quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Como antigamente

Longas horas se passaram desde que saímos de casa, ainda escuro. Na estrada, poucos carros cruzavam a estreita pista da BR-101. No calendário, o ano de 1972 e o mês de janeiro. Na pista, nosso fusquinha azul bebê(1300) e ali na frente um Karmann Ghia (1600), daqueles redondinhos, vermelhinhos. O Rio de Janeiro (cidade) já havia ficado pra trás. E o futuro ainda estava muito distante: Salvador!

Os carros pesados de tralhas pois nossa missão seria cumprida através de acampamentos. Nenhum hotel previsto em nossos planejamentos. Sim, foram alguns até que chegamos ao que deu origem à aventura propriamente dita.

O plano inicial era viajar das 8 da manhã até seis/sete da noite, no máximo. Precisaríamos armar barracas e comer alguma coisa antes de dormir o sono dos necessitados.

O Karmann pifou em Campos dos Goytacazes. Foi necessário procurar um hospital e um médico que pudesse fazer os curativos necessários e medicar preventivos para a viagem. Enquanto isso...

Saímos em busca de algum lugar para comer. Logo no primeiro dia esse contratempo. Encontramos uma pensão. Já nem me lembro mais o nome. Entramos, perguntamos pelo mais simples, mais caseiro que tinha e fomos logo ouvindo “Aqui, meu filho, só servimos comidinha de mãe!”.

Então, sentados à mesa, aguardamos o que nossa agora “mãe” estava nos aprontando. Da cozinha, um cheirinho de comidinha gostosa. Daquelas que mandam sinais de fumaça para lugares bem longe.

Logo chegam as travessas: uma com arroz branquinho, outra com feijão com uns pedacinhos de carne seca e uma outra travessa, maior, com o que se convencionou chamar de ensopadinho. Este nem parecia ensopado, parecia mais “úmido” pois não tinha aquele caldo no fundo da travessa.

Era feito com frango. Peito de frango. Cortado em quadrados não tão pequenos nem tão grandes, batatas e cenouras. Mas o perfume! Logo vi que tinha salsinha picada. Pude ver na travessa que a cebola não era picada miudinha. Dava para a gente ver os pedaços. Umas lascas de alho, também.

Colocamos no prato, cada um a seu jeito. E o perfume do “ensopadinho” permanecia bailando sobre meu nariz. Chegou minha vez.

Servido, foi hora de começar a desfrutar daquelas preciosidades. O arroz, soltinho com um leve gostinho de alho. Bem longe mesmo. Apenas para sabermos que ele estava ali. O feijão, grossinho como nos tempos em que comia os de minha mãe. Pedaços generosos de carne deram para cada um pegar um. Mas, agora vem o mais surpreendente de todos: ele!

As batatas, sequinhas por dentro. Densas, Tenras, saborosas. E elas retiam um sabor intrigante – pois não comum – de erva cidreira! As cenouras cortadas em rodelas estava, cozidas no ponto certo nem cozidas de mais nem de menos. E o frango? De quintal, pela cor não tão branca dos de mercado. Sabor intenso, delicioso.

Que mais poderíamos querer? Um suco de laranja? Tivemos. O Karmann consertado para seguir viagem? Sim. E lá fomos nós até Guarapari.

F A C I L I D A D E S
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3 comentários:

Lidiane disse...

Deu vontade desse ensopadinho!!

isabelllinha disse...

Como está de saúde? Fique na paz de Deus!!!!

véra disse...

velhos e bons tempos!!