domingo, 28 de agosto de 2011

Pós-operatório

Depois do despertador tocar e o coração pular dentro do peito, hora de levantar. O cirurugião havia antecipado seu ato para às sete horas da manhã. Daqui a poucos minutos mais, o porteiro chamaria pelo interfone e anunciaria a chegada do táxi.

Desperto, rapidamente, tomar banho. Sempre é melhor tomar banho no seu chuveiro de todos os dias do que no de uma unidade hospitalar. Bem, eu acho isso. Pode ser que apareça alguém achando mil venturas tomar banho no banheiro de um hospital. Quiçá de uma enfermaria...

Maletinha pronta (engraçado é o porque de maletinha se apenas uma noite estará lá e poderá, novamente voltar a tomar banho no seu chuveiro. Mas faz parte da história dos operados levar uma maletinha com roupas, toalhas (afinal não se sabe as condições que se ficará), a famosa bolsinha com apetrechos de higiene bucal, corporal e espiritual – sim, sempre carrego um pacotinho de incenso e um isqueiro).

Tudo pronto. Companheiras sonolentas e descemos para esperar o táxi. Normalmente, em viagens o motorista me espera. Mas desta vez a ansiedade era muito maior do que a de viagens. Afinal seria privado de um dos órgãos que nasceram comigo. Uma perda até então não assimilada.

O motorista chegou e embarcamos. Logo o porteiro da unidade hospitalar nos faz o maior inquérito para liberar a cancela e permitir que o táxi entrasse. Imagine isso às 6h20 da manhã... Mas, calmamente respondemos à todas as perguntas e ele, depois de anotar num formulário nos liberou a passagem.

Subimos e mais uma burocracia nos esperava: cadastro. Mais informações. Mais guias e códigos de autorizações. Mas tudo bem. Não sei mais se estava mais angustiado ou mais calmo. Mas logo uma senhoria me chamou e fui com a companheira de todos os momentos parra o interior da unidade hospitalar.

Logo cheguei ao meu local de hospedagem temporária. Meu fortuíto companheiro já estava agoniado pela longa espera de sua liberdade condicional. Sim, porque nos breves momentos e breves palavras que trocamos esqueci que me tirariam um órgão e fiquei pensando no cidadão e seu passaporte hospitalar cheio de carimbos de entradas e saídas.

Chega o anestesista. Essa figura ainda não desvendada da equipe médica. Algumas perguntas e uma alegria: ½ comprimidinho pra chegar bobo na sala de reuniões.

Algum tempo depois começo a voltar desse mundo estranho que é um centro cirúrgico. A anestesia geral foi indo embora sorrateiramente sem que eu mesmo percebesse sua saída. Ufa! Alegria pois alguns relatos haviam me deixado apreensivo.

Chega a hora do lanchinho: um suco de alguma fruta. Não percebi qual era... Mais tarde uma jantar que me deixou esquisito. Afinal havia retirado minha vesícula e suas incontáveis pedrinhas e tudo que sabia era que precisaria reaprender a comer. Selecionar e abandonar alguns alimentos por um bom tempo. Chegou, juntinho, no mesmo prato, uma papa de arroz sem sal e sem gordura, uma porção de “penne” (essa sim com alguma gordurinha sentida em meus lábios), um picadinho de carne (temperadinho) e uma porção de legumes cozidos em água e sal. Claro que provei e deixei a papa de arroz. Intragável. Da carninha picada, motivo de susto só provei um cubinho. Comi mesmo os legumes e a massa. Um suco de goiaba complementou minha primeira refeição pós operatória. Ainda recebi um suco de goiaba antes de dormir.

De manhã, café com leite, biscoito cream crackers e torradinhas com geléia de goiabas. Comi apenas os cream crackers e tomei o café com leite. Achei mais prudente.

