quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Acidentes em cozinha: queimaduras

As queimaduras mais comuns são as provocadas por líquidos e a maioria das vítimas são as crianças.

O álcool líquido está envolvido em grande parte dos acidentes que provocam queimaduras. Em 2002, a venda desse tipo de álcool, muito inflamável, foi proibida. Os acidentes diminuíram em 60%, mas os fabricantes conseguiram uma liminar e o produto voltou ao mercado. O número de vítimas de queimaduras subiu novamente.

O tratamento de queimaduras envolve uma equipe multiprofissional especializada na área, pois é necessário um tratamento qualificado tanto na fase aguda como principalmente no período de recuperação e reabilitação. Os cuidados devem ser especiais com crianças queimadas. Temos que observar se a criança está respirando bem, notar se os batimentos cardíacos estão normais, se a criança está desidratada ou não e a quantidade de pele queimada. É importante aguardar o socorro especializado e não agir imprudentemente para evitar problemas maiores, se possível levar o paciente para o hospital mais próximo. “Infelizmente para a pessoa queimada o primeiro atendimento na maioria das vezes, é feito no próprio local por pessoas leigas que nesse caso, por ausência de programas sociais de educação especifica, acabam por aumentar o efeito da queimadura ao agir de forma inadequada”.

Classificação:
Primeiro grau: apresenta lesões apenas da camada superficial da pele, provocando uma intensa coloração vermelha do local afetado, não apresentando bolhas.

Segundo grau: atinge uma porção mais profunda da pele, causando bolhas e rachaduras na pele, além de intensa dor e vermelhidão no local afetado. Pode ocorrer sangramento nas feridas.

Terceiro grau: são mais profundas, atingindo todas camadas da pele. O paciente não se queixa de dor devido à completa destruição das terminações nervosas na área.

Quarto grau: destruição completa de todos os tecidos desde a epiderme até o tecido ósseo subjacente. “Na queimadura de 4º grau a lesão estende-se além da camada gordurosa subcutânea para outros tecidos subjacentes como: fáscia, músculo ou osso”.

Principais fontes de acidentes
As fritadeiras elétricas apresentam riscos de queimaduras nas mãos / braços nas operações de frituras. Derramamento de óleo durante a operação. Queda de pessoas ao redor da fritadeira. Princípio de incêndio no equipamento devido a falta de termostato, defeito no equipamento ou uso inadequado do equipamento.

Como prevenir: Utilizar mangotes de kevlar ou tecido não inflamável ao trabalhar com frituras; colocar o óleo somente até o nível recomendado; fazer a limpeza periódica do piso durante a operação; todos equipamentos de fritura devem ter termostato; desligar o equipamento após o término da operação; utilizar cestos de frituras seguros.

Panelas, panelões e/ou caldeirões apresentam riscos de queimaduras na face / braços ao levantar a tampa dos mesmos; no corpo ao verter de uma só vez alimentos dentro do equipamento contendo água quente; nos pés / pernas ao soltar água quente.

Como prevenir: Fazer a descarga do vapor antes de abrir a tampa (ou abrindo-a lentamente); colocar os alimentos dentro dos mesmo, devagar e com a ajuda de acessório adequado; ficar longe do ponto da descarga do vapor.

Fornos apresentam riscos de queimaduras nas mãos e braços ao retirar formas do forno; na face e braços ao abrir o forno; pelo corpo ao encostar no forno; pequenas explosões ao acender o forno a gás.

Como prevenir: Utilizar sempre luvas térmicas ao retirar formas dentro do forno; travar a tampa do forno evitando que a mesma caia sobre o antebraço, queimando-o; evitar circulação de pessoas próximo ao forno ligado; acender a chama depois abrir o gás.

Banho maria: Queimaduras nas mãos /braços durante a operação; queimaduras nas pernas ao colocar / retirar as cubas dentro do equipamento ou uma vasilha dentro da outra.

Como prevenir: Colocar / retirar as cubas de dentro do equipamento devagar para evitar que a água espirre; colocar a água somente até o nível recomendado pelo fabricante ou, a uma distância adequada do fundo da vasilha que conterá os alimento; ligar o equipamento somente depois de ter colocado a água; desligar o equipamento, retirar a vasilha com alimentos com cuidado e, com as mãos e braços protegidos; retirar a água da vasilha que a contém, com cuidado.

Fogões: Queimaduras por contato na operação; explosões durante acendimentos do fogão por vazamentos de gás; queimaduras devido bater em cabos de panelas derrubando o vasilhame; queimaduras /incêndios devido utilização de meios impróprios para acender o fogão (palitos embebidos em álcool).

Como prevenir: Use sempre avental antichamas durante as operações; verifique sempre se há vazamentos no fogão antes de acendê-lo; manter os cabos das frigideiras e de outras panelas viradas para trás; usar sempre acendedores específicos e seguros tipo magi-click; secar periodicamente a área ao redor do fogão.


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Acidentes em cozinha: queimaduras

As queimaduras mais comuns são as provocadas por líquidos e a maioria das vítimas são as crianças.

O álcool líquido está envolvido em grande parte dos acidentes que provocam queimaduras. Em 2002, a venda desse tipo de álcool, muito inflamável, foi proibida. Os acidentes diminuíram em 60%, mas os fabricantes conseguiram uma liminar e o produto voltou ao mercado. O número de vítimas de queimaduras subiu novamente.

O tratamento de queimaduras envolve uma equipe multiprofissional especializada na área, pois é necessário um tratamento qualificado tanto na fase aguda como principalmente no período de recuperação e reabilitação. Os cuidados devem ser especiais com crianças queimadas. Temos que observar se a criança está respirando bem, notar se os batimentos cardíacos estão normais, se a criança está desidratada ou não e a quantidade de pele queimada. É importante aguardar o socorro especializado e não agir imprudentemente para evitar problemas maiores, se possível levar o paciente para o hospital mais próximo. “Infelizmente para a pessoa queimada o primeiro atendimento na maioria das vezes, é feito no próprio local por pessoas leigas que nesse caso, por ausência de programas sociais de educação especifica, acabam por aumentar o efeito da queimadura ao agir de forma inadequada”.

Classificação:
Primeiro grau: apresenta lesões apenas da camada superficial da pele, provocando uma intensa coloração vermelha do local afetado, não apresentando bolhas.

Segundo grau: atinge uma porção mais profunda da pele, causando bolhas e rachaduras na pele, além de intensa dor e vermelhidão no local afetado. Pode ocorrer sangramento nas feridas.

Terceiro grau: são mais profundas, atingindo todas camadas da pele. O paciente não se queixa de dor devido à completa destruição das terminações nervosas na área.

Quarto grau: destruição completa de todos os tecidos desde a epiderme até o tecido ósseo subjacente. “Na queimadura de 4º grau a lesão estende-se além da camada gordurosa subcutânea para outros tecidos subjacentes como: fáscia, músculo ou osso”.

Principais fontes de acidentes
As fritadeiras elétricas apresentam riscos de queimaduras nas mãos / braços nas operações de frituras. Derramamento de óleo durante a operação. Queda de pessoas ao redor da fritadeira. Princípio de incêndio no equipamento devido a falta de termostato, defeito no equipamento ou uso inadequado do equipamento.

Como prevenir: Utilizar mangotes de kevlar ou tecido não inflamável ao trabalhar com frituras; colocar o óleo somente até o nível recomendado; fazer a limpeza periódica do piso durante a operação; todos equipamentos de fritura devem ter termostato; desligar o equipamento após o término da operação; utilizar cestos de frituras seguros.

Panelas, panelões e/ou caldeirões apresentam riscos de queimaduras na face / braços ao levantar a tampa dos mesmos; no corpo ao verter de uma só vez alimentos dentro do equipamento contendo água quente; nos pés / pernas ao soltar água quente.

Como prevenir: Fazer a descarga do vapor antes de abrir a tampa (ou abrindo-a lentamente); colocar os alimentos dentro dos mesmo, devagar e com a ajuda de acessório adequado; ficar longe do ponto da descarga do vapor.

Fornos apresentam riscos de queimaduras nas mãos e braços ao retirar formas do forno; na face e braços ao abrir o forno; pelo corpo ao encostar no forno; pequenas explosões ao acender o forno a gás.

Como prevenir: Utilizar sempre luvas térmicas ao retirar formas dentro do forno; travar a tampa do forno evitando que a mesma caia sobre o antebraço, queimando-o; evitar circulação de pessoas próximo ao forno ligado; acender a chama depois abrir o gás.

Banho maria: Queimaduras nas mãos /braços durante a operação; queimaduras nas pernas ao colocar / retirar as cubas dentro do equipamento ou uma vasilha dentro da outra.

Como prevenir: Colocar / retirar as cubas de dentro do equipamento devagar para evitar que a água espirre; colocar a água somente até o nível recomendado pelo fabricante ou, a uma distância adequada do fundo da vasilha que conterá os alimento; ligar o equipamento somente depois de ter colocado a água; desligar o equipamento, retirar a vasilha com alimentos com cuidado e, com as mãos e braços protegidos; retirar a água da vasilha que a contém, com cuidado.

Fogões: Queimaduras por contato na operação; explosões durante acendimentos do fogão por vazamentos de gás; queimaduras devido bater em cabos de panelas derrubando o vasilhame; queimaduras /incêndios devido utilização de meios impróprios para acender o fogão (palitos embebidos em álcool).

Como prevenir: Use sempre avental antichamas durante as operações; verifique sempre se há vazamentos no fogão antes de acendê-lo; manter os cabos das frigideiras e de outras panelas viradas para trás; usar sempre acendedores específicos e seguros tipo magi-click; secar periodicamente a área ao redor do fogão.


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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Doces Laranjas

Hoje cedo, enquanto caminhava em direção ao Célio de Barros, ainda moribundo mas vivendo a dar alegrias às crianças, jovens e adultos que buscam no atletismo um caminho saudável para suas vidas, pensava naquelas mãos que me conduziram pela vida. Ainda hoje, os passos mais impostantes são guiados por elas.

