domingo, 21 de novembro de 2010

Sem palavras

O fato de ter estado envolvido com voluntariado e fora do Rio de Janeiro me deixou sem palavras.

Sem palavras para dizer que fui até Blumenau e de “alemão” apenas experimentei o melhor chopp que a minha boca provou: espuma densa e cremosa, corpo denso com o sabor do malte enchendo a boca de prazer. Mais, talvez pelo fato de ter sido servido pelo mestre cervejeiro da Wunder Bier, direto do tanque.

Sem palavras para dizer que não consegui ir até a estrada de ferro conhecer a melhor cerveja que bebi: Eisenbahn. Sem palavras, talvez, para descrever o sabor da Weizenbier bebida em pé, no gargalo, num posto de gasolina bem perto do hotel que fiquei. Pertencente a família das Ale, possui grau alcoólico 4,8% e é composta por dois tipos de malte, além do uso de trigo em sua formulação. Segundo o fabricante, sua melhor harmonização de dá com pratos de comidas mexicana, tailandesa, indiana, chinesa e alemã, com salsicha de carne de vitela branca com mostarda doce, carne de porco assada, frutos do mar ao vapor, lagosta e carne branca grelhada.

Se você preferir degustá-la acompanhada de queijos, fique com os: boursin, ricota, cottage, cream cheese, feta e mozzarella de búfala; os com casca natural como chabichou e crottin de chavignol; os semimacios chevrotin, reblochon, serra da estrela, saint-paulin e pont l'evèque; os semiduros maasdam, gouda e raclette; os macios de casca branca brie, camembert e saint-maure; e ainda chèvre e chèvre à l'huile.

Sem palavras fiquei, também, pela frustrante falta de provar um dos pratos mais típicos da culinária local: o marreco recheado. O tempo conspirou contra meu desejo. As atividades ocupavam as horas em que poderia buscar um restaurante (sempre longes do lugar do trabalho). Mas as garrafinhas delas que trouxe para o preparo de minha ceia de natal estão devidamente armazenadas. Aliás, essas garrafinhas me causaram um problema na conexão no aeroporto de Viracopos. Depois de passar pelo aeroporto de Navegantes sem problemas uma funcionária terceirizada na operação do raioX implicou com minhas garrafinhas: tive que abrir a mochila e mostrar para ela ver que estavam lacradas... Pobre Brasil onde mesmo com o desejo de realizar grandes eventos internacionais não se prepara adequadamente para receber sequer um brasileiro se deslocando internamente! De nada adianta o dinheiro gasto em construções gigantescas se o pessoal que vai operacionalizar não está devidamente treinado.

Sem palavras para descrever a alegria de encontrar uma casinha humilde, de madeira, cercada de flores e de uma horta maravilhosa onde meus olhos puderam enxergar couves, cebolinhas, salsinhas, alecrim. Uma senhora que me disse morar sozinha com seu pequeno cão encheu meu coração de alegria e de inveja pela falta de um espeço para imitá-la. Enquanto conversávamos ali junto à cerca, minha memória voltava no tempo à casa de meu vô Chico e à sua horta... Um bom tempo ali pensando numa farofinha de couve, numa feijoada com a couve fininha cercada de gomos de laranja e os pedaços de carnes de suíno... Tão perto de outras casas, tão perto de um enorme supermercado da rede Angeloni aquela senhora ainda cultiva sua horta e, por vezes, ainda cede aos empedernidos vizinhos que preferem atravessar a rua e comprar no mercado a sujar suas mãos com a terra... Pobres desses vizinhos.

Sem palavras para descrever a feirinha de produtores que acontecia às terças e quintas, sempre nas suas tardes. Um passeio corrido por lá me mostrou a produção artesanal de queijos, embutidos, doces, biscoitos. Doces biscoitos de mel cobertos com uma delicada camada de glacê com confeitos coloridos davam vida as suas diversas formas. Linguiças penduradas, defumadas, deixavam a gordura molhar o papel no balcão e tornando mais secas as carnes ali apertadas na tripa.

Sem palavras para as provas de queijos coloniais. Delícias sobre tábuas suadas de gordura. O tempo estava quente e eles não eram refrigerados como nas terras de Minas onde aprendi a fazer essas delícias. Um deles conseguiu chegar vivo e untuoso em minha casa. Já quase todo foi embora.

Sem palavras para descrever uma cidade limpa, organizada e com um povo solícito.

E os pastéis? Comida obrigatória para um bando de voluntários que se deslocam de cidades distantes como Fortaleza, Pernambuco e outras nem tanto como Londrina ou Erechim. Descobrimos duas pastelarias com sabores e preparos diversos. Mas sempre dentro do conceito “no air”. Completamente cheios de recheio fossem eles de frango com requeijão ( o único senão é chamarem o requeijão genérico de Catupiry...). Massa preparada com um dedinho de cachaça realçando o sabor e dando uma maior crocância a ela. Recheios complexos misturando o sabor da carne de gado com a de porco ou de frango, quase sempre abusando do pimentão (que você pode pedir para não colocar). E muita farra.

Sem palavras para descrever os campos de plantação de arroz ao longo da estrada entre Navegantes e Blumenau. Verdinhos, encharcados guardavam sobre telheiros os tratores de rodas de madeira para o trato. Primeira vez ao vivo. Antes, apenas nas tvs e livros.

Sem palavras para contar a tristeza da partida sem tempo para conhecer mais esta cidade que conheci quando por lá passei de carro em direção à capital Florianópolis. Quer dizer, achava que conhecia. Tudo diferente. Cidade já maior, com mais população mas que encantou meus olhos.

