quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Banana. Uma simples banana


Uma simples banana pode muita coisa.Até é uma pseudobaga e o quarto alimento mais produzido no mundo. Mas muita gente olha pra ela de banda...

Com ela se produz muita coisa: desde os enfeites dos chapéus de Carmem Miranda até alimentos cheios de potássio: as bananas passas.

Mas, com bananas também se produz sabedoria como a do tempo certo da vida... A podre significa uma vida que passou e não foi aproveitada no momento certo; uma verde, a vida que ainda não aconteceu: é preciso esperar o tempo certo; a madura significa o momento presente, o momento que é preciso vivê-lo! Sem medos.


Assim estava eu mais um dia desses. Ora aqui na web atualizando informações e conhecimentos, lendo blogs, até que chegou a hora do almoço. Sozinho, sem muita inspiração comi uma saladinha assim meio de improviso: rúcula, cenoura ralada, parmesão também. O lançamento da YOKI baseado em soja "molhou" o caminho dela. Gostei bem. É o "Mais Vita".

Ai, acabou. Ficou uma sensação de "falta alguma coisa", sabe como é? A cabeça começou a imaginar o que poderia completar. Afinal a vontade de "doce" era grande. Mas não posso ir em frente assim. É preciso controlar o açúcar. É preciso controlar o corpo queando ele pede pois senão vou além da conta.

Ai, olhando o cantinho das frutas percebi bananas. Maduras. Amarelinhas. Orgânicas do meu fornecedor predileto. Doces pela própria natureza. Sabor intenso. Deliciosas.

Mas não as queria puras. Queria alguma coisa mais. Mas sem açúcar. Queria apenas elas. Realçar o sabor, modificar a textura talvez.

Então foi pegar uma delas. A mais retinha das que estavam no cesto de palha. Fiz um strip nela. Peladinha, envergonhada, mostrando todo o seu puro e inocente corpinho. Sua pele branquinha...

Uma faquinha cortou fatias transversais. Não imaginei cortar ela dos pés à cabeça. Ou vice-versa. Aqueci uma frigideira. Uma colherzinha de café de manteiga e outra de meu transmontano azeite. Calmamente as fatias foram depositadas sobre o calor daquelas gorduras. Fogo baixinho. Não queria aquecê-los muito.

O perfume subiu. Olhava vez por outra a superfície em contato com o calor. Não queria além de "avivar" o amarelo do interior. Quebrar as estruturas e modificar a textura. Só isso. Simples assim.

Virada, o outro lado mereceu o mesmo carinho. Retirei do fogo. Usando uma superfície de trabalho, fiz um rolinho com elas. Duas, delas. Agarradinhas. Unidas pela essência. Até parecia um certo quiabo...

Colocada de pé, ao centro do prato, achei por bem colocar um verdinho. Bem brasileirinha iria ficar. Fui na hortinha e clap, a tesourinha retirou as folhas ainda em gestação de um rabanete... E lá foram elas enfeitar a bananinha.

E, pra não ficar assim, simples demais e compor o terceiro elemento, uma chuvinha de cristais de baunilha. Presente da minha fada madrinha e sua assistente belga. Coisa nunca visto e imaginado. Mas agora, sentido.

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Banana. Uma simples banana


Uma simples banana pode muita coisa.Até é uma pseudobaga e o quarto alimento mais produzido no mundo. Mas muita gente olha pra ela de banda...

Com ela se produz muita coisa: desde os enfeites dos chapéus de Carmem Miranda até alimentos cheios de potássio: as bananas passas.

Mas, com bananas também se produz sabedoria como a do tempo certo da vida... A podre significa uma vida que passou e não foi aproveitada no momento certo; uma verde, a vida que ainda não aconteceu: é preciso esperar o tempo certo; a madura significa o momento presente, o momento que é preciso vivê-lo! Sem medos.


Assim estava eu mais um dia desses. Ora aqui na web atualizando informações e conhecimentos, lendo blogs, até que chegou a hora do almoço. Sozinho, sem muita inspiração comi uma saladinha assim meio de improviso: rúcula, cenoura ralada, parmesão também. O lançamento da YOKI baseado em soja "molhou" o caminho dela. Gostei bem. É o "Mais Vita".

Ai, acabou. Ficou uma sensação de "falta alguma coisa", sabe como é? A cabeça começou a imaginar o que poderia completar. Afinal a vontade de "doce" era grande. Mas não posso ir em frente assim. É preciso controlar o açúcar. É preciso controlar o corpo queando ele pede pois senão vou além da conta.

Ai, olhando o cantinho das frutas percebi bananas. Maduras. Amarelinhas. Orgânicas do meu fornecedor predileto. Doces pela própria natureza. Sabor intenso. Deliciosas.

Mas não as queria puras. Queria alguma coisa mais. Mas sem açúcar. Queria apenas elas. Realçar o sabor, modificar a textura talvez.

Então foi pegar uma delas. A mais retinha das que estavam no cesto de palha. Fiz um strip nela. Peladinha, envergonhada, mostrando todo o seu puro e inocente corpinho. Sua pele branquinha...

Uma faquinha cortou fatias transversais. Não imaginei cortar ela dos pés à cabeça. Ou vice-versa. Aqueci uma frigideira. Uma colherzinha de café de manteiga e outra de meu transmontano azeite. Calmamente as fatias foram depositadas sobre o calor daquelas gorduras. Fogo baixinho. Não queria aquecê-los muito.

O perfume subiu. Olhava vez por outra a superfície em contato com o calor. Não queria além de "avivar" o amarelo do interior. Quebrar as estruturas e modificar a textura. Só isso. Simples assim.

Virada, o outro lado mereceu o mesmo carinho. Retirei do fogo. Usando uma superfície de trabalho, fiz um rolinho com elas. Duas, delas. Agarradinhas. Unidas pela essência. Até parecia um certo quiabo...

Colocada de pé, ao centro do prato, achei por bem colocar um verdinho. Bem brasileirinha iria ficar. Fui na hortinha e clap, a tesourinha retirou as folhas ainda em gestação de um rabanete... E lá foram elas enfeitar a bananinha.

E, pra não ficar assim, simples demais e compor o terceiro elemento, uma chuvinha de cristais de baunilha. Presente da minha fada madrinha e sua assistente belga. Coisa nunca visto e imaginado. Mas agora, sentido.

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domingo, 24 de fevereiro de 2008

Mis en place


Horta minimalista
Semana passada comprei um tabuleiro novo. Um tabuleiro de plástico não para fazer bolinhos. Não esses de massa de farinha. Mas, muito mais próximos dos bolinhos que as meninas de antigamente faziam quando brincavam de comidinha com as amigas, colegas, irmãs e primas. Pena que isso acabou.

É um tabuleiro para fazer sementeiras. Apesar de não ser invejoso, gosto de observar as coisas que as pessoas fazem e, minha incansável cabecinha logo pensa em alguma coisa. Assim, lá fui eu em busca de um tabuleiro daqueles. Não achei igual. Mas era pra não ser mesmo...

Ai, lá vou eu, depois do tabuleiro, em busca dos complementos: sementes em saquinho, substrato (é eu preferi desta vez comprar pronto. Talvez um dia tenha um pouco mais de paciência para fazer meu próprio. Afinal, agora é apenas um começo. É preciso ir devagar...

Bem, cheguei em casa e já tinha em mente o lugar onde iria começar a brincar com meu novo brinquedinho. Ali, do ladinho onde os vasinhos com manjericão verde, manjericão "pintado" (verde e roxo), alecrim, hortelã e as pimenteiras já estavam morando. Quase um condomínio...

Nos saquinhos que encontrei nessa primeira investida, as sementes de rabanete, rúcula, beterraba, cenoura redonda (é achei que no prato ela ficaria lindinha), tomate cereja e estragão. Esse já no tabuleiro pois estão na época de plantio. Ainda tenho aqui: rabanete comprido, cenoura comprida e pimenta malagueta. Mais a lista de compras é muito grande...

Passada a primeira semana, os rabanetes já deram o "ar da graça". E com isto a alegria aumentou.

Agora já penso nas modificações necessárias para que as coisas fiquem mais organizadas. Afinal, dizem que virginiano é muito organizado. Vai lá saber.

Aqui, uma foto do bebê no berçário!

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Tomates secos
Outra coisa que nestes últimos dias consegui fazer.

Na realidade não segui receita alguma. Apenas intuição. E uma orientação fabulosa que li em algum lugar já esquecido. MAs fica aqui o crédito para quem postou isto. Uma rolha de cortiça! Sim, uma simples rolha de cortiça passou a ser imprescindível para quem não tem fornos eletrônicos com controle de baixas temperaturas.

Li, em alguns lugares que é possível utilizar outros métodos mas esse me deu um belo resultado.

Comprei aqueles tomates "italianos", compridos. Sem nome ne referência à sua variedade. Os mais uniformes que consegui. Escolhidos, lavados e higienizados, cortei-os ao meio no sentido do comprimento. Aqui segui dois caminhos: numa das metades, retirei as sementes, na outra, deixei elas. Queria ver o resultado. Forrei um tabuleiro com papel vegetal (mas pode usar papel manteiga - só não aconselho o papel alumínio).

Coloquei as metades com o lado do corte virado pra cima. Polvilhei com sal gourmet (é um sal grosso mais huniforme nos seus grãos). Forno aceso no menor calor (algo em torno de 180ºC (mas não posso jurar)) e a rolha ali na parte superior, segurando a porta para ela não fechar. Ah, a rolha era de um espumante MUMM que eu havia tomado outro dia. Mas, se você não tive igual, pode usar de outro vinho. Mesmo sem ser espumante...

O importante é que mantenha a porta entreaberta. A colher de pau pode provocar acidentes: você esbarra e pode até provocar a abertura da porta do forno... Assim, com a rolha, você mantém as características necessárias e a segurança no ambiente.