As músicas sucediam nos meus ouvidos mas minha cabeça estava lá junto daquelas mãos que muito cedo, tão logo eu cheguei me guiaram ao seu peito para a primeira refeição, claro não sem antes acariciar todo o meu corpo. Um alimento que era tão nutritivo sem ser tão colorido como minhas mestras de hoje em dia me ensinam. Mas tão importante para a minha formação como ser humano que nem mesmo o bico das bananas que tentavam fazer com que eu fosse alimentado de diversas formas foram incapazes de me convencer disto.

Tão jovem naquele tempo. Tão insegura, talvez pela primeira experiência que passava mas tão segura de si em sua índole e seu carinho.

Aquelas mãos que me levaram sempre uma comidinha gostosa feita com muito carinho e que ainda hoje é capaz de fazer um feijão como poucos já comi... Um arroz branquinho, soltinho em sua panelinha de barro só para o arroz de cada dia.

As suas mãos que descobriram outros caminhos para expressar seu amor nem sempre tão explosivo mas sempre profundo, pintou telas impressionantes que colorem as paredes de sua casa. Mãos que descobriram formas nas madeiras diversas e nos deram tantas formas e aprendizados ao longo desta vida.

Mãos que me ensinaram, recentemente, uma engenhoca para pegar as laranjas-da-terra que seguem nos galhos em direção ao inatingível azul celeste de seu quintal. Um simples ponto de interrogação na ponta de uma vara, fazem com que alcancemos as laranjas e as possamos separar do pedúnculo que as mantém sugando a seiva mater.

Mãos que me mostraram como descascar as laranjas com um simples descascador de legumes sem ferir a polpa branca das laranjas e mantê-las o mais polpudas possível para que o doce seja farto. Nem mesmo as mais modernas ferramentas que tenho conseguem aquela pele da forma como suas mãos conseguem.

Ali, depois do descasque, uma fervura com um pouco de sal. Depois, mergulhadas em água fria, uma casca dentro da outra – abraçadas pelas suas pétalas – mantém-se na profundidade adequada para que todas possam ficar submersas. Dois dias, três dias, trocadas várias vezes, num ensinamento que deve ter sido passado por uma das Marias que estiveram juntas a ela em sua vida: a Joana (que ainda hoje vive não só na vida exibindo orgulhosamente as marcas que o tempo não fizeram sair de suas mão que minha boca deixou como em minha cabeça e coração) e a Baiana que contava tantas histórias que encheram minha cabeça por muitos anos de minha vida e que hoje não sei mais de para onde sua vida lhe levou.

Depois disso, diferentemente do que aprendi em outras escolas, a calda não é feita antecipadamente. As laranjas são colocadas imersas em água e o açúcar colocado em seguida mantendo a proporção de uma xícara de água para uma de açúcar. A água fervida vai cozinhando as pétalas e o açúcar, desmanchando vai saturando as células das laranjas numa troca maravilhosa. Ela não esquece o pauzinho de canela que eu resolvi não deixar sozinho: coloquei uma florzinha de anis estrelado (gosto muito desse sabor nos doces caseiros, inclusive de bananas).

O fogo bem baixinho depois de iniciada a fervura vai lentamente trocando sabores e amaciando as pétalas verdes e colocando um brilho maravilhoso em sua superfície. O tempo? Só Deus sabe... mas não menos que duas, três.

A calda engrossa e não fica tão doce... Depois de esfriado é preciso guardar em um pote trancado com cadeado porque elas criam asas e voam para locais desconhecidos.

Essas mãos. Essas mãos que gosto de acariciar e pegar suas pelinhas que já enrugam suas mãos. Minha querida dona Diva: obrigado por todas as coisas que ainda hoje consegues me ensinar, pelos bilhetes guardados com carinho junto de mim e ao alcance dos meus olhos. Obrigado pela vida que me deste. Obrigado por ser minha mãe.

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Doces Laranjas

Hoje cedo, enquanto caminhava em direção ao Célio de Barros, ainda moribundo mas vivendo a dar alegrias às crianças, jovens e adultos que buscam no atletismo um caminho saudável para suas vidas, pensava naquelas mãos que me conduziram pela vida. Ainda hoje, os passos mais impostantes são guiados por elas.

As músicas sucediam nos meus ouvidos mas minha cabeça estava lá junto daquelas mãos que muito cedo, tão logo eu cheguei me guiaram ao seu peito para a primeira refeição, claro não sem antes acariciar todo o meu corpo. Um alimento que era tão nutritivo sem ser tão colorido como minhas mestras de hoje em dia me ensinam. Mas tão importante para a minha formação como ser humano que nem mesmo o bico das bananas que tentavam fazer com que eu fosse alimentado de diversas formas foram incapazes de me convencer disto.

Tão jovem naquele tempo. Tão insegura, talvez pela primeira experiência que passava mas tão segura de si em sua índole e seu carinho.

Aquelas mãos que me levaram sempre uma comidinha gostosa feita com muito carinho e que ainda hoje é capaz de fazer um feijão como poucos já comi... Um arroz branquinho, soltinho em sua panelinha de barro só para o arroz de cada dia.

As suas mãos que descobriram outros caminhos para expressar seu amor nem sempre tão explosivo mas sempre profundo, pintou telas impressionantes que colorem as paredes de sua casa. Mãos que descobriram formas nas madeiras diversas e nos deram tantas formas e aprendizados ao longo desta vida.

Mãos que me ensinaram, recentemente, uma engenhoca para pegar as laranjas-da-terra que seguem nos galhos em direção ao inatingível azul celeste de seu quintal. Um simples ponto de interrogação na ponta de uma vara, fazem com que alcancemos as laranjas e as possamos separar do pedúnculo que as mantém sugando a seiva mater.

Mãos que me mostraram como descascar as laranjas com um simples descascador de legumes sem ferir a polpa branca das laranjas e mantê-las o mais polpudas possível para que o doce seja farto. Nem mesmo as mais modernas ferramentas que tenho conseguem aquela pele da forma como suas mãos conseguem.

Ali, depois do descasque, uma fervura com um pouco de sal. Depois, mergulhadas em água fria, uma casca dentro da outra – abraçadas pelas suas pétalas – mantém-se na profundidade adequada para que todas possam ficar submersas. Dois dias, três dias, trocadas várias vezes, num ensinamento que deve ter sido passado por uma das Marias que estiveram juntas a ela em sua vida: a Joana (que ainda hoje vive não só na vida exibindo orgulhosamente as marcas que o tempo não fizeram sair de suas mão que minha boca deixou como em minha cabeça e coração) e a Baiana que contava tantas histórias que encheram minha cabeça por muitos anos de minha vida e que hoje não sei mais de para onde sua vida lhe levou.

Depois disso, diferentemente do que aprendi em outras escolas, a calda não é feita antecipadamente. As laranjas são colocadas imersas em água e o açúcar colocado em seguida mantendo a proporção de uma xícara de água para uma de açúcar. A água fervida vai cozinhando as pétalas e o açúcar, desmanchando vai saturando as células das laranjas numa troca maravilhosa. Ela não esquece o pauzinho de canela que eu resolvi não deixar sozinho: coloquei uma florzinha de anis estrelado (gosto muito desse sabor nos doces caseiros, inclusive de bananas).

O fogo bem baixinho depois de iniciada a fervura vai lentamente trocando sabores e amaciando as pétalas verdes e colocando um brilho maravilhoso em sua superfície. O tempo? Só Deus sabe... mas não menos que duas, três.

A calda engrossa e não fica tão doce... Depois de esfriado é preciso guardar em um pote trancado com cadeado porque elas criam asas e voam para locais desconhecidos.

Essas mãos. Essas mãos que gosto de acariciar e pegar suas pelinhas que já enrugam suas mãos. Minha querida dona Diva: obrigado por todas as coisas que ainda hoje consegues me ensinar, pelos bilhetes guardados com carinho junto de mim e ao alcance dos meus olhos. Obrigado pela vida que me deste. Obrigado por ser minha mãe.

