segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Óleo de Coco

Então, de acordo com a Diretriz sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (1), o coco e o óleo de coco, são importantes fontes naturais de gorduras saturadas, especialmente de ácido láurico. Em relação aos demais tipos de gorduras saturadas, o ácido láurico apresenta maior poder em elevar LDL-C, bem como HDL-C (2). Apesar de estudos mostrarem redução da relação LDL:HDL, aumento do HDL-C e redução da circunferência abdominal em grupos que utilizam óleo de coco (3), outros comprovam seu efeito hipercolesterolêmico – grupos tratados com óleo de coco apresentam aumento significativo da fração não HDL e triglicérides (4).


Diante disso, considerando a influência dos ácidos graxos ingeridos sobre os fatores de risco das doenças cardiovasculares e sobre as concentrações plasmáticas de lípides e lipoproteínas, e o preço para a aquisição desse tipo de produto, o óleo de coco, quando utilizado, deve seguir os princípios da variedade, equilíbrio, moderação e prazer. A recomendação é de que seja usado em pequenas quantidades e em preparações culinárias, preferencialmente compostas por alimentos in natura ou minimamente processados, não sendo recomendado para tratamento da hipercolesterolemia.(5)

Dito isto, vamos acrescentar mais um pouco de polêmica...

Posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) sobre o uso do óleo de coco para perda de peso.

Considerando que muitos nutricionistas e médicos estão prescrevendo óleo de côco para pacientes que querem emagrecer, alegando sua eficácia para tal propósito;
Considerando que não há qualquer evidência nem mecanismo fisiológico de que o óleo de côco leve à perda de peso;

Considerando que o uso do óleo de côco pode ser deletério para os pacientes devido à sua elevada concentração de ácidos graxos saturados, como ácido láurico e mirístico;
A SBEM e a ABESO posicionam-se frontalmente contra a utilização terapêutica do óleo de coco com a finalidade de emagrecimento, considerando tal conduta não ter evidências científicas de eficácia e apresentar potenciais riscos para a saúde.

A SBEM e a ABESO também não recomendam o uso regular de óleo de coco como óleo de cozinha, devido ao seu alto teor de gorduras saturadas e pró-inflamatórias. O uso de óleos vegetais com maior teor de gorduras insaturadas (como soja, oliva, canola e linhaça) com moderação, é preferível para redução de risco cardiovascular.(6)

Entre diversos especialistas, o óleo de coco ainda não é uma unanimidade. Mesmo com este ingrediente fazendo a cabeça de famosos e de muitos adeptos da boa alimentação, há controvérsias sobre seu uso. Seja fazendo as vezes do azeite de oliva na salada ou até mesmo no preparo de alguns pratos no lugar de óleos como o de soja ou o de canola, ele ainda preocupa.

A diretora da Associação Brasileira de Nutrição (Asbran), Daniela Cierro, diz que, por não haver estudos suficientes que comprovem a eficácia do óleo de coco, a entidade não é capaz de indicá-lo ou contraindicá-lo. "Entretanto, não podemos deixar de enxergar que muitos profissionais estão indicando e muita gente está fazendo o uso. O que posso falar é que o óleo de coco é uma gordura classificada como saturada e seu valor calórico é alto. E quanto maior o grau de saturação, mais a gordura se encontra dentro do nosso organismo, o que pode desencadear doenças cardiovasculares", disse, recentemente, em matéria publicada na internet.(7)

Ainda, nesta matéria, mais uma ponderação: "Este óleo carrega uma substância chamada ácido láurico, que nada mais é do que uma gordura com o poder de elevar o LDL colesterol, ou seja, a fração do colesterol ruim", afirma Werutsky. Para o nutrólogo, o ideal é alternar o consumo de vários óleos. "Em um dia você cozinha com o óleo de soja, no outro com o de canola. Na semana seguinte com o de linhaça, na outra com o de milho. E nunca deixar de usar o azeite de oliva em temperatura ambiente para temperar a salada".

O que é preciso fazer nesta hora? Primeiro, CUIDADO com modismos e com as informações que circulam pela internet. Busque a opinião de profissionais sérios e envolvidos com pesquisas sérias afinal, nem sempre um corpo “photoshop” é o melhor para sua saúde. Queremos levar a você a necessidade de MODERAÇÃO quando se trata de alimento.

REFERÊNCIAS
(1) Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular; ISSN-0066-782X. Volume 100, nº 1, supl.3, 2013;
(2) Turpeinen O, Karvonen MJ, Pekkarinen M, Miettinen M, Elosuo R, Paavilainen E. Dietary prevention of coronary heart disease: the Finnish Mental Hospital Study. Int J Epidemiol. 1979;8(2):99-118.
(3) Assunção ML, Ferreira HS, dos Santos AF, Cabral CR Jr, Florêncio TM. Effects of dietary coconut oil on the biochemical and anthropometric profiles of women presenting abdominal obesity. Lipids. 2009;44(7):593-601.
(4) Lecker JL, Matthan NR, Billheimer JT, Rader DJ, Lichtenstein AH. Impact of dietary fat type within the context of altered cholesterol homeostasis on cholesterol and lipoprotein metabolism in the F1B hamster. Metabolism. 2010;59(10):1491-501
(5) http://www.cfn.org.br/index.php/saiba-mais-sobre-oleos-de-coco-e-de-canola/
(6) http://www.endocrino.org.br/polemica-do-oleo-de-coco/
(7) http://www.bonde.com.br/saude/nutricao/especialistas-recomendam-cautela-no-uso-de-oleo-de-coco-406056.html


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