Bem, eles ficaram ali um bom tempo. Talvez umas duas horas. Um pouco mais. Deu para eu fazer outras coisas.... Vez por outra, uma abaixadinha básica para olhar eles. Ali, murchando. Pareciam meninas se bronzeando nas areias das nossas praias. Ai, resolvi birá-los de bruço. Todos de bundinha pra cima. Um novo banhinho de sal neles e novamente forninho.

Mais outro tanto e lá estavam eles no "jeito": nem muito secos nem muito úmidos. Ainda com polpa. Afinal, nessa primeira experiência não os queria muito secos. São para serem usados numa focaccia que virá.

Retirei-os do forno. Deixei-os "arrefecer" como dizem os amigos d'além-mar. Coloquei-os num pote descartável (novo, hein!)a cada camada, um belo azeite 0,5% de acidez de Trás-os-Montes (terrinha de meu avô materno), folhinhas de manjericão da minha hortinha. Tudo sendo repetido até encher o potinho com 200g deles.
Fechados ficaram voltando à temperatura normal e absorvendo os cheiros e texturas adequados.

Ficaram assim...

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Mexidas no blog
Nesse meio-tempo aproveitei para dar uma mexidinha no blog. Ajeitar algumas coisa tão pequenas que possam passar desapercebidas de vocês mas que não estavam do jeito que eu queria. Agora as facilidades de compras (parcerias) estão mais fáceis de serem entendidas. Fiqem à vontade para conhecê-las.

Prêmios
Ah, quero agradecer aqui, de público as manifestações da Nádia Lamas, do Vieiras & Trufas, da FerAyer, do Sabor e, da Adriana, do Sala e Cozinha.

Enfim, estas eram as novidades por hoje.

Mis en place


Horta minimalista
Semana passada comprei um tabuleiro novo. Um tabuleiro de plástico não para fazer bolinhos. Não esses de massa de farinha. Mas, muito mais próximos dos bolinhos que as meninas de antigamente faziam quando brincavam de comidinha com as amigas, colegas, irmãs e primas. Pena que isso acabou.

É um tabuleiro para fazer sementeiras. Apesar de não ser invejoso, gosto de observar as coisas que as pessoas fazem e, minha incansável cabecinha logo pensa em alguma coisa. Assim, lá fui eu em busca de um tabuleiro daqueles. Não achei igual. Mas era pra não ser mesmo...

Ai, lá vou eu, depois do tabuleiro, em busca dos complementos: sementes em saquinho, substrato (é eu preferi desta vez comprar pronto. Talvez um dia tenha um pouco mais de paciência para fazer meu próprio. Afinal, agora é apenas um começo. É preciso ir devagar...

Bem, cheguei em casa e já tinha em mente o lugar onde iria começar a brincar com meu novo brinquedinho. Ali, do ladinho onde os vasinhos com manjericão verde, manjericão "pintado" (verde e roxo), alecrim, hortelã e as pimenteiras já estavam morando. Quase um condomínio...

Nos saquinhos que encontrei nessa primeira investida, as sementes de rabanete, rúcula, beterraba, cenoura redonda (é achei que no prato ela ficaria lindinha), tomate cereja e estragão. Esse já no tabuleiro pois estão na época de plantio. Ainda tenho aqui: rabanete comprido, cenoura comprida e pimenta malagueta. Mais a lista de compras é muito grande...

Passada a primeira semana, os rabanetes já deram o "ar da graça". E com isto a alegria aumentou.

Agora já penso nas modificações necessárias para que as coisas fiquem mais organizadas. Afinal, dizem que virginiano é muito organizado. Vai lá saber.

Aqui, uma foto do bebê no berçário!

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Tomates secos
Outra coisa que nestes últimos dias consegui fazer.

Na realidade não segui receita alguma. Apenas intuição. E uma orientação fabulosa que li em algum lugar já esquecido. MAs fica aqui o crédito para quem postou isto. Uma rolha de cortiça! Sim, uma simples rolha de cortiça passou a ser imprescindível para quem não tem fornos eletrônicos com controle de baixas temperaturas.

Li, em alguns lugares que é possível utilizar outros métodos mas esse me deu um belo resultado.

Comprei aqueles tomates "italianos", compridos. Sem nome ne referência à sua variedade. Os mais uniformes que consegui. Escolhidos, lavados e higienizados, cortei-os ao meio no sentido do comprimento. Aqui segui dois caminhos: numa das metades, retirei as sementes, na outra, deixei elas. Queria ver o resultado. Forrei um tabuleiro com papel vegetal (mas pode usar papel manteiga - só não aconselho o papel alumínio).

Coloquei as metades com o lado do corte virado pra cima. Polvilhei com sal gourmet (é um sal grosso mais huniforme nos seus grãos). Forno aceso no menor calor (algo em torno de 180ºC (mas não posso jurar)) e a rolha ali na parte superior, segurando a porta para ela não fechar. Ah, a rolha era de um espumante MUMM que eu havia tomado outro dia. Mas, se você não tive igual, pode usar de outro vinho. Mesmo sem ser espumante...

O importante é que mantenha a porta entreaberta. A colher de pau pode provocar acidentes: você esbarra e pode até provocar a abertura da porta do forno... Assim, com a rolha, você mantém as características necessárias e a segurança no ambiente.

Bem, eles ficaram ali um bom tempo. Talvez umas duas horas. Um pouco mais. Deu para eu fazer outras coisas.... Vez por outra, uma abaixadinha básica para olhar eles. Ali, murchando. Pareciam meninas se bronzeando nas areias das nossas praias. Ai, resolvi birá-los de bruço. Todos de bundinha pra cima. Um novo banhinho de sal neles e novamente forninho.

Mais outro tanto e lá estavam eles no "jeito": nem muito secos nem muito úmidos. Ainda com polpa. Afinal, nessa primeira experiência não os queria muito secos. São para serem usados numa focaccia que virá.

Retirei-os do forno. Deixei-os "arrefecer" como dizem os amigos d'além-mar. Coloquei-os num pote descartável (novo, hein!)a cada camada, um belo azeite 0,5% de acidez de Trás-os-Montes (terrinha de meu avô materno), folhinhas de manjericão da minha hortinha. Tudo sendo repetido até encher o potinho com 200g deles.
Fechados ficaram voltando à temperatura normal e absorvendo os cheiros e texturas adequados.

Ficaram assim...

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Mexidas no blog
Nesse meio-tempo aproveitei para dar uma mexidinha no blog. Ajeitar algumas coisa tão pequenas que possam passar desapercebidas de vocês mas que não estavam do jeito que eu queria. Agora as facilidades de compras (parcerias) estão mais fáceis de serem entendidas. Fiqem à vontade para conhecê-las.

Prêmios
Ah, quero agradecer aqui, de público as manifestações da Nádia Lamas, do Vieiras & Trufas, da FerAyer, do Sabor e, da Adriana, do Sala e Cozinha.

Enfim, estas eram as novidades por hoje.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Tapioca com acerola


Eu já havia falado de acerolas...

Semana passada estive na casa da dona Diva. É uma senhora que vai chegar logo logo aos oitenta. E me conhece desde antes de eu nascer.

Lá na casinha onde ela vive tem um pé de acerola que é um amor: fica cheinho de bolinhas vermelhinhas que acabam por me fazer voltar no tempo.

No tempo em que eu só comia frutas colhidas no pé. Maduras. No tempo exato que a mãe natureza sabe que elas estão prontas. Nem um pouquinho mais nem um pouquinho menos.

Lembro das mangas carlotinhas com gosto de mangas, abiu, tamarindo, uvas, manga espada, goiaba, abacate, carambola, limão galego, figo... Ah, saudades.

A modernidade e as lonjuras têm feito os homens tirarem elas dos pés antes do seu tempo. O sabor muda. As texturas, nem se falam. Os cheiros, as cores. O frescor.

Sem saudosismo, até porque não adianta, eram mais gostosas. Criadas apenas ao sabor do tempo, com terra e água. E muitas vezes, apenas da chuva. Nem água de mangueira! (Ah, desculpa. Acho até que você não sabe o que vem a ser água de mangueira... Mas é aquele caninho que faz com que a gente leve a água da torneira lá para longe...).

Mas trouxe uma boa quantidade de acerolas. Todas no tempo. E apenas elas.

Um banho de água gelada nelas. Deixei ali até a água voltar à temperatura normal.

Escorri aquela água com jeitinho para não perder uma só delas. Apertei-as umas contra as outras. Calmamente, sem querer com isso usar apenas da força. Era preciso tirar um pouco do sumo.

Coloquei tudo numa caçarola (panela, não é?) e um pouco mais de água. Um terço mais ou menos. Acendi o fogo e deixei "levantar fervura". Assim que as bolinhas começaram a saltar indicando que a água havia chegado ao seu limite líquido, desliguei.

Elas ficaram ali uns quinze minutinhos pegando o calor. Esse processo eu aprendi nas minhas idas à roça. O povo de lá faz assim com frutas de caroço. Dizem que é para amolecer as "carninhas da fruta" que ficam agarradas nos caroços. Então eu fiz.

Depois disso, mais aperto nelas. Passei por um espremedor de batatas. Afinal, o objetivo era separar a polpa líquida dos "resíduos sólidos"...

Ao final, passei por uma peneira de plástico de malha fina. Questão de costume. Bem coadas, medi a quantidade de líquido. Dei uma rápida lavada na panela e coloquei o suco das frutinhas. Acrescentei um terço de açúcar cristal. De novo, como aprendi lá na beira do fogão de lenha.

Duas baguinhas de cardamomo pra misturar o exótico. Brincadeira com cheiros. Só isso. E muita, mas muita paciência e fogo bem baixinho. Depois disso, é só mexer, retirar as "espuminhas" que vão aparecendo para que o creme fique "liso".

Isso pode levar uma "eternidade". É preciso estar livre de todas as outras tarefas. Aproveite para fazer suas orações, pensar em coisas boas, recordar bons momentos. Cantar? Talvez. Se você gosta, vá em frente. Afinal, fazer comida é momento de transferir boas energias, amor, paz. A comida fica mais gostosa. Paz. Nada agitado. Ao seu tempo. Respeitando a natureza dos alimentos.