F A C I L I D A D E S
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Sem palavras

O fato de ter estado envolvido com voluntariado e fora do Rio de Janeiro me deixou sem palavras.

Sem palavras para dizer que fui até Blumenau e de “alemão” apenas experimentei o melhor chopp que a minha boca provou: espuma densa e cremosa, corpo denso com o sabor do malte enchendo a boca de prazer. Mais, talvez pelo fato de ter sido servido pelo mestre cervejeiro da Wunder Bier, direto do tanque.

Sem palavras para dizer que não consegui ir até a estrada de ferro conhecer a melhor cerveja que bebi: Eisenbahn. Sem palavras, talvez, para descrever o sabor da Weizenbier bebida em pé, no gargalo, num posto de gasolina bem perto do hotel que fiquei. Pertencente a família das Ale, possui grau alcoólico 4,8% e é composta por dois tipos de malte, além do uso de trigo em sua formulação. Segundo o fabricante, sua melhor harmonização de dá com pratos de comidas mexicana, tailandesa, indiana, chinesa e alemã, com salsicha de carne de vitela branca com mostarda doce, carne de porco assada, frutos do mar ao vapor, lagosta e carne branca grelhada.

Se você preferir degustá-la acompanhada de queijos, fique com os: boursin, ricota, cottage, cream cheese, feta e mozzarella de búfala; os com casca natural como chabichou e crottin de chavignol; os semimacios chevrotin, reblochon, serra da estrela, saint-paulin e pont l'evèque; os semiduros maasdam, gouda e raclette; os macios de casca branca brie, camembert e saint-maure; e ainda chèvre e chèvre à l'huile.

Sem palavras fiquei, também, pela frustrante falta de provar um dos pratos mais típicos da culinária local: o marreco recheado. O tempo conspirou contra meu desejo. As atividades ocupavam as horas em que poderia buscar um restaurante (sempre longes do lugar do trabalho). Mas as garrafinhas delas que trouxe para o preparo de minha ceia de natal estão devidamente armazenadas. Aliás, essas garrafinhas me causaram um problema na conexão no aeroporto de Viracopos. Depois de passar pelo aeroporto de Navegantes sem problemas uma funcionária terceirizada na operação do raioX implicou com minhas garrafinhas: tive que abrir a mochila e mostrar para ela ver que estavam lacradas... Pobre Brasil onde mesmo com o desejo de realizar grandes eventos internacionais não se prepara adequadamente para receber sequer um brasileiro se deslocando internamente! De nada adianta o dinheiro gasto em construções gigantescas se o pessoal que vai operacionalizar não está devidamente treinado.

Sem palavras para descrever a alegria de encontrar uma casinha humilde, de madeira, cercada de flores e de uma horta maravilhosa onde meus olhos puderam enxergar couves, cebolinhas, salsinhas, alecrim. Uma senhora que me disse morar sozinha com seu pequeno cão encheu meu coração de alegria e de inveja pela falta de um espeço para imitá-la. Enquanto conversávamos ali junto à cerca, minha memória voltava no tempo à casa de meu vô Chico e à sua horta... Um bom tempo ali pensando numa farofinha de couve, numa feijoada com a couve fininha cercada de gomos de laranja e os pedaços de carnes de suíno... Tão perto de outras casas, tão perto de um enorme supermercado da rede Angeloni aquela senhora ainda cultiva sua horta e, por vezes, ainda cede aos empedernidos vizinhos que preferem atravessar a rua e comprar no mercado a sujar suas mãos com a terra... Pobres desses vizinhos.

Sem palavras para descrever a feirinha de produtores que acontecia às terças e quintas, sempre nas suas tardes. Um passeio corrido por lá me mostrou a produção artesanal de queijos, embutidos, doces, biscoitos. Doces biscoitos de mel cobertos com uma delicada camada de glacê com confeitos coloridos davam vida as suas diversas formas. Linguiças penduradas, defumadas, deixavam a gordura molhar o papel no balcão e tornando mais secas as carnes ali apertadas na tripa.

Sem palavras para as provas de queijos coloniais. Delícias sobre tábuas suadas de gordura. O tempo estava quente e eles não eram refrigerados como nas terras de Minas onde aprendi a fazer essas delícias. Um deles conseguiu chegar vivo e untuoso em minha casa. Já quase todo foi embora.

Sem palavras para descrever uma cidade limpa, organizada e com um povo solícito.

E os pastéis? Comida obrigatória para um bando de voluntários que se deslocam de cidades distantes como Fortaleza, Pernambuco e outras nem tanto como Londrina ou Erechim. Descobrimos duas pastelarias com sabores e preparos diversos. Mas sempre dentro do conceito “no air”. Completamente cheios de recheio fossem eles de frango com requeijão ( o único senão é chamarem o requeijão genérico de Catupiry...). Massa preparada com um dedinho de cachaça realçando o sabor e dando uma maior crocância a ela. Recheios complexos misturando o sabor da carne de gado com a de porco ou de frango, quase sempre abusando do pimentão (que você pode pedir para não colocar). E muita farra.

Sem palavras para descrever os campos de plantação de arroz ao longo da estrada entre Navegantes e Blumenau. Verdinhos, encharcados guardavam sobre telheiros os tratores de rodas de madeira para o trato. Primeira vez ao vivo. Antes, apenas nas tvs e livros.

Sem palavras para contar a tristeza da partida sem tempo para conhecer mais esta cidade que conheci quando por lá passei de carro em direção à capital Florianópolis. Quer dizer, achava que conhecia. Tudo diferente. Cidade já maior, com mais população mas que encantou meus olhos.

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