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São as águas de março fechando o verão: goiabas! Nativa do Brasil, a goiaba é uma das frutas mais populares no país, tanto pelo consumo in natura quanto pelas delícias feitas a partir de sua polpa, a exemplo de geléias, sucos e doces. Um dos nomes populares e poético é: araçá-das-almas. O mais conhecido, porém, é "goiaba", palavra indígena, que significa "sementes amontoadas". É uma fruta saborosa, um tanto ácida. Além de gostosa, faz bem. Tem forma arredondada ou ovalada, casca lisa ou ligeiramente enrugada e a cor pode variar entre o verde, o branco ou o amarelo. Conforme o tipo, a cor da polpa também varia entre o branco e o rosa-escuro ou entre o amarelo e o laranja-avermelhado. A goiaba pode ser consumida ao natural, mas também é excelente para se preparar doces em pastas, sorvetes, coquetéis e a tão conhecida goiabada. Ao natural contém bastante vitamina C e quantidades razoáveis de vitaminas A e do complexo B, tanino, além de sais minerais, como cálcio, fósforo e ferro. De modo geral, não tem muito açúcar e quase nenhuma gordura, sendo indicada para qualquer tipo de dieta e, de preferência, deve ser comida crua, pois é a forma em que conserva todas as suas propriedades nutritivas, principalmente a vitamina C. Contém também sais minerais como Cálcio, Fósforo e Ferro que contribuem para a formação dos ossos, dentes e sangue. É indicada para pessoas de todas as idades, podendo constar de qualquer tipo de dieta. É contra-indicada apenas para pessoas que tenham problemas com o aparelho digestivo. A goiaba quando é de boa qualidade, tem formato regular, não apresenta machucados nem marcas de insetos, a casca não deve estar amassada nem ter cortes, e deve ser firme, sem chegar a ser dura. A fruta não deve estar nem muito verde nem muito madura, pois em ambos os casos perde o sabor rapidamente e seu valor nutritivo diminui. Para guardar, lave bem as goiabas e enxugue. Depois, coloque na gaveta da geladeira, pois a fruta se estraga com muita facilidade. Se a goiaba não for consumida logo e começar a ficar passada, use-a para fazer doces. Mas, o que as pessoas ainda não sabem, é que a goiaba vermelha também é benéfica na redução do colesterol e da pressão sangüínea. Isso acontece porque a fruta é rica em Licopeno e em fibras solúveis. Este tipo de fibra possui a capacidade de se ligar aos ácidos biliares interferindo na absorção de gorduras. A ingestão de um pedaço de goiaba vermelha por dia pode reduzir consideravelmente os níveis de pressão arterial, do colesterol e triglicérides. E o melhor de tudo: uma goiaba que pesa 100 gramas, por exemplo, tem apenas 57 calorias. Isso talvez explique porque ela é uma das frutas mais consumidas pelos adeptos da dieta dos pontos, onde sua equivalência é igual a zero ponto. Mas, é claro, tem que ser consumida de forma equilibrada. E o bicho da goiaba: como ele aparece? Aquele “bicho de goiaba” não verdade são larvas de uma mosca. Elas chegam ao interior da fruta ainda no formato de minúsculos ovos que se tornarão filhotes de um inseto chamado mosca-da-fruta. Depois de fecundadas, essas moscas perfuram as cascas não só da goiaba, como também de várias outras frutas, para colocar seus ovos lá dentro. Com uma espécie de ferrão localizado no abdômen, a mosca-da-fruta rompe a casca e deixa seus ovos dentro do fruto. Esses ovos se transformam em larvas que se alimentam da polpa da fruta e vão abrindo nela túneis onde passam a viver. Isso favorece a proliferação de bactérias que aceleram o apodrecimento da fruta. Para as larvas, esse processo é importante, pois a casca fica permeável, permitindo a entrada de mais ar e facilitando sua respiração. Quando a fruta cai do pé, a larva se enterra alguns centímetros no solo para continuar seu desenvolvimento no estágio de pupa, um período intermediário antes da metamorfose total. Após dez dias, ela finalmente vira uma mosca. Boinas de goiabas Pra não perder o costume, aqui vai o roteiro de como você poderá fazer um doce de goiaba daqueles que são feitos com as metades delas, com uma bela calda para ser derramada em cima do catupiry ou do queijo mineiro fresco. É preciso usar o açúcar cristal. Lá na roça é assim: doce que é doce é com açúcar cristal. Separe meio quilo dele. Pode até ser daquele jeitão: aperta o saco mais ou menos na metade e coloca o açúcar na panela. Meça meio litro de água. Use a forma que você sabe ou tem acesso. Misture a água até quase não ter açúcar. Acenda o fogo e deixe ali, devagarinho, formando uma caldinha. Enquanto isso, comece a descascar as goiabas que você já separou um quilo delas e lavou. Depois de descascadas, corte-as ao meio, assim, mais ou menos na altura da cintura. Com a ajuda de uma colher de sobremesa (mas pode ser de sopa) retire as sementes e reserve numa vasilha. Depois de retirar as sementes de todas elas, passe-as numa peneira. Coloque o creminho na calda. Ajudará no sabor e na cor. Depois coloque as metades das goiabas para ficar ali naquela calda quente. Assim que as goiabas começarem a formar espuma sobre a calda, desligar o fogo e cobrir com um pano de prato. Deixar descansar por 6 horas. O doce tem de ficar completamente frio. Levar novamente ao fogo brando por 15 minutos e retirar a espuma que fica por cima. Retire do fogo e deixe esfriar. Depois disto, coloque em uma compoteira (ih, que coisa mais antiga!) ou num potinho, enfim, na vasilha que você quiser, gostar ou tem disponível. Ao esfriar a calda engrossará um pouco mais. E tomará o sabor da goiaba. Bem, na hora de comer... não esqueça o queijinho branco...Ah, não esqueça de mandar a foto pra gente ver como ficou!

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De modo geral, não tem muito açúcar e quase nenhuma gordura, sendo indicada para qualquer tipo de dieta e, de preferência, deve ser comida crua, pois é a forma em que conserva todas as suas propriedades nutritivas, principalmente a vitamina C. Contém também sais minerais como Cálcio, Fósforo e Ferro que contribuem para a formação dos ossos, dentes e sangue. É indicada para pessoas de todas as idades, podendo constar de qualquer tipo de dieta. É contra-indicada apenas para pessoas que tenham problemas com o aparelho digestivo. A goiaba quando é de boa qualidade, tem formato regular, não apresenta machucados nem marcas de insetos, a casca não deve estar amassada nem ter cortes, e deve ser firme, sem chegar a ser dura. A fruta não deve estar nem muito verde nem muito madura, pois em ambos os casos perde o sabor rapidamente e seu valor nutritivo diminui. Para guardar, lave bem as goiabas e enxugue. Depois, coloque na gaveta da geladeira, pois a fruta se estraga com muita facilidade. Se a goiaba não for consumida logo e começar a ficar passada, use-a para fazer doces. Mas, o que as pessoas ainda não sabem, é que a goiaba vermelha também é benéfica na redução do colesterol e da pressão sangüínea. Isso acontece porque a fruta é rica em Licopeno e em fibras solúveis. Este tipo de fibra possui a capacidade de se ligar aos ácidos biliares interferindo na absorção de gorduras. A ingestão de um pedaço de goiaba vermelha por dia pode reduzir consideravelmente os níveis de pressão arterial, do colesterol e triglicérides. E o melhor de tudo: uma goiaba que pesa 100 gramas, por exemplo, tem apenas 57 calorias. Isso talvez explique porque ela é uma das frutas mais consumidas pelos adeptos da dieta dos pontos, onde sua equivalência é igual a zero ponto. Mas, é claro, tem que ser consumida de forma equilibrada. E o bicho da goiaba: como ele aparece? Aquele “bicho de goiaba” não verdade são larvas de uma mosca. Elas chegam ao interior da fruta ainda no formato de minúsculos ovos que se tornarão filhotes de um inseto chamado mosca-da-fruta. Depois de fecundadas, essas moscas perfuram as cascas não só da goiaba, como também de várias outras frutas, para colocar seus ovos lá dentro. Com uma espécie de ferrão localizado no abdômen, a mosca-da-fruta rompe a casca e deixa seus ovos dentro do fruto. Esses ovos se transformam em larvas que se alimentam da polpa da fruta e vão abrindo nela túneis onde passam a viver. Isso favorece a proliferação de bactérias que aceleram o apodrecimento da fruta. Para as larvas, esse processo é importante, pois a casca fica permeável, permitindo a entrada de mais ar e facilitando sua respiração. Quando a fruta cai do pé, a larva se enterra alguns centímetros no solo para continuar seu desenvolvimento no estágio de pupa, um período intermediário antes da metamorfose total. Após dez dias, ela finalmente vira uma mosca. Boinas de goiabas Pra não perder o costume, aqui vai o roteiro de como você poderá fazer um doce de goiaba daqueles que são feitos com as metades delas, com uma bela calda para ser derramada em cima do catupiry ou do queijo mineiro fresco. É preciso usar o açúcar cristal. Lá na roça é assim: doce que é doce é com açúcar cristal. Separe meio quilo dele. Pode até ser daquele jeitão: aperta o saco mais ou menos na metade e coloca o açúcar na panela. Meça meio litro de água. Use a forma que você sabe ou tem acesso. Misture a água até quase não ter açúcar. Acenda o fogo e deixe ali, devagarinho, formando uma caldinha. Enquanto isso, comece a descascar as goiabas que você já separou um quilo delas e lavou. Depois de descascadas, corte-as ao meio, assim, mais ou menos na altura da cintura. Com a ajuda de uma colher de sobremesa (mas pode ser de sopa) retire as sementes e reserve numa vasilha. Depois de retirar as sementes de todas elas, passe-as numa peneira. Coloque o creminho na calda. Ajudará no sabor e na cor. Depois coloque as metades das goiabas para ficar ali naquela calda quente. Assim que as goiabas começarem a formar espuma sobre a calda, desligar o fogo e cobrir com um pano de prato. Deixar descansar por 6 horas. O doce tem de ficar completamente frio. Levar novamente ao fogo brando por 15 minutos e retirar a espuma que fica por cima. Retire do fogo e deixe esfriar. Depois disto, coloque em uma compoteira (ih, que coisa mais antiga!) ou num potinho, enfim, na vasilha que você quiser, gostar ou tem disponível. Ao esfriar a calda engrossará um pouco mais. E tomará o sabor da goiaba. Bem, na hora de comer... não esqueça o queijinho branco...Ah, não esqueça de mandar a foto pra gente ver como ficou!

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sexta-feira, 30 de março de 2012

Comidinha para crianças?

Não sou capaz de me lembrar como chegava na casa de dona Georgina e seu Chico naqueles dias. Mas estávamos lá naquela casinha simples de “duas águas” como chamam os arquitetos. Os muros não existiam pois os limites do terreno terminavam numa cerca com muita vegetação de forma a impedirr que os bichos que viviam soltos pudessem ir para a rua, de terra, ainda. Como caminho entre a rua e o portão de ripas, um córrego a céu aberto a vencer, sobre uma “pinguela”: aventura para mim e para a Véra, minha irmã.

Nessa rua sempre passava um tripeiro. Com seu cavalo (aliás, mais para pangaré) com as crinas bem compridas mas parecendo cortinas penduradas em seu pescoço, ele tocava um sino para chamar as “freguesas”. Era só ouvir o chamado e lá ia minha avó com uma vasilha para comprar as “tripas” de boi.

Seu Manoel, as casinhas de abelha de sempre pois hoje as crianças estão aqui comigo e quero fazer uma comidinha especial para elas. Um quilo!

