domingo, 10 de julho de 2011

Hora de abóbora

Estava fazendo umas comprinhas básicas no supermercado mas como cozinheiro nunca vai ao supermercado, feira ou qualquer outro lugar que venda comidas, resolvi andar pelos corredores sem preocupações de comprar. Apenas deixando meus olhos descobrirem coisas. Deparei-me com uma metade de abóbora baiana (há controvérsias sobre a sua denominação correta. Veja aqui). Peguei, olhei, pensei: “isso aqui, neste frio, vai dar uma bela sopa!”. Pronto, na cestinha... Mas, era preciso pegar gengibre. É, aprendi que uma boa sopa de abóbora não precisa de muita coisa além dela própria, de gengibre, sal e pimenta do Reino. Na fila do caixa, ela fui o sucesso e o início da conversa com duas senhoras. Uma delas voltou para ir buscar um pedaço para ela não sem antes ficar olhando para a minha e ficar apontando... A outra, professora e paraense foi companheira até a hora de ir embora. Falamos muito sobre o Pará e as comidas de lá. Afinal voltei de uma passeadinha por lá a pouco mais de um mês...

Ah, mas não é tão simples assim a sopinha de abóbora. E, ainda, pode dar errado!

Cortei a metade dela. Algo como 250, 300 gramas. Mas isso não é importante. Você vai descobrir que sempre será pouco... Neste preparo, nada foi medido ou pesado. Apenas a intuição me levou adiante. Cortei em pedaços pequenos e os embrulhei em papel alumínio, com casca e tudo. Claro que uma escovadinha básica na casca dela foi preciso. Azeite e mais nada. Os embrulhinhos foram colocados numa bandeja e foram ao forno, algo como 180 graus, por aproximadamente 40 minutos.

Coloquei um bom volume de água para ferver. Ou quase isso, melhor dizendo.

Enquanto isso, o gengibre foi descascado e picado em cubinhos bem pequenos. Reservado, foi hora de picar um dente de alho, depois de retirar o bulbo interior, também em minúsculos quadradinhos. Também ficou ali aguardando, junto com o gengibre, com um cobertor de PVC para eles não sentirem muito frio. Afinal, muito pequenos...

Abóbora no ponto, retirada a polpa com a ajuda de uma colher e colocada no liquidificador. Ah, pode passar na peneira se você quiser. Acho até melhor... Depois, o gengibre e o alho e, por fim, a água para dar a textura ao meu gosto: nem grossa nem fina... Complicado isso, não?

Olha, acho que certas coisas na cozinha precisam de sentimento, de intuição para dar certo. E este é o caso dessa sopa. Se eu disser que coloquei 2 xícaras de água sempre vai aparecer alguém perguntando se poderia colocar 1 ¾ de xícara ou mais um pouco alé, das 2 xícaras... Assim, cada um coloca o tanto que desejar. Afinal tem gente que bebe sopas em copos ou xícaras...

Volta para o fogo para assimilar os sabores e acentuar a abóbora. Ela é a rainha do prato. Ela precisa dominar.

Mas a gente pode brincar com algumas coisas. Ah, mas antes disso, é preciso dizer que esse fogo de agora, é bem baixo mesmo. O líquido não pode se mexer na panela. E a fumacinha do calor precisa dançar sobre ele. Algo assim como um caldeirão de bruxa como me ensinou meu amigo boliviano, Checho Gonzales, agora nas terras de São Paulo. Até porque fogo alto é apenas desperdício: de dinheiro, de sabor, de textura... Ou, como diria o Murakami “é preciso ir devagar, respirar, sentir, amar o ingrediente”.

Aquecida essa mistura, um “dente” do moinho de pimenta do Reino, dois dedos de sal grosso. Mistura, prova e, lembre-se: ainda não terminou. Não ajuste o sal no ponto certo...

Uma gracinha: uma tirinha fina de manteiga gelada vai dar um toque especial na textura dela.

Hora de servir: outra gracinha pode ser feita: brinque com creme de leite apenas na superfície. Faça um desenho. Use o instrumento que melhor dominares: um palito, uma almontolia, uma ponta de faca. Puxe, repuxe, rode, faça um moinha... Deixe sua alma aparecer nesta hora... Entregue-se! Respire. Coloque amor no prato, pote, ramequim, xícara, copo!

E, finalmente, 2 ou 3 dedos de flor de sal!

Reverências...

Sopa de abóbora perfumada
com gengibre.

