domingo, 4 de agosto de 2019

O salto de paraquedas


Naquela manhã de inverno, ainda com a névoa baixa no aeródromo, estávamos todos ouvindo a preleição do nosso comandante.

Só de imaginar sair de um avião a mais de três mil metros de altura, já é possível sentir o frio na barriga. Imagina estarmos ali, 3 duplas de primeiros saltadores. Esse era o objetivo da aventura.

Ouvimos as instruções já vestidos. Eu, usava roupas leves..., calçava um par de tênis do meu último patrocinador de materiais esportivos. Tenso. Muito tenso. Pesado, quase no limite máximo para o salto.

A corrida do avião pela pista (apesar de já ter voado em muitas outras vezes) não era como tinha sido nas últimas vezes. Era um pequeno. Um teco-teco como o chamamos os não iniciados.

Começa a subida após ter deixado o chão para trás. Chegamos ao nível dos saltos.
Estranhei o fato do comandante ter colocado no meu pulso um altímetro. E ter me dado instruções como usá-lo. E pensa que eu fiquei calado? Perguntei porque isto. Precaução, disse ele. Vai que você precise...

Homem prevenido. Vamos em frente.

Saltou a primeira dupla. Depois a segunda.

Ai a grande surpresa: ele me informa que eu vou sozinho!!!!!! Mas coméquié? Isso mesmo! Já sabes usar o altímetro e acionar o paraquedas, então BOA SORTE! E me empurrou porta afora!

Acho que meu coração ficou sentado no chão da aeronave.

Um enorme vazio lá embaixo. Tudo pequenininho. Queda livre. A mais de 200 por hora! Comecei as primeiras palavras do Pai Nosso. Mas precisei parar. Dona Prudência, sábia senhora me mandou calar. Prestar atenção a tudo que estava acontecendo. Vento na cara. O chão, cada vez mais perto... Mas, a hora mais difícil e de maior medo chegara: acionar o bendito paraquedas. Um solavanco e uma olhada para cima. Para meu alívio (!?) o bichão abriu bonito! Obrigado Senhor!

Administrando a descida para não fazer bobagem, pousei (?!), aterrei (?!), cheguei (?!). Qualquer coisa.

Chegada ao alvo: a Microbiota Intestinal. Bendito destino!


Antigamente chamada de flora intestinal consiste em um complexo de espécies de microrganismos que vivem trato digestivo e é o maior reservatório de microrganismos. O principal benefício para o hospedeiro é a recuperação de energia a partir da fermentação de carboidratos não digeridos e a subsequente absorção de ácidos graxos de cadeia curta. Os mais importantes destes ácidos graxos são butiratos, metabolizados pelo epitélio do cólon; propinatos pelo fígado; e acetatos do tecido muscular. As bactérias intestinais, também desempenham um papel na síntese de vitamina B e da vitamina K, bem como ácidos biliares, que metabolizam esteróis e xenobióticos.

O corpo humano transporta cerca de 390 trilhões de microrganismos nos seus intestinos, 1,3 vezes maior do que o número total de células humanas no corpo (3,7 x 1013). Contrariando o mito de que nosso corpo humano possui 10 vezes mais bactérias que células humanas. As atividades metabólicas desempenhadas por estas bactérias se assemelham aos de um órgão, levando alguns a comparar bactérias do intestino a um órgão "esquecido". Estima-se que esta microbiota intestinal tem cerca de cem vezes mais genes, no total, dos que existem no genoma humano.

Funções
As bactérias no intestino cumprem uma série de funções úteis para os seres humanos, incluindo a digestão de substratos de energia não utilizada, estimulando o crescimento celular, reprimindo o crescimento de micro-organismos nocivos, treinando o sistema imunológico a responder apenas aos patógenos, e defesa contra algumas doenças.

Efeitos tróficos
Outro benefício de SCFA (short chain fatty acids, em português, ácidos graxos de cadeia curta, também conhecidos como ácidos graxos voláteis) é que eles aumentam o crescimento das células epiteliais intestinais e controlam a sua proliferação e diferenciação. Eles também podem causar tecido linfoide perto do intestino para crescer. As células bacterianas também alteram o crescimento do intestino, alterando a expressão de proteínas da superfície celular, tais como transportadores de sódio/glicose. Além disso, as mudanças que eles fazem nas células podem evitar lesões que ocorram na mucosa intestinal.