Cortada e pesada, minha vó pega um rolinho de dinheiro que estava no bolso de seu vestido e entregou ao seu Manoel. Pegou o troco e voltamos nós três para dentro da casa. Meu vô estava cuidando dos bichos que tinha no quintal e pra aumentar o trabalho dele lá fomos eu e Véra pra tumultuar tudo. E criança lá sabe o que fazer nessas horas? Mas ele, carinhosamente e pacientemente não brigava com a gente. Poucas vezes reclamou de nossas bagunças.

Lá dentro, na cozinha, minha vó cuidava das coisas: tudo picado como era pra ser feito, bem ao gosto do vê, um português de Trás-os-Montes, que ainda não conheci. Será que terei tempo? Vontade não me falta.

A tripa (hoje conhecida entre nós como dobradinha) trás para muitos a lembrança de uma comida pesada e indigesta de se comer. Mas, naqueles dias, preparadas por minha vó não me lembro de ter que ficar que nem jacaré ou jibóia fazendo a digestão...

Cortada em tirinhas, ficava numa tijela separada, só pra ela. Depois ela dava uma “escaldada” talvez pra amolecer um pouco, tirar um pouco da gordura entranhada, sei lá! Escorria a água e deixava ela ai fazendo uma fumaceira braba! E não adiantava a gente perguntar porquye ela soltava aquela “fumaça”. Ela dizia que era assim mesmo, por causa do calor do fogo. Depois ela cortava o paio que já tinha ficado pendurado atrás da porta da cozinha junto com a carne seca.

As rodelas de paio eram colocadas noutra vasilha. Depois cebola bem picadinha na mão (ela fazia uns cortes na própria cebola depois cortava a cebola em cima da panela que estava no fogo com banha de porco. O cheirinho que chegava em nossos narizes era inebriante, posso dizer aos puristas de hoje. Os tomates, uns dois ou três, dependendo do dia, também picado assim, grosseiramente, mas sem sementes. Um dente de alho que ela dava uma porrada com a mão fechada. Soltava a casca e ele ficava assim meio chatinho... Então ela colocava ali na panela junto com a cebola e tomates. Cortava o cheiro verde também assim nã mão mesmo, dobrando e picando em cima da panela.

Depois dos temperos mexidos, ela colocava o paio para dar uma fritada como ela dizia. Mexia com uma enorme colher de pau. Depois ela colocava as tirinhas de tripa. Colocava água quente (ela sempre tinha uma chaleira com água quente pra usar na preparação da comida) pra cozinhar tudo com os sabores. Mais um tempo e colocava azeitonas verdes e pretas e os grãos de feijão branco que tinham dormido embaixo dágua!

A cada tempo (que não sei qual) ela chegava ali, levantava a tampa e dava uma mexidinha. Noutras vezes, colocava mais uma espirradinha de água quente. E assim ia até a hora de servir.

Fazia, também um arroz bem branquinho e fumegante para nosso almoço.

Chegando a hora, o vê sentava em seu lugar na cabeceira da mesa e ela na outra. Eu e Véra ficavamos no lado. Quase sempre eu junto dele e ela junto da vó.

E não faltavam fatias de pão francês, em bisnaga (formato que hoje não se encontra mais nas padarias. Alguns chamam de filão.) que ele gostava de ir molhando para colher o melhor: o caldinho. E acabava nos ensinando essa maneira gostosa e simples de se comer: com prazer!

Comíamos tudinho. Só não lambíamos os pratos porque eles nos ensinaram que isso não se faz. Mas, raspar o caldinho com um pedaço de pão não é quase igual?

F A C I L I D A D E S
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Comidinha para crianças?

Não sou capaz de me lembrar como chegava na casa de dona Georgina e seu Chico naqueles dias. Mas estávamos lá naquela casinha simples de “duas águas” como chamam os arquitetos. Os muros não existiam pois os limites do terreno terminavam numa cerca com muita vegetação de forma a impedirr que os bichos que viviam soltos pudessem ir para a rua, de terra, ainda. Como caminho entre a rua e o portão de ripas, um córrego a céu aberto a vencer, sobre uma “pinguela”: aventura para mim e para a Véra, minha irmã.

Nessa rua sempre passava um tripeiro. Com seu cavalo (aliás, mais para pangaré) com as crinas bem compridas mas parecendo cortinas penduradas em seu pescoço, ele tocava um sino para chamar as “freguesas”. Era só ouvir o chamado e lá ia minha avó com uma vasilha para comprar as “tripas” de boi.

Seu Manoel, as casinhas de abelha de sempre pois hoje as crianças estão aqui comigo e quero fazer uma comidinha especial para elas. Um quilo!

Cortada e pesada, minha vó pega um rolinho de dinheiro que estava no bolso de seu vestido e entregou ao seu Manoel. Pegou o troco e voltamos nós três para dentro da casa. Meu vô estava cuidando dos bichos que tinha no quintal e pra aumentar o trabalho dele lá fomos eu e Véra pra tumultuar tudo. E criança lá sabe o que fazer nessas horas? Mas ele, carinhosamente e pacientemente não brigava com a gente. Poucas vezes reclamou de nossas bagunças.

Lá dentro, na cozinha, minha vó cuidava das coisas: tudo picado como era pra ser feito, bem ao gosto do vê, um português de Trás-os-Montes, que ainda não conheci. Será que terei tempo? Vontade não me falta.

A tripa (hoje conhecida entre nós como dobradinha) trás para muitos a lembrança de uma comida pesada e indigesta de se comer. Mas, naqueles dias, preparadas por minha vó não me lembro de ter que ficar que nem jacaré ou jibóia fazendo a digestão...

Cortada em tirinhas, ficava numa tijela separada, só pra ela. Depois ela dava uma “escaldada” talvez pra amolecer um pouco, tirar um pouco da gordura entranhada, sei lá! Escorria a água e deixava ela ai fazendo uma fumaceira braba! E não adiantava a gente perguntar porquye ela soltava aquela “fumaça”. Ela dizia que era assim mesmo, por causa do calor do fogo. Depois ela cortava o paio que já tinha ficado pendurado atrás da porta da cozinha junto com a carne seca.

As rodelas de paio eram colocadas noutra vasilha. Depois cebola bem picadinha na mão (ela fazia uns cortes na própria cebola depois cortava a cebola em cima da panela que estava no fogo com banha de porco. O cheirinho que chegava em nossos narizes era inebriante, posso dizer aos puristas de hoje. Os tomates, uns dois ou três, dependendo do dia, também picado assim, grosseiramente, mas sem sementes. Um dente de alho que ela dava uma porrada com a mão fechada. Soltava a casca e ele ficava assim meio chatinho... Então ela colocava ali na panela junto com a cebola e tomates. Cortava o cheiro verde também assim nã mão mesmo, dobrando e picando em cima da panela.

Depois dos temperos mexidos, ela colocava o paio para dar uma fritada como ela dizia. Mexia com uma enorme colher de pau. Depois ela colocava as tirinhas de tripa. Colocava água quente (ela sempre tinha uma chaleira com água quente pra usar na preparação da comida) pra cozinhar tudo com os sabores. Mais um tempo e colocava azeitonas verdes e pretas e os grãos de feijão branco que tinham dormido embaixo dágua!

A cada tempo (que não sei qual) ela chegava ali, levantava a tampa e dava uma mexidinha. Noutras vezes, colocava mais uma espirradinha de água quente. E assim ia até a hora de servir.

Fazia, também um arroz bem branquinho e fumegante para nosso almoço.

Chegando a hora, o vê sentava em seu lugar na cabeceira da mesa e ela na outra. Eu e Véra ficavamos no lado. Quase sempre eu junto dele e ela junto da vó.

E não faltavam fatias de pão francês, em bisnaga (formato que hoje não se encontra mais nas padarias. Alguns chamam de filão.) que ele gostava de ir molhando para colher o melhor: o caldinho. E acabava nos ensinando essa maneira gostosa e simples de se comer: com prazer!

Comíamos tudinho. Só não lambíamos os pratos porque eles nos ensinaram que isso não se faz. Mas, raspar o caldinho com um pedaço de pão não é quase igual?

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segunda-feira, 19 de março de 2012

A goiabada do Luisinho

Eram mais ou menos seis da manhã. Tudo no carro e as filhas já acomodadas no banco traseiro e afiveladas ao cinto de segurança, a mulher toma seu lugar. Prontos, seguimos.

Avenida Brasil percorrida até atingirmos a BR-040 em direção à serra. Era o ínicio de nosso carnaval naquele distante ano desde hoje.

A primeira parada técnica, claro, era no Bar do Alemão. Necessário o xixi amigo, o cachorro de linguiça, os amanteigados e pães para começar o carnaval. Todos abastrecidos, retomamos o asfalto. Continuamos na BR-040 e depois na BR-116 em direção à Sapucaia, nosso próximo destino.

Cidadezinha pequena e pacata, onde sempre fomos bem acolhidos. Nosso carro ficava estacionado no pátio da Cooperativa de Produtores de Leite. Nossos conhecidos, ali tínhamos a garantia de um pouso seguro para nossos carros.

Dai seguiríamos para a “fazenda” numa incansável caminhonete D-20 de bosn trabalhos prestados. A turma na caçamba depois de comprados os víveres mais necessários, hora de pegar a poeira do barro vermelho por aqueles sinuosos e empoeirado caminho que nos levava à sede da “fazenda”. Assim, simplesmente chamada a ex-sede de uma enorme fazenda que outrora fora de plantação de café e depois virou leiteira com seu gado girolanda.

Na cgeada todos da casa correm ao nosso encontro: até os vilalatas que tomavam conta de tudo. Magralas como todo bom viralatas e astutos mas amigáveis. Sempre era assim: uma festa.

Dali as crianças estavam livres para suas farras e os adultos a arrumarem tudo nos seus devidos lugares. Quarto para o pouso da família já limpinho e com roupa de cama limpa e cheirosa – uma preocupação constante de Juça, nossa querida e fiel caseira – a seguir, arrumar as compras feitas. Claro sacos de açúcar pois era mês de março e isto significava fazer goiabada!