Em casa, pude fazer contato com minha nutricionista baiana (amo essa Linda de paixão) ela me orientou sobre o certo e o errado que eu estava fazendo. Me aconselhou a retirar a laranja (e seu bagaço que eu adoro) e ficar entre maçã raspadinha ou assada, bananas e peras. Ricota apenas para substituir a “gordura” do café da manhã. Evitar os doces por conta da glicemia e seguir aprendendo com o corpo uma nova forma de me alimentar.

E estou seguindo isto bem direitinho. Aproveito para comer arroz porque prende mais o intestino. E ando comendo do arroz que mais gosto – o japonês de grão curto – Aprendi a fazê-lo como nosso arroz brasileiro e fica meio solto: lavo delicadamente por seis vezes e coloco-o numa peneira para secar novamente. Depois, numa panela alta coloco alho e um “susto” de azeite. A seguir, depois do alho douradinho, coloco o arroz e mexo lentamente para incorporar o tempero. Adiciono sal e faço um vulcãozinho. Ali, no meio, coloco a mesma medida de água fria, ajeito para que todos os grãos de arroz fiquem sob a água, tampo a panela e reduzo o fogo ao máximo que consigo. Com 15 minutos verifico. E deixo mais um pouco, se necessário. É preciso sentir que os gráos estejam úmidos e que saiam algumas bolhas de água. Panela tampada depois de desligado o fogo por uns 10 minutos. Abro, passo um garfo soltando os grãos e volto a tampar a panela por mais cinco/dez minutos. Pronto: um arroz para comer puro, com legumes, com omelete, com peixe (cru, grelhado ou frito), frango e picadinho de carne de gado.

E assim estou seguindo meus dias de esccola de nutrição. A melhor das notícias é que mesmo em “repouso” dá para perder um bom peso. E reaprender a comer, eliminando a ingestão das coisas que apenas nos dão prazer na hora de comer.

E você, tem o relato de alguma experiência semelhante?

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Depois do despertador tocar e o coração pular dentro do peito, hora de levantar. O cirurugião havia antecipado seu ato para às sete horas da manhã. Daqui a poucos minutos mais, o porteiro chamaria pelo interfone e anunciaria a chegada do táxi.

Desperto, rapidamente, tomar banho. Sempre é melhor tomar banho no seu chuveiro de todos os dias do que no de uma unidade hospitalar. Bem, eu acho isso. Pode ser que apareça alguém achando mil venturas tomar banho no banheiro de um hospital. Quiçá de uma enfermaria...

Maletinha pronta (engraçado é o porque de maletinha se apenas uma noite estará lá e poderá, novamente voltar a tomar banho no seu chuveiro. Mas faz parte da história dos operados levar uma maletinha com roupas, toalhas (afinal não se sabe as condições que se ficará), a famosa bolsinha com apetrechos de higiene bucal, corporal e espiritual – sim, sempre carrego um pacotinho de incenso e um isqueiro).

Tudo pronto. Companheiras sonolentas e descemos para esperar o táxi. Normalmente, em viagens o motorista me espera. Mas desta vez a ansiedade era muito maior do que a de viagens. Afinal seria privado de um dos órgãos que nasceram comigo. Uma perda até então não assimilada.

O motorista chegou e embarcamos. Logo o porteiro da unidade hospitalar nos faz o maior inquérito para liberar a cancela e permitir que o táxi entrasse. Imagine isso às 6h20 da manhã... Mas, calmamente respondemos à todas as perguntas e ele, depois de anotar num formulário nos liberou a passagem.

Subimos e mais uma burocracia nos esperava: cadastro. Mais informações. Mais guias e códigos de autorizações. Mas tudo bem. Não sei mais se estava mais angustiado ou mais calmo. Mas logo uma senhoria me chamou e fui com a companheira de todos os momentos parra o interior da unidade hospitalar.

