sábado, 29 de março de 2008

Uma baguete artesanal


Eu estava aqui pensando no que escrever aqui.

A semana foi um tanto quanto complicada pelas coisas que precisei fazer fora da cozinha. Como dizem por ai, a "chapa esquentou". Mas eu consegui não me queimar.

Na realidade, nem meus pães foram feitos o que me causou um grande dilema para o café-da-manhã: comer pão de padaria ou comer cream crakers? Afinal, acabei optando pela segunda opção já que tenho encontrado uns crocantes da marca Triunfo. Quase como os "São Luiz" de antigamente...

Mas eu havia guardado um pouco de massa não usada e agora resolvi "ver no que dava". Afinal, já havia lido que antigamente, muito antigamente, o processo de fazer pão passava por este processo de aproveitar uma parte da massa do dia anterior. Dai nasceu a chamada "massa madre".

Farinha de trigo, sal, açúcar e uma pequena colher de chá de fermento natural complementaram a base desta massa. É claro que água gelada ajudou a levar ela até o ponto de "bundinha de neném".

Deixei ela descansando cobertinha por aproximadamente meia-hora.

Dividi a massa em três. Afinal queria fazer "meias-baguetes". Um pão mais fino e mais comprido. Moldados desta forma, coloquei em tabuleiro e polvilhei um pouco de trigo usando uma peneira fina. Novamente cobri com um pano de prato (não sei porque mas gosto desta forma) e deixei num cantinho meio escuro por um pouco mais de duas horas.

Peguei meu bisturi e fiz cortes antes de colocar no forno, quente, e com uma tijela de água que já borbulhava.

Ainda assim, pulverizei bem eles e forno!

Ainda abri a porta do forno duas vezes para pulverizar mais. Alguns puristas podem pensar que isto é loucura. OK, até posso concordar que contraria alguns aprendizados. Façam e tirem suas próprias conclusões.

Foi assim que cheguei a este resultado aqui...

[clique sobre a imagem para ampliar]


Ai, acabava se ser entregue pelo fornecedor oficial uma linguiças calabrezas. Bonitas, perfumadas... Então, enquando permaneciam deitados na grade, para arrefecer, cortei uma delas (das linguiças em finas rodelas, enviesadas). Coloquei-as numa frigideira em fogo médio para irem criando uma crostinha delicada enquando cuidava da cebola roxa...

Finas meias-luas iriam compor o recheio daqueles pães.

Um fio de mostarda de dijon em cada uma das "bandas" e outro de meu transmontano. Algumas rodelas da linguiça e das meias-luas de cebola fecharam meu pequeno almoço.

Estava tão cheiroso que nem deu tempo para fazer pose para as fotos... O perfume do pão recém-saído, ainda guardava um pouco do calor do forno mesclando-se aos permumes da linguiça e da cebola estava irresistível.

Pena que acabou rapidinho...



Uma baguete artesanal


Eu estava aqui pensando no que escrever aqui.

A semana foi um tanto quanto complicada pelas coisas que precisei fazer fora da cozinha. Como dizem por ai, a "chapa esquentou". Mas eu consegui não me queimar.

Na realidade, nem meus pães foram feitos o que me causou um grande dilema para o café-da-manhã: comer pão de padaria ou comer cream crakers? Afinal, acabei optando pela segunda opção já que tenho encontrado uns crocantes da marca Triunfo. Quase como os "São Luiz" de antigamente...

Mas eu havia guardado um pouco de massa não usada e agora resolvi "ver no que dava". Afinal, já havia lido que antigamente, muito antigamente, o processo de fazer pão passava por este processo de aproveitar uma parte da massa do dia anterior. Dai nasceu a chamada "massa madre".

Farinha de trigo, sal, açúcar e uma pequena colher de chá de fermento natural complementaram a base desta massa. É claro que água gelada ajudou a levar ela até o ponto de "bundinha de neném".

Deixei ela descansando cobertinha por aproximadamente meia-hora.

Dividi a massa em três. Afinal queria fazer "meias-baguetes". Um pão mais fino e mais comprido. Moldados desta forma, coloquei em tabuleiro e polvilhei um pouco de trigo usando uma peneira fina. Novamente cobri com um pano de prato (não sei porque mas gosto desta forma) e deixei num cantinho meio escuro por um pouco mais de duas horas.

Peguei meu bisturi e fiz cortes antes de colocar no forno, quente, e com uma tijela de água que já borbulhava.

Ainda assim, pulverizei bem eles e forno!

Ainda abri a porta do forno duas vezes para pulverizar mais. Alguns puristas podem pensar que isto é loucura. OK, até posso concordar que contraria alguns aprendizados. Façam e tirem suas próprias conclusões.

Foi assim que cheguei a este resultado aqui...

[clique sobre a imagem para ampliar]


Ai, acabava se ser entregue pelo fornecedor oficial uma linguiças calabrezas. Bonitas, perfumadas... Então, enquando permaneciam deitados na grade, para arrefecer, cortei uma delas (das linguiças em finas rodelas, enviesadas). Coloquei-as numa frigideira em fogo médio para irem criando uma crostinha delicada enquando cuidava da cebola roxa...

Finas meias-luas iriam compor o recheio daqueles pães.

Um fio de mostarda de dijon em cada uma das "bandas" e outro de meu transmontano. Algumas rodelas da linguiça e das meias-luas de cebola fecharam meu pequeno almoço.

Estava tão cheiroso que nem deu tempo para fazer pose para as fotos... O perfume do pão recém-saído, ainda guardava um pouco do calor do forno mesclando-se aos permumes da linguiça e da cebola estava irresistível.

Pena que acabou rapidinho...



quinta-feira, 20 de março de 2008

Páscoa


Muito antes de ser considerada a festa da ressurreição de Cristo, a Páscoa anunciava o fim do inverno e a chegada da primavera.

A Páscoa sempre representou a passagem de um tempo de trevas para outro de luzes, isto muito antes de ser considerada uma das principais festas da cristandade. A palavra "páscoa" – do hebreu "peschad", em grego "paskha" e latim "pache" – significa "passagem", uma transição anunciada pelo equinócio de primavera (ou vernal), que no hemisfério norte ocorre a 20 ou 21 de março e, no sul, em 22 ou 23 de setembro.

De fato, para entender o significado da Páscoa cristã, é necessário voltar para a Idade Média e lembrar dos antigos povos pagãos europeus que, nesta época do ano, homenageavam Ostera, ou Esther – em inglês, Easter quer dizer Páscoa.

Ostera (ou Ostara) é a Deusa da Primavera, que segura um ovo em sua mão e observa um coelho, símbolo da fertilidade, pulando alegremente em redor de seus pés nus. A deusa e o ovo que carrega são símbolos da chegada de uma nova vida. Ostara equivale, na mitologia grega, a Persephone. Na mitologia romana, é Ceres.

Os pássaros estão cantando, as árvores estão brotando. Surge o delicado amarelo do Sol e o encantador verde das matas.

A celebração de Ostara, comemora a fertilidade, um tradicional e antigo festival pagão que celebra o evento sazonal equivalente ao Equinócio da primavera.

Algumas das tradições e rituais que envolve Ostara, inclui fogos de artifícios, ovos, flores e coelho.

Ostara representa o renascimento da terra, muitos de seus rituais e símbolos estão relacionados à fertilidade. Ela é o equilíbrio quando a fertilidade chega depois do inverno. É o período que a luz do dia e da noite têm a mesma duração. Ostara é o espelho da beleza da natureza, a renovação do espírito e da mente. Seu rosto muda a cada toque suave do vento. Gosta de observar os animais recém-nascidos saindo detrás das árvores distantes, deixando seu espírito se renovar.

Ostara foi cristianizada como a maior parte dos antigos deuses pagãos.

Os símbolos tradicionais da Páscoa vêm de Ostara. Os ovos, símbolo da fertilidade, eram pintados com símbolos mágicos ou de ouro, eram enterrados ou lançados ao fogo como oferta aos deuses. É o Ovo Cósmico da vida, a fertilidade da Mãe Terra.

Ostara gosta de verde e amarelo, cores da natureza e do sol.