Ao chegar ao ponto desejado (e ai, cada um tem o seu: uns mais "apertados" (mais durinha) outros mais "frouxos" (mais cremosos, líquidos), passei para um potinho de louça para esfriar. Não existe "medida" para isto. É sentimento. É mão. É aprendizado. E cada vez que você fizer, vão sair diferentes. E pronto!

Mas ai surgiu a história da tapioca. Fiquei guardada na memória a frase "ela é maravilhosa; e versátil. Dá para fazer um monte de coisas...". E, novamente a roça presente. Resolvi fazer um creminho de tapioca pra comer com a geléia.

E, como diria uma grande paixão da minha vida "cuida como se fosse um bebê..." lá fui eu hidratar a tapioca. Não queria fazer como tantos outros. Fui colocando água aos poucos, colherinha por colherinha e mexendo para manter os grãos o mais separado possível. Foi assim até achar que estava pronto. Coloquei cinco medidas de leite. E a mesma medida de açúcar cristal. Ficou "de molho" por meia hora.

E, fogo". Mexendo sempre até que passando o dedo na bundinha da colher de pau ele não voltava.

Coloquei no ramequim que ganhei e, por cima a geleinha que havia feito.

Simples assim. Sem nada em volta. Só elas: a tapioca, a geléia e o ramequim.

Uma explosão de alegria!

Creme de tapioca com geléia de acerola
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Tapioca com acerola


Eu já havia falado de acerolas...

Semana passada estive na casa da dona Diva. É uma senhora que vai chegar logo logo aos oitenta. E me conhece desde antes de eu nascer.

Lá na casinha onde ela vive tem um pé de acerola que é um amor: fica cheinho de bolinhas vermelhinhas que acabam por me fazer voltar no tempo.

No tempo em que eu só comia frutas colhidas no pé. Maduras. No tempo exato que a mãe natureza sabe que elas estão prontas. Nem um pouquinho mais nem um pouquinho menos.

Lembro das mangas carlotinhas com gosto de mangas, abiu, tamarindo, uvas, manga espada, goiaba, abacate, carambola, limão galego, figo... Ah, saudades.

A modernidade e as lonjuras têm feito os homens tirarem elas dos pés antes do seu tempo. O sabor muda. As texturas, nem se falam. Os cheiros, as cores. O frescor.

Sem saudosismo, até porque não adianta, eram mais gostosas. Criadas apenas ao sabor do tempo, com terra e água. E muitas vezes, apenas da chuva. Nem água de mangueira! (Ah, desculpa. Acho até que você não sabe o que vem a ser água de mangueira... Mas é aquele caninho que faz com que a gente leve a água da torneira lá para longe...).

Mas trouxe uma boa quantidade de acerolas. Todas no tempo. E apenas elas.

Um banho de água gelada nelas. Deixei ali até a água voltar à temperatura normal.

Escorri aquela água com jeitinho para não perder uma só delas. Apertei-as umas contra as outras. Calmamente, sem querer com isso usar apenas da força. Era preciso tirar um pouco do sumo.

Coloquei tudo numa caçarola (panela, não é?) e um pouco mais de água. Um terço mais ou menos. Acendi o fogo e deixei "levantar fervura". Assim que as bolinhas começaram a saltar indicando que a água havia chegado ao seu limite líquido, desliguei.

Elas ficaram ali uns quinze minutinhos pegando o calor. Esse processo eu aprendi nas minhas idas à roça. O povo de lá faz assim com frutas de caroço. Dizem que é para amolecer as "carninhas da fruta" que ficam agarradas nos caroços. Então eu fiz.

Depois disso, mais aperto nelas. Passei por um espremedor de batatas. Afinal, o objetivo era separar a polpa líquida dos "resíduos sólidos"...

Ao final, passei por uma peneira de plástico de malha fina. Questão de costume. Bem coadas, medi a quantidade de líquido. Dei uma rápida lavada na panela e coloquei o suco das frutinhas. Acrescentei um terço de açúcar cristal. De novo, como aprendi lá na beira do fogão de lenha.

Duas baguinhas de cardamomo pra misturar o exótico. Brincadeira com cheiros. Só isso. E muita, mas muita paciência e fogo bem baixinho. Depois disso, é só mexer, retirar as "espuminhas" que vão aparecendo para que o creme fique "liso".

Isso pode levar uma "eternidade". É preciso estar livre de todas as outras tarefas. Aproveite para fazer suas orações, pensar em coisas boas, recordar bons momentos. Cantar? Talvez. Se você gosta, vá em frente. Afinal, fazer comida é momento de transferir boas energias, amor, paz. A comida fica mais gostosa. Paz. Nada agitado. Ao seu tempo. Respeitando a natureza dos alimentos.

Ao chegar ao ponto desejado (e ai, cada um tem o seu: uns mais "apertados" (mais durinha) outros mais "frouxos" (mais cremosos, líquidos), passei para um potinho de louça para esfriar. Não existe "medida" para isto. É sentimento. É mão. É aprendizado. E cada vez que você fizer, vão sair diferentes. E pronto!

Mas ai surgiu a história da tapioca. Fiquei guardada na memória a frase "ela é maravilhosa; e versátil. Dá para fazer um monte de coisas...". E, novamente a roça presente. Resolvi fazer um creminho de tapioca pra comer com a geléia.

E, como diria uma grande paixão da minha vida "cuida como se fosse um bebê..." lá fui eu hidratar a tapioca. Não queria fazer como tantos outros. Fui colocando água aos poucos, colherinha por colherinha e mexendo para manter os grãos o mais separado possível. Foi assim até achar que estava pronto. Coloquei cinco medidas de leite. E a mesma medida de açúcar cristal. Ficou "de molho" por meia hora.

E, fogo". Mexendo sempre até que passando o dedo na bundinha da colher de pau ele não voltava.

Coloquei no ramequim que ganhei e, por cima a geleinha que havia feito.

Simples assim. Sem nada em volta. Só elas: a tapioca, a geléia e o ramequim.

Uma explosão de alegria!

Creme de tapioca com geléia de acerola
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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Facas: algumas coisas pra você saber


Não pretendo esgotar este assunto. Apenas despertar um pouco de curiosidade para que você possa se informar um pouco mais.

Este assunto não é complicado. Apenas merece um pouco de carinho da parte de todos aqueles que usam facas. São tópicos que todos deveriam conhecer para evitar problemas. Afinal de contas, cozinheiros dependem de facas. E manusear facas com segurança é uma obrigação...

Facas: conhecendo a matéria-prima
Conheça os diferentes tipos de matéria-prima das facas e escolha a mais conveniente para as suas necessidades:

  • Facas de aço carbono: são leves, flexíveis mas precisam ser afiadas constantemente e se oxidam e mancham com facilidade, principalmente após entrar em contato com água e alimentos ácidos. Por isso, as facas de aço carbono exigem cuidados com a limpeza e com a secagem.
  • Facas de aço inoxidável: a grande vantagem desta liga é que elas não oxidam nem mancham e são totalmente à prova de ferrugem. Para completar são fáceis de serem lavadas. Em compensação, as facas de aço inoxidável são de afiação mais difícil.
  • Facas de aço de alto carbono: está liga criada em 1920 e é a preferida. Ter uma faca de aço de alto carbono é a ambição de qualquer pessoa que entende entende do ramo. As facas feitas com esta liga são forjadas em peça única, exigem cuidado na secagem e no armazenamento. Estas facas devem ser guardadas totalmente secas, caso contrário aparecerem pequenas manchas de ferrugem. Outra vantagem das facas de aço de alto carbono é a facilidade com que se afiam.
  • Outros materiais: as facas também podem ser feitas de ferro, carbono, cromo e outros metais, como molibdênio ou, ainda, de aço inoxidável de alta liga e as cerâmicas também podem ser utilizadas na fabricação de lâminas.

    As denominações das partes de uma faca
    As partes das facas recebem várias denominações. As mais aceitas são aquelas com termos em inglês. São eles:

  • Spine (espinha): também conhecido como espinhaço. Trata-se da parte superior da lâmina.
  • Cutting edge (fio): é a parte inferior também conhecido como borda cortante.
  • Tip (ponta): é o extremo da lâmina, oposto ao cabo. Também conhecido como ponteira.
  • Heel (apoio): é o extremo próximo ao cabo, trata-se de um apoio para proteger quem manipula a faca. Nem todas as facas têm apoio. Enquanto algumas pessoas não abrem mão dele outro preferem faca sem apoio pela facilidade em afiá-la.
  • Bolster (gavião): é a parte que fica situada entre a lâmina e o cabo. Trata-se de um elemento de reforço e ligação. Costuma-se dizer que facas que o possuem são facas de bom pedigree.
  • Handle: nada mais é o cabo ou empunhadura. Pode ser encontrado cabos de vários materiais, como madeira, resina, vinil, ABS ou poliacetal.

    Os cuidados ao trabalhar com uma faca
  • A princípio pode até parecer difícil o uso de uma faca, mas quanto mais se usa este utensílio mais se ganha na coordenação, no ritmo e no movimento das mãos.
  • A autoconfiança de se usar uma faca só aprece com o tempo, mas sem ela o manejo da faca fica difícil. Antes de mais nada é preciso entender a função da faca, os vários modelos e sentir tranqüilidade em manejá-la.
  • Uma pessoa estará treinada em usar uma faca na cozinha quando compreender que ela é a continuação da mão.
  • Um fato que não se deve esquecer: os perigos que a faca oferece, por isso respeite-a sem sentir medo dela. Uma pessoa que trabalha com uma faca sentindo medo significa que está lutando contra ela e nesse caso, ela pode se tornar perigosa.
  • Para trabalhar com uma faca é preciso sentir-se confortável e ter tranqüilidade, mas jamais tenha falta de atenção.
  • Não converse com facas na mão. Se necessário, deposite-a sobre a superfície de trabalho. O gestual comum nas conversas pode acarretar acidentes.
  • Nunca segure uma faca pela sua lâmina.
  • Ao movimentar-se portando uma faca carregue-a ao longo do corpo e com o lado do fio (corte) voltado para trás.