Logo cheguei ao meu local de hospedagem temporária. Meu fortuíto companheiro já estava agoniado pela longa espera de sua liberdade condicional. Sim, porque nos breves momentos e breves palavras que trocamos esqueci que me tirariam um órgão e fiquei pensando no cidadão e seu passaporte hospitalar cheio de carimbos de entradas e saídas.

Chega o anestesista. Essa figura ainda não desvendada da equipe médica. Algumas perguntas e uma alegria: ½ comprimidinho pra chegar bobo na sala de reuniões.

Algum tempo depois começo a voltar desse mundo estranho que é um centro cirúrgico. A anestesia geral foi indo embora sorrateiramente sem que eu mesmo percebesse sua saída. Ufa! Alegria pois alguns relatos haviam me deixado apreensivo.

Chega a hora do lanchinho: um suco de alguma fruta. Não percebi qual era... Mais tarde uma jantar que me deixou esquisito. Afinal havia retirado minha vesícula e suas incontáveis pedrinhas e tudo que sabia era que precisaria reaprender a comer. Selecionar e abandonar alguns alimentos por um bom tempo. Chegou, juntinho, no mesmo prato, uma papa de arroz sem sal e sem gordura, uma porção de “penne” (essa sim com alguma gordurinha sentida em meus lábios), um picadinho de carne (temperadinho) e uma porção de legumes cozidos em água e sal. Claro que provei e deixei a papa de arroz. Intragável. Da carninha picada, motivo de susto só provei um cubinho. Comi mesmo os legumes e a massa. Um suco de goiaba complementou minha primeira refeição pós operatória. Ainda recebi um suco de goiaba antes de dormir.

De manhã, café com leite, biscoito cream crackers e torradinhas com geléia de goiabas. Comi apenas os cream crackers e tomei o café com leite. Achei mais prudente.

Em casa, pude fazer contato com minha nutricionista baiana (amo essa Linda de paixão) ela me orientou sobre o certo e o errado que eu estava fazendo. Me aconselhou a retirar a laranja (e seu bagaço que eu adoro) e ficar entre maçã raspadinha ou assada, bananas e peras. Ricota apenas para substituir a “gordura” do café da manhã. Evitar os doces por conta da glicemia e seguir aprendendo com o corpo uma nova forma de me alimentar.

E estou seguindo isto bem direitinho. Aproveito para comer arroz porque prende mais o intestino. E ando comendo do arroz que mais gosto – o japonês de grão curto – Aprendi a fazê-lo como nosso arroz brasileiro e fica meio solto: lavo delicadamente por seis vezes e coloco-o numa peneira para secar novamente. Depois, numa panela alta coloco alho e um “susto” de azeite. A seguir, depois do alho douradinho, coloco o arroz e mexo lentamente para incorporar o tempero. Adiciono sal e faço um vulcãozinho. Ali, no meio, coloco a mesma medida de água fria, ajeito para que todos os grãos de arroz fiquem sob a água, tampo a panela e reduzo o fogo ao máximo que consigo. Com 15 minutos verifico. E deixo mais um pouco, se necessário. É preciso sentir que os gráos estejam úmidos e que saiam algumas bolhas de água. Panela tampada depois de desligado o fogo por uns 10 minutos. Abro, passo um garfo soltando os grãos e volto a tampar a panela por mais cinco/dez minutos. Pronto: um arroz para comer puro, com legumes, com omelete, com peixe (cru, grelhado ou frito), frango e picadinho de carne de gado.

E assim estou seguindo meus dias de esccola de nutrição. A melhor das notícias é que mesmo em “repouso” dá para perder um bom peso. E reaprender a comer, eliminando a ingestão das coisas que apenas nos dão prazer na hora de comer.

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domingo, 14 de agosto de 2011

Dia de pai é só hoje?

Eu era bem pequeno e só lembro de certos momentos de minha vida pelas fotografias amareladas que aindam resistem ao tempo numa caixa de sapatos. A maioria delas se foi por algum motivo especial em determinados dias onde resolvemos “apagar” o passado ou, simplesmente, fazer uma “faxina” nas coisas que não usamos com a frequência diária e que impedem que novas coisas possam ser guardadas.