O Domingo de Páscoa é determinado pelo antigo sistema de calendário lunar, que coloca o feriado no primeiro Domingo após a primeira lua cheia ou seguindo o equinócio.

A Páscoa foi nomeada pelo deus Saxão da fertilidade Eostre, que acompanha o festival de Ostara como um coelho, por esta razão, o símbolo do coelho de páscoa na tradição cristã. O coelho é também um símbolo de fertilidade e da fortuna.

A Páscoa foi adaptada e renomeada pelos cristãos, do feriado pagão Festival de Ostara, da maneira que melhor lhe convinha na época assim como a tradição dos símbolos do Ovo e do Coelho.

A data cristã foi fixada durante o Concílio de Nicéa, em 325 d.C., como sendo "o primeiro Domingo após a primeira Lua Cheia que ocorre após ou no equinócio da primavera boreal, adotado como sendo 21 de março.

A festa da Páscoa passou a ser uma festa cristã após a última ceia de Jesus com os apóstolos, na Quinta-feira santa. Os fiéis cristãos celebram a ressurreição de Cristo e sua elevação ao céu. As imagens deste momento são a morte de Jesus na cruz e a sua aparição. A celebração sempre começa na Quarta-feira de cinzas e termina no Domingo de Páscoa: é a chamada semana santa.

Muitos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais pagãos da primavera. Outros vêm da celebração do Pessach, ou Passover, a Páscoa judaica. É uma das mais importantes festas do calendário judaico, que é celebrada por 8 dias e comemora o êxodo dos israelitas do Egito durante o reinado do faraó Ramsés II, da escravidão para a liberdade. Um ritual de passagem, assim como a "passagem" de Cristo, da morte para a vida.

No português, como em muitas outras línguas, a palavra Páscoa origina-se do hebraico Pessach. Os espanhóis chamam a festa de Pascua, os italianos de Pasqua e os franceses de Pâques.


O ovo como símbolo
Na antigüidade os egípcios e persas costumavam tingir ovos com cores da primavera e presentear os amigos. Para os povos antigos o ovo simbolizava o nascimento. Por isso, os persas acreditavam que a Terra nascera de um ovo gigante.

Os cristãos primitivos do oriente foram os primeiros a dar ovos coloridos na Páscoa simbolizando a ressurreição, o nascimento para uma nova vida. Nos países da Europa costumava-se escrever mensagens e datas nos ovos e doá-los aos amigos. Em outros, como na Alemanha, o costume era presentear as crianças. Na Armênia decoravam ovos ocos com figuras de Jesus, Nossa Senhora e outras figuras religiosas.

Os ovos não eram comestíveis, como se conhece hoje. Era mais um presente original simbolizando a ressurreição como início de uma vida nova. A própria natureza, nestes países, renascia florida e verdejante após um rigoroso inverno.

De qualquer forma o ovo em si simboliza a vida imanente, oculta, misteriosa que está por desabrochar.


O chocolate
Essa história tem seu início com as civilizações dos Maias e Astecas, que consideravam o chocolate como algo sagrado, tal qual o ouro. Os astecas usavam-no como moeda.

Na Europa aparece a partir do século XVI, tornando-se popular rapidamente. Era uma mistura de sementes de cacau torradas e trituradas, depois juntada com água, mel e farinha. O chocolate, na história, foi consumido como bebida. Era considerado como alimento afrodisíaco e dava vigor. Por isso, era reservado, em muitos lugares, aos governantes e soldados. Os bombons e ovos, como conhecemos, surgem no século XX.


Os coelhos
A tradição do coelho da Páscoa foi trazida para as Américas pelos imigrantes alemães em meados do século 18. O coelho visitava as crianças e escondiam os ovinhos para que elas os procurassem.

No antigo Egito o coelho simbolizava o nascimento, a vida. Em outros pontos da terra era símbolo da fertilidade, pelo grande número de filhotes que nasciam.

Eles também têm a ver com a vida, mas à abundância da vida, inesgotável, de se multiplicar sem se esgotar. Qual a relação disso com os coelhos?

Cristo, para o cristianismo, é essa Vida Nova, inesgotável e abundante.


A pomba
A Pomba ou "Colomba" pascal, pão doce e enfeitado com a forma de ave, também é um símbolo cristão. A forma de pomba era usada nos antigos sacrários, onde se guardava a Eucaristia. Atualmente, passou também a ser usada no pão doce que costuma ser compartilhado, na Europa, especialmente na Itália, no café da manhã de Páscoa e da "Pasquetta" ou Pascoela, como é chamada no Brasil a segunda-feira após a Páscoa.


O cordeiro
O cordeiro é o símbolo mais antigo da Páscoa, é o símbolo da aliança feita entre deus e o povo judeu na páscoa da antiga lei. No Antigo Testamento, a Páscoa era celebrada com os pães ázimos (sem fermento) e com o sacrifício de um cordeiro como recordação do grande feito de Deus em prol de seu povo: a libertação da escravidão do Egito. Assim o povo de Israel celebrava a libertação e a aliança de Deus com seu povo.

Moisés, escolhido por Deus para libertar o povo judeu da escravidão dos faraós, comemorou a passagem para a liberdade, imolando um cordeiro.

Para os cristãos, o cordeiro é o próprio Jesus, Cordeiro de Deus, que foi sacrificado na cruz pelos nossos pecados, e cujo sangue nos redimiu: "morrendo, destruiu nossa morte, e ressuscitando, restituiu-nos a vida". É a nova Aliança de Deus realizada por Seu Filho, agora não só com um povo, mas com todos os povos.


O círio
É uma grande vela que se acende na igreja, no sábado de aleluia. Significa que "Cristo é a luz dos povos".

Nesta vela, estão gravadas as letras do alfabeto grego"alfa" e "ômega", que quer dizer: Deus é princípio e fim. Os algarismos do ano também são gravados no Círio Pascal.

O Círio Pascal simboliza o Cristo que ressurgiu das trevas para iluminar o nosso caminho.


O pão e o vinho
O pão e o vinho, sobretudo na antiguidade, foram a comida e bebida mais comum para muitos povos. Cristo ao instituir a Eucaristia se serviu dos alimentos mais comuns para simbolizar sua presença constante entre e nas pessoas de boa vontade. Assim, o pão e o vinho simbolizam essa aliança eterna do Criador com a sua criatura e sua presença no meio de nós.

Jesus já sabia que seria perseguido, preso e pregado numa cruz. Então, combinou com dois de seus amigos (discípulos), para prepararem a festa da páscoa num lugar seguro.

Quando tudo estava pronto, Jesus e os outros discípulos chegaram para juntos celebrarem a ceia da páscoa. Esta foi a Última Ceia de Jesus.

A instituição da Eucaristia foi feita por Jesus na Última Ceia, quando ofereceu o pão e o vinho aos seus discípulos dizendo: "Tomai e comei, este é o meu corpo... Este é o meu sangue...". O Senhor "instituiu o sacrifício eucarístico do seu Corpo e do seu Sangue para perpetuar assim o Sacrifício da Cruz ao longo dos séculos, até que volte, confiando deste modo à sua amada Esposa, a Igreja, o memorial da sua morte e ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal, em que se come Cristo, em que a alma se cumula de graça e nos é dado um penhor da glória futura" [3].

A páscoa judaica lembra a passagem dos judeus pelo mar vermelho, em busca da liberdade.

Hoje, comemoramos a páscoa lembrando a jornada de Jesus: vida, morte e ressurreição.

Páscoa


Muito antes de ser considerada a festa da ressurreição de Cristo, a Páscoa anunciava o fim do inverno e a chegada da primavera.

A Páscoa sempre representou a passagem de um tempo de trevas para outro de luzes, isto muito antes de ser considerada uma das principais festas da cristandade. A palavra "páscoa" – do hebreu "peschad", em grego "paskha" e latim "pache" – significa "passagem", uma transição anunciada pelo equinócio de primavera (ou vernal), que no hemisfério norte ocorre a 20 ou 21 de março e, no sul, em 22 ou 23 de setembro.

De fato, para entender o significado da Páscoa cristã, é necessário voltar para a Idade Média e lembrar dos antigos povos pagãos europeus que, nesta época do ano, homenageavam Ostera, ou Esther – em inglês, Easter quer dizer Páscoa.