    Como escolher uma boa faca
  • Matéria-prima: escolha facas de bons fabricantes, preferencialmente de aço forjado e temperado, sem soldas ou emendas e com cabos de materiais de alta resistência.
  • Flexibilidade da lâmina: por isso, não hesite em testá-la, segurando o cabo com firmeza e apoiando a ponta da lâmina em uma superfície rígida.
  • Presença de apoio: as boas facas têm um apoio próximo entre o final da lâmina e o começo do cabo para proteger quem manipula a faca.
  • Boa empunhadura: é importante sentir confortável em manusear uma faca. Ao escolher uma faca é importante observar se você se sente confortável ao manuseá-la. Hoje, existem muitos fabricantes e uma variedade de empunhaduras para seu conforto.

    Como cuidar das facas
  • Lave e seque as facas imediatamente após o uso. Use um pano macio (preferência pelos descartáveis).
  • Sempre que for cortar um alimento diferente, a faca deve ser lavada. Isso evita que bactérias de um frango cru, por exemplo, possam ser passadas para algum vegetal.
  • Não use as facas para abrir latas, cortar papel e parafusar. Para estas funções há utensílios específicos. Facas só devem ser usadas para cortarem alimentos.
  • Facas bem afiadas diminuem o risco de acidentes e evita o desgaste. Quando bem amoladas a precisão do corte é maior evitando a necessidade de fazer força.
  • Para segurança: só use facas com as pontas dos dedos para trás.
  • Ao entregar uma faca para outro, deposite-a sobre a superfície de trabalho com o lado do corte voltado para a posição oposta à do corpo de quem vai utilizar.
  • Nos intervalos de uso, após lavar a faca, coloque-a na superfície de trabalho, perpendicular ao seu corpo e com o lado do corte virado para o lado oposto do seu corpo.
  • Para armazenar facas, use uma barra imantada na parede da cozinha, no local de maior uso e facilidade para retirá-las e colocá-las de volta. Caso não seja possível use uma gaveta ou outro local, exclusivo para elas.
  • Não lave as suas lâminas com esponjas ou materiais abrasivos. Se necessário deixe-as de molho em água+detergente por alguns minutos. Enxugue e seque.

    Para cada função uma faca diferente
  • Para fatiar o melhor movimento é o de vai-e-vem na horizontal sem grande esforço vertical. Este tipo de movimento não exige lâmina pesada. O melhor é uma faca de lâmina estreita e leve.
  • Para cortar e picar na direção vertical é melhor uma faca de lâmina mais larga e mais pesada. O próprio peso da lâmina facilita a trabalho.
  • Os alimentos com casca resistente ao corte e de polpa macia, como os pães e os tomates exigem facas dentadas.
  • O presunto tipo parma adere a lâmina da faca. Isso aumentando o esforço necessário e por isso se faz necessário uma faca com lamina alveolada (com rebaixos na superfície lateral).
  • Para limpar e desossar um alimento a faca ideal deve ser pequena e com lâmina rígida.
  • Para descascar ou decorar frutas e legumes o melhor é usar facas pequena

    Faca para frutas cítricas
    A faca para frutas cítricas tem uma lâmina longa e estreita. Na borda encontra-se um conjunto de dentes afiado, que preserva mais o suco da fruta. Ela é ideal e extraordinária para dividir limões resistentes ou a casca do limão, com a vantagem de cortar toda a pele sem deixar cair uma gota do suco.


    A lâmina estreita tem um objetivo: a pequena lâmina é necessária para cortar as frutas. E mais: as 5½ polegadas de comprimento da lâmina é suficientemente longa para atravessar uma laranja ou um grapefruit. E perfeita faca que também pode cortar pão e salsicha.


    Modelo 5111-3 ½", da Mundial.
    [clique sobre a imagem para ampliar]

    Faca do chef
    A faca do chef é a mais comum e é a primeira que se deve aprender a manejar. Trata-se da faca mais usada na cozinha e certamente, o mais versátil instrumento de um kit de facas, pois o que não falta são os seus usos na cozinha.


    Modelos 5110-6", 5110-8", 5110-10", da Mundial.
    [clique sobre a imagem para ampliar]

    O que a faca do chef permite fazer
    A lâmina da faca do chef permite descascar, aparar, fatiar e picar quase todos os alimentos. O corpo da lâmina varia de 8 a 12 polegadas e tem entre 1,5 a 2 polegadas de espessura na parte próxima ao apoio (ou gavião).

    Uma faca do chef deve ter equilíbrio entre o peso da lâmina e o peso da estrutura do cabo. O cabo e a lâmina devem encontrar-se de forma que, ao se trabalhar com a faca sobre uma prancha para corte, os dedos não sejam pressionados entre o cabo e a superfície.

    Como usar a lâmina da faca do chef
  • Ponta da lâmina: usada para trabalho fino, como descascar ou aparar.
  • Centro da lâmina: usada para fatiar, picar e fazer cortes tradicionais da cozinha, como julienne, batonnet, allumettes, cubos e brunoise.
  • Área próxima ao apoio: serve para cortes que exigem força, como cortar as juntas, os tendões e pequenos ossos.
  • Parte posterior da lâmina: em posição horizontal, esta parte da lâmina serve para esmagar dentes de alho, recolher o alimento picado da superfície de corte ou juntar o alimento quando que estiver sendo picado.

    Faca para desossar
    Utilizada para retirar osso da maioria das carnes de animais. Sua lâmina estreita proposrciona um melhor descarne dos ossos.


    Modelo 5114-6", da Mundial.
    [clique sobre a imagem para ampliar]

    Chaira
    Essencial para manter o fio de corte de sua faca.


    Modelo 5140-10", da Mundial.
    [clique sobre a imagem para ampliar]

    Cuidados com a chaira
  • A chaira nunca deve ser menor que a lâmina da faca. É aconselhado o uso de uma chaira com 2” a mais do que a faca, ou no mínimo do mesmo tamanho.
  • Nunca lixar a chaira.
  • Não usar produtos abrasivos durante a higienização.
  • Lavar a chaira com água e sabão neutro.
  • Secar a chaira após a lavagem.
  • Guardar a chaira em ambiente seco.

    Cuidados na afiação de facas
    Para este tópico estou disponibilizando o link para o manual da Mundial sobre o assunto. Click aqui (arquivo em PDF).



  • Facas: algumas coisas pra você saber


    Não pretendo esgotar este assunto. Apenas despertar um pouco de curiosidade para que você possa se informar um pouco mais.

    Este assunto não é complicado. Apenas merece um pouco de carinho da parte de todos aqueles que usam facas. São tópicos que todos deveriam conhecer para evitar problemas. Afinal de contas, cozinheiros dependem de facas. E manusear facas com segurança é uma obrigação...

    Facas: conhecendo a matéria-prima
    Conheça os diferentes tipos de matéria-prima das facas e escolha a mais conveniente para as suas necessidades:

  • Facas de aço carbono: são leves, flexíveis mas precisam ser afiadas constantemente e se oxidam e mancham com facilidade, principalmente após entrar em contato com água e alimentos ácidos. Por isso, as facas de aço carbono exigem cuidados com a limpeza e com a secagem.
  • Facas de aço inoxidável: a grande vantagem desta liga é que elas não oxidam nem mancham e são totalmente à prova de ferrugem. Para completar são fáceis de serem lavadas. Em compensação, as facas de aço inoxidável são de afiação mais difícil.
  • Facas de aço de alto carbono: está liga criada em 1920 e é a preferida. Ter uma faca de aço de alto carbono é a ambição de qualquer pessoa que entende entende do ramo. As facas feitas com esta liga são forjadas em peça única, exigem cuidado na secagem e no armazenamento. Estas facas devem ser guardadas totalmente secas, caso contrário aparecerem pequenas manchas de ferrugem. Outra vantagem das facas de aço de alto carbono é a facilidade com que se afiam.
  • Outros materiais: as facas também podem ser feitas de ferro, carbono, cromo e outros metais, como molibdênio ou, ainda, de aço inoxidável de alta liga e as cerâmicas também podem ser utilizadas na fabricação de lâminas.

    As denominações das partes de uma faca
    As partes das facas recebem várias denominações. As mais aceitas são aquelas com termos em inglês. São eles:

  • Spine (espinha): também conhecido como espinhaço. Trata-se da parte superior da lâmina.
  • Cutting edge (fio): é a parte inferior também conhecido como borda cortante.
  • Tip (ponta): é o extremo da lâmina, oposto ao cabo. Também conhecido como ponteira.
  • Heel (apoio): é o extremo próximo ao cabo, trata-se de um apoio para proteger quem manipula a faca. Nem todas as facas têm apoio. Enquanto algumas pessoas não abrem mão dele outro preferem faca sem apoio pela facilidade em afiá-la.
  • Bolster (gavião): é a parte que fica situada entre a lâmina e o cabo. Trata-se de um elemento de reforço e ligação. Costuma-se dizer que facas que o possuem são facas de bom pedigree.
  • Handle: nada mais é o cabo ou empunhadura. Pode ser encontrado cabos de vários materiais, como madeira, resina, vinil, ABS ou poliacetal.

    Os cuidados ao trabalhar com uma faca
  • A princípio pode até parecer difícil o uso de uma faca, mas quanto mais se usa este utensílio mais se ganha na coordenação, no ritmo e no movimento das mãos.
  • A autoconfiança de se usar uma faca só aprece com o tempo, mas sem ela o manejo da faca fica difícil. Antes de mais nada é preciso entender a função da faca, os vários modelos e sentir tranqüilidade em manejá-la.
  • Uma pessoa estará treinada em usar uma faca na cozinha quando compreender que ela é a continuação da mão.
  • Um fato que não se deve esquecer: os perigos que a faca oferece, por isso respeite-a sem sentir medo dela. Uma pessoa que trabalha com uma faca sentindo medo significa que está lutando contra ela e nesse caso, ela pode se tornar perigosa.
  • Para trabalhar com uma faca é preciso sentir-se confortável e ter tranqüilidade, mas jamais tenha falta de atenção.
  • Não converse com facas na mão. Se necessário, deposite-a sobre a superfície de trabalho. O gestual comum nas conversas pode acarretar acidentes.
  • Nunca segure uma faca pela sua lâmina.
  • Ao movimentar-se portando uma faca carregue-a ao longo do corpo e com o lado do fio (corte) voltado para trás.