Das coisas que lembro de meu pai “bonachão” era o fato dele dividir o seu tempo conosco (eu e minhas irmãs) além claro de minha mãe. O seu semblante quase sempre muito sério não dava muita abertura para a gente ter um relacionamento tão aberto quando os que requerem os dias atuais. Mas ele demonstrava seu amor por nós mesmo daquele jeito.

Os seus dias, quase sempre atribulados com contas a receber e a pagar, na administração de um pequeno comércio que nos meus primeiros dias era maior pois lá havia toda uma parte voltada para a construção civil. O tempo passou e ele conseguiu refazer-se e voltou ao comércio só que desta vez mais voltado ao “bazar” como se chamavam os pequenos comércios de lembranças e coisa para o lar.

Em casa, sempre uma grande mesa onde sentávamos todos para todas as refeições principalmente nos finais de semana quando ele e minha mãe poderiam estar junto a nós na hora da refeição.

Na maioria das vezes minha mãe era quem cuidava da nossa comida. Mesmo nos momentos em que a vida nos permitiu ter uma ajudante ela gostava de estar à frente das panelas. Além, é claro, dos doces pois se formou uma doceira de “mão cheia” como sempre se diz para os que possuem muitas habilidades.

Sua comidinha, gostosa e simplesmente temperada (sem aquele mundão de sabores brigando entre si junto com o alimento). O arroz, branquinho e fumegante chegava aos nossos pratos junto com um maravilhoso feijão quase todos os dias.

Lembro, de uma época específica onde meu pai tinha ao alcance dele um açougue onde ele comprava a carne usada em nossas comidinhas. Ele gostava muito da alcatra (prazer que eu herdei dele pois a acho um corte versátil e de um sabor peculiar). Ali, nas vezes em que ele me levava eu podia ver o açougueiro retirar do gancho onde elas ficavam penduradas uma peça inteira (quase sempre) e dali tirar o pedaço para meu pai. Nunca o “primeiro ou segundo peso” pois segundo ouvi de meu pai ali ara a “zona de mistura” dos cortes. Partes que podiam sofrer a influência boa ou não tão boa, do corte que estava ao lado. Assim, nossos “bifes de todos os dias” eram repletos de um intenso sabor. Junto, aprendemos a tomar o caldinho que saía depois dos “sabores se assentarem” no prato. Brigávamos pela oportuinidade de derramá-lo sobre o fumegante arroz.

Daquela época lembro também dos doces com as frutas do norte que meu pai conseguia. Do pudim de leite que minha mãe fazia (sem o leite condensado que agora é quase sempre usado). Do cuscus feito na cuscuzeira que minha mãe tinha. Era gostoso comer naquela época. Era naquele momento, todos juntos, que aprendíamos muitos dos ensinamentos que nos formaram no adulto que somos hoje.

Ali, na mesa, aprendíamos a respeitar pai e mãe, que quando um adulto fala a criança ouve calada... Era o ensinamento de quem quem fala não ouve direito, não presta atenção. E assim fomos crescendo quase sempre no meio de pés de frutas: abiu, tamarindo, maracujá, uva, carambola, abacate, mangas carlotinha e espada... Também tínhamos um galinheiro de onde tirávamos os ovos caipiras de nossas galinhas ora carijós, ora de “pescoço pelado” ora de pompudas vermelhas. Ovo fresquinho de galinha que só ciscava no chão de terra e comia milho. Nada dessas misturas loucas que vemos hoje em dia. Também, para renovação do plantel, comíamos as mais velhas das galinhas. Carne saborosa que ainda tenho em minha memória gustativa.