Imunidade
A Microbiota intestinal tem um efeito contínuo e dinâmico no intestino e sistema imunológico sistêmico do hospedeiro. As bactérias são fundamentais na promoção do desenvolvimento inicial do sistema imunológico da mucosa do intestino tanto em termos de seus componentes físicos e funções e continuam a desempenhar um papel mais tarde na vida em sua operação. As bactérias estimulam o tecido linfoide associado à mucosa do intestino para produzir anticorpos a agentes patogênicos. O sistema imunitário reconhece e combate bactérias prejudiciais, mas deixa as espécies úteis sozinhas, uma tolerância desenvolvida na infância.

Assim que uma criança nasce, as bactérias começam a colonizar o trato digestivo. As primeiras bactérias a se instalarem são capazes de afetar a resposta imune, tornando-a mais favorável à sua própria sobrevivência e menos para as espécies concorrentes; assim, as primeiras bactérias a colonizar o intestino são importantes na determinação da composição contínua da microbiota intestinal da pessoa. No entanto, há uma mudança na altura do desmame de espécies predominantemente anaeróbicas facultativas, tais como Streptococci e Escherichia coli, para obrigar principalmente espécies anaeróbicas.

Descobertas recentes demonstraram que as bactérias do intestino desempenham um papel na expressão de receptores do tipo Toll (TLRs - proteínas transmembrânicas de tipo I que formam uma parte do sistema imunológico inato) nos intestinos, moléculas que ajudam o hospedeiro a reparar danos devido a uma lesão. TLRs causa partes do sistema imunitário para reparar danos causados​​, por exemplo, por radiação. TLRs são um dos dois tipos de receptores de reconhecimento de padrões (PRR) que fornecem ao intestino a capacidade de discriminar entre as bactérias patogênicas e comensais. Estes PRRs identificam os agentes patogênicos que cruzaram as barreiras mucosas e desencadeiam um conjunto de respostas que tomam medidas contra o patógeno, que envolvem três principais células imune-sensoriais: enterócitos de superfície, células M e células dendríticas.

Akkermansia muciniphila
Recentes avanços em tecnologias de sequenciamento microbiano iluminaram o  desempenho de diferentes microrganismos no intestino humano. Um desses microorganismos que reside no revestimento intestinal é a Akkermansia muciniphila, uma bactéria anaeróbia gram-negativa.

A. muciniphila, utiliza a mucina, presente no muco intestinal, como sua fonte de energia. Esta bactéria parece colonizar o intestino humano em uma idade muito jovem, uma vez que é encontrado no leite materno e fórmula infantil.

A. muciniphila é considerada a bactéria mucolítica degradante mais abundante em um indivíduo saudável. A baixa concentração dessa espécie no intestino poderia indicar uma camada de muco fina, resultando assim em função de barreira intestinal enfraquecida, além possibilitar aumento da translocação de toxinas bacterianas. Os pacientes que sofrem de doença inflamatória intestinal, obesidade e diabetes do tipo II tendem a ter menores concentrações de A. muciniphila. A sua concentração também diminui com a idade.

Shen J et al demonstraram, em estudo experimental, que a administração oral da Akkermansia melhorou significativamente hipertrigliceridemia crônica, sensibilidade à insulina, facilitou a absorção de colesterol de lipoproteína de densidade intermediária e melhorou estresse de retículo endoplasmático hepático e inflamação metabólica.

A existência da Akkermansia ilustra uma relação hospedeiro-microorganismo próspera e as suas propriedades anti-obesidade faz com que essa bactéria seja uma excelente candidata a ser analisadas na luta contra a obesidade e diabete tipo 2.

Viva a Akkermansia!

Este salto me levou a conhecer essas coisas todas. Este salto foi dado porque o Francisco Eustachio (ainda bem) para conhecer tudo isso (e acho que ele não tinha ideia dessas coisas todas), apenas que eu tenho resistência insulínica ou pré-diabetes (para uns médicos) ou diabetes (para outros). Enfim, estas leituras e muitas outras mais me levaram a repensar minha forma de alimentação. É MUITO DIFÍCIL uma pessoa idosa mudar hábitos, deixar de lado alimentos com os quais conviveu uma vida inteira. Mas é preciso mudar. É preciso que cuidemos melhor do que colocamos para dentro do nosso corpo (não apenas maus sentimentos) pois eu li num livrinho de bolso que “faz mais mal ao homem o que entra do que o que sai pela boca”! Mas que isto não te dê o direito de jogar cobras & lagartos sobre os outros...

A Wikepedia e o Ganepão (https://www.ganepao.com.br/noticia/3/) me ajudaram a fazer este alerta.




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2 comentários:

msaldanhadelima@outlook.com disse...

ótimos textos

Lourdes disse...

Caramba! Foi isso mesmo! Foi um sonho? Já disse que vc tem que escrever um livro, vc usa as palavras como se fosse um balé clássico. Desliza. Parabéns mais uma vez!