Uma chegada no quintal para ver as caipiras que passeavam calmamente entre um cercado de bambu depois do passeio por entre os matos de um pequeno “terreiro” onde elas tinham acesso à água corrente do córrego que servia de irrigante das plantas e limoeiros e laranjeiras mais ao fim do terreiro. Os ovos já tinham sido colhidos pelas mãos de Juça pois o “tio” Jorge tinha ido nos buscar na cidade.

Hora de finalizar o almoço. Quilos de batatas para as batatas fritas mais maravilhosas que alimentaram minhas meninas desde pequeninas. Pacientemente eram cortadas lâminas finíssimas pelas mãos de Juça e douradas, lentamente nas bocas do fogaréu de uma lenha sequinha e honesta que alimentava suas bocas no aquecimento das bundas das panelas. Já haviam sido de ferro, agora de alumínio... O feijão novo, colhido na própria terra e conservado em terra de formiga estava ali com seus caroços envoltos em grosso caldo ainda mais apurado pelo calor baixo e constante do canto mais frio daquela trempe. Arroz branquinho e soltinho como que a dizer: aprenda a fazer-me para seres feliz.

Comer, comer, comer! Conversar, conversar, conversar. Uma barulheira de vozes entrelaçãdas com tantos assuntos e griutos de mães querendo o impossível: manter as crianças sossegadas na outra mesa. Mas elas mesmo sabendo impossível, gritavam...

Na cabeceira, “tio” Jorge puxava assuntos como se os outros não tivessem importância: queria saber de cada um, contar as novidades, do que tinha feito desde nossa última estada por lá. E entre tudo isso, água da fonte e seus comprimidos.

Acabado o almoço, hora de goiabada com queijo Minas que havíamos comprado na cidade de Sapucaia.

À tarde, após a lavagem e secagem de tudo que foi usado para nosso almoço, hora de pegar goiabas nas árvores que estavam ao nosso alcance.

Lavar, descascar, separar as sementes para fazer geléia e ficar as polpas, levar para o terreiro onde já devidamente assentada sobre uma fogueira arrumada pelo Luisinho, deitava um enorme tacho de cobre. Fogo aceso, goiabas no tacho e açúcar medido, já sobre as goiabas, começava o revesamentos do povo da cidade que queria aprender. Luizinho só no comando da farra... Sorriso de mineiro da roça, ria muito das besteiras que o povo falava enquanto molengamente mexia a pá de madeira para manter o doce escorregando de um lado para o outro e não pegar no fundo do tacho. O tempo passava e nós nem nos dávamos conta disso. Muita conversa largada ao vento, pra passarinho levar adiante. A calda ia secando lentamente e o doce tomando a consistência desejada: corte. No final, o doce já pesado era hora de abandonar-mos e passarmos os trabalhos para o chefe Luisinho finalizar. O “ponto” é sentido no braço!

Ali, numa improvisada mesa estavam as formas que ele tinha preparado para uso todos os anos nesta época de fartura de goiabas. Os sacos de arroz eram guardados para servirem de embalagem dos doces, numa consciência ecológica de não transformar em lixo o que poderia ser reaproveitado. Assim, sem perceber, engajado nos ritos que seriam chamados de responsabilidade individual muitos anos depois de ter-se tornado anjo neste mundo de Deus.

Doce colocado nas formas e levados para seu descanso e esfria, hora da farra de raspar o tacho! Mas era preciso deixar esfriar... Nada que um galho seco enfiado entre as alças e um banho de sua bunda no córrego... Rápido trabalho feito pelas águas geladinhas do córrego. Colheres nas mãos, farra! E mais sorriso do Luisinho ao ver a criançada – e adultos – ali na bagunça por um tantinho só de doce!

As medidas? 100% de pura polpa de goiabas maduras e 30% de açúcar cristal. Simples assim, sem chuchu, sem maçã, sem qualquer outro aditivo!

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A goiabada do Luisinho

Eram mais ou menos seis da manhã. Tudo no carro e as filhas já acomodadas no banco traseiro e afiveladas ao cinto de segurança, a mulher toma seu lugar. Prontos, seguimos.

Avenida Brasil percorrida até atingirmos a BR-040 em direção à serra. Era o ínicio de nosso carnaval naquele distante ano desde hoje.

A primeira parada técnica, claro, era no Bar do Alemão. Necessário o xixi amigo, o cachorro de linguiça, os amanteigados e pães para começar o carnaval. Todos abastrecidos, retomamos o asfalto. Continuamos na BR-040 e depois na BR-116 em direção à Sapucaia, nosso próximo destino.

Cidadezinha pequena e pacata, onde sempre fomos bem acolhidos. Nosso carro ficava estacionado no pátio da Cooperativa de Produtores de Leite. Nossos conhecidos, ali tínhamos a garantia de um pouso seguro para nossos carros.

Dai seguiríamos para a “fazenda” numa incansável caminhonete D-20 de bosn trabalhos prestados. A turma na caçamba depois de comprados os víveres mais necessários, hora de pegar a poeira do barro vermelho por aqueles sinuosos e empoeirado caminho que nos levava à sede da “fazenda”. Assim, simplesmente chamada a ex-sede de uma enorme fazenda que outrora fora de plantação de café e depois virou leiteira com seu gado girolanda.

Na cgeada todos da casa correm ao nosso encontro: até os vilalatas que tomavam conta de tudo. Magralas como todo bom viralatas e astutos mas amigáveis. Sempre era assim: uma festa.

Dali as crianças estavam livres para suas farras e os adultos a arrumarem tudo nos seus devidos lugares. Quarto para o pouso da família já limpinho e com roupa de cama limpa e cheirosa – uma preocupação constante de Juça, nossa querida e fiel caseira – a seguir, arrumar as compras feitas. Claro sacos de açúcar pois era mês de março e isto significava fazer goiabada!

Uma chegada no quintal para ver as caipiras que passeavam calmamente entre um cercado de bambu depois do passeio por entre os matos de um pequeno “terreiro” onde elas tinham acesso à água corrente do córrego que servia de irrigante das plantas e limoeiros e laranjeiras mais ao fim do terreiro. Os ovos já tinham sido colhidos pelas mãos de Juça pois o “tio” Jorge tinha ido nos buscar na cidade.

Hora de finalizar o almoço. Quilos de batatas para as batatas fritas mais maravilhosas que alimentaram minhas meninas desde pequeninas. Pacientemente eram cortadas lâminas finíssimas pelas mãos de Juça e douradas, lentamente nas bocas do fogaréu de uma lenha sequinha e honesta que alimentava suas bocas no aquecimento das bundas das panelas. Já haviam sido de ferro, agora de alumínio... O feijão novo, colhido na própria terra e conservado em terra de formiga estava ali com seus caroços envoltos em grosso caldo ainda mais apurado pelo calor baixo e constante do canto mais frio daquela trempe. Arroz branquinho e soltinho como que a dizer: aprenda a fazer-me para seres feliz.

Comer, comer, comer! Conversar, conversar, conversar. Uma barulheira de vozes entrelaçãdas com tantos assuntos e griutos de mães querendo o impossível: manter as crianças sossegadas na outra mesa. Mas elas mesmo sabendo impossível, gritavam...

Na cabeceira, “tio” Jorge puxava assuntos como se os outros não tivessem importância: queria saber de cada um, contar as novidades, do que tinha feito desde nossa última estada por lá. E entre tudo isso, água da fonte e seus comprimidos.

Acabado o almoço, hora de goiabada com queijo Minas que havíamos comprado na cidade de Sapucaia.

À tarde, após a lavagem e secagem de tudo que foi usado para nosso almoço, hora de pegar goiabas nas árvores que estavam ao nosso alcance.

Lavar, descascar, separar as sementes para fazer geléia e ficar as polpas, levar para o terreiro onde já devidamente assentada sobre uma fogueira arrumada pelo Luisinho, deitava um enorme tacho de cobre. Fogo aceso, goiabas no tacho e açúcar medido, já sobre as goiabas, começava o revesamentos do povo da cidade que queria aprender. Luizinho só no comando da farra... Sorriso de mineiro da roça, ria muito das besteiras que o povo falava enquanto molengamente mexia a pá de madeira para manter o doce escorregando de um lado para o outro e não pegar no fundo do tacho. O tempo passava e nós nem nos dávamos conta disso. Muita conversa largada ao vento, pra passarinho levar adiante. A calda ia secando lentamente e o doce tomando a consistência desejada: corte. No final, o doce já pesado era hora de abandonar-mos e passarmos os trabalhos para o chefe Luisinho finalizar. O “ponto” é sentido no braço!

Ali, numa improvisada mesa estavam as formas que ele tinha preparado para uso todos os anos nesta época de fartura de goiabas. Os sacos de arroz eram guardados para servirem de embalagem dos doces, numa consciência ecológica de não transformar em lixo o que poderia ser reaproveitado. Assim, sem perceber, engajado nos ritos que seriam chamados de responsabilidade individual muitos anos depois de ter-se tornado anjo neste mundo de Deus.

Doce colocado nas formas e levados para seu descanso e esfria, hora da farra de raspar o tacho! Mas era preciso deixar esfriar... Nada que um galho seco enfiado entre as alças e um banho de sua bunda no córrego... Rápido trabalho feito pelas águas geladinhas do córrego. Colheres nas mãos, farra! E mais sorriso do Luisinho ao ver a criançada – e adultos – ali na bagunça por um tantinho só de doce!

As medidas? 100% de pura polpa de goiabas maduras e 30% de açúcar cristal. Simples assim, sem chuchu, sem maçã, sem qualquer outro aditivo!