Ostera (ou Ostara) é a Deusa da Primavera, que segura um ovo em sua mão e observa um coelho, símbolo da fertilidade, pulando alegremente em redor de seus pés nus. A deusa e o ovo que carrega são símbolos da chegada de uma nova vida. Ostara equivale, na mitologia grega, a Persephone. Na mitologia romana, é Ceres.

Os pássaros estão cantando, as árvores estão brotando. Surge o delicado amarelo do Sol e o encantador verde das matas.

A celebração de Ostara, comemora a fertilidade, um tradicional e antigo festival pagão que celebra o evento sazonal equivalente ao Equinócio da primavera.

Algumas das tradições e rituais que envolve Ostara, inclui fogos de artifícios, ovos, flores e coelho.

Ostara representa o renascimento da terra, muitos de seus rituais e símbolos estão relacionados à fertilidade. Ela é o equilíbrio quando a fertilidade chega depois do inverno. É o período que a luz do dia e da noite têm a mesma duração. Ostara é o espelho da beleza da natureza, a renovação do espírito e da mente. Seu rosto muda a cada toque suave do vento. Gosta de observar os animais recém-nascidos saindo detrás das árvores distantes, deixando seu espírito se renovar.

Ostara foi cristianizada como a maior parte dos antigos deuses pagãos.

Os símbolos tradicionais da Páscoa vêm de Ostara. Os ovos, símbolo da fertilidade, eram pintados com símbolos mágicos ou de ouro, eram enterrados ou lançados ao fogo como oferta aos deuses. É o Ovo Cósmico da vida, a fertilidade da Mãe Terra.

Ostara gosta de verde e amarelo, cores da natureza e do sol.

O Domingo de Páscoa é determinado pelo antigo sistema de calendário lunar, que coloca o feriado no primeiro Domingo após a primeira lua cheia ou seguindo o equinócio.

A Páscoa foi nomeada pelo deus Saxão da fertilidade Eostre, que acompanha o festival de Ostara como um coelho, por esta razão, o símbolo do coelho de páscoa na tradição cristã. O coelho é também um símbolo de fertilidade e da fortuna.

A Páscoa foi adaptada e renomeada pelos cristãos, do feriado pagão Festival de Ostara, da maneira que melhor lhe convinha na época assim como a tradição dos símbolos do Ovo e do Coelho.

A data cristã foi fixada durante o Concílio de Nicéa, em 325 d.C., como sendo "o primeiro Domingo após a primeira Lua Cheia que ocorre após ou no equinócio da primavera boreal, adotado como sendo 21 de março.

A festa da Páscoa passou a ser uma festa cristã após a última ceia de Jesus com os apóstolos, na Quinta-feira santa. Os fiéis cristãos celebram a ressurreição de Cristo e sua elevação ao céu. As imagens deste momento são a morte de Jesus na cruz e a sua aparição. A celebração sempre começa na Quarta-feira de cinzas e termina no Domingo de Páscoa: é a chamada semana santa.

Muitos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais pagãos da primavera. Outros vêm da celebração do Pessach, ou Passover, a Páscoa judaica. É uma das mais importantes festas do calendário judaico, que é celebrada por 8 dias e comemora o êxodo dos israelitas do Egito durante o reinado do faraó Ramsés II, da escravidão para a liberdade. Um ritual de passagem, assim como a "passagem" de Cristo, da morte para a vida.

No português, como em muitas outras línguas, a palavra Páscoa origina-se do hebraico Pessach. Os espanhóis chamam a festa de Pascua, os italianos de Pasqua e os franceses de Pâques.


O ovo como símbolo
Na antigüidade os egípcios e persas costumavam tingir ovos com cores da primavera e presentear os amigos. Para os povos antigos o ovo simbolizava o nascimento. Por isso, os persas acreditavam que a Terra nascera de um ovo gigante.

Os cristãos primitivos do oriente foram os primeiros a dar ovos coloridos na Páscoa simbolizando a ressurreição, o nascimento para uma nova vida. Nos países da Europa costumava-se escrever mensagens e datas nos ovos e doá-los aos amigos. Em outros, como na Alemanha, o costume era presentear as crianças. Na Armênia decoravam ovos ocos com figuras de Jesus, Nossa Senhora e outras figuras religiosas.

Os ovos não eram comestíveis, como se conhece hoje. Era mais um presente original simbolizando a ressurreição como início de uma vida nova. A própria natureza, nestes países, renascia florida e verdejante após um rigoroso inverno.

De qualquer forma o ovo em si simboliza a vida imanente, oculta, misteriosa que está por desabrochar.


O chocolate
Essa história tem seu início com as civilizações dos Maias e Astecas, que consideravam o chocolate como algo sagrado, tal qual o ouro. Os astecas usavam-no como moeda.

Na Europa aparece a partir do século XVI, tornando-se popular rapidamente. Era uma mistura de sementes de cacau torradas e trituradas, depois juntada com água, mel e farinha. O chocolate, na história, foi consumido como bebida. Era considerado como alimento afrodisíaco e dava vigor. Por isso, era reservado, em muitos lugares, aos governantes e soldados. Os bombons e ovos, como conhecemos, surgem no século XX.


Os coelhos
A tradição do coelho da Páscoa foi trazida para as Américas pelos imigrantes alemães em meados do século 18. O coelho visitava as crianças e escondiam os ovinhos para que elas os procurassem.

No antigo Egito o coelho simbolizava o nascimento, a vida. Em outros pontos da terra era símbolo da fertilidade, pelo grande número de filhotes que nasciam.

Eles também têm a ver com a vida, mas à abundância da vida, inesgotável, de se multiplicar sem se esgotar. Qual a relação disso com os coelhos?

Cristo, para o cristianismo, é essa Vida Nova, inesgotável e abundante.


A pomba
A Pomba ou "Colomba" pascal, pão doce e enfeitado com a forma de ave, também é um símbolo cristão. A forma de pomba era usada nos antigos sacrários, onde se guardava a Eucaristia. Atualmente, passou também a ser usada no pão doce que costuma ser compartilhado, na Europa, especialmente na Itália, no café da manhã de Páscoa e da "Pasquetta" ou Pascoela, como é chamada no Brasil a segunda-feira após a Páscoa.


O cordeiro
O cordeiro é o símbolo mais antigo da Páscoa, é o símbolo da aliança feita entre deus e o povo judeu na páscoa da antiga lei. No Antigo Testamento, a Páscoa era celebrada com os pães ázimos (sem fermento) e com o sacrifício de um cordeiro como recordação do grande feito de Deus em prol de seu povo: a libertação da escravidão do Egito. Assim o povo de Israel celebrava a libertação e a aliança de Deus com seu povo.

Moisés, escolhido por Deus para libertar o povo judeu da escravidão dos faraós, comemorou a passagem para a liberdade, imolando um cordeiro.

Para os cristãos, o cordeiro é o próprio Jesus, Cordeiro de Deus, que foi sacrificado na cruz pelos nossos pecados, e cujo sangue nos redimiu: "morrendo, destruiu nossa morte, e ressuscitando, restituiu-nos a vida". É a nova Aliança de Deus realizada por Seu Filho, agora não só com um povo, mas com todos os povos.


O círio
É uma grande vela que se acende na igreja, no sábado de aleluia. Significa que "Cristo é a luz dos povos".

Nesta vela, estão gravadas as letras do alfabeto grego"alfa" e "ômega", que quer dizer: Deus é princípio e fim. Os algarismos do ano também são gravados no Círio Pascal.

O Círio Pascal simboliza o Cristo que ressurgiu das trevas para iluminar o nosso caminho.


O pão e o vinho
O pão e o vinho, sobretudo na antiguidade, foram a comida e bebida mais comum para muitos povos. Cristo ao instituir a Eucaristia se serviu dos alimentos mais comuns para simbolizar sua presença constante entre e nas pessoas de boa vontade. Assim, o pão e o vinho simbolizam essa aliança eterna do Criador com a sua criatura e sua presença no meio de nós.

Jesus já sabia que seria perseguido, preso e pregado numa cruz. Então, combinou com dois de seus amigos (discípulos), para prepararem a festa da páscoa num lugar seguro.