Subíamos nas árvores para pegar as frutas maduras: outro sabor. As de hoje, colhidas mais cedo para permitir chegar “de vez” na casa das pessoas não tem o mesmo sabor. As mangas tinham gosto de manga, cor de manga, suco de manga escorrendo pelas nossas pequenas bocas e sujando nossa roupa... Como era bom viver, pequenos, na casa de nosso pai e de nossa mãe.

Depois do jantar, sentados no sofá da sala podíamos ouvir programas da Rádio Mayrink Veiga: humorísticos que nos faziam dobrar gargalhadas. Mas também fazíamos nossas bagunças. Ficávamos de castigo sem poder brincar. Mas crescemos responsáveis e sabendo os nossos limites e os de nossos próximos.

Lembro das manhãs das segundas quando acordávamos bem cedinho, ainda “de noite” para meu pai me levar para a escola. Andávamos um bom pedaço, pegávamos o bonde “78” e lá íamos no seu balanço e com o vento frio das manhãs em nossos rostos até São Cristóvão, onde ficava o Colégio Pedro II. Depois meu pai voltava sozinho pra casa e depois voltava para me pegar. Ai voltávamos conversando sobre a semana que passava longe dele. Muitas novidades e vivências eram compartilhadas com os passageiros ao nosso lado (até aquele que quase morreu de broinquite por não tomar o Rhum Creosotado da propaganda do bonde...).

Como era bom aquele tempo. Cresci e ele envelheceu. Seu prazo de validade acabou e ele foi viver junto de Jesus Cristo, lá no céu. Por isso, nestes tempos sempre fico olhando para as nuvens para ver se o acho. Quem sabe comendo um camarão no alho e óleo?

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Eu era bem pequeno e só lembro de certos momentos de minha vida pelas fotografias amareladas que aindam resistem ao tempo numa caixa de sapatos. A maioria delas se foi por algum motivo especial em determinados dias onde resolvemos “apagar” o passado ou, simplesmente, fazer uma “faxina” nas coisas que não usamos com a frequência diária e que impedem que novas coisas possam ser guardadas.

Das coisas que lembro de meu pai “bonachão” era o fato dele dividir o seu tempo conosco (eu e minhas irmãs) além claro de minha mãe. O seu semblante quase sempre muito sério não dava muita abertura para a gente ter um relacionamento tão aberto quando os que requerem os dias atuais. Mas ele demonstrava seu amor por nós mesmo daquele jeito.

Os seus dias, quase sempre atribulados com contas a receber e a pagar, na administração de um pequeno comércio que nos meus primeiros dias era maior pois lá havia toda uma parte voltada para a construção civil. O tempo passou e ele conseguiu refazer-se e voltou ao comércio só que desta vez mais voltado ao “bazar” como se chamavam os pequenos comércios de lembranças e coisa para o lar.

Em casa, sempre uma grande mesa onde sentávamos todos para todas as refeições principalmente nos finais de semana quando ele e minha mãe poderiam estar junto a nós na hora da refeição.

Na maioria das vezes minha mãe era quem cuidava da nossa comida. Mesmo nos momentos em que a vida nos permitiu ter uma ajudante ela gostava de estar à frente das panelas. Além, é claro, dos doces pois se formou uma doceira de “mão cheia” como sempre se diz para os que possuem muitas habilidades.

Sua comidinha, gostosa e simplesmente temperada (sem aquele mundão de sabores brigando entre si junto com o alimento). O arroz, branquinho e fumegante chegava aos nossos pratos junto com um maravilhoso feijão quase todos os dias.