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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Um vendedor de empadas

Sua rotina começa ainda cedo, bem cedo, mal a luz do dia começa a dar o ar de sua graça. A pia da cozinha já mostra a louça do café da manhã lavada e seca, tudo arrumado em seus devidos lugares. Num dos lados da pia, de maior espaço na bancada está um utensílio muito antigo nas cozinhas brasileiras. Hoje em dia ele nem aparece mais nas encruzilhadas da vida: um alguidar.

Lá fora, no quintal as galinhas começam seu canto matinal e o alvoroço para chamar a atenção de Francisco, nosso personagem de hoje. Uma pequena vasilha carrega o tanto de milho que fará a alegria não só das galinhas mas dos cabritinhos, patos, cabras e do velho bode que coordena todo o quintal.

Aos seus pés desfilam todos em busca dos grãos colocados displicentemente cada vez mais perto de seus pés. Num movimento rápido, somente depois em detalhes pela super camera lenta da Globo, um frango volta agarredo entre seus dedos.

Depois da parte mais cruel desta narrativa, é hora de dividí-lo em pedaços que são colocados no alguidar. Tamperado com sal, pimenta do reino, quebrada com a ajuda do fundo de um copo americano, duas folhas de louro do galho que fica constantemente num vaso para ser utilizado, juntamente com as demais ervas, alecrim e tomilho também são colocados, displicentemente, com seus galhos.

Como havia uma garrafa de vinho cabernet sauvignon resolveu colocar menos de uma caneca de ágate. Remexeu de um lado para o outro para que todos os perfumes se misturassem e cobriu com um pano limpo. Deixoi ali sobre a mesa de refeições que fica sempre encostadinha numa parede livre da cozinha. E quase sempre funciona como bancada de serviço, auxiliar.

Retirou do refrigerador uma barra de manteiga, o pote de margarina (de 80% de lipídios), o vidro com farinha de trigo e três dos melhores ovos da face da Terra: colhidos diariamente ali nos ninhos da casa. Perfumados, claras consistentes, casca resistente, cor de barro.

Acendeu uma das bocas do fogão e colocou uma caçarola pra aquecer a bunda. Com a mão espalmada verificou o calor (claro, sem encostar a mão no fundo da panela!) e colocou um tantinho de azeite. Pegando a caçarola pelo cabo, espalhou o azeite pelo fundo e foi colocando os pedaços do frango. Um a um eles sentiram na pele o calor da panela! Um bom tempo depois, virou-os com a ajuda de uma colher. Francisco não gosta de cozinhar de modo nervoso, mexendo a comida pra um lado e pro outro até que ela fique tonta. Deixa ela quietinha e o fogo fazendo seu serviço em paz. Depois de douradas as partes do frango, colocou dois tomates sem pele e sem sementes, picados grosseiramente. Nem preciso dizer que os tomates haviam sido colhidos no dia anterior... Da chaleira colocou um pouco de água que sempre fervia. Deu uma “arrumada” nos pedaços da carne e tampou. Agora era esperar que a carne ficasse macia o suficiente para se comer de colher.

O tempo passou e depois de verificada algumas vezes, finalmente a chama se apagou: pronto! Hora de tirar os pedaços para a tábua de corte e trinchar as partes. Uma a uma mostraram seu esqueleto. A carne cheirosa levava o permume para muito longe. Com a ajuda de duas facas picou todos os pedaços de forma que pudessem parecer obra de alguma máquina moderna. Uma paixão dominava os seus movimentos.

Coou o caldo remanescente, e acendeu novamente o fogo. Com a ajuda de uma colher soltou toda a carne que estava agarrada no fundo da panela. Pegou um copo com água e uma colher rasa de farinha de trigo e misturrou na água até que completamente dissolvida. Colocou ali sobre o caldo remanescente. Uma colher de manteiga ainda gelada também foi adicionada e o sal foi verificado. Misturado até começar a encorpar e cozinhar a farinha quando as carnes picadas foram adicionadas. Uma leve mexida, o suficiente para homogeneizar tudo. Fogo extinto e o recheio foi colocado numa enorme travessa coberta por um pano limpo para esfriar.

Lavou toda a louça e arrumou sua área de trabalho. Francisco era assim, calmo e organizado. Achava isto um grande diferenciarl nas suas empadas: todas feitas com calma e muito amor.

Colocou as duas gemas numa peneira de plástico para filtrar a membrana que mantém o creme represo. Usava sempre uma gema para cada xícara de farinha de trigo. Uma xícara mais velha, herdada de sua mãe e já sem asa. Ele gostava de usá-la como referência pois fora com sua mãe que aprendera esta forma de fazer suas empadinhas.

Colocou a gordura assim dividida: 50 gramas de manteiga + 40 gramas de margarina (para cada xícara de farinha de trigo). Misturou as duas para fazer um creme. Adicionou as gemas e misturou mais. Desta vez, batidas vigorosamente com sua colher de pau. Sim, antigamente todos usavam colheres de pau. Uma colherinha de café de sal ajudou a realçar o sabor. Uma boa raladinha de noz moscada tornaria o sabor ainda mais intenso. Aos poucos, misturando a farinha docemente peneirada sobre o creme de manteiga e margarina. A colher de pau ajudando nesta mistura incrível at´q que fosse chegada a hora das carícias. Sim, no final da massa era necessário as carícias de suas mãos para agregar a farinha e o calor de suas mãos tornar a manteiga envolvente. A massa sempore ficava com uma consistência aveludada, não ressecada e com uma linda cor puxando para o dourado. Descanso! Sim, ela precisava descansar para os sabores se assentarem e o glúten parar de se agitar. Dormia ali coberta por um pano limpo por meia hora.

Suas forminhas, então, eram todas envolvidas internamente por uma fina camada de gordura. Aprendera isso com dona Antônia, uma portuguesa vizinha de sua avó. Dizia ela, que usava naquela época banha de porco, que era necessária para fritar a massa em contato com as paredes da forminha e com isto torná-la firme o suficiente para não desmanchar ao ser manipulada. Desmanchar, crocantemente, só ao contato da boca!

Uma fina camada de massa era, então, a cobertura interna das forminhas. Uma generosa porção de recheio colocado e depois, colocava a tampa em cada uma delas.

O forno era acesso neste momento para que ficasse pré aquecido em baixa temperatura. Enquanto a outra gema era peneirada para que misturada a uma colher de sobremesa de leite fosse usada como pintura do “telhado” das empadinhas.

Enquanto o forno aquecia e as empadinhas já espavam pintadas e acomodadas em um tabuleiro, ele arrumava a cozinha.

Colocadas no forno, ficaram ali até que o dourado se avivasse e o cheiro indicasse o seu ponto de cozimento. Retirava e deixava elas esfriassem um pouco mais.

Depois, hora de arrumá-las em seu cesto de vime e juntar todos oas apetrechos necessários: luvas, saquinhos de papel vegetal para os que as quisessem levar para comer depois, guardanapos e, sua bolsinha de moedas para o troco.

No meio da tarde ele saia para vendê-las tão rapidamente que sempre alguém ainda queria mais quando o cesto já estava vazio...

Francisco voltava para casa, todos os dias “úteis” da semana, alegre por ter vendido todas elas!

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Sua rotina começa ainda cedo, bem cedo, mal a luz do dia começa a dar o ar de sua graça. A pia da cozinha já mostra a louça do café da manhã lavada e seca, tudo arrumado em seus devidos lugares. Num dos lados da pia, de maior espaço na bancada está um utensílio muito antigo nas cozinhas brasileiras. Hoje em dia ele nem aparece mais nas encruzilhadas da vida: um alguidar.

Lá fora, no quintal as galinhas começam seu canto matinal e o alvoroço para chamar a atenção de Francisco, nosso personagem de hoje. Uma pequena vasilha carrega o tanto de milho que fará a alegria não só das galinhas mas dos cabritinhos, patos, cabras e do velho bode que coordena todo o quintal.

Aos seus pés desfilam todos em busca dos grãos colocados displicentemente cada vez mais perto de seus pés. Num movimento rápido, somente depois em detalhes pela super camera lenta da Globo, um frango volta agarredo entre seus dedos.

Depois da parte mais cruel desta narrativa, é hora de dividí-lo em pedaços que são colocados no alguidar. Tamperado com sal, pimenta do reino, quebrada com a ajuda do fundo de um copo americano, duas folhas de louro do galho que fica constantemente num vaso para ser utilizado, juntamente com as demais ervas, alecrim e tomilho também são colocados, displicentemente, com seus galhos.

Como havia uma garrafa de vinho cabernet sauvignon resolveu colocar menos de uma caneca de ágate. Remexeu de um lado para o outro para que todos os perfumes se misturassem e cobriu com um pano limpo. Deixoi ali sobre a mesa de refeições que fica sempre encostadinha numa parede livre da cozinha. E quase sempre funciona como bancada de serviço, auxiliar.

Retirou do refrigerador uma barra de manteiga, o pote de margarina (de 80% de lipídios), o vidro com farinha de trigo e três dos melhores ovos da face da Terra: colhidos diariamente ali nos ninhos da casa. Perfumados, claras consistentes, casca resistente, cor de barro.

Acendeu uma das bocas do fogão e colocou uma caçarola pra aquecer a bunda. Com a mão espalmada verificou o calor (claro, sem encostar a mão no fundo da panela!) e colocou um tantinho de azeite. Pegando a caçarola pelo cabo, espalhou o azeite pelo fundo e foi colocando os pedaços do frango. Um a um eles sentiram na pele o calor da panela! Um bom tempo depois, virou-os com a ajuda de uma colher. Francisco não gosta de cozinhar de modo nervoso, mexendo a comida pra um lado e pro outro até que ela fique tonta. Deixa ela quietinha e o fogo fazendo seu serviço em paz. Depois de douradas as partes do frango, colocou dois tomates sem pele e sem sementes, picados grosseiramente. Nem preciso dizer que os tomates haviam sido colhidos no dia anterior... Da chaleira colocou um pouco de água que sempre fervia. Deu uma “arrumada” nos pedaços da carne e tampou. Agora era esperar que a carne ficasse macia o suficiente para se comer de colher.