Quando tudo estava pronto, Jesus e os outros discípulos chegaram para juntos celebrarem a ceia da páscoa. Esta foi a Última Ceia de Jesus.

A instituição da Eucaristia foi feita por Jesus na Última Ceia, quando ofereceu o pão e o vinho aos seus discípulos dizendo: "Tomai e comei, este é o meu corpo... Este é o meu sangue...". O Senhor "instituiu o sacrifício eucarístico do seu Corpo e do seu Sangue para perpetuar assim o Sacrifício da Cruz ao longo dos séculos, até que volte, confiando deste modo à sua amada Esposa, a Igreja, o memorial da sua morte e ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal, em que se come Cristo, em que a alma se cumula de graça e nos é dado um penhor da glória futura" [3].

A páscoa judaica lembra a passagem dos judeus pelo mar vermelho, em busca da liberdade.

Hoje, comemoramos a páscoa lembrando a jornada de Jesus: vida, morte e ressurreição.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Espigas no berço


O milho continua a ser uma das bases da alimentação dos brasileiros.

A partir do século XVIII, o milho começa a tomar lugar decisivo na alimentação brasileira sob a forma de fubá, que é o pó obtido pela moagem fina do milho cru, seco e debulhado.

O homem planta o milho, cria o porco que engorda comendo o sabugo e fornece a gordura para o homem cozinhar pratos feitos de milho e de porco.

Puro ou como ingrediente de outros produtos, o milho é uma importante fonte de energia para o homem. Ao contrário do trigo e do arroz, que são refinados durante seus processos de industrialização, conserva sua casca que é rica em fibras, fundamental para a eliminação das toxinas do organismo humano. Além das fibras, tem carboidratos, proteínas, vitaminas (complexo B), sais minerais (ferro, fósforo, potássio, cálcio), óleo e grandes quantidades de açúcares, gorduras, celulose e calorias.

Segundo a Embrapa, apenas 5% de todo o milho produzido no Brasil é consumido diretamente pelo homem. A grande parte (65%) é utilizada na alimentação de animais.

A utilização do milho na alimentação humana é, sem dúvida, muito abrangente. Para se ter uma idéia, o cereal é ingrediente na fabricação de balas, biscoitos, pães, chocolates, geléias, cerveja etc.


Pois é... Resolvi fazer esta introdução como forma de dar uma visão maior sobre o milho. E, por conseguinte, do fubá.

Tudo isso pra contar a gestação dos gêmeos de fubá que alguém tanto queria saber...

A fecundação acontece na noite do dia anterior. Para tanto, misturo uma xícara de farinha de trigo Renata com uma colherinha de chá de fermento seco. Depois vou adicionando partes de meia xícara de água gelada até que se forme uma massa macia e "lisa". Atingido este ponto, coloco em um saco plástico (próprio para alimentos) e vai para o refrigerador onde passa a noite toda.

Essa imersão no frio por pelo menos doze horas faz com que o processo de fermentação se produza de forma mais lenta produzindo, ao final, um resultado compensador.

Na manhã seguinte preparo uma "esponja" que consiste em misturar novamente a mesma porção usada na fecundação porém com mais água. É preciso que a mistura tenha um resultado pastoso.

Coberta com um filme de pvc a vasilha deve ficar num lugar escuro e de temperatura amena. É preciso chegar ao ponto em que se vêem bolhas da fermentação ativa.

Isto leva entre duas e três horas.

Neste momento é a hora de completar a massa. Novamente, usando "medidas caseiras", coloca-se numa vasilha meia xícara de fubá de milho, uma xícara de farinha de trigo Renata, uma colher de sobremesa rasa de açúcar mascavo, uma colher de sobremesa rasa de sal, uma colher de sobremesa de margarina (80% de lipídios) e meia colher de sobremesa de sementes de erva-doce.

Coloca-se a parte preparada na noite anterior (biga) e, a seguir, a "esponja". É preciso adicionar um pouco de água gelada (algo em torno de meia xícara). Coloque inicialmente a metade desta porção. Depois complete de acordo com a necessidade pois cada farinha é uma história.

A massa precisa ser trabalhada por aproximadamente 15 minutos até que fique lisa igual à bundinha de neném. Se você nunca passoua mão numa bundinha de neném, pode imaginar um pêssego, um tecido de algodão egípcio...

Feito isto, divida em duas porções e coloque a massa para descansar, coberta ou por um pano de pratos limpo ou uma folha de plástico (limpo, também). É preciso proteger para não formar uma casquinha na massa.

Agora, unte levemente duas formas de "bolo inglês". Reserve.

Com a ajuda de um rolo de abrir massa abra cada uma das partes da massa descansada (20 minutos) e abra formando um retângulo. Enrole e coloque nas formas.

Com a ajuda de um pincel faça uma pintura na superfície superior com o melhor azeite que o seu dinheiro puder comprar.

Pegue uma peneira e polvilhe fubá de milho. É possível fazer desenhos, neste momento, com uma faquinha bem afiada.

Coloque as formas em sacos plásticos fechados e leve ao refrigerador por aproximadamente oito horas. Ou, até que a massa tenha atingido a parte superior da forma.

Neste ponto, retire do refrigerador e acenda o forno (apesar de cada um ser uma história diferente, no meu "marco" 235ºC. É preciso que ele aqueça por pelo menos trinta minutos.

Ai leve ao forno as formas por aproximadamente 20 minutos ou até que esteja dourado.

Retire e coloque no "berço" (uma grelha) para esfriar por pelo menos três horas antes de cortá-los.

Aproveite!

[clique sobre a imagem para ampliar]


Espigas no berço


O milho continua a ser uma das bases da alimentação dos brasileiros.

A partir do século XVIII, o milho começa a tomar lugar decisivo na alimentação brasileira sob a forma de fubá, que é o pó obtido pela moagem fina do milho cru, seco e debulhado.

O homem planta o milho, cria o porco que engorda comendo o sabugo e fornece a gordura para o homem cozinhar pratos feitos de milho e de porco.

Puro ou como ingrediente de outros produtos, o milho é uma importante fonte de energia para o homem. Ao contrário do trigo e do arroz, que são refinados durante seus processos de industrialização, conserva sua casca que é rica em fibras, fundamental para a eliminação das toxinas do organismo humano. Além das fibras, tem carboidratos, proteínas, vitaminas (complexo B), sais minerais (ferro, fósforo, potássio, cálcio), óleo e grandes quantidades de açúcares, gorduras, celulose e calorias.

Segundo a Embrapa, apenas 5% de todo o milho produzido no Brasil é consumido diretamente pelo homem. A grande parte (65%) é utilizada na alimentação de animais.

A utilização do milho na alimentação humana é, sem dúvida, muito abrangente. Para se ter uma idéia, o cereal é ingrediente na fabricação de balas, biscoitos, pães, chocolates, geléias, cerveja etc.


Pois é... Resolvi fazer esta introdução como forma de dar uma visão maior sobre o milho. E, por conseguinte, do fubá.

Tudo isso pra contar a gestação dos gêmeos de fubá que alguém tanto queria saber...

A fecundação acontece na noite do dia anterior. Para tanto, misturo uma xícara de farinha de trigo Renata com uma colherinha de chá de fermento seco. Depois vou adicionando partes de meia xícara de água gelada até que se forme uma massa macia e "lisa". Atingido este ponto, coloco em um saco plástico (próprio para alimentos) e vai para o refrigerador onde passa a noite toda.

Essa imersão no frio por pelo menos doze horas faz com que o processo de fermentação se produza de forma mais lenta produzindo, ao final, um resultado compensador.

Na manhã seguinte preparo uma "esponja" que consiste em misturar novamente a mesma porção usada na fecundação porém com mais água. É preciso que a mistura tenha um resultado pastoso.

Coberta com um filme de pvc a vasilha deve ficar num lugar escuro e de temperatura amena. É preciso chegar ao ponto em que se vêem bolhas da fermentação ativa.

Isto leva entre duas e três horas.

Neste momento é a hora de completar a massa. Novamente, usando "medidas caseiras", coloca-se numa vasilha meia xícara de fubá de milho, uma xícara de farinha de trigo Renata, uma colher de sobremesa rasa de açúcar mascavo, uma colher de sobremesa rasa de sal, uma colher de sobremesa de margarina (80% de lipídios) e meia colher de sobremesa de sementes de erva-doce.