Lembro, de uma época específica onde meu pai tinha ao alcance dele um açougue onde ele comprava a carne usada em nossas comidinhas. Ele gostava muito da alcatra (prazer que eu herdei dele pois a acho um corte versátil e de um sabor peculiar). Ali, nas vezes em que ele me levava eu podia ver o açougueiro retirar do gancho onde elas ficavam penduradas uma peça inteira (quase sempre) e dali tirar o pedaço para meu pai. Nunca o “primeiro ou segundo peso” pois segundo ouvi de meu pai ali ara a “zona de mistura” dos cortes. Partes que podiam sofrer a influência boa ou não tão boa, do corte que estava ao lado. Assim, nossos “bifes de todos os dias” eram repletos de um intenso sabor. Junto, aprendemos a tomar o caldinho que saía depois dos “sabores se assentarem” no prato. Brigávamos pela oportuinidade de derramá-lo sobre o fumegante arroz.

Daquela época lembro também dos doces com as frutas do norte que meu pai conseguia. Do pudim de leite que minha mãe fazia (sem o leite condensado que agora é quase sempre usado). Do cuscus feito na cuscuzeira que minha mãe tinha. Era gostoso comer naquela época. Era naquele momento, todos juntos, que aprendíamos muitos dos ensinamentos que nos formaram no adulto que somos hoje.

Ali, na mesa, aprendíamos a respeitar pai e mãe, que quando um adulto fala a criança ouve calada... Era o ensinamento de quem quem fala não ouve direito, não presta atenção. E assim fomos crescendo quase sempre no meio de pés de frutas: abiu, tamarindo, maracujá, uva, carambola, abacate, mangas carlotinha e espada... Também tínhamos um galinheiro de onde tirávamos os ovos caipiras de nossas galinhas ora carijós, ora de “pescoço pelado” ora de pompudas vermelhas. Ovo fresquinho de galinha que só ciscava no chão de terra e comia milho. Nada dessas misturas loucas que vemos hoje em dia. Também, para renovação do plantel, comíamos as mais velhas das galinhas. Carne saborosa que ainda tenho em minha memória gustativa.

Subíamos nas árvores para pegar as frutas maduras: outro sabor. As de hoje, colhidas mais cedo para permitir chegar “de vez” na casa das pessoas não tem o mesmo sabor. As mangas tinham gosto de manga, cor de manga, suco de manga escorrendo pelas nossas pequenas bocas e sujando nossa roupa... Como era bom viver, pequenos, na casa de nosso pai e de nossa mãe.

Depois do jantar, sentados no sofá da sala podíamos ouvir programas da Rádio Mayrink Veiga: humorísticos que nos faziam dobrar gargalhadas. Mas também fazíamos nossas bagunças. Ficávamos de castigo sem poder brincar. Mas crescemos responsáveis e sabendo os nossos limites e os de nossos próximos.

Lembro das manhãs das segundas quando acordávamos bem cedinho, ainda “de noite” para meu pai me levar para a escola. Andávamos um bom pedaço, pegávamos o bonde “78” e lá íamos no seu balanço e com o vento frio das manhãs em nossos rostos até São Cristóvão, onde ficava o Colégio Pedro II. Depois meu pai voltava sozinho pra casa e depois voltava para me pegar. Ai voltávamos conversando sobre a semana que passava longe dele. Muitas novidades e vivências eram compartilhadas com os passageiros ao nosso lado (até aquele que quase morreu de broinquite por não tomar o Rhum Creosotado da propaganda do bonde...).

Como era bom aquele tempo. Cresci e ele envelheceu. Seu prazo de validade acabou e ele foi viver junto de Jesus Cristo, lá no céu. Por isso, nestes tempos sempre fico olhando para as nuvens para ver se o acho. Quem sabe comendo um camarão no alho e óleo?

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domingo, 7 de agosto de 2011

O que está certo e o que está errado?

Na última quinzena de julho estive envolvido com o p\reliminary Draw da Copa de 2014. Algumas pessoas já sabem que vivo voluntário na área do esposte e outras ainda não. Mas, para todos, uma passeada por este meu “mundo” pode ser reveladora. Vamos lá?

