domingo, 15 de novembro de 2009

Como eram simples os ovos...


Alimento controverso, visto durante muito tempo como o responsável por problemas ligados ao coração, o ovo é uma rica fonte de proteínas. Além de antioxidante, ajuda na absorção do cálcio e previne e combate a anemia. Um ovo por dia é uma boa medida para quem tem uma alimentação equilibrada, como atesta a nutricionista do Hospital das Clínicas Adriana Kachani. “A gema do ovo possui um alto nível de colesterol. O problema não é comer ou não comer, mas quanto comer”, diz a nutricionista.

A gema perfeita, a clara crocante, um parmesão maravilhoso, cortado em lascas, por cima, cristais de sal, de preferência colhidos por moças virgens à primeira luz da manhã..., pimenta do Reino, moída na hora, é claro.... enfim... Uma obra de arte.

A textura crocante da clara contrastando com a textura mole e macia da gema e o parmesão e as flores de sal conferem surpresas gustativas que só realçam a qualidade do ovo em si.

Pegue uma frigideira pequena e coloque uma pequena quantidade de azeite, óleo ou manteiga no fundo e deixe esquentar. Não muito. Quebre o ovo com uma colher e cuidadosamente o coloque no fundo da frigideira evitando quebrar a gema. O tempo concluirá seu trabalho, sem pressa... Observe as transformações... Salive!

Lendo estas orientações, agora, me lembro de como essas coisa aconteciam na roça e, ainda, na simplicidade das casas humildes onde há possibilidade de se criar galinhas soltas no quintal. Galinhas que comem milho e minhocas, pedriscos, capim ou qualquer verde que possa ser saboroso ao gosto delas... Galinhas felizes que cantam ao colocar seus ovos; não choram ou gritam como as de granja, enclausuradas em gaiolas de arames e onde só comem farelos industriais que transferem seu odor desagradável para as gemas, célula mater de vida.

Lá na roça, íamos buscar o ovo cedo, quando as galinhas começavam a fazer seus concertos matinais. Levávamos nossas crianças para elas próprias pegarem ainda quentinhos no ninho e corriam com aquele ovo em suas pequenas mãos para a cozinha. Fritos em frigideiras (mesmo que antiaderentes) sobre a chapa de um fogão à lenha. Ali era usada a maravilhosa manteiga Sapucaiense, batida com carinho na Cooperativa da região, com toda a gordura do leite recolhido das felizes vacas girolanda do rebanho local.

Felizes, as crianças e a caseira que sempre sorrindo ficava com a colher derramando manteiga sobre as gemas apenas para selar sem que ela fosse completamente cozida. Era assim que ela fazia enquanto as crianças, ai na beira do fogão também derramavam uma colher de manteiga sobre a chapa para “aquecer” o pão francês dormido que elas usavam para comer a gema ainda molenga que derramava da casquinha da gema... A clara mostrava as bordas rendadas de dourado feito pela manteiga... Era assim que a gente tomava café da manhã com nossas crianças.

Também fazíamos ovos cozidos para nosso feijão tropeiro... eram apenas seis, talvez sete minutinhos, o tempo de ainda deixar o centro da gema úmido. Era preciso molhar a lâmina da faca para um corte quase perfeito. Gemas amarelinhas sobre uma barquinha branca e tenra enfeitavam nossos pratos...

E os ovos “pochês”? Nada que uma concha onde eles eram colocados com maestria pela caseira e mergulhados na mistura de água fervente com uma colher de vinagre. Quase perfeitos!

Mas naquela época nem conhecíamos a flor de sal. E nem usávamos parmesão, apesar dele ser sempre comprado aos pedaços.

Naquele tempo ovos não faziam mal... Nem iam para os refrigeradores: não dava tempo para isto!


F A C I L I D A D E S

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Um comentário:

pimentacalabresa disse...

Linda ode aos ovos! Eu sou uma entusiasta de ovos, especialmente fritos na manteiga, gema mole! Para comer com uma fatia de pão levemente tostado. Não dispenso meus ovos caipiras!