Coloca-se a parte preparada na noite anterior (biga) e, a seguir, a "esponja". É preciso adicionar um pouco de água gelada (algo em torno de meia xícara). Coloque inicialmente a metade desta porção. Depois complete de acordo com a necessidade pois cada farinha é uma história.

A massa precisa ser trabalhada por aproximadamente 15 minutos até que fique lisa igual à bundinha de neném. Se você nunca passoua mão numa bundinha de neném, pode imaginar um pêssego, um tecido de algodão egípcio...

Feito isto, divida em duas porções e coloque a massa para descansar, coberta ou por um pano de pratos limpo ou uma folha de plástico (limpo, também). É preciso proteger para não formar uma casquinha na massa.

Agora, unte levemente duas formas de "bolo inglês". Reserve.

Com a ajuda de um rolo de abrir massa abra cada uma das partes da massa descansada (20 minutos) e abra formando um retângulo. Enrole e coloque nas formas.

Com a ajuda de um pincel faça uma pintura na superfície superior com o melhor azeite que o seu dinheiro puder comprar.

Pegue uma peneira e polvilhe fubá de milho. É possível fazer desenhos, neste momento, com uma faquinha bem afiada.

Coloque as formas em sacos plásticos fechados e leve ao refrigerador por aproximadamente oito horas. Ou, até que a massa tenha atingido a parte superior da forma.

Neste ponto, retire do refrigerador e acenda o forno (apesar de cada um ser uma história diferente, no meu "marco" 235ºC. É preciso que ele aqueça por pelo menos trinta minutos.

Ai leve ao forno as formas por aproximadamente 20 minutos ou até que esteja dourado.

Retire e coloque no "berço" (uma grelha) para esfriar por pelo menos três horas antes de cortá-los.

Aproveite!

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segunda-feira, 10 de março de 2008

Um bolo como os de fazenda


Não tem sido novidade que gosto de pesquisar preparos de pratos. Não gosto e não me propus a ficar transcrevendo receitas aqui.

Certamente quem acabou reforçando isto foi a Joana Gallo, à beira do fogão do Senac Bistrô, numa das aulas que participei.

E, em tempos de comemorações da chegada da Família Real, me vi voltado às minhas andanças por uma fazenda que ainda sobrevive nos dias de hoje. Meia morta, por assim dizer, mas ainda conseguimos saber coisas do tempo do início do século passado.

Os poucos sobreviventes ainda conseguem lembrar-se.

E, juntando tudo isso, fui para a cozinha neste domingo.

É claro que o fubá de milho que usei não é aquele que aprendi a comer, colhido maduro na roça e guardado na própria espiga. Na época do uso, passava por uma máquina que debulhava e moia. Era um fubá meio grosso. Estranho para muitas pessoas da cidade que se acostumaram aos industrializados quase sem cor.

Aquele éra de um amarelo vivo, cheio de luz e energia. Era simplesmente diferente. Era carregado até a sede num carro de boi que fazia questão de gemer por todo o trajeto. Paciência. Aliás era a virtude de todos.

Usei um desses metidos a besta que existem nas prateleiras de nossos supermercados.

Apesar de ter usado ingredientes que não seriam os que exatamente os ideais, tentei ser o mais coerente e pude fazer minhas relembranças. Assim, o açúcar usado foi o mascavo. E, o coco, maduro, com aguinha dentro (todinha bebida, é claro) que deu um belo trabalho para torná-lo aquela delícia.

Primeiro que tudo, com a ajuda de um saca-rolhas, abri o coco usando aquelas três marquinhas da embalagem original. Não tinha dedinhos de macaco, então, o saca-rolhas. Vocês já viram como eles furam os cocos secos para beberem a água? Do copo para minha bela barriguinha.

Peguei um martelo que normalmente uso para pregar pregos. É, dirão vocês, naquela época ainda não existiam martelos. OK, pode usar o que você achar que deve, até jogá-lo fortemente contra o chão... Mas lembre-se que poderão existir métodos mais higiênicos para fazer isto. E certamente os "profissionais" do coco poderão te dar orientações.

Depois de quebrado foi hora de retirar a polpa da dura casca. Depois, retirar a membrana que fica agarradinha à polpa. Sempre foi a parte mais chata mas com a ajuda de uma faquinha nem tão afiada assim (é bom evitar o máximo o risco de acidentes), retirei toda.

Passei sob água corrente para tirar eventuais sugidades (gostaram nutricionistas-leitoras?). Passei por um ralador médio. Quaria que ficassem com a aparência daqueles que compramos nas feiras-livres.

Raladinho, guardei a metade para outra finalidade. Cobri a vasilha com filme plástico para evitar o ressecamento enquanto fazia o restante.

Acenda o forno a 180ºC.

Os três ovos meio-orgânicos (não posso jurar que eram pouis não conheço as fornecedoras apesar do registro indicar nacionalidade francesa). Voltaram à temperatura ambiente. Separadas as claras das gemas, estas perderam seu invólucro através da gravidade por ação de uma peneira de plástico.

A manteiga, sem sal, aquela do avião, foi retirada do refrigerador uma hora antes. Apenas 100g.

Num bowl, coloquei uma xícara de açúcar mascavo e a manteiga. Com a ajuda de uma colher de pau moram incorporados até que surgisse um creme esbranquiçado. Coloquei as três gemas penairadas. Continuei a bater até ficar um creme aerado.

Nesse ponto, duas xícaras de fubá de milho foram misturadas à parte com 1/2 xícara de farinha de trigo. Enquanto vai colocando, aos poucos, a mistura da farinha e fubá no crme, também adicione, aos poucos, 1 e meia xícara de leite integral.

Depois de misturada toda a farinha e o leite, chegou a hora de uma pitada de sal, uma colherinha de café de canela em pó e outra de sementes de erva-doce.

Agora uma colher de sobremesa de fermento químico.

Numa outra tigela, bata as claras em neve (picos firmes) com uma pitada de sal. Adicione o meio coco ralado à mistura. Adicione, lentamente em movimento de "8" as claras.

Eu usei uma forma com buraco no meio, antiaderente. Então apenas passei um pouco de manteiga (bem pouca) nas paredes internas da forma. Coloquei a massa ali e levei ao forno.

Claro que o palitinho foi fundamental para saber quando estava sequinho. Cada forno tem a sua própria personalidade...

Depois de frio, a galara já estava em volta porque o cheirinho foi longe...

Bem, consegui tirar esse pedacinho pra vocês poderem ver como ele ficou. Ai, para a foto, ele ganhou uma caldinha morna de acerolas...

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Um bolo como os de fazenda


Não tem sido novidade que gosto de pesquisar preparos de pratos. Não gosto e não me propus a ficar transcrevendo receitas aqui.

Certamente quem acabou reforçando isto foi a Joana Gallo, à beira do fogão do Senac Bistrô, numa das aulas que participei.

E, em tempos de comemorações da chegada da Família Real, me vi voltado às minhas andanças por uma fazenda que ainda sobrevive nos dias de hoje. Meia morta, por assim dizer, mas ainda conseguimos saber coisas do tempo do início do século passado.

Os poucos sobreviventes ainda conseguem lembrar-se.

E, juntando tudo isso, fui para a cozinha neste domingo.

É claro que o fubá de milho que usei não é aquele que aprendi a comer, colhido maduro na roça e guardado na própria espiga. Na época do uso, passava por uma máquina que debulhava e moia. Era um fubá meio grosso. Estranho para muitas pessoas da cidade que se acostumaram aos industrializados quase sem cor.

Aquele éra de um amarelo vivo, cheio de luz e energia. Era simplesmente diferente. Era carregado até a sede num carro de boi que fazia questão de gemer por todo o trajeto. Paciência. Aliás era a virtude de todos.

Usei um desses metidos a besta que existem nas prateleiras de nossos supermercados.

Apesar de ter usado ingredientes que não seriam os que exatamente os ideais, tentei ser o mais coerente e pude fazer minhas relembranças. Assim, o açúcar usado foi o mascavo. E, o coco, maduro, com aguinha dentro (todinha bebida, é claro) que deu um belo trabalho para torná-lo aquela delícia.