    Como escolher uma boa faca
  • Matéria-prima: escolha facas de bons fabricantes, preferencialmente de aço forjado e temperado, sem soldas ou emendas e com cabos de materiais de alta resistência.
  • Flexibilidade da lâmina: por isso, não hesite em testá-la, segurando o cabo com firmeza e apoiando a ponta da lâmina em uma superfície rígida.
  • Presença de apoio: as boas facas têm um apoio próximo entre o final da lâmina e o começo do cabo para proteger quem manipula a faca.
  • Boa empunhadura: é importante sentir confortável em manusear uma faca. Ao escolher uma faca é importante observar se você se sente confortável ao manuseá-la. Hoje, existem muitos fabricantes e uma variedade de empunhaduras para seu conforto.

    Como cuidar das facas
  • Lave e seque as facas imediatamente após o uso. Use um pano macio (preferência pelos descartáveis).
  • Sempre que for cortar um alimento diferente, a faca deve ser lavada. Isso evita que bactérias de um frango cru, por exemplo, possam ser passadas para algum vegetal.
  • Não use as facas para abrir latas, cortar papel e parafusar. Para estas funções há utensílios específicos. Facas só devem ser usadas para cortarem alimentos.
  • Facas bem afiadas diminuem o risco de acidentes e evita o desgaste. Quando bem amoladas a precisão do corte é maior evitando a necessidade de fazer força.
  • Para segurança: só use facas com as pontas dos dedos para trás.
  • Ao entregar uma faca para outro, deposite-a sobre a superfície de trabalho com o lado do corte voltado para a posição oposta à do corpo de quem vai utilizar.
  • Nos intervalos de uso, após lavar a faca, coloque-a na superfície de trabalho, perpendicular ao seu corpo e com o lado do corte virado para o lado oposto do seu corpo.
  • Para armazenar facas, use uma barra imantada na parede da cozinha, no local de maior uso e facilidade para retirá-las e colocá-las de volta. Caso não seja possível use uma gaveta ou outro local, exclusivo para elas.
  • Não lave as suas lâminas com esponjas ou materiais abrasivos. Se necessário deixe-as de molho em água+detergente por alguns minutos. Enxugue e seque.

    Para cada função uma faca diferente
  • Para fatiar o melhor movimento é o de vai-e-vem na horizontal sem grande esforço vertical. Este tipo de movimento não exige lâmina pesada. O melhor é uma faca de lâmina estreita e leve.
  • Para cortar e picar na direção vertical é melhor uma faca de lâmina mais larga e mais pesada. O próprio peso da lâmina facilita a trabalho.
  • Os alimentos com casca resistente ao corte e de polpa macia, como os pães e os tomates exigem facas dentadas.
  • O presunto tipo parma adere a lâmina da faca. Isso aumentando o esforço necessário e por isso se faz necessário uma faca com lamina alveolada (com rebaixos na superfície lateral).
  • Para limpar e desossar um alimento a faca ideal deve ser pequena e com lâmina rígida.
  • Para descascar ou decorar frutas e legumes o melhor é usar facas pequena

    Faca para frutas cítricas
    A faca para frutas cítricas tem uma lâmina longa e estreita. Na borda encontra-se um conjunto de dentes afiado, que preserva mais o suco da fruta. Ela é ideal e extraordinária para dividir limões resistentes ou a casca do limão, com a vantagem de cortar toda a pele sem deixar cair uma gota do suco.


    A lâmina estreita tem um objetivo: a pequena lâmina é necessária para cortar as frutas. E mais: as 5½ polegadas de comprimento da lâmina é suficientemente longa para atravessar uma laranja ou um grapefruit. E perfeita faca que também pode cortar pão e salsicha.


    Modelo 5111-3 ½", da Mundial.
    [clique sobre a imagem para ampliar]

    Faca do chef
    A faca do chef é a mais comum e é a primeira que se deve aprender a manejar. Trata-se da faca mais usada na cozinha e certamente, o mais versátil instrumento de um kit de facas, pois o que não falta são os seus usos na cozinha.


    Modelos 5110-6", 5110-8", 5110-10", da Mundial.
    [clique sobre a imagem para ampliar]

    O que a faca do chef permite fazer
    A lâmina da faca do chef permite descascar, aparar, fatiar e picar quase todos os alimentos. O corpo da lâmina varia de 8 a 12 polegadas e tem entre 1,5 a 2 polegadas de espessura na parte próxima ao apoio (ou gavião).

    Uma faca do chef deve ter equilíbrio entre o peso da lâmina e o peso da estrutura do cabo. O cabo e a lâmina devem encontrar-se de forma que, ao se trabalhar com a faca sobre uma prancha para corte, os dedos não sejam pressionados entre o cabo e a superfície.

    Como usar a lâmina da faca do chef
  • Ponta da lâmina: usada para trabalho fino, como descascar ou aparar.
  • Centro da lâmina: usada para fatiar, picar e fazer cortes tradicionais da cozinha, como julienne, batonnet, allumettes, cubos e brunoise.
  • Área próxima ao apoio: serve para cortes que exigem força, como cortar as juntas, os tendões e pequenos ossos.
  • Parte posterior da lâmina: em posição horizontal, esta parte da lâmina serve para esmagar dentes de alho, recolher o alimento picado da superfície de corte ou juntar o alimento quando que estiver sendo picado.

    Faca para desossar
    Utilizada para retirar osso da maioria das carnes de animais. Sua lâmina estreita proposrciona um melhor descarne dos ossos.


    Modelo 5114-6", da Mundial.
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    Chaira
    Essencial para manter o fio de corte de sua faca.


    Modelo 5140-10", da Mundial.
    [clique sobre a imagem para ampliar]

    Cuidados com a chaira
  • A chaira nunca deve ser menor que a lâmina da faca. É aconselhado o uso de uma chaira com 2” a mais do que a faca, ou no mínimo do mesmo tamanho.
  • Nunca lixar a chaira.
  • Não usar produtos abrasivos durante a higienização.
  • Lavar a chaira com água e sabão neutro.
  • Secar a chaira após a lavagem.
  • Guardar a chaira em ambiente seco.

    Cuidados na afiação de facas
    Para este tópico estou disponibilizando o link para o manual da Mundial sobre o assunto. Click aqui (arquivo em PDF).



  • terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

    Mas essa, ainda não é a minha tortinha [2]


    E as sutilezas permaneceram...

    A gente procura daqui e dali encontrar a razão de um ou outro comportamento e fica difícil. Tentar chegar a um resultado quase profissional com equipamentos domésticos é uma tarefa que requer paciência, tempo e perseverança.

    Não basta apenas chegar e executar a "receita". Pelo menos comigo não tem sido assim.

    Assim foi com os pães. O curso formal no SENAI me mostrou caminhos e processos utilizados em padarias. Fornos grandes a gás, a energia elétrica, fornos mais modernos, de convecção.

    E o desafio do instrutor: vai ser quase impossível chegar lá. Esta foi a resposta dele à minha pergunta se conseguiria fazer num forno caseiro.

    Muito pão ruim depois consegui fazer um que ele pudesse olhar e dizer: este foi feito por um aluno meu! Pelo menos valeu!

    E valeu pela satisfação de todos que deles provaram.

    Assim está com a massa de torta. Já achei uma adequada para usar com forminhas. Aqui, contei com a ajuda de uma professora maravilhosa. Dedicada. Como poucas. Eu até posso dizer que sou feliz!

    Agora a cisma volta para uma massa que seja maleável o suficiente para você montar uma tortinha na mão! Ela precisa ser flexível e ao final ser moreninha. E ter a consistência de um biscoito.

    Precisa fazer crock na boca. Precisa quase esfarelar ao ser quebrada pelos dentes. Mas um quebrado sutil... Precisa não esfarelar. Os pedaços são importantes para permitir às papilas gustativas que sintam as nuances.

    Não deve ser uma massa que se coma e apenas tenha-se a noção do "conjunto da obra"! Casa parte precisa ser notada, sentida, curtida em sua plenitude.

    Isto é o que procuro. E vou encontrar: sozinho ou com a ajuda de algum espírito de luz...

    Assim, agora nesta nova tentativa, já mexi em alguns itens da formulação.

    Vamos por partes, como diria Jack...

    Primeira mudança: troquei as maçãs por pêras. Era preciso sentir como elas se comportariam junto à massa. Pêras, conhecidamente "soltam" mais líquido. E isto altera a consistência da massa. O processo foi o mesmo: frigideira com manteiga para dar uma "amolecida". Depois secar em peneira.

    A segunda: a manteiga foi reduzida para 120g. Acrescentei uma gema peneirada por gravidade.

    A farinha (inicialmente 250g), em princípio foi mantida. Faltou um tantinho. Afinal a gema é mais líquida que a manteiga.

    A terceira mudança já foi mais por ousadia: substitui a caldinha grossa por um doce de leite carlinhos. Assim, depois de assada ela foi montada sobre o doce de leite.


    Os progressos foram notados pelas "beta-testers" que tenho aqui em casa. Conseguiram perceber alterações no resultado final. Acharam esta mais próxima do que me propuz.

    Mas crocante, "quebra" ao invés de esfarelar. Já ficou mais moreninha. E o doce de leite.... hummmmmmmm deixa pra lá!

    Mas essa, ainda não é a minha tortinha!



    Mas essa, ainda não é a minha tortinha [2]


    E as sutilezas permaneceram...

    A gente procura daqui e dali encontrar a razão de um ou outro comportamento e fica difícil. Tentar chegar a um resultado quase profissional com equipamentos domésticos é uma tarefa que requer paciência, tempo e perseverança.

    Não basta apenas chegar e executar a "receita". Pelo menos comigo não tem sido assim.