Sopa de abóbora perfumada
com gengibre.

F A C I L I D A D E S
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Hora de abóbora

Estava fazendo umas comprinhas básicas no supermercado mas como cozinheiro nunca vai ao supermercado, feira ou qualquer outro lugar que venda comidas, resolvi andar pelos corredores sem preocupações de comprar. Apenas deixando meus olhos descobrirem coisas. Deparei-me com uma metade de abóbora baiana (há controvérsias sobre a sua denominação correta. Veja aqui). Peguei, olhei, pensei: “isso aqui, neste frio, vai dar uma bela sopa!”. Pronto, na cestinha... Mas, era preciso pegar gengibre. É, aprendi que uma boa sopa de abóbora não precisa de muita coisa além dela própria, de gengibre, sal e pimenta do Reino. Na fila do caixa, ela fui o sucesso e o início da conversa com duas senhoras. Uma delas voltou para ir buscar um pedaço para ela não sem antes ficar olhando para a minha e ficar apontando... A outra, professora e paraense foi companheira até a hora de ir embora. Falamos muito sobre o Pará e as comidas de lá. Afinal voltei de uma passeadinha por lá a pouco mais de um mês...

Ah, mas não é tão simples assim a sopinha de abóbora. E, ainda, pode dar errado!

Cortei a metade dela. Algo como 250, 300 gramas. Mas isso não é importante. Você vai descobrir que sempre será pouco... Neste preparo, nada foi medido ou pesado. Apenas a intuição me levou adiante. Cortei em pedaços pequenos e os embrulhei em papel alumínio, com casca e tudo. Claro que uma escovadinha básica na casca dela foi preciso. Azeite e mais nada. Os embrulhinhos foram colocados numa bandeja e foram ao forno, algo como 180 graus, por aproximadamente 40 minutos.

Coloquei um bom volume de água para ferver. Ou quase isso, melhor dizendo.

Enquanto isso, o gengibre foi descascado e picado em cubinhos bem pequenos. Reservado, foi hora de picar um dente de alho, depois de retirar o bulbo interior, também em minúsculos quadradinhos. Também ficou ali aguardando, junto com o gengibre, com um cobertor de PVC para eles não sentirem muito frio. Afinal, muito pequenos...

Abóbora no ponto, retirada a polpa com a ajuda de uma colher e colocada no liquidificador. Ah, pode passar na peneira se você quiser. Acho até melhor... Depois, o gengibre e o alho e, por fim, a água para dar a textura ao meu gosto: nem grossa nem fina... Complicado isso, não?

Olha, acho que certas coisas na cozinha precisam de sentimento, de intuição para dar certo. E este é o caso dessa sopa. Se eu disser que coloquei 2 xícaras de água sempre vai aparecer alguém perguntando se poderia colocar 1 ¾ de xícara ou mais um pouco alé, das 2 xícaras... Assim, cada um coloca o tanto que desejar. Afinal tem gente que bebe sopas em copos ou xícaras...

Volta para o fogo para assimilar os sabores e acentuar a abóbora. Ela é a rainha do prato. Ela precisa dominar.

Mas a gente pode brincar com algumas coisas. Ah, mas antes disso, é preciso dizer que esse fogo de agora, é bem baixo mesmo. O líquido não pode se mexer na panela. E a fumacinha do calor precisa dançar sobre ele. Algo assim como um caldeirão de bruxa como me ensinou meu amigo boliviano, Checho Gonzales, agora nas terras de São Paulo. Até porque fogo alto é apenas desperdício: de dinheiro, de sabor, de textura... Ou, como diria o Murakami “é preciso ir devagar, respirar, sentir, amar o ingrediente”.

Aquecida essa mistura, um “dente” do moinho de pimenta do Reino, dois dedos de sal grosso. Mistura, prova e, lembre-se: ainda não terminou. Não ajuste o sal no ponto certo...

Uma gracinha: uma tirinha fina de manteiga gelada vai dar um toque especial na textura dela.

Hora de servir: outra gracinha pode ser feita: brinque com creme de leite apenas na superfície. Faça um desenho. Use o instrumento que melhor dominares: um palito, uma almontolia, uma ponta de faca. Puxe, repuxe, rode, faça um moinha... Deixe sua alma aparecer nesta hora... Entregue-se! Respire. Coloque amor no prato, pote, ramequim, xícara, copo!

E, finalmente, 2 ou 3 dedos de flor de sal!

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Sopa de abóbora perfumada
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