Primeiro que tudo, com a ajuda de um saca-rolhas, abri o coco usando aquelas três marquinhas da embalagem original. Não tinha dedinhos de macaco, então, o saca-rolhas. Vocês já viram como eles furam os cocos secos para beberem a água? Do copo para minha bela barriguinha.

Peguei um martelo que normalmente uso para pregar pregos. É, dirão vocês, naquela época ainda não existiam martelos. OK, pode usar o que você achar que deve, até jogá-lo fortemente contra o chão... Mas lembre-se que poderão existir métodos mais higiênicos para fazer isto. E certamente os "profissionais" do coco poderão te dar orientações.

Depois de quebrado foi hora de retirar a polpa da dura casca. Depois, retirar a membrana que fica agarradinha à polpa. Sempre foi a parte mais chata mas com a ajuda de uma faquinha nem tão afiada assim (é bom evitar o máximo o risco de acidentes), retirei toda.

Passei sob água corrente para tirar eventuais sugidades (gostaram nutricionistas-leitoras?). Passei por um ralador médio. Quaria que ficassem com a aparência daqueles que compramos nas feiras-livres.

Raladinho, guardei a metade para outra finalidade. Cobri a vasilha com filme plástico para evitar o ressecamento enquanto fazia o restante.

Acenda o forno a 180ºC.

Os três ovos meio-orgânicos (não posso jurar que eram pouis não conheço as fornecedoras apesar do registro indicar nacionalidade francesa). Voltaram à temperatura ambiente. Separadas as claras das gemas, estas perderam seu invólucro através da gravidade por ação de uma peneira de plástico.

A manteiga, sem sal, aquela do avião, foi retirada do refrigerador uma hora antes. Apenas 100g.

Num bowl, coloquei uma xícara de açúcar mascavo e a manteiga. Com a ajuda de uma colher de pau moram incorporados até que surgisse um creme esbranquiçado. Coloquei as três gemas penairadas. Continuei a bater até ficar um creme aerado.

Nesse ponto, duas xícaras de fubá de milho foram misturadas à parte com 1/2 xícara de farinha de trigo. Enquanto vai colocando, aos poucos, a mistura da farinha e fubá no crme, também adicione, aos poucos, 1 e meia xícara de leite integral.

Depois de misturada toda a farinha e o leite, chegou a hora de uma pitada de sal, uma colherinha de café de canela em pó e outra de sementes de erva-doce.

Agora uma colher de sobremesa de fermento químico.

Numa outra tigela, bata as claras em neve (picos firmes) com uma pitada de sal. Adicione o meio coco ralado à mistura. Adicione, lentamente em movimento de "8" as claras.

Eu usei uma forma com buraco no meio, antiaderente. Então apenas passei um pouco de manteiga (bem pouca) nas paredes internas da forma. Coloquei a massa ali e levei ao forno.

Claro que o palitinho foi fundamental para saber quando estava sequinho. Cada forno tem a sua própria personalidade...

Depois de frio, a galara já estava em volta porque o cheirinho foi longe...

Bem, consegui tirar esse pedacinho pra vocês poderem ver como ele ficou. Ai, para a foto, ele ganhou uma caldinha morna de acerolas...

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sexta-feira, 7 de março de 2008

Mulheres.


Sempre elas. Nada importa: defeitos, qualidades, virtudes, gênio. Sempre elas. Ou vocês.

O começo da vida, da multiplicação, da soma, da divisão, da potencialização.

Mulheres, de muitas cores, de muitas alturas, de muitas larguras. Sempre elas. Ou vocês.

Mulheres para serem adoradas. Mulheres para serem espiadas. Mulheres para serem adoradas. Amadas. Mulheres que fazem carícias inesquecíveis.

Mulheres de mãos pesadas, calejadas, que pegam em enxadas. Mulheres de mão sensíveis que pintam, que ornam.

Mulheres que sabem fazer. Mulheres que têm dúvidas. Mas não perguntam. Caladas seguem em dúvidas uma vida inteira.

Outras, mão sensíveis vestem jalecos e cuidam da gente, outras ajudam a nos alimentar. Inventam coisas simples. É, chegou a hora de inventar o simples, de tão perdido que ele se encontra.

Outras simplesmente bricam de esconde-esconde... Somem, custam a reaparecer mas deixam saudades enormes.

Mulheres que um dia chegaram, encheram teus dias e depois somem. Nunca mais se sabe delas. Nem gritando elas ouvem.

Mulheres que compartilham segredos com homens. Sem nunca traí-los. E outras, que gostam de trair. Mais pelas emoções de fazer do que pela essência.

Mulheres-mãe: sabem tudo sem nunca terem aprendido. Instinto? Sei lá. Sopro divino.

Mulheres-criança. Sempre molecas. Não crescem apesar do tempo. Sempre sorrindo e aprontando.

Mulheres lindas. Mulheres feias. Mas sempre elas. Ou vocês.

Mulheres que mudam o que Deus fêz. Botam mais coisas. Inventam e não ficam satisfeitas por mais que façam.

Há mulheres despojadas: são como são. Outras, querem sempre mais mesmo que não usem.

Mulheres descalças. Pela vida ou pelo gosto. Mulheres nuas mas vestidas. Encantam de qualquer jeito.

Mulheres com luz própria e mulheres que brilham com holofotes.

Andar na rua olhando mulheres: alegrias, tristezas, surpresas, desejos. Contidos, sempre.

Mulheres abandonadas. Mulheres que vivem sozinhas. Egoístas? Independentes? Inteligentes? Abandonadas?

Mulheres novas. Mulheres vividas, antigas. Mulheres que amam sem ser amadas. Mulheres que amam e são amadas.

Enfim, mulheres.

Sem dor, caladas. Sentem dor e gritam bem alto. Choram em silêncio. Fazem escândalo. Sabem olhar dissuadindo. Sabem brincar com sentimentos: delas e de outros.

Enfim, mais que tudo, obra de Deus para fazer parte da nossa vida.

Gerar nossas vidas. De mulheres ou de homens.

Mulheres para serem apreciadas, sentidas, mas nunca entendidas. São mistérios que Deus não nos permite desvendar.

Mulheres para serem cantadas. Por homens, poetas e outras.

Mulheres para serem vestidas. Outras para serem desnudas.

Sintam-se beijadas, acariciadas, respeitadas, amadas. Não só agora. Mas sempre.

Mulheres.


Sempre elas. Nada importa: defeitos, qualidades, virtudes, gênio. Sempre elas. Ou vocês.

O começo da vida, da multiplicação, da soma, da divisão, da potencialização.

Mulheres, de muitas cores, de muitas alturas, de muitas larguras. Sempre elas. Ou vocês.

Mulheres para serem adoradas. Mulheres para serem espiadas. Mulheres para serem adoradas. Amadas. Mulheres que fazem carícias inesquecíveis.

Mulheres de mãos pesadas, calejadas, que pegam em enxadas. Mulheres de mão sensíveis que pintam, que ornam.

Mulheres que sabem fazer. Mulheres que têm dúvidas. Mas não perguntam. Caladas seguem em dúvidas uma vida inteira.

Outras, mão sensíveis vestem jalecos e cuidam da gente, outras ajudam a nos alimentar. Inventam coisas simples. É, chegou a hora de inventar o simples, de tão perdido que ele se encontra.

Outras simplesmente bricam de esconde-esconde... Somem, custam a reaparecer mas deixam saudades enormes.

Mulheres que um dia chegaram, encheram teus dias e depois somem. Nunca mais se sabe delas. Nem gritando elas ouvem.

Mulheres que compartilham segredos com homens. Sem nunca traí-los. E outras, que gostam de trair. Mais pelas emoções de fazer do que pela essência.

Mulheres-mãe: sabem tudo sem nunca terem aprendido. Instinto? Sei lá. Sopro divino.

Mulheres-criança. Sempre molecas. Não crescem apesar do tempo. Sempre sorrindo e aprontando.

Mulheres lindas. Mulheres feias. Mas sempre elas. Ou vocês.

Mulheres que mudam o que Deus fêz. Botam mais coisas. Inventam e não ficam satisfeitas por mais que façam.

