e fazer um tantinho pra comer escondido...

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Um doce de leite simples e gostoso

Como quase perfeito aquele que apenas tenhamos a sensação de ser doce. Apenas isto: simples assim.

Não quero doce de leite que o primeiro sabor a ser sentido seja o do açúcar. Quero perceber os sabores do leite e depois o do açúcar. Difícil nos dias de hoje numa cidade “grande”. Faltam matérias primas honestas e adequadas.

Parti em busca do desejo: fui a um lugar onde já não ia faziam seis anos. Isto mesmo: depois de viver intensamente aquele lugar, afastei-me por diversos motivos que não importa neste contexto.

Um lugar de muitos aprendizados e de muitas saudades. Lá conheci fogão à lenha, lá aprendi a catar lenha morta para fazer nossa comida, lá aprendi a tirar leite de vaca, de manhã cedinho, ainda escuro e muitas vezes, muito frio, com o campim ainda molhado do sereno...

Lá aprendi que sino em certos lugarem tocam por coisas sérias. Lá aprendi a comer goiaba no pé, montado numa égua. Lá aprendi a escolher a galinha do almoço, a tomar café da manhã com ovo recém-nascido. Lá aprendi a encher uma saca de arroz e de feijão na mala do carro para trazer pra casa da cidade. Lá aprendi a encher meus dias de felicidade.

No fogão à lenha, esquentava o pão francês dormido com manteiga de lá da cooperativa (nenhuma é igual a ela). Lá tomava o peimeiro leite num copo lavado na água da nascente e jateado na horinha. Lembrava as vezes em que menino ainda, na casa do vô Chico, vó Georgina fazia isto com a teta da cabra que lhe dava o leite de cada dia. Lá comia coalhada como nenhuma outra mais comi. Lá nós comíamos todos juntos, numa mesona de 26 lugares... Saudades. Mas, o tempo passa. Valem as lembranças e a alegria de ter vivido isto.

O leite já havia chegado. Como souberam de minha intenção de fazer doce de leite, estavam todos igual abelha... Leite peneirado mais uma vez, foi colocado no caldeirão 3 litros. Gordo. Inteiramente integral. Deixamos levantar a primeira fervura. Retiramos a nata que se formou com uma escumadeira. Fogo na bunda do caldeirão e um quilo de açúcar. Do refinado mesmo. Receita pós moderna diriam os jovens chefs de cozinha recém-saído de suas teóricas escolas.

Colher de pau (afinal na roça só se usa colher de pau pra fazer doces. Nunca se soube de alguém que tivesse morrido por comer doce mexido com colher de pau. Naquela época morria-se de outras coisas que não mais existem.

Passava de uma hora de musculação. O leite precisava ser mexido sem parar para não “agarrar” no fundo da panela.

E a conversa fiada corria solta naquela cozinha que ainda guardava um pouco de passado. Nem que fossem as telhas e caibros enfumaçados que cobriam nossas cabeças. Os azulejos já comidos e amarelados pelo tempo que estavam agarrados naquelas paredes. Não chão, piso de ladrilhos como não mais se fazem em nome da modernidade. Sem brilhos e ásperos para que nenhum de nós levasse um escorregão quando molhados. Muita farra e muito olho gordo no caldeirão.

Começa a engrossar e a branca coloração do leite começa a se misturar com o tom caramelado do açúcar. Mais braço forte pra mexer. Mais escurinho é como eu gosto. Mais grossinho. Pronto! Ficou na cor e na consistência esperada.

É hora de pegarmos (dois de nós) o caldeirão e virar num pote de louça que deveria ter algo como uns 180 anos de vida. Meio quebradinho e todo estalado na porcelana que cobria o barro de sua alma. Mas vivo e prestimoso para acolher nossos doces.

Esperar esfriar. Sim. Mas e a fila para lamber a colher? Briga. Gritos de sou eu!, é minha!, eu também quero! E a panela? Mesmo depois de tirado o máximo com a colher ainda sobravam veios de doce agarrados na parede do caldeirão. Muitos dedinhos (até as crianças disputavam uma lambida) passaram por ali. Uma farra e tanto.

Ainda bem que nessa hora ninhum deles lembrou do queijo que estava ali no armário “apurando” a textura. Tinha sido feito no dia anterior e estaria pronto para a festa na hora do jantar. A sobremesa esperada e desejada por quase todos: doce de leite com queijo Minas fresco.

De comer ajoelhado. Lindo, cor suave, mais ainda assim doce. De Leite de teta de vaca! E o queijo? Úmido e denso. Desmanchando a cada mordida ou cortada de garfo.

Vontade de ir ali comprar leite (de saco que seja) e fazer um tantinho pra comer escondido...

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