    Assim foi com os pães. O curso formal no SENAI me mostrou caminhos e processos utilizados em padarias. Fornos grandes a gás, a energia elétrica, fornos mais modernos, de convecção.

    E o desafio do instrutor: vai ser quase impossível chegar lá. Esta foi a resposta dele à minha pergunta se conseguiria fazer num forno caseiro.

    Muito pão ruim depois consegui fazer um que ele pudesse olhar e dizer: este foi feito por um aluno meu! Pelo menos valeu!

    E valeu pela satisfação de todos que deles provaram.

    Assim está com a massa de torta. Já achei uma adequada para usar com forminhas. Aqui, contei com a ajuda de uma professora maravilhosa. Dedicada. Como poucas. Eu até posso dizer que sou feliz!

    Agora a cisma volta para uma massa que seja maleável o suficiente para você montar uma tortinha na mão! Ela precisa ser flexível e ao final ser moreninha. E ter a consistência de um biscoito.

    Precisa fazer crock na boca. Precisa quase esfarelar ao ser quebrada pelos dentes. Mas um quebrado sutil... Precisa não esfarelar. Os pedaços são importantes para permitir às papilas gustativas que sintam as nuances.

    Não deve ser uma massa que se coma e apenas tenha-se a noção do "conjunto da obra"! Casa parte precisa ser notada, sentida, curtida em sua plenitude.

    Isto é o que procuro. E vou encontrar: sozinho ou com a ajuda de algum espírito de luz...

    Assim, agora nesta nova tentativa, já mexi em alguns itens da formulação.

    Vamos por partes, como diria Jack...

    Primeira mudança: troquei as maçãs por pêras. Era preciso sentir como elas se comportariam junto à massa. Pêras, conhecidamente "soltam" mais líquido. E isto altera a consistência da massa. O processo foi o mesmo: frigideira com manteiga para dar uma "amolecida". Depois secar em peneira.

    A segunda: a manteiga foi reduzida para 120g. Acrescentei uma gema peneirada por gravidade.

    A farinha (inicialmente 250g), em princípio foi mantida. Faltou um tantinho. Afinal a gema é mais líquida que a manteiga.

    A terceira mudança já foi mais por ousadia: substitui a caldinha grossa por um doce de leite carlinhos. Assim, depois de assada ela foi montada sobre o doce de leite.


    Os progressos foram notados pelas "beta-testers" que tenho aqui em casa. Conseguiram perceber alterações no resultado final. Acharam esta mais próxima do que me propuz.

    Mas crocante, "quebra" ao invés de esfarelar. Já ficou mais moreninha. E o doce de leite.... hummmmmmmm deixa pra lá!

    Mas essa, ainda não é a minha tortinha!



    domingo, 10 de fevereiro de 2008

    Mas essa, ainda não é a minha tortinha...


    Uma massa tem lá suas sutilezas. A mistura de seus ingredientes é como a moldagem de uma coisa importante na vida de quem ama cozinha.

    Misturar açúcar, manteiga, ovos e farinha tem lá seus caprichos.

    A qualidade de cada um deles. A dosagem certa. O ponto exato do "crock". A cor amorenada/dourada da casca. A temperatura do forno.

    Ah, o forno caseiro! Quantas surpresas. Quantas derrotas! Ainda mais para quem anda a corda bamba entre equipamentos profissionais e caseiros. Tem horas que confunde um pouco a nossa cabeça. A cabeça de quem desenvolve. Não de quem apenas executa uma ou outra.

    O calor das bocas também altera profundamente o resultado.

    E, lá estou eu a busca da minha tortinha. Não uma simples tortinha enformada. Mas uma tortinha solta, com vida própria. Emancipada.

    Já faz um tempo ando de lanternas à mão. Dedos nos teclados. Está difícil encontrar o "ponto" exato. A massa quase perfeita!

    E eu ainda prometi para a anônima-predileta deste blog. Pois ela, que se esconde atrás do anonimato tem personalidade forte, cor, textura e perfumes equilibrados. Mas vai continuar anônima nos seus comentários.

    Ela provoca, instiga até que eu consiga chegar o mais perto possível dos objetivos. Depois, me faz abandonar aquele e perseguir outros.

    Sem querer, ou querendo está construindo minha história. E aqui, hoje, minhas reverências a ela. Continue assim. E obrigado pelos objetivos já alcançados.

    Mas, prosa à parte, vamos adiante. É preciso retirar as 160g de manteiga da geladeira com uma hora de antecedência. E olha que não é para embarque num aeroporto nacional. É para ela fique igual a uma pomada. Cremosa, mas montada.

    Descasque 500g de maçãs Fuji (são aproximadamente 4 maçãs não muito grandes. Se passar um pouco, não faz mal. É possível que você a coma antes da hora.

    Corte elas em cubinhos, dadinhos, brunoise, seja lá como você os chama. Coloque numa vasilha com o sumo de um limão tahiti e 150g de açúcar. Ah, você tem problemas com açúcar? Então reduza esta quantidade de doce... Tampe com um filme de pvc e leve ao refrigerador para marinar por duas horas. Inteirinhas. Sem trapaças.

    Prepare uma caldinha com 500g de açúcar e 200ml de água. Meio grossinha. Quer dar um perfume diferente? Pegue um talinho de capim santo, dois ou três dedos, devidamente socado (para liberar os óleos essenciais e coloque-o na calda.

    Deixe ali, em fogo baixinho. Calmamente dourando e engrossando.

    Agora, a manteiga. Já passou a hora pedida? OK. Vamos em frente! Ela vai precisar ser misturada, com uma colher de pau (importante isso) às 75 gramas de açúcar e a uma pitada de dois dedos de sal.

    Peneire a farinha aos poucos (250g, talvez um pouco menos ou um pouco mais). Misture devagar, sentindo ela amalgamar-se. É preciso chegar a uma consistência lisa e macia. Coloque num saco plástico e leve ao refrigerador por trinta minutos.

    Bem, o reloginho tocou: os trinta minutos de descanso da massa já acabaram.

    Polvilhe trigo numa superfície para trabalhar. Pese porções de 50g de massa para cada uma delas (tortinhas). Isso mesmo, é preciso padronização pois ela é livre... não estará delimitada por forminhas...

    Feito isso, coloque os dadinhos de maçã numa peneira para escorrer o líquido da maceração.

    Abra cada porção da massa. Não precisa ser em círculo perfeito, nem precisa serem todas da mesma espessura.

    Coloque no centro de cada disco aproximadamente duas colheres de sobremesa de maçãs. Levante as laterais e formate as tortinhas.

    É preciso muita calma nessa hora. Ela pode quebrar. Mas ajeite. Pressione levemente. Continue! Não desista. O resultado final compensará.

    Olhe simultaneamente a caldinha senão ela passa do ponto.

    Coloque-as num tabuleiro e leve ao forno pré-aquecido a 180ºC até que comecem a dourar nas pontinhas.

    A corzinha final dependerá de você: sua angústia, sua paciência, seus desejos, sua dedicação. Escolha a tonalidade do seu dourado.


    Então? Topas?

    Mas lembre-se: esta ainda não é a minha tortinha...

    Ah, eu coloquei uma porção de geléia de acerolas orgânicas colhidas no quintal da casa da dona Diva na véspera, à noitinha.




    Mas essa, ainda não é a minha tortinha...


    Uma massa tem lá suas sutilezas. A mistura de seus ingredientes é como a moldagem de uma coisa importante na vida de quem ama cozinha.

    Misturar açúcar, manteiga, ovos e farinha tem lá seus caprichos.

    A qualidade de cada um deles. A dosagem certa. O ponto exato do "crock". A cor amorenada/dourada da casca. A temperatura do forno.

    Ah, o forno caseiro! Quantas surpresas. Quantas derrotas! Ainda mais para quem anda a corda bamba entre equipamentos profissionais e caseiros. Tem horas que confunde um pouco a nossa cabeça. A cabeça de quem desenvolve. Não de quem apenas executa uma ou outra.

    O calor das bocas também altera profundamente o resultado.

    E, lá estou eu a busca da minha tortinha. Não uma simples tortinha enformada. Mas uma tortinha solta, com vida própria. Emancipada.

    Já faz um tempo ando de lanternas à mão. Dedos nos teclados. Está difícil encontrar o "ponto" exato. A massa quase perfeita!

    E eu ainda prometi para a anônima-predileta deste blog. Pois ela, que se esconde atrás do anonimato tem personalidade forte, cor, textura e perfumes equilibrados. Mas vai continuar anônima nos seus comentários.

    Ela provoca, instiga até que eu consiga chegar o mais perto possível dos objetivos. Depois, me faz abandonar aquele e perseguir outros.

    Sem querer, ou querendo está construindo minha história. E aqui, hoje, minhas reverências a ela. Continue assim. E obrigado pelos objetivos já alcançados.

    Mas, prosa à parte, vamos adiante. É preciso retirar as 160g de manteiga da geladeira com uma hora de antecedência. E olha que não é para embarque num aeroporto nacional. É para ela fique igual a uma pomada. Cremosa, mas montada.

    Descasque 500g de maçãs Fuji (são aproximadamente 4 maçãs não muito grandes. Se passar um pouco, não faz mal. É possível que você a coma antes da hora.

    Corte elas em cubinhos, dadinhos, brunoise, seja lá como você os chama. Coloque numa vasilha com o sumo de um limão tahiti e 150g de açúcar. Ah, você tem problemas com açúcar? Então reduza esta quantidade de doce... Tampe com um filme de pvc e leve ao refrigerador para marinar por duas horas. Inteirinhas. Sem trapaças.

    Prepare uma caldinha com 500g de açúcar e 200ml de água. Meio grossinha. Quer dar um perfume diferente? Pegue um talinho de capim santo, dois ou três dedos, devidamente socado (para liberar os óleos essenciais e coloque-o na calda.

    Deixe ali, em fogo baixinho. Calmamente dourando e engrossando.

    Agora, a manteiga. Já passou a hora pedida? OK. Vamos em frente! Ela vai precisar ser misturada, com uma colher de pau (importante isso) às 75 gramas de açúcar e a uma pitada de dois dedos de sal.