Então, resolvi fazer uma “pesquisa” nem tanto acadêmica mas que aos poucos foi se tornando interessante pois, apesar das madrugadas em que saia de casa ainda noite para num frio inverno carioca rumar para a Marina da Glória aqui no Rio de Janeiro, podia, ver um Rio de Janeiro ainda desconhecido para mim pelos seus contornos e suas luzes bem na hora em que o sol acordava, ainda friorento e começava a se levantar por trás de suas cobertas mais altas.


Primary Draw:
Bom dia, Rio de Janeiro!

Primary Draw:
Bom dia, Rio de Janeiro!

Atravessar o Aterro do Flamengo ainda sem bem estar clareado não é tarefa para poucos vestidos dos pés à cabeça. Mas para aqueles que basta uma camiseta, um calção um par de tênis e outro de meias, o suor já escorria pelos corpos mais ou menos delineados: ora pelos múscilos bem formados, ora pelas saliências das corduras caídas.

O início da manhã era basicamente de resolução de problemas. Mas, ao meio dia começava o movimento em direção aos pratos. Uma cozinha montada numa tenda à beira da Baia de Guanabara permitia-nos almoçar contemplanto o movimento sobre as águas: ora aviões em suas chegadas & partidas, bem ao sabor da Astrid Fontenelle, como dos pássaros tentando achar um peixinho para o seu sashimi diário. Também, marinheiros levando seu barquinho (ou de seu patrão) para aquecer os motores ou levar seus donos para uma “esticada” no mar. Pelos enrocamentos dos contornos do Aeroporto Santos Dumont ou da própria Marina era possível ver-se linhas esticadas na diração da lâmina dágua em busca de algum peixinho.

De nossas mesas, a vista era assim mesmo nos dias que cariocas não suportam: nublados e frios. Não é @lacalcanhotto? No começo, pouca gente. Depois, o movimento foi aumentando até o dia anterior ao evento. Mais e mais voluntários, colegas antigos e novos até desconhecidos, coloriam de verde aquele local. E ai a ideia da pesquisa.

Minha máquina começou a fotografar os pratos. Não importa de quem. Apenas os pratos numa vontade de descobrir o que aquela gente estava comendo. O que poderia ser considerado um “prato equilibrado” conforme os entendimentos das nutricionistas de nossas vidas e o que seria errado por este mesmo ponto de vista.

Mas, eu também fui descobrindo gostos e sabores de cada um, olhava pro prato fotografado e para os corpos dos que iriam saboreá-los, comê-los ou, simplesmente, “mandar pra dentro” numa clara ideia de refazer as energias gastas nos ir e vir daquele imenso centro de transmissão do sorteio que fora montado.

E, agora, queria dividir com vocês as imagens e, ler os comentários dos que tiverem a vontade de escrevê-los. Seria bom que muitos escrevessem. Contribuíssem com essa visão de “como comer” que tantos buscam ultimamente.

Feijão, arroz, cenoura crua
ralada, beterraba crua em
palitos, ervilha em conserva,
milho emconserva, farofa e
carne de gado em cubos.

Feijão, arroz, frango assado,
cenouras em rodelas,
saladinha de pepinos, milho
em conserva e tomates crus.
 

Farofa, carne em cubos,
arroz, milho e petit pois
em conserva,tomates crus
e alface americana.

Cenoura crua, ralada,
milho em conserva, queijo
ralado, arroz e farofa.
 

Alface americana, feijão,
arroz, batata frita "palha",
farofa, queijo ralado, cubos
de carne e milho em
conserva.

Feijão, arroz, cenouras
em rodinhas, purê de baroa,
filé de frango frito.
 
 

Penne, queijo ralado,
molho de tomates e
filé de frango,frito.
 

Pudim de leite condensado,
doce de leite (de lata),
queijo Minas e goiabada.
 

Vamos em frente?

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O que está certo e o que está errado?

Na última quinzena de julho estive envolvido com o p\reliminary Draw da Copa de 2014. Algumas pessoas já sabem que vivo voluntário na área do esposte e outras ainda não. Mas, para todos, uma passeada por este meu “mundo” pode ser reveladora. Vamos lá?