O tempo passou e depois de verificada algumas vezes, finalmente a chama se apagou: pronto! Hora de tirar os pedaços para a tábua de corte e trinchar as partes. Uma a uma mostraram seu esqueleto. A carne cheirosa levava o permume para muito longe. Com a ajuda de duas facas picou todos os pedaços de forma que pudessem parecer obra de alguma máquina moderna. Uma paixão dominava os seus movimentos.

Coou o caldo remanescente, e acendeu novamente o fogo. Com a ajuda de uma colher soltou toda a carne que estava agarrada no fundo da panela. Pegou um copo com água e uma colher rasa de farinha de trigo e misturrou na água até que completamente dissolvida. Colocou ali sobre o caldo remanescente. Uma colher de manteiga ainda gelada também foi adicionada e o sal foi verificado. Misturado até começar a encorpar e cozinhar a farinha quando as carnes picadas foram adicionadas. Uma leve mexida, o suficiente para homogeneizar tudo. Fogo extinto e o recheio foi colocado numa enorme travessa coberta por um pano limpo para esfriar.

Lavou toda a louça e arrumou sua área de trabalho. Francisco era assim, calmo e organizado. Achava isto um grande diferenciarl nas suas empadas: todas feitas com calma e muito amor.

Colocou as duas gemas numa peneira de plástico para filtrar a membrana que mantém o creme represo. Usava sempre uma gema para cada xícara de farinha de trigo. Uma xícara mais velha, herdada de sua mãe e já sem asa. Ele gostava de usá-la como referência pois fora com sua mãe que aprendera esta forma de fazer suas empadinhas.

Colocou a gordura assim dividida: 50 gramas de manteiga + 40 gramas de margarina (para cada xícara de farinha de trigo). Misturou as duas para fazer um creme. Adicionou as gemas e misturou mais. Desta vez, batidas vigorosamente com sua colher de pau. Sim, antigamente todos usavam colheres de pau. Uma colherinha de café de sal ajudou a realçar o sabor. Uma boa raladinha de noz moscada tornaria o sabor ainda mais intenso. Aos poucos, misturando a farinha docemente peneirada sobre o creme de manteiga e margarina. A colher de pau ajudando nesta mistura incrível at´q que fosse chegada a hora das carícias. Sim, no final da massa era necessário as carícias de suas mãos para agregar a farinha e o calor de suas mãos tornar a manteiga envolvente. A massa sempore ficava com uma consistência aveludada, não ressecada e com uma linda cor puxando para o dourado. Descanso! Sim, ela precisava descansar para os sabores se assentarem e o glúten parar de se agitar. Dormia ali coberta por um pano limpo por meia hora.

Suas forminhas, então, eram todas envolvidas internamente por uma fina camada de gordura. Aprendera isso com dona Antônia, uma portuguesa vizinha de sua avó. Dizia ela, que usava naquela época banha de porco, que era necessária para fritar a massa em contato com as paredes da forminha e com isto torná-la firme o suficiente para não desmanchar ao ser manipulada. Desmanchar, crocantemente, só ao contato da boca!

Uma fina camada de massa era, então, a cobertura interna das forminhas. Uma generosa porção de recheio colocado e depois, colocava a tampa em cada uma delas.

O forno era acesso neste momento para que ficasse pré aquecido em baixa temperatura. Enquanto a outra gema era peneirada para que misturada a uma colher de sobremesa de leite fosse usada como pintura do “telhado” das empadinhas.

Enquanto o forno aquecia e as empadinhas já espavam pintadas e acomodadas em um tabuleiro, ele arrumava a cozinha.

Colocadas no forno, ficaram ali até que o dourado se avivasse e o cheiro indicasse o seu ponto de cozimento. Retirava e deixava elas esfriassem um pouco mais.

Depois, hora de arrumá-las em seu cesto de vime e juntar todos oas apetrechos necessários: luvas, saquinhos de papel vegetal para os que as quisessem levar para comer depois, guardanapos e, sua bolsinha de moedas para o troco.

No meio da tarde ele saia para vendê-las tão rapidamente que sempre alguém ainda queria mais quando o cesto já estava vazio...

Francisco voltava para casa, todos os dias “úteis” da semana, alegre por ter vendido todas elas!

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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Um domingo como tantos outros

Naquele domingo, eu e Véra tínhamos ido à missa das oito na igreja ali perto de casa. Na volta, olhando a mangueira carregadinhas de bolotinhas amarelas, resolvi subir e pegar algumas delas. Era quase uma rotina durante a semana quando voltava da escola ali em Dona Clara.

Véra entrou e não sei o que foi fazer. Eu, sei que as mangas carlotinha estavam tão doces quanto as dos outros dias. Aquela mangueira era uma perdição para mim. Minha mãe sempre brigava comigo por conta das manchas que eu deixava na camisa branca da escola.

Sentado lá em cima ouvi barulho no galinheiro. Aquele salseiro característico de quando alguém entra para pegar uma delas. Desci. Menino gosta de salseiro, não é? Já vi a Maria Baiana com uma delas agarrada pelas asas e uma faca e um prato na outra. Bolero, nosso viralatas ficava querendo pegar a prisioneira a todo o custo. Maria pediu para eu segurar ele enquanto ela cuidava da galinha (ou frango? Antigamente era tudo galinha. Só vim conhecer frango muitos anos mais tarde).

Maria fazia o seu trabalho de forma silenciosa sem que a galinha sofresse tanto. Logo depois, um banho de água fervente facilitava o trabalho de tirar-lhe as penas e deixá-la peladinha. Um passeio sobre a chama do fogão queimava os eventuais pontos de pena que insistiam em ficar agarradinhos.

Maria, então, cortava em pedaços. Depois aprendi que era nas juntas, um modo fácil de se fazer isto. O peito, ela cortava em dois pedaços. E o dorso, em três. Acho que o tempero era sempre o mesmo pois sempre tinha aquele gostinho característico.

Descascava dois dentes de alho e socava num pilãozinho com sal e umas bolinhas de pimenta do Reino. Quantas, não conseguia ver. Nem nunca perguntei pra ela. Depois, numa vasilha funda misturava tudo e ainda picava uma folha de louro e regava com azeite. Meu pai gostava muito de azeite na comida.

Cobria com um pano de pratos que pegava na gaveta e deixava ali no canto da pia enquanto catava o arroz e o feijão.

Lavava o arroz e o feijão e deixava eles escorrendo na peneira enquanto preparava os temperos. Era organizada. Pilava novamente alho com sal para o arroz e repetia o mesmo para o feijão. Separava uma folha de louro e umas rodelas de paio. Sempre ela colocava o paio no feijão pois dizia que dava um gostinho diferente. E era mesmo. A gente lambia os beiços de comer o feijão dela.

Colocava o feijão e o arroz no fogo. Refogava e colocava a água. A essa altura, preparava o frango para colocar no forno que já estava quentinho: arrumava num tabuleiro e depois polvilhava com queijo parmesão que ralava na hora, no ralo grosso.

Não demorava muito e começava a cheirar. Minha mãe já havia arrumado a casa (tarefa diária das mães daquele tempo) e agora começava a arrumar a mesa. Naquele tempo, café da manhã, almoço e janta era com todos na mesa.
Era um momento da gente conversar. Era a hora de comungarmos do alimento. Sempre muito gostoso isso. Pena que a vida de hoje não permite mais esse momento em muitas casas.

Mamãe chamou e todos viemos para a mesa: o arroz, o feijão e a galinha fumegavam em suas vasilhas. Cada um no seu lugar e mamãe serviu primeiro papai e depois a gente. Por fim, o prato dela.

Não lembro direito o que conversamos naquele almoço. Lembro vagamente que rimos muito. Até papai que sempre era sério, deu umas risadas...

Logo mamãe chamou Maria que tirou os pratos e trouxe a sobremesa: sorvete de manga carlotinha (até hoje não sei como ela fazia...). Uma delícia que nos refrescava naquele verão. Depois, um copo de água geladinha, rotina continuado por conta de hábitos do povo do norte desse pais.

Depois, uma sesta na rede...

Enquanto mamãe e Maria cuidavam do resto...

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Um domingo como tantos outros

Naquele domingo, eu e Véra tínhamos ido à missa das oito na igreja ali perto de casa. Na volta, olhando a mangueira carregadinhas de bolotinhas amarelas, resolvi subir e pegar algumas delas. Era quase uma rotina durante a semana quando voltava da escola ali em Dona Clara.

Véra entrou e não sei o que foi fazer. Eu, sei que as mangas carlotinha estavam tão doces quanto as dos outros dias. Aquela mangueira era uma perdição para mim. Minha mãe sempre brigava comigo por conta das manchas que eu deixava na camisa branca da escola.

Sentado lá em cima ouvi barulho no galinheiro. Aquele salseiro característico de quando alguém entra para pegar uma delas. Desci. Menino gosta de salseiro, não é? Já vi a Maria Baiana com uma delas agarrada pelas asas e uma faca e um prato na outra. Bolero, nosso viralatas ficava querendo pegar a prisioneira a todo o custo. Maria pediu para eu segurar ele enquanto ela cuidava da galinha (ou frango? Antigamente era tudo galinha. Só vim conhecer frango muitos anos mais tarde).

Maria fazia o seu trabalho de forma silenciosa sem que a galinha sofresse tanto. Logo depois, um banho de água fervente facilitava o trabalho de tirar-lhe as penas e deixá-la peladinha. Um passeio sobre a chama do fogão queimava os eventuais pontos de pena que insistiam em ficar agarradinhos.

Maria, então, cortava em pedaços. Depois aprendi que era nas juntas, um modo fácil de se fazer isto. O peito, ela cortava em dois pedaços. E o dorso, em três. Acho que o tempero era sempre o mesmo pois sempre tinha aquele gostinho característico.