    Peneire a farinha aos poucos (250g, talvez um pouco menos ou um pouco mais). Misture devagar, sentindo ela amalgamar-se. É preciso chegar a uma consistência lisa e macia. Coloque num saco plástico e leve ao refrigerador por trinta minutos.

    Bem, o reloginho tocou: os trinta minutos de descanso da massa já acabaram.

    Polvilhe trigo numa superfície para trabalhar. Pese porções de 50g de massa para cada uma delas (tortinhas). Isso mesmo, é preciso padronização pois ela é livre... não estará delimitada por forminhas...

    Feito isso, coloque os dadinhos de maçã numa peneira para escorrer o líquido da maceração.

    Abra cada porção da massa. Não precisa ser em círculo perfeito, nem precisa serem todas da mesma espessura.

    Coloque no centro de cada disco aproximadamente duas colheres de sobremesa de maçãs. Levante as laterais e formate as tortinhas.

    É preciso muita calma nessa hora. Ela pode quebrar. Mas ajeite. Pressione levemente. Continue! Não desista. O resultado final compensará.

    Olhe simultaneamente a caldinha senão ela passa do ponto.

    Coloque-as num tabuleiro e leve ao forno pré-aquecido a 180ºC até que comecem a dourar nas pontinhas.

    A corzinha final dependerá de você: sua angústia, sua paciência, seus desejos, sua dedicação. Escolha a tonalidade do seu dourado.


    Então? Topas?

    Mas lembre-se: esta ainda não é a minha tortinha...

    Ah, eu coloquei uma porção de geléia de acerolas orgânicas colhidas no quintal da casa da dona Diva na véspera, à noitinha.




    quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

    Lentilhas com ovo poché


    Lembram daquela casinha que não tinha coisa alguma? Pois é, estive nela hoje...

    Procurei por lentihas francesas (vert du Puy) e da. Só tinha da Yoki. Ainda bem pois gosto muito de certas coisas deles.

    Procurei pelos meus ovos de quintal e eles já haviam acabado. Então lá fui eu assim mesmo preparar minhas lentilhas com ovo poché.

    Primeiro, coloquei as lentilhas de molho, depois de uma bela lavada nelas. Ficaram mais ou menos duas horas. O tempo acho que foi em função de uma aula que tive na UNIRIO. A nutricionista que nos dava aula falava em duas horas como sendo o tempo adequado para que os grãos secos pudessem absorver a umidade necessária.

    Como isto era a primeira vez que fazia com as lentilhas, dei uma "mordidinha básica". Achei que faltava pouco para o "ponto" que eu queria.

    Bem, eu havia colocado uma xícara delas, secas. Com isto, peguei uma cebola pequena e cortei-a ao meio de forma que suas camadas fizessem uma meia-lua. Tirei a casca e dei um banho nela com água fria. Acho que ela levou um susto! Mas tudo bem...

    Espetei nela duas flores de cravo-da-Índia.

    Coloquei uma panela (ou caçarola?) no fogo (ou ao lume?) com as lentilhas e a cebola. Um raminho de tomilho foi fazer companhia a essa turminha. Mas como eles só gostam de água morna do mar, coloquei um pouquinho de sal. Em pedrinhas.

    Ficaram ali por uns dez minutinhos. Nada mais. Outra mordidinha básica havia me deixado a sensação do "ponto". É, ainda ia dar uma sacudidela nelas numa frigideira...

    Ficaram ali sobre uma peneira para não coser mais.

    Enquanto isso, peguei a outra metade da cebola, um dentinho de alho e fiz quase minúsculos dadinhos... Coloquei-os separados nos meus potinhos de porcelana. Ou louça, como queiram!

    Peguei três tirinhas de bacon (daqueles fatiados). Nem vou falar de marcas pois cada um tem sua preferência mas comprei daquela dona... Um belo defumado! E você acha que fiz o que? Pequenos dadinhos, acertou quem pensou nisto!

    Coloquei-os numa peneira de modo que secassem e ficasse uma farofinha crocante. Era isso que eu queria: o croc na boca!

    Enquanto o ovo tomava seu banho morno no meio do vinagre, peguei uma frigideira e coloquei um pouco de azeite (tá bem, os puristas podem ficar falando que não se coloca azeite para sofrer com o calor!). Eu gosto de usar azeite. Se não quiserem, usem óleo de Palma. Tá na moda...

    Bem, depois de levemente aquecido, os dadinhos de cebola foram amolecer e adocicar ali. Depois foi a vez do dentinho de alho e, em seguida, as lentilhas.

    Quase na hora de servir, coloquei a poeirinha de bacon junto com a lentilha. O ovo no ponto exato, nem muito cru nem muito cozido, de forma que até poderia estar "quase perfeito" ou, ao ponto de comer seu amarelinho com um pedacinho de pão natural.

    Coloquei uma porção das lentilhas e sobre elas o ovo.

    Era isso aqui que você queria comer? Prove!



    Um mix de arroz, legumes e carnes

    Lentilhas com ovo pochê: simples assim...




    Lentilhas com ovo poché


    Lembram daquela casinha que não tinha coisa alguma? Pois é, estive nela hoje...

    Procurei por lentihas francesas (vert du Puy) e da. Só tinha da Yoki. Ainda bem pois gosto muito de certas coisas deles.

    Procurei pelos meus ovos de quintal e eles já haviam acabado. Então lá fui eu assim mesmo preparar minhas lentilhas com ovo poché.

    Primeiro, coloquei as lentilhas de molho, depois de uma bela lavada nelas. Ficaram mais ou menos duas horas. O tempo acho que foi em função de uma aula que tive na UNIRIO. A nutricionista que nos dava aula falava em duas horas como sendo o tempo adequado para que os grãos secos pudessem absorver a umidade necessária.

    Como isto era a primeira vez que fazia com as lentilhas, dei uma "mordidinha básica". Achei que faltava pouco para o "ponto" que eu queria.

    Bem, eu havia colocado uma xícara delas, secas. Com isto, peguei uma cebola pequena e cortei-a ao meio de forma que suas camadas fizessem uma meia-lua. Tirei a casca e dei um banho nela com água fria. Acho que ela levou um susto! Mas tudo bem...

    Espetei nela duas flores de cravo-da-Índia.

    Coloquei uma panela (ou caçarola?) no fogo (ou ao lume?) com as lentilhas e a cebola. Um raminho de tomilho foi fazer companhia a essa turminha. Mas como eles só gostam de água morna do mar, coloquei um pouquinho de sal. Em pedrinhas.

    Ficaram ali por uns dez minutinhos. Nada mais. Outra mordidinha básica havia me deixado a sensação do "ponto". É, ainda ia dar uma sacudidela nelas numa frigideira...

    Ficaram ali sobre uma peneira para não coser mais.

    Enquanto isso, peguei a outra metade da cebola, um dentinho de alho e fiz quase minúsculos dadinhos... Coloquei-os separados nos meus potinhos de porcelana. Ou louça, como queiram!

    Peguei três tirinhas de bacon (daqueles fatiados). Nem vou falar de marcas pois cada um tem sua preferência mas comprei daquela dona... Um belo defumado! E você acha que fiz o que? Pequenos dadinhos, acertou quem pensou nisto!

    Coloquei-os numa peneira de modo que secassem e ficasse uma farofinha crocante. Era isso que eu queria: o croc na boca!

    Enquanto o ovo tomava seu banho morno no meio do vinagre, peguei uma frigideira e coloquei um pouco de azeite (tá bem, os puristas podem ficar falando que não se coloca azeite para sofrer com o calor!). Eu gosto de usar azeite. Se não quiserem, usem óleo de Palma. Tá na moda...

    Bem, depois de levemente aquecido, os dadinhos de cebola foram amolecer e adocicar ali. Depois foi a vez do dentinho de alho e, em seguida, as lentilhas.

    Quase na hora de servir, coloquei a poeirinha de bacon junto com a lentilha. O ovo no ponto exato, nem muito cru nem muito cozido, de forma que até poderia estar "quase perfeito" ou, ao ponto de comer seu amarelinho com um pedacinho de pão natural.

    Coloquei uma porção das lentilhas e sobre elas o ovo.

    Era isso aqui que você queria comer? Prove!



    Um mix de arroz, legumes e carnes

    Lentilhas com ovo pochê: simples assim...




    quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

    Mussarela de búfala


    E o carnaval só aparece na tv. Noticiários dão mostras das cidades mais importantes ou de maior destaque nesta época.

    Então, ao fogão...

    Me lembrei de fazer algumas coisas que aprendi. Mas não queria simplesmente copiar a receita e a execução. Acho que isto é se apoderar do autoral. Então, deixo para o dono repetir, repetir, repetir.

    Eu, cá vou dando minhas interpretações, fazendo minhas adaptações, ou seja, vou olhando a receita e sua execução como um ponto de partida através da qual fixo o aprendizado da técnica.

    Assim é com esta mussarela. De uma certa forma, apenas a técnica foi preservada. Me dei ao direito de ir em frente.

    Assim, comecei por colher folhas de manjericão na varandinha do meu “apê”. Iniciei recentemente uma hortinha particular. Ali, todas as manhãs, enquanto os vizinhos ainda dormem vou ali limpar as folhas que já deixaram de ter função “verde”, dou uma regadinha básica, enfim, converso com elas. Breve algumas novidades vão passar a fazer parte daquele cantinho: é só acabar o carnaval...

    Bem, colhidas as folhas que precisava, deixei-as ali numa pequena tijela coberta com filme de pvc: queria preservar os “cheiros” intensos sem aditivos químicos....

    Peguei os tomates, três, que foram escolhidos a dedo e, calmamente no meu fornecedor. Déboras suculentas e vermelhas como uma Débora envergonhada. Uma leve passada de um pano descartável, peguei minha faquinha e descasquei-os. Queria preservar toda a gelatina que pudesse mesmo que ele fosse ao fogo depois. E talvez até por conta disso. Retirei suas sementes e cortei-os em pequenos cubinhos. Os franceses chamam-nos de “brunoise”. Que seja! Todos ali, juntinhos, numa tigela que ganhou uma cobertura transparente. Nada de fora poderia intervir nesses meninos.