Há mulheres despojadas: são como são. Outras, querem sempre mais mesmo que não usem.

Mulheres descalças. Pela vida ou pelo gosto. Mulheres nuas mas vestidas. Encantam de qualquer jeito.

Mulheres com luz própria e mulheres que brilham com holofotes.

Andar na rua olhando mulheres: alegrias, tristezas, surpresas, desejos. Contidos, sempre.

Mulheres abandonadas. Mulheres que vivem sozinhas. Egoístas? Independentes? Inteligentes? Abandonadas?

Mulheres novas. Mulheres vividas, antigas. Mulheres que amam sem ser amadas. Mulheres que amam e são amadas.

Enfim, mulheres.

Sem dor, caladas. Sentem dor e gritam bem alto. Choram em silêncio. Fazem escândalo. Sabem olhar dissuadindo. Sabem brincar com sentimentos: delas e de outros.

Enfim, mais que tudo, obra de Deus para fazer parte da nossa vida.

Gerar nossas vidas. De mulheres ou de homens.

Mulheres para serem apreciadas, sentidas, mas nunca entendidas. São mistérios que Deus não nos permite desvendar.

Mulheres para serem cantadas. Por homens, poetas e outras.

Mulheres para serem vestidas. Outras para serem desnudas.

Sintam-se beijadas, acariciadas, respeitadas, amadas. Não só agora. Mas sempre.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Um doce como antigamente


Ainda era cedo. Corria o tempo pelo meio da manhã e já havia feito algumas coisas do que passou a ser minha rotina matinal.

Será? Acho que poderia repensar isto. Afinal muitas das coisas que me habituei a fazer pelas manhãs podem ser acumuladas ou executadas à tarde.

Mas, de uma certa forma, essa coisa de rotina e mania tem me acompanhado por um bom tempo. Afinal meu trabalho profissional exigia sempre cumprimento de rotinas. Umas boas, alegres. Outras, chatas. Irremediavelmente irritantes. Mas necessária. Talvez até, imprescindíveis.

Enfim, hoje posso pensar deste jeito.

Café tomado, emails verificados, lá fui eu com meu inseparável e adorável twingo - Como é maravilhoso o meu francês! - pra casa daquela que é a responsável por essa vida. Tenho me colocado na rotina de ir visitá-la semanalmente.

Seria quase uma viagem se não fosse urbana. Quase o mesmo que chegar na serra da Itaipava maravilhosa. Muitos sinais de trânsito (semáforos para uns, farois para outros). E nesta última vez, um trânsito digno das marginais paulistas pela manhã e à noitinha.

Mas fui. Musiquinha a bordo. Suave, fruto de uma seleção que agrada não só aos meus ouvidos como ao cérebro.

E lá vou eu, driblando os vermelhinhos e os motoristas de ônibus. Não sei porque a "superioridade" que eles acham que têm. Afinal tem lugar pra todos nós nesse mundão de Deus, não é mesmo. Uma pressa incrível para chegar a lugar algum. Ou, ao ponto final para refazer o caminho outras vezes... Enfim, cada qual com seu cada qual.

Já nem posso mais deixar o carro na rua. Aberto como tantos anos de minha vida passada. Nem lá, naquela ruazinha onde passei boa parte de minha juventude podemos isto. Tive que fazer ela abrir a porta da penitenciária (gente, depois da "invasão" ela precisou colocar grades tão altas quanto às das prisões federais). Olho pra ela caminhando em direção ao portão e fico pensando: viveu tão livre a vida inteira e agora prisioneira deste mundo de progresso.

Como era boa a sua infância... portas abertas, sem trancas, terrenos enormes, frutas frescas, horta, água de poço artesiano e lá na esquina, a padaria do seu antônio fazendo pães que nunca mais comi. Forno à lenha, linda casca dourada e miolo branquinho e delicioso. Éramos felizes naqueles domingos de almoço com os avós.

Coloquei o renault na garagem e os beijos e abraços apertados. Entramos.

Lá do fundo o cheirinho de bacalhau vinha em minha direção. Esperei, pois era preciso entregar-lhe os presentes: uma broa de milho e um pão "normal" feitos na véspera, depois de um dia inteiro em gestação. Os seus olhinhos cansados da vida longa brilharam. Era pura felicidade quando sentiu o cheiro do fubá. Abriu num sorriso só "como eu adoro broa de milho!" escapou. Olhou pra mim e arrematou "e feito pelo meu filho". Fazer o que? Muito tempo tentando fazer e a cabeça inquieta.

Aprendizado profissional e muita, mas muita pesquisa em casa. Nada de forno profissional. Hoje brinco com fermentos naturias, longa fermentação, bigas e poolish. Fermentação no frio ou no calor. E eles vão nascendo. Uns melhores e outros piores. Mas sempre meus! E dos felizes que os podem comer.

Comemos uma saladinha de bacalhau regada ao nosso transmontano. É agora só queremos dele, da terrinha do pai, avô. Simples assim, batatas em rodelas, azeitonas verdes, cebolas em anéis, lascas de bacalhau e azeite. Nada mais. Pra que?

Cuidamos de limpar tudo no meio de tanta conversa. Mas conseguimos.

Descemos uma escadinha para o quintal, munidos de tesoura de corte e sacos para recolher as frutinhas vermelhas que se transformas em doces geléias de acerolas. Só as vermelhinhas como já disse aqui.

E agora, as laranjas-da-terra começam a ser colhidas. Ainda não estão plenas mas nós, ansiosos. Começamos nossa temporada laranjeira. Doces em copotas, doces de tirinhas secas ao sol (ela já comprou filó novo só para secá-las.

Voltei para casa com dois sacos: um com acerolas vermelhinhas e outro com laranjas. Mas só depois de um lanche da tarde (coisa que só faço quando vou lá. Mesa cheia e tentadora de açúcares, queijos, pães, biscoitos, café, chás, manteiga honesta, requeijão...

O caminho de volta também foi tão complicado quanto o de ida. E ainda encontrei aqueles impacientes que querem logo chegar em casa para simplesmente ficarem sentados, mudos, diante da telinha vendo aquelas mesmas histórias com as mesmas tramas mas com atores trocados. O mesmo jornal que só repete notícias ruins ou matérias tão incompletas que nem duram um minuto.

Agora, a primeira leva. Aquela que na informática dos anos passados chamávamos de "beta". Uma fornada experimental para os ajustes. Afinal esse verão foi muito diferente. Mas fazer o que?

Já estão ali, de molho depois de descascadas, cortadas, separadas do miolo. É preciso levar um tempo para poder traduzir toda a polpa em um magnífico e carnudo pedaço de doce.

Um novo dia de molho, embebidas na mais pura das águas de filtro de barro e moringa. É um tal de troca-troca que leva tempo. Troca a água embebida por uma fresca. Isso, por três vezes durante um dia.

Por fim, a hora de levar ao lume, como dizem meus amigos d´além-mar. Agora, também a hora de praticar matemática...

É preciso separar um terço do peso das pétalas de laranja em açúcar cristal. E, depois disto, o dobro do peso do açúcar, em água. Ou seja, usa-se as proporções de 3:1 para o açúcar e 2:1 para a calda. Isto dará uma calda fina e não muito doce. O suficiente para adoçar as pétalas sem contudo mascarar o gosto da laranja. A quantidade de calda precisa ser o suficiente para cobri toda a fruta. Se necessário, ajuste.

Deita-se a água ao tacho sobre o lume e chove-se o açucar sobre a água fazendo-lhe um redomoinha de forma a integrar-lhes. Deixe-se que o calor faça de saparecer os grãos do açúcar e então colocam-se as pétalas, arrumando-as. Acrescentei 3 flores de gravo-da-Índia e 5 folhas da própria laranjeira de onde colhi as laranjas.

Fogo lento até o cozimento das cascas. Até que se mostrem meio transparentes.

Enquanto finaliza, lave potes novos de tampas de pressão e, utilizando um caldeirão, coloque um pano de pratos limpo no fundo e coloque os vidros destampados dentro. Acenda o fogo e, quando começar a ficar com raiva (borbulhas), reduza o fogo (á água não ficará mais quente e você ainda economizará gás, petróleo e contribuirá para não aquecer o planeta...) e conte trinta minutos a partir dai.