Descascava dois dentes de alho e socava num pilãozinho com sal e umas bolinhas de pimenta do Reino. Quantas, não conseguia ver. Nem nunca perguntei pra ela. Depois, numa vasilha funda misturava tudo e ainda picava uma folha de louro e regava com azeite. Meu pai gostava muito de azeite na comida.

Cobria com um pano de pratos que pegava na gaveta e deixava ali no canto da pia enquanto catava o arroz e o feijão.

Lavava o arroz e o feijão e deixava eles escorrendo na peneira enquanto preparava os temperos. Era organizada. Pilava novamente alho com sal para o arroz e repetia o mesmo para o feijão. Separava uma folha de louro e umas rodelas de paio. Sempre ela colocava o paio no feijão pois dizia que dava um gostinho diferente. E era mesmo. A gente lambia os beiços de comer o feijão dela.

Colocava o feijão e o arroz no fogo. Refogava e colocava a água. A essa altura, preparava o frango para colocar no forno que já estava quentinho: arrumava num tabuleiro e depois polvilhava com queijo parmesão que ralava na hora, no ralo grosso.

Não demorava muito e começava a cheirar. Minha mãe já havia arrumado a casa (tarefa diária das mães daquele tempo) e agora começava a arrumar a mesa. Naquele tempo, café da manhã, almoço e janta era com todos na mesa.
Era um momento da gente conversar. Era a hora de comungarmos do alimento. Sempre muito gostoso isso. Pena que a vida de hoje não permite mais esse momento em muitas casas.

Mamãe chamou e todos viemos para a mesa: o arroz, o feijão e a galinha fumegavam em suas vasilhas. Cada um no seu lugar e mamãe serviu primeiro papai e depois a gente. Por fim, o prato dela.

Não lembro direito o que conversamos naquele almoço. Lembro vagamente que rimos muito. Até papai que sempre era sério, deu umas risadas...

Logo mamãe chamou Maria que tirou os pratos e trouxe a sobremesa: sorvete de manga carlotinha (até hoje não sei como ela fazia...). Uma delícia que nos refrescava naquele verão. Depois, um copo de água geladinha, rotina continuado por conta de hábitos do povo do norte desse pais.

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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Um simples pão caseiro

Durante muitos anos eu busquei uma maneira de fazer um pão gostoso para meu consumo. Não consegui gostar dos pães comprados no bairro onde moro.

Fui pra escola. Fiz curso no SENAI. Mas não me dei satisfeito com ele. Comprei livros: Pão, The Bread Baker's Apprentice e até Um Cientista na Cozinha. Pesquisei em muitos sites franceses, ingleses, italianos e portugueses. Queria desvendar o segredo por trás daquelas fotos de pães franceses, portugueses e italianos. Tentava resgatar a memória gustativa da infância comendo pão de uma padaria pertinho da casa de meus avós maternos. De portugueses. Com padeiros portugueses e brasileiros. Sempre que estava lá ia buscar, de manhã e de tarde, duas bisnagas para a gente comer no café da manhã ou no lanche da tarde. Eram pães dourados, cascas duras e crocantes, miolos branquinhos, densos e macios. Como consigo ainda manter tudo isso registrado na minha memória?

No curso perturbava o instrutor em busca dos pães que estavam nas fotos que enfeitavam as paredes da oficina de pães. Mas, já eram ensinados processos mais voltados à “realidade brasileira”. Mas, ainda assim, usávamos na maioria das vezes a pura farinha de trigo. Em umas poucas vezes a tão usada hoje em dia “mistura”. Mas se para um pão de sal destes que conhecemos como pão francês só precisava de farinha, água, sal e fermento, porque a necessidade de aditivos químicos? Mais tarde acho que achei a resposta. Posso estar errado mas isto, de alguma forma foi entrando no “gosto do consumidor”... Nos supermercados é comum o pão ser o “chamariz” para outros consumos: margarina, queijo, manteiga, requeijão, café, açúcar, frios em geral, leite e, por ai vai. Com isto buscou-se uma das vertentes de aumentar as vendas: preço baixo. E com isto a qualidade baixa. Ao invés de oferecer um produto de alta qualidade a um preço justo.

Com o crescente aumento da nossa população de idosos que não tiveram o adequado tratamento dentário, aliou-se a isto um pão não totalmente assado e incentivou-se o consumo do “pão quentinho”. Dai tudo foi se perdendo. Também trocaram os fornos à lenha pelos elétriccos e mais recentemente pelos a gás.

Os cientistas começaram a elaborar processos mais rápidos para a produção porque era preciso atender a um número cada vez mais crescente de consumidores. E com isto, novos “aditivos” foram adicionados a esta originalmente “farinha de trigo”. Passou-se a usar trigo de qualidade menos exigente pois os aditivos “corrigiam” suas deficiências. Será? Então porque não conseguem fazer um pão simples e saboroso?

Mas você pode fazer, em sua casa. No começo precisará se adaptar, de alguma forma, a este processo. Mas é só tentar. E procurar se aperfeiçoar que vais sentir na boca a diferença.

Comece comprando ingredientes de qualidade. A melhor farinha que o teu dinheiro puder comprar. Hoje, com base no mercado do Rio de Janeiro posso indicar a Renata e a Dona Benta Reserva Especial. São mais brancas, são de trigo selecionados, e são mais “ásperas”. Isto significa que não escorregam facilmente... Pode parecer loucura? Mas foram fatores que observei ao longo desses anos todos nos quais fui testando ingredientes e processos.

O fermento? Nem vou falar no fermento “natural”. Aquele produzido por você mesmo. Um dia eu conto como cheguei a ele. Também usei algumas marcas. Mas fixei-me na Fleischmann. Também gostava de trabalhar com o Mauri, mas começou a ficar difícil encontrá-lo. Ao longo do tempo passei do “fermento fresco” ainda usado em muitas padarias (e certamente o que era usado na padaria que falei lá em cima) para o fermento seco (granulado).

Sal também é um outro fator interessante... Use, preferencialmente o sal marinho, grosso. Contém menos aditivos...

Água. Aqui algumas pessoas dirão que pode ser frescura mas no final isto faz diferança. Use água mineral com pH entre 6 e 6.5 pois não contém cloro.

Você também vai precisar de um borrifador com água filtrada, um tabuleiro para colocar com água no fundo do forno, um tabuleiro para colocar os pães, uma balança (opcional), um pano de prato limpo.

Como não se usa mais fornos à lenha, passou-se a colocar uma pequena quantidade de açúcar para dar o dourado desejado na casca.

Compre, também um bisturi descartável com lâmina 23 para fazer os cortes chamados de “pestana”.

Tudo comprado? Será? E a paciência? Regulada para uso máximo? Tempo para o aprendizado? Então vamos em frente!

Separe os ingredientes que vai usar: uma xícara e 1/3 de farinha de trigo, 2 colheres de café (separadas) de fermento instantâneo, 1 colher de café de sal. Água sempre é uma medida aproximadamente imprecisa: a quantidade varia em função da farinha e da temperatura ambiente. Mas, como uma regra geral, entre 50-55% do volume da farinha de trigo. Assim, separe ¾ de xícara de água MUITO gelada. Depois de medí-la, coloque pedras de gelo... Mas lembrar de não usar toda!

Separe meia xícara de farinha de trigo e misture com uma das colheres de fermento e meia xícara de água. Vais fazer um mingau. Cubra com filme de PVC e deixe de meia a uma hora, reservado, até que cresça e fique com a forma de esponja.
A partir dai, forme um vulcãozinho com o restante da farinha de trigo, coloque esta “esponja” e a outra colher de fermento e comece a mistura de fora para dentro. Adicione o restante da água aos poucos.

Depois de toda a farinha misturada, polvilhe o sal e misture mais uma vez. A partir dai faça movimentos de puxar com as pontas dos dedos e empurrar com a base da mão. Vá girando a massa no sentido horário (pode ser no anti horário, tá?) até que a massa chegue no ponto “bundinha de neném depois do xixi” (lisinha e úmida ao toque para quem nunca trocou frandas de bebê). Durante este processo, se estiver “dura” coloque água. Pouca. Sempre que o fizer, coloque POUCA por vez. Assim você vai poder ter a noção do quanto usar. Isto vai durar 10, 12 minutos.

Coloque numa tijela e cubra-a com filme de PVC. Em cima, coloque um pano de prato. Coloque esta tijela num lugar onde não sobra a variação de temperatura: dentro de um armário, numa prateleira na despensa, dentro do micro-ondas (NÃO LIGUE-O!!!) até que dobre de volume. Algo como aproximadamente 1 hora.

Depois desse tempo, vire a massa, delicadamente sobre uma superfície de trabalho, enfarinhada. Separe-a em duas porções (ou use a balança). Delicadamente com a ajuda de um rolo de abrir massas, abra um retângulo. Depois enrole a partir de um dos maiores lados desse retângulo. Lembre-se que o tamanho desse retângulo é o seu tabuleiro que vai assá-lo.

Coloque os dois pães num tabuleiro polvilhado com fubá ou semolina. Cubra-o com o pano de prato e deixe novamente dobrar de volume. Mais ou menos 40 minutos. Acenda o forno em 180 graus. Não esqueça de colocar um tabuleiro com água (até mesmo pedras de gelo) no fundo. Quando os pães atingirem o dobro do volume inicial faça os cortes usando o bisturi, borrife bastante água nele e leve ao forno já aquecido.

A cada cinco minutos, abra o forno RAPIDAMENTE e dê duas borrifadas em cima dos pães. Feche a porta. Repita mais duas vezes.

Com aproximadamente 20 minutos de forno, seu primeiro pão estará pronto!

Deixe-os esfriar. Isto é NECESSÁRIO para que os sabores se acentuem e você possa saboreá-lo em sua plenitude.

Da próxima vez você poderá fazer ajustes nas medidas de sal, por exemplo. Ou de água.

Nada complicado. Faça e comente aqui o seu resultado. Se precisar de ajuda, escreva-nos!

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