Então, resolvi fazer uma “pesquisa” nem tanto acadêmica mas que aos poucos foi se tornando interessante pois, apesar das madrugadas em que saia de casa ainda noite para num frio inverno carioca rumar para a Marina da Glória aqui no Rio de Janeiro, podia, ver um Rio de Janeiro ainda desconhecido para mim pelos seus contornos e suas luzes bem na hora em que o sol acordava, ainda friorento e começava a se levantar por trás de suas cobertas mais altas.


Primary Draw:
Bom dia, Rio de Janeiro!

Primary Draw:
Bom dia, Rio de Janeiro!

Atravessar o Aterro do Flamengo ainda sem bem estar clareado não é tarefa para poucos vestidos dos pés à cabeça. Mas para aqueles que basta uma camiseta, um calção um par de tênis e outro de meias, o suor já escorria pelos corpos mais ou menos delineados: ora pelos múscilos bem formados, ora pelas saliências das corduras caídas.

O início da manhã era basicamente de resolução de problemas. Mas, ao meio dia começava o movimento em direção aos pratos. Uma cozinha montada numa tenda à beira da Baia de Guanabara permitia-nos almoçar contemplanto o movimento sobre as águas: ora aviões em suas chegadas & partidas, bem ao sabor da Astrid Fontenelle, como dos pássaros tentando achar um peixinho para o seu sashimi diário. Também, marinheiros levando seu barquinho (ou de seu patrão) para aquecer os motores ou levar seus donos para uma “esticada” no mar. Pelos enrocamentos dos contornos do Aeroporto Santos Dumont ou da própria Marina era possível ver-se linhas esticadas na diração da lâmina dágua em busca de algum peixinho.

De nossas mesas, a vista era assim mesmo nos dias que cariocas não suportam: nublados e frios. Não é @lacalcanhotto? No começo, pouca gente. Depois, o movimento foi aumentando até o dia anterior ao evento. Mais e mais voluntários, colegas antigos e novos até desconhecidos, coloriam de verde aquele local. E ai a ideia da pesquisa.

Minha máquina começou a fotografar os pratos. Não importa de quem. Apenas os pratos numa vontade de descobrir o que aquela gente estava comendo. O que poderia ser considerado um “prato equilibrado” conforme os entendimentos das nutricionistas de nossas vidas e o que seria errado por este mesmo ponto de vista.

Mas, eu também fui descobrindo gostos e sabores de cada um, olhava pro prato fotografado e para os corpos dos que iriam saboreá-los, comê-los ou, simplesmente, “mandar pra dentro” numa clara ideia de refazer as energias gastas nos ir e vir daquele imenso centro de transmissão do sorteio que fora montado.

E, agora, queria dividir com vocês as imagens e, ler os comentários dos que tiverem a vontade de escrevê-los. Seria bom que muitos escrevessem. Contribuíssem com essa visão de “como comer” que tantos buscam ultimamente.

Feijão, arroz, cenoura crua
ralada, beterraba crua em
palitos, ervilha em conserva,
milho emconserva, farofa e
carne de gado em cubos.

Feijão, arroz, frango assado,
cenouras em rodelas,
saladinha de pepinos, milho
em conserva e tomates crus.
 

Farofa, carne em cubos,
arroz, milho e petit pois
em conserva,tomates crus
e alface americana.

Cenoura crua, ralada,
milho em conserva, queijo
ralado, arroz e farofa.
 

Alface americana, feijão,
arroz, batata frita "palha",
farofa, queijo ralado, cubos
de carne e milho em
conserva.

Feijão, arroz, cenouras
em rodinhas, purê de baroa,
filé de frango frito.
 
 

Penne, queijo ralado,
molho de tomates e
filé de frango,frito.
 

Pudim de leite condensado,
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Vamos em frente?

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