    Uma cebola média, depois de descascada, foi devidamente lavada. Um tempinho de molho na água fria para diminuir minhas lágrimas. Pode até ser bobagem, mas elas diminuem. Mesmo as balzaquianas. Cortada ao meio, no sentido do comprimento (?) foram evidamente cortadas num e noutro sentido, transverso, de modo que ao cortá-los finalmente pudessem gerar quadradinhos (como os de tomates). Uma ousadia a mais, piquei-os um pouco mais usando a alavanca possibilitada por uma "chef de 8”" da Mundial que me acompanha em todas as cozinhas. Os cubinhos ganharam um bercinho de porcelana e uma cobertura transparente.

    Um dente de alho também ganhou o mesmo tratamento. Afinal, nada de ciúmes pois eles viveriam momentos inesquecíveis até que alguém os pudessem explodir em suas papilas gustativas com o sabor pleno de cada um deles.

    Uma latinha de tomates "pelados" já havia sido rasgada pelo abridor de latas e deixara à mostra os meninos compridos no suco. Eram aproximadamente 200 gramas.

    Caçarola no fogo médio, aquecida, o azeite para fazer a primeira abordagem. Coloquei os cubinhos de cebola, calmamente, de forma que eles pudessem se misturar com aquele azeite e tornarem-se adocicados e transparentes. Quem logo pediu para estar junto foram os cubinhos de alho. Assim que o cheirinho deles invadiu a cozinha coloquei os cubinhos de tomate. Mexe pra cá, mexe pra lá. Muita calma nessa hora. É preciso cuidar como se cuida um bebê, não é Roberta? Eu sou assim, dedicado e calmo. Fã da cozinha do tempo de D Georgina: lenta para que os sabores se integrem. Mesclem-se. Aprofundem-se.

    Era chegada a hora de colocar os italianões. Latinha virada eles foram cortados com a ajuda de uma colher. Assim grosseiramente. Ficaram ali uns 10 minutos. Remexia vez por outra.

    Enquanto isso, peguei a vasilha com as cerejinhas-brancas-de-búfala. Coloquei-as numa peneira de plástico. Era preciso secá-las.

    De manhã, cedinho, já havia feito a farinha de rosca caseira: os pãezinhos naturais que conseguiram sobreviver, foram fatiados e levados ao forno. Depois, no liquidificador e na peneira. Finos e morenos. Cheirosos. Puros.

    Coloquei um raminho de manjericão no molho de tomate. Mais uma mexidinha básica e voltei para as cerejinhas.

    Separei um ovo. Com a ajuda de um garfo e de uma pitada (de dois dedos, tá?) de sal, mexi-os para que ficassem uniformes. Ou quase. Afinal a perfeição deve apenas ser buscada sem nunca se ter a pretensão de conseguí-la...

    Antes de passar os ovos ali, preferi fazer como D Georgina: dei uma leve passada no trigo. Tirado o excesso eles passaram pelo ovo e depois pela farinha de pão. Reservados.

    Nisto, o óleo de milho já estava quase na temperatura adequada e o molho finalizado. Fogo apagado e a caçarolinha tampada mantinha a temperatura.

    Cada cerejinha mergulhou no óleo, sozinha, o tempo necessário para dar a crocância na cobertura. Nem um pouco mais senão, pluff!, estourava!

    A montagem do prato começou com uma boa colher do molho colocada ao centro com a ajuda de um pequeno tamborim sem couro... um simples aro de 5 cm. Depois, duas cerejinhas devidamente crocantes ali em cima, meio que altivas. Coroando-as, um raminho de manjericão.

    Em volta, fazendo um cordão de isolamento, um fio do melhor oliva que deu para comprar. Uma rodadinha no moinho fez pairar sobre eles uma nuvem de pretas com brancas. Minhas pimentas do Reino são misturadas... Uma apertadinha de flor de sal ou, sal de gourmet (prá quem não tem).


    A explosão dos sabores da porção que envolvia uma bolinha e um pouco do molho é indescritível. Só fazendo e comendo para sentir!

    Bom enredo!

    Mussarela de búfala


    E o carnaval só aparece na tv. Noticiários dão mostras das cidades mais importantes ou de maior destaque nesta época.

    Então, ao fogão...

    Me lembrei de fazer algumas coisas que aprendi. Mas não queria simplesmente copiar a receita e a execução. Acho que isto é se apoderar do autoral. Então, deixo para o dono repetir, repetir, repetir.

    Eu, cá vou dando minhas interpretações, fazendo minhas adaptações, ou seja, vou olhando a receita e sua execução como um ponto de partida através da qual fixo o aprendizado da técnica.

    Assim é com esta mussarela. De uma certa forma, apenas a técnica foi preservada. Me dei ao direito de ir em frente.

    Assim, comecei por colher folhas de manjericão na varandinha do meu “apê”. Iniciei recentemente uma hortinha particular. Ali, todas as manhãs, enquanto os vizinhos ainda dormem vou ali limpar as folhas que já deixaram de ter função “verde”, dou uma regadinha básica, enfim, converso com elas. Breve algumas novidades vão passar a fazer parte daquele cantinho: é só acabar o carnaval...

    Bem, colhidas as folhas que precisava, deixei-as ali numa pequena tijela coberta com filme de pvc: queria preservar os “cheiros” intensos sem aditivos químicos....

    Peguei os tomates, três, que foram escolhidos a dedo e, calmamente no meu fornecedor. Déboras suculentas e vermelhas como uma Débora envergonhada. Uma leve passada de um pano descartável, peguei minha faquinha e descasquei-os. Queria preservar toda a gelatina que pudesse mesmo que ele fosse ao fogo depois. E talvez até por conta disso. Retirei suas sementes e cortei-os em pequenos cubinhos. Os franceses chamam-nos de “brunoise”. Que seja! Todos ali, juntinhos, numa tigela que ganhou uma cobertura transparente. Nada de fora poderia intervir nesses meninos.

    Uma cebola média, depois de descascada, foi devidamente lavada. Um tempinho de molho na água fria para diminuir minhas lágrimas. Pode até ser bobagem, mas elas diminuem. Mesmo as balzaquianas. Cortada ao meio, no sentido do comprimento (?) foram evidamente cortadas num e noutro sentido, transverso, de modo que ao cortá-los finalmente pudessem gerar quadradinhos (como os de tomates). Uma ousadia a mais, piquei-os um pouco mais usando a alavanca possibilitada por uma "chef de 8”" da Mundial que me acompanha em todas as cozinhas. Os cubinhos ganharam um bercinho de porcelana e uma cobertura transparente.

    Um dente de alho também ganhou o mesmo tratamento. Afinal, nada de ciúmes pois eles viveriam momentos inesquecíveis até que alguém os pudessem explodir em suas papilas gustativas com o sabor pleno de cada um deles.

    Uma latinha de tomates "pelados" já havia sido rasgada pelo abridor de latas e deixara à mostra os meninos compridos no suco. Eram aproximadamente 200 gramas.

    Caçarola no fogo médio, aquecida, o azeite para fazer a primeira abordagem. Coloquei os cubinhos de cebola, calmamente, de forma que eles pudessem se misturar com aquele azeite e tornarem-se adocicados e transparentes. Quem logo pediu para estar junto foram os cubinhos de alho. Assim que o cheirinho deles invadiu a cozinha coloquei os cubinhos de tomate. Mexe pra cá, mexe pra lá. Muita calma nessa hora. É preciso cuidar como se cuida um bebê, não é Roberta? Eu sou assim, dedicado e calmo. Fã da cozinha do tempo de D Georgina: lenta para que os sabores se integrem. Mesclem-se. Aprofundem-se.

    Era chegada a hora de colocar os italianões. Latinha virada eles foram cortados com a ajuda de uma colher. Assim grosseiramente. Ficaram ali uns 10 minutos. Remexia vez por outra.

    Enquanto isso, peguei a vasilha com as cerejinhas-brancas-de-búfala. Coloquei-as numa peneira de plástico. Era preciso secá-las.

    De manhã, cedinho, já havia feito a farinha de rosca caseira: os pãezinhos naturais que conseguiram sobreviver, foram fatiados e levados ao forno. Depois, no liquidificador e na peneira. Finos e morenos. Cheirosos. Puros.

    Coloquei um raminho de manjericão no molho de tomate. Mais uma mexidinha básica e voltei para as cerejinhas.

    Separei um ovo. Com a ajuda de um garfo e de uma pitada (de dois dedos, tá?) de sal, mexi-os para que ficassem uniformes. Ou quase. Afinal a perfeição deve apenas ser buscada sem nunca se ter a pretensão de conseguí-la...

    Antes de passar os ovos ali, preferi fazer como D Georgina: dei uma leve passada no trigo. Tirado o excesso eles passaram pelo ovo e depois pela farinha de pão. Reservados.

    Nisto, o óleo de milho já estava quase na temperatura adequada e o molho finalizado. Fogo apagado e a caçarolinha tampada mantinha a temperatura.

    Cada cerejinha mergulhou no óleo, sozinha, o tempo necessário para dar a crocância na cobertura. Nem um pouco mais senão, pluff!, estourava!

    A montagem do prato começou com uma boa colher do molho colocada ao centro com a ajuda de um pequeno tamborim sem couro... um simples aro de 5 cm. Depois, duas cerejinhas devidamente crocantes ali em cima, meio que altivas. Coroando-as, um raminho de manjericão.

    Em volta, fazendo um cordão de isolamento, um fio do melhor oliva que deu para comprar. Uma rodadinha no moinho fez pairar sobre eles uma nuvem de pretas com brancas. Minhas pimentas do Reino são misturadas... Uma apertadinha de flor de sal ou, sal de gourmet (prá quem não tem).


    A explosão dos sabores da porção que envolvia uma bolinha e um pouco do molho é indescritível. Só fazendo e comendo para sentir!

    Bom enredo!