Ao final, com a ajuda de uma pinça retire um vidro da água e coloque o doce, ainda quente nele. Bata sobre um pano para eliminar alguma bolha de ar existente e tampe (a tampa estará quente!) com a ajuda de um pano. Vire o pote com doce de cabeça para baixo (ou ponta-cabeça, como dizem os paulistas) e deixe em lugar fresco ao abrigo da luz por no mínimo 24 horas! Fazendo assim é possível ter doces de boa qualidade por até um ano, sem conservantes e outras invencionices do mundo moderno.

Este processo é a reprodução dos usados no tempo em que Dom João VI chegou ao Brasil.

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Um doce como antigamente


Ainda era cedo. Corria o tempo pelo meio da manhã e já havia feito algumas coisas do que passou a ser minha rotina matinal.

Será? Acho que poderia repensar isto. Afinal muitas das coisas que me habituei a fazer pelas manhãs podem ser acumuladas ou executadas à tarde.

Mas, de uma certa forma, essa coisa de rotina e mania tem me acompanhado por um bom tempo. Afinal meu trabalho profissional exigia sempre cumprimento de rotinas. Umas boas, alegres. Outras, chatas. Irremediavelmente irritantes. Mas necessária. Talvez até, imprescindíveis.

Enfim, hoje posso pensar deste jeito.

Café tomado, emails verificados, lá fui eu com meu inseparável e adorável twingo - Como é maravilhoso o meu francês! - pra casa daquela que é a responsável por essa vida. Tenho me colocado na rotina de ir visitá-la semanalmente.

Seria quase uma viagem se não fosse urbana. Quase o mesmo que chegar na serra da Itaipava maravilhosa. Muitos sinais de trânsito (semáforos para uns, farois para outros). E nesta última vez, um trânsito digno das marginais paulistas pela manhã e à noitinha.

Mas fui. Musiquinha a bordo. Suave, fruto de uma seleção que agrada não só aos meus ouvidos como ao cérebro.

E lá vou eu, driblando os vermelhinhos e os motoristas de ônibus. Não sei porque a "superioridade" que eles acham que têm. Afinal tem lugar pra todos nós nesse mundão de Deus, não é mesmo. Uma pressa incrível para chegar a lugar algum. Ou, ao ponto final para refazer o caminho outras vezes... Enfim, cada qual com seu cada qual.

Já nem posso mais deixar o carro na rua. Aberto como tantos anos de minha vida passada. Nem lá, naquela ruazinha onde passei boa parte de minha juventude podemos isto. Tive que fazer ela abrir a porta da penitenciária (gente, depois da "invasão" ela precisou colocar grades tão altas quanto às das prisões federais). Olho pra ela caminhando em direção ao portão e fico pensando: viveu tão livre a vida inteira e agora prisioneira deste mundo de progresso.

Como era boa a sua infância... portas abertas, sem trancas, terrenos enormes, frutas frescas, horta, água de poço artesiano e lá na esquina, a padaria do seu antônio fazendo pães que nunca mais comi. Forno à lenha, linda casca dourada e miolo branquinho e delicioso. Éramos felizes naqueles domingos de almoço com os avós.

Coloquei o renault na garagem e os beijos e abraços apertados. Entramos.

Lá do fundo o cheirinho de bacalhau vinha em minha direção. Esperei, pois era preciso entregar-lhe os presentes: uma broa de milho e um pão "normal" feitos na véspera, depois de um dia inteiro em gestação. Os seus olhinhos cansados da vida longa brilharam. Era pura felicidade quando sentiu o cheiro do fubá. Abriu num sorriso só "como eu adoro broa de milho!" escapou. Olhou pra mim e arrematou "e feito pelo meu filho". Fazer o que? Muito tempo tentando fazer e a cabeça inquieta.

Aprendizado profissional e muita, mas muita pesquisa em casa. Nada de forno profissional. Hoje brinco com fermentos naturias, longa fermentação, bigas e poolish. Fermentação no frio ou no calor. E eles vão nascendo. Uns melhores e outros piores. Mas sempre meus! E dos felizes que os podem comer.

Comemos uma saladinha de bacalhau regada ao nosso transmontano. É agora só queremos dele, da terrinha do pai, avô. Simples assim, batatas em rodelas, azeitonas verdes, cebolas em anéis, lascas de bacalhau e azeite. Nada mais. Pra que?

Cuidamos de limpar tudo no meio de tanta conversa. Mas conseguimos.

Descemos uma escadinha para o quintal, munidos de tesoura de corte e sacos para recolher as frutinhas vermelhas que se transformas em doces geléias de acerolas. Só as vermelhinhas como já disse aqui.

E agora, as laranjas-da-terra começam a ser colhidas. Ainda não estão plenas mas nós, ansiosos. Começamos nossa temporada laranjeira. Doces em copotas, doces de tirinhas secas ao sol (ela já comprou filó novo só para secá-las.

Voltei para casa com dois sacos: um com acerolas vermelhinhas e outro com laranjas. Mas só depois de um lanche da tarde (coisa que só faço quando vou lá. Mesa cheia e tentadora de açúcares, queijos, pães, biscoitos, café, chás, manteiga honesta, requeijão...

O caminho de volta também foi tão complicado quanto o de ida. E ainda encontrei aqueles impacientes que querem logo chegar em casa para simplesmente ficarem sentados, mudos, diante da telinha vendo aquelas mesmas histórias com as mesmas tramas mas com atores trocados. O mesmo jornal que só repete notícias ruins ou matérias tão incompletas que nem duram um minuto.

Agora, a primeira leva. Aquela que na informática dos anos passados chamávamos de "beta". Uma fornada experimental para os ajustes. Afinal esse verão foi muito diferente. Mas fazer o que?

Já estão ali, de molho depois de descascadas, cortadas, separadas do miolo. É preciso levar um tempo para poder traduzir toda a polpa em um magnífico e carnudo pedaço de doce.

Um novo dia de molho, embebidas na mais pura das águas de filtro de barro e moringa. É um tal de troca-troca que leva tempo. Troca a água embebida por uma fresca. Isso, por três vezes durante um dia.

Por fim, a hora de levar ao lume, como dizem meus amigos d´além-mar. Agora, também a hora de praticar matemática...

É preciso separar um terço do peso das pétalas de laranja em açúcar cristal. E, depois disto, o dobro do peso do açúcar, em água. Ou seja, usa-se as proporções de 3:1 para o açúcar e 2:1 para a calda. Isto dará uma calda fina e não muito doce. O suficiente para adoçar as pétalas sem contudo mascarar o gosto da laranja. A quantidade de calda precisa ser o suficiente para cobri toda a fruta. Se necessário, ajuste.

Deita-se a água ao tacho sobre o lume e chove-se o açucar sobre a água fazendo-lhe um redomoinha de forma a integrar-lhes. Deixe-se que o calor faça de saparecer os grãos do açúcar e então colocam-se as pétalas, arrumando-as. Acrescentei 3 flores de gravo-da-Índia e 5 folhas da própria laranjeira de onde colhi as laranjas.

Fogo lento até o cozimento das cascas. Até que se mostrem meio transparentes.

Enquanto finaliza, lave potes novos de tampas de pressão e, utilizando um caldeirão, coloque um pano de pratos limpo no fundo e coloque os vidros destampados dentro. Acenda o fogo e, quando começar a ficar com raiva (borbulhas), reduza o fogo (á água não ficará mais quente e você ainda economizará gás, petróleo e contribuirá para não aquecer o planeta...) e conte trinta minutos a partir dai.

Ao final, com a ajuda de uma pinça retire um vidro da água e coloque o doce, ainda quente nele. Bata sobre um pano para eliminar alguma bolha de ar existente e tampe (a tampa estará quente!) com a ajuda de um pano. Vire o pote com doce de cabeça para baixo (ou ponta-cabeça, como dizem os paulistas) e deixe em lugar fresco ao abrigo da luz por no mínimo 24 horas! Fazendo assim é possível ter doces de boa qualidade por até um ano, sem conservantes e outras invencionices do mundo moderno.

Este processo é a reprodução dos usados no tempo em que Dom João VI chegou